Magnastigma julia

Magnastigma julia, Nicolay, 1977

Nome(s) popular(es):

Fadinha.

História natural:

Magnastigma julia se reproduz várias vezes por ano, com principal ocorrência entre os meses de abril e julho, durante a estação seca. Encontrada em cerrados arbustivos, fisionomias abertas, campestres, rente a declividades pedregosas e úmidas, acima de 900 m de altitude. Populações restritas e com poucos indivíduos, normalmente relacionada à presença de sua planta hospedeira, trepadeira parasita Cassytha filiformis (Lauraceae). As fêmeas colocam seus ovos nas manchas da trepadeira, mesmo local onde as lagartas são encontradas e os machos defendem territórios.

Descrição:

Magnastigma julia é uma borboleta muito pequena (asa anterior 9mm), marrom escura, com mancha androconial negra muito grande na margem costal da face dorsal e pequenos pontos vermelhos submarginais na face ventral da asa posterior; as franjas e caudas brancas. Representa a menor espécie e a menos colorida dentro do gênero; é quase invisível quando voa rapidamente entre hastes de plantas arbustivas ou gramíneas” (CASAGRANDE; MIELKE; BROWN, 1998, p. 257).

Distribuição:

Endêmica do Brasil, “é encontrada em Brasília (DF), no município de Alto Paraíso de Goiás, nas proximidades do PARNA da Chapada dos Veadeiros e em Pirenópolis e Cocalzinho de Goiás, próximo à Serra dos Pireneus (GO) e nos municípios de Barbacena e Santana do Riacho (MG)” (ICMBIO, 2018, p. 169; EMERY; BROWN JR; PINHEIRO, 2006; SILVA et al., 2016)

Conservação:

Espécie categorizada como Em Perigo (EN) e Ameaçada (IUCN e ICMBio).

É rara, existem poucos dados sobre a espécie e é conhecida no Cerrado porção central em poucos locais próximos entre si. A perda e fragmentação de habitat, consequência dos impactos causados pelas atividades agropecuárias no Cerrado geram severo isolamento das populações. As queimadas, ocupação urbana e uso de agrotóxicos também representam ameaças à espécie.

“É necessária a proteção das áreas em que a espécie ocorre” (ICMBIO, 2018, p. 169) e “localização de novas colônias, preservação de seus hábitats, estudos ecológicos e biológicos” (FREITAS; MARINI-FILHO, 2011, p. 46).

Referências

CASAGRANDE, Mirna M; MIELKE, Olaf H.H; BROWN JR, Keith S. Borboletas (Lepidoptera) ameaçadas de extinção em Minas Gerais, Brasil. Rev. Bras. Zool., Curitiba, v.15, n.1, p. 241-259, 1998. https://doi.org/10.1590/S0101-81751998000100021.

 

EMERY, Eduardo de Oliveira; BROWN JR, Keith S.; PINHEIRO, Carlos E. G.. As borboletas (Lepidoptera, Papilionoidea) do Distrito Federal, Brasil. Rev. Bras. entomol., São Paulo, v. 50, n. 1, p. 85-92, Mar. 2006. https://doi.org/10.1590/S0085-56262006000100013.

 

FREITAS, A. V. L.; MARINI-FILHO, O. J. Plano de Ação Nacional para Conservação dos Lepidópteros Ameaçados de Extinção. Brasília: Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, ICMBio, 2011. 124 p. (Série Espécies Ameaçadas; 13).

 

Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade. 2018. Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção: Volume VII – Invertebrados. In: Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade. (Org.). Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção. Brasília: ICMBio. 727p.

 

SILVA, N. A. P.; KAMINSKI, L. A.; SOARES, G. R.; FREITAS, A. V. L.; MARINI FILHO, O.J.; Uma agulha no palheiro: o desafio de encontrar, revelar e conservar a pequena borboleta ameaçada Magnastigma julia (Lycaenidae), 03/2016, XXXI Congresso Brasileiro de Zoologia,Vol. 1, pp.1-3, Cuiabá, MT, Brasil, 2016.

Gavião Pedrês

Buteo nitidus (Latham, 1790)

Nome(s) popular(es)

Gavião Pedrês, Gavião Cinza, Gavião Pintado.

História Natural

O Gavião Pedrês é um gavião relativamente comum, encontrado em bordas de matas, savanas e áreas abertas com árvores. Não costuma ocupar o interior de florestas densas, e pode habitar matas alteradas ou fragmentadas, sendo relativamente adaptável. No Cerrado, pode ser visto em matas de galeria, matas secas, cerradões, cerrados típicos e campos sujos. Fica muito tempo empoleirado, atento ao solo para caso alguma presa apareça, e pode ser visto planando, se sustentando nas correntes térmicas das horas mais quentes das manhãs, embora não plane muito alto ou por muito tempo. Seus hábitos são semelhantes ao do Gavião Carijó, embora seja menos comum, mais ágil e poderoso que ele. Caça atacando diretamente de um poleiro, mas pode manobrar entre as árvores para perseguir suas presas, que incluem lagartos, como o Bico Doce, cobras, aves, como o Saí de Perna Amarela e alguns periquitos (família Psittacidae), roedores, e insetos grandes, como gafanhotos e besouros. Faz seu ninho com gravetos e galhos secos no alto das árvores, geralmente na borda da mata, onde põe de 2 a 3 ovos. O macho costuma trazer alimento para a fêmea e filhotes durante as primeiras semanas de vida destes, e após esse período a fêmea passa a colaborar mais nesta tarefa. Durante a reprodução se torna territorialista, podendo atacar outros rapinantes que se aproximem da área de seu ninho, como o Falcão Peregrino.

Descrição

Mede de 38 a 46 cm de comprimento. Sua coloração geral é cinza claro, com as costas levemente mais escuras, e um fino padrão barrado claro do peito pra baixo, inclusive nas costas. Sua cauda é preta com duas a três barras brancas, além de uma fina faixa clara na extremidade. Suas patas e a base de seu bico são amarelas, e seu olho é castanho escuro.

Distribuição

Ocorre do sul da Costa Rica até o Paraguai e o norte da Argentina, principalmente a leste dos Andes, com uma área de ocorrência no oeste do Equador. No Brasil está presente nas regiões Norte, Centro-Oeste, Nordeste e Sudeste.

Conservação

Pouco preocupante: não é considerado ameaçado (ICMBio e IUCN), porém suas populações podem estar declinando (IUCN).

Referências

Bierregaard, R. O., P. F. D. Boesman, and J. S. Marks (2020). Gray-lined Hawk (Buteo nitidus), version 1.0. In Birds of the World (J. del Hoyo, A. Elliott, J. Sargatal, D. A. Christie, and E. de Juana, Editors). Cornell Lab of Ornithology, Ithaca, NY, USA. https://doi.org/10.2173/bow.gryhaw3.01

 

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Gavião de Rabo Branco

Geranoaetus albicaudatus (Vieillot, 1816)

Nome(s) popular(es)

Gavião de Rabo Branco, Curucuturi, Gavião Branco, Gavião de Cauda Branca, Gavião Fumaça.

História Natural

O Gavião de Rabo Branco é um gavião imponente e robusto. Relativamente comum, é típico de áreas mais abertas, habitando campos, savanas, regiões montanhosas e locais com árvores espaçadas, incluindo pastos, plantações e proximidades urbanas. No Cerrado, pode ser encontrado nos cerrados típicos, veredas, cerradões, campos sujos e campos limpos. Pode ser visto empoleirado em árvores baixas ou até postes na beira de estradas, mas costuma planar bastante nas correntes térmicas, em círculos e a grandes alturas, ou pode pairar a menor altura, usando as asas e caudas habilmente contra o vento para se manter parado no ar enquanto vasculha o solo. Esse comportamento, parecido com o “peneirar” do Gavião Peneira, mas que usa a força do vento a favor e com batidas de asas mínimas, é típico do Gavião de Rabo Branco. É um caçador astuto e oportunista, se alimentando de uma diversidade de pequenos animais, como cobras e lagartos, anfíbios, pequenos roedores e marsupiais, outras aves, como o Martim Pescador, insetos maiores, até morcegos. Caça de diferentes formas, podendo espreitar e investir a partir de um poleiro, procurar presas pelos campos enquanto plana alto, ou pairando contra o vento mais próximo do solo. Pode se aproximar de estradas em busca de animais atropelados, e de queimadas, em busca de animais espantados pelo fogo e pela fumaça, os capturando no chão ou em pleno ar. Faz seus volumosos ninhos com gravetos, sobre árvores isoladas e não muito altas, onde põe de 1 a 3 ovos, e pode reutilizá-los em diferentes ninhadas.

Descrição

Mede entre 51 e 61 cm de comprimento. Possui a cabeça, garganta, laterais do pescoço e do peito cinza escuro, assim como as costas e o dorso das asas. Seu ventre é branco, incluindo o peito. Possui uma larga mancha castanho avermelhado na região dos ombros. Por baixo, suas asas são brancas com bordas negras, e um fino padrão barrado que pode se estender até as laterais da barriga. Sua cauda é branca com uma faixa preta próxima da ponta. Alguns indivíduos, embora seja menos comum, possuem uma coloração totalmente negra no dorso e no ventre, preservando porém os padrões sob a cauda e a asa. Os padrões sob a cauda, além de seu tamanho geral, ajudam a diferenciá-lo de outros gaviões e águias (família Accipitridae) que se assemelham quando em voo, como o Gavião de Cauda Curta, menor e com mais faixas na cauda, e a Águia Chilena, maior e com a cauda toda cinza.

Distribuição

Ocorre largamente pelas Américas, estando presente em diversas regiões da América Central e do Norte, até o extremo sul dos Estados Unidos, e de forma ampla na América do Sul, incluindo Colômbia, Venezuela, Guianas e Suriname, Brasil, Bolívia, Paraguai, Uruguai e Argentina. No Brasil está presente em todo o território.

Conservação

Pouco preocupante: não é considerado ameaçado (ICMBio e IUCN), e suas populações podem estar aumentando (IUCN). Sua preferência por áreas abertas e sua alimentação generalista contribuem para que se adapte bem à áreas agrícolas e urbanas.

Referências

BirdLife International. 2016. Geranoaetus albicaudatus. The IUCN Red List of Threatened Species 2016: e.T22695906A93533542. https://dx.doi.org/10.2305/IUCN.UK.2016-3.RLTS.T22695906A93533542.en. Downloaded on 28 June 2020.

 

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Gavião Carijó

Rupornis magnirostris (Gmelin, 1788)

Nome(s) popular(es)

Gavião Carijó, Anajé, Gavião Indaié, Gavião Pinhel, Gavião Pega Pinto, Pega Pinto, Papa Pinto, Inajé, Gavião Pinhé, Indaié.

História Natural

Ave muito comum, é encontrado em uma grande diversidade de ambientes, sendo menos abundante no interior de áreas densamente florestadas. Normalmente é o gavião (família Accipitridae) mais comum pelo Brasil, principalmente em áreas urbanas. Habita bordas de matas, savanas, florestas menos densas, campos permeados por árvores e arvoredos urbanos. No Cerrado pode ser encontrado em matas de galeria, matas ciliares, matas secas, cerradões, cerrados típicos, veredas e campos sujos. Costuma planar em círculos, aproveitando as correntes térmicas para se sustentar no ar. Também fica muito tempo pousado em árvores, postes, cercas, e costuma ser visto nas margens de rodovias. Vive solitário ou mais frequentemente em pares, e costuma vocalizar bastante, com um chamado bem característico, agudo e anasalado, motivo de alguns de seus nomes populares. Seu chamado lembra o do Carrapateiro, porém o deste é mais estridente e arranhado. Usa o chamado constantemente para manter domínio sobre seu território, e costuma utilizar o mesmo poleiro repetidamente. É um caçador oportunista com uma dieta bem variada, o que contribui para sua abundância e facilidade de se adaptar a ambientes urbanos ou levemente alterados. Se alimenta de insetos (besouros, lagartas, gafanhotos, abelhas, formigas, cigarras, etc.), aranhas e escorpiões, lagartos, cobras, anfíbios, aves (tanto adultos quanto jovens e ovos em ninhos), e pequenos mamíferos, como roedores, marsupiais e morcegos. Costuma caçar a partir de um poleiro, se atirando sobre a presa quando a avista. Pode seguir grupos de formiga de correição para capturar os pequenos animais espantados por elas, e se aproximar de queimadas interessado nos animais mortos pelo fogo. Pode ser predado pela Jiboia. Faz seus ninhos com gravetos sobre árvores, entre 3 e 15 metros de altura, pondo de 1 a 2 ovos. A fêmea se responsabiliza pela incubação enquanto o macho traz alimento para ela, e enquanto não caça se mantém vigilante próximo ao ninho, vocalizando muito e podendo se tornar agressivo contra intrusos, atacando até mesmo humanos que se aproximem.

Descrição

Mede entre 33 e 41 cm de comprimento. Possui uma grande variedade de coloração, que no geral possuem tons cinzentos e pardos, com cabeça e dorso mais escuros se contrastando com peito e barriga barrados. A cor da cabeça, costas e partes superiores das asas varia entre um tom cinza pardo a um castanho escuro. O peito, barriga e coxas são esbranquiçados, com um barrado creme claro alaranjado. As penas das extremidades das asas são castanhas avermelhadas, podendo ser vistas quando em voo. Sua cauda é barrada, com três barras negras e três brancas, além das extremidades brancas. A base de seu bico e as patas são amarelas, com olho amarelo claro.

Distribuição

Possui uma ampla distribuição pelas Américas, ocorrendo do norte do México à Argentina central, incluindo todos os países sul americanos com exceção do Chile. No Brasil está presente em todo o território.

Conservação

Pouco preocupante: não é considerado ameaçado (ICMBio e IUCN), e suas populações estão aumentando (IUCN). Graças a sua boa adaptação a ambientes modificados e preferência por áreas não densamente florestadas, pode acabar se beneficiando com um pouco de desflorestamento, sendo o gavião mais comum em áreas urbanas e alteradas.

Referências

Beltzer, A. H. (1990). Biología alimentaria del Gavilán Comun Buteo magnirostris saturatus (Aves: Accipitridae) en el valle aluvial del Rio Paraná medio, Argentina. Ornitología Neotropical, 1(1,2), 3-8.

 

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BirdLife International. 2016. Rupornis magnirostris. The IUCN Red List of Threatened Species 2016: e.T22695880A93531219. https://dx.doi.org/10.2305/IUCN.UK.2016-3.RLTS.T22695880A93531219.en. Downloaded on 24 May 2020.

 

Clements, J. F. (2012). The Clements Checklist of Birds of the World. Cornell: Cornell University Press.

 

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Águia Cinzenta

Urubitinga coronata (Vieillot, 1817)

Nome(s) popular(es)

Águia Cinzenta, Águia Coroada.

História Natural

Águia poderosa e muito rara, se encontra ameaçada de extinção e seus hábitos não são muito conhecidos. É uma das maiores águias (família Accipitridae) do Brasil, atrás apenas da Harpia, sendo a maior nos ambientes não florestais. Típica de áreas mais abertas, habita campos, savanas, e matas próximas de campos, estando bem associada a regiões montanhosas e de terreno acidentado. É nativa do Cerrado, Pantanal, Caatinga, Mata Atlântica, Pampas e Chacos Bolivianos. Suas populações são muito escassas e fragmentadas. Necessita de áreas extensas de vegetação aberta ou semiaberta bem preservada para sobreviver, sendo uma espécie bem sensível a ambientes alterados e se afetando bastante pelo processo de conversão de paisagens naturais em larga escala, principalmente no avanço da agropecuária. É monogâmica e territorialista, vivendo solitária ou em pares. No Cerrado, pode ser encontrada em cerradões, cerrados típicos, cerrados rupestres, campos sujos, campos limpos e veredas. Costuma ficar pousada em locais expostos, como no alto de árvores e cupinzeiros, de onde pode ter uma boa vista dos arredores para encontrar suas presas. É um predador poderoso, se alimentando de mamíferos de porte médio, aves e répteis. Eventualmente também pode comer carniça, inclusive de animais atropelados e de criação pecuária, além de costumar caçar galinhas. Suas presas naturais incluem tatus, gambás e roedores, como o Tatu Galinha, o Saruê, a Jaritataca e o Tapiti, além de tartarugas, cobras e lagartos grandes, como Jararacas e o Teiú. Faz seu ninho com gravetos no alto de árvores, onde põe apenas 1 ovo. A reprodução se passa por volta de outubro, porém não ocorre todos os anos, pois o filhote fica sob o cuidado dos pais por mais de um ano, um período bem longo comparado com a maioria das aves.

Descrição

Mede de 75 a 85 cm de comprimento, sendo uma das maiores águias (família Accipitridae) do Brasil. Sua coloração é cinzenta, com o dorso mais escuro, podendo possuir tons castanhos. A base de seu bico e suas patas são amarelas, e as penas de sua nuca são mais compridas, formando uma crista, que pode estar levantada ou não. Sua cauda é relativamente curta, preta com uma barra branca e uma fina faixa mais clara na extremidade. Seu bico, patas e garras são bem fortes.

Distribuição

Sua distribuição é restrita ao centro da América do Sul, se estendendo do Brasil ao leste da Bolívia, Paraguai, e Argentina. No Brasil está presente nos estados do Centro-Oeste, Sul, Sudeste, Bahia, Maranhão, Piauí e Pará.

Conservação

Em perigo: é considerada ameaçada no Brasil e globalmente (ICMBio e IUCN), e suas populações estão em declínio (IUCN), sendo estimado que restem entre 250 e 1000 indivíduos maduros na natureza, dispersos em populações reduzidas e fragmentadas. Entre suas principais ameaças, destaca-se a perda de habitat pela conversão de áreas naturais, principalmente pela expansão da agropecuária, o que também acarreta na possibilidade de contaminação por defensivos agrícolas, além da caça, geralmente feita por fazendeiros devido ao hábito da Águia Cinzenta de atacar animais de criação. Atualmente, a região do Parque Estadual do Jalapão é considerada a Unidade de Conservação em melhores condições para ajudar na conservação da espécie.

Referências

Albuquerque, J. L. B., Ghizoni-Jr, I. R., Silva, E. S., Trannini, G., Franz, I., Barcellos, A., & Martins-Ferreira, C. (2006). Águia cinzenta (Harpyhaliaetus coronatus) e o gavião-real-falso (Morphnus guianensis) em Santa Catarina e Rio Grande do Sul: Prioridades e desafios para sua conservação. Revista Brasileira de Ornitologia, 14(4), 411-415.

 

Berkunsky, I., Daniele, G., Kacoliris, F. P., Faegre, S. K., Gandoy, F. A., González, L., & Díaz Luque, J. A. (2012). Records of the Crowned Eagle (Urubitinga coronata) in Moxos plains of Bolivia and observations about breeding behavior. Revista Brasileira de Ornitologia, 20(4), 451-454.

 

BirdLife International. 2016. Buteogallus coronatus. The IUCN Red List of Threatened Species 2016: e.T22695855A93530845. https://dx.doi.org/10.2305/IUCN.UK.2016-3.RLTS.T22695855A93530845.en. Downloaded on 21 May 2020.

 

Clements, J. F. (2012). The Clements Checklist of Birds of the World. Cornell: Cornell University Press.

 

Do, E. (2020). Chaco Eagle (Buteogallus coronatus), version 1.0. In Birds of the World (T. S. Schulenberg, Editor). Cornell Lab of Ornithology, Ithaca, NY, USA. https://doi.org/10.2173/bow.croeag1.01

 

Galmes, M. A., Sarasola, J. H., Grande, J. M., & Vargas, F. H. (2018). Parental Care of the Endangered Chaco Eagle (Buteogallus coronatus) in Central Argentina. Journal of Raptor Research, 52(3), 316-325.

 

Gwynne, J. A., Ridgely, R. S., Argel, M., & Tudor, G. (2010). Guia Aves do Brasil: Pantanal e Cerrado. São Paulo: Horizonte.

 

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Lobos, R. P., Santander, F. J., Orellana, S. A., Ramírez, P. A., Muñoz, L., & Bellón, D. F. (2011). Diet of the Crowned Eagle (Harpyhaliaetus coronatus) during the breeding season in the Monte desert, Mendoza, Argentina. Journal of Raptor Research, 45(2), 180-183.

 

Maceda, J. J. (2007). Biology and conservation of the crowned eagle (Harpyhaliaetus coronatus) in Argentina. El hornero, 22(02), 159-171.

 

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Gavião Preto

Urubitinga urubitinga (Gmelin, 1788)

Nome(s) popular(es)

Gavião Preto, Cauã (MG), Gavião Caipira, Gavião Fumaça, Tauató Preto, Urubutinga.

História Natural

Gavião relativamente comum, costuma estar associado a ambientes úmidos, como brejos e pântanos, além de bordas de mata e formações savânicas, principalmente na proximidade da água. Também é encontrado em ambientes alterados, como pastos e parques com corpos d’água. No Cerrado pode ser visto em uma diversidade de ambientes, como em bordas de matas de galeria e matas ciliares, em cerradões e cerrados densos, veredas e campos alagados. Gosta de se empoleirar em galhos secos, e pode ser visto planando alto, aproveitando as correntes térmicas para se sustentar no ar. Quando caça, costuma partir de um poleiro, mas pode voar por dentro da mata a procura de presas. É um predador poderoso, e sua dieta é bem variada, se alimentando de roedores, morcegos e outros pequenos mamíferos, aves, tanto adultos quanto filhotes e ovos, lagartos e cobras, anfíbios, até peixes, caranguejos, e eventualmente frutas, como o Cajá Mirim. Pode procurar queimadas para capturar os animais em fuga ou mortos pelo fogo. Entre suas presas, pode-se citar Jararacas, Suindara, Asa Branca, Xexéu, Saruê, Mico Estrela e Macaco de Cheiro. Faz seu ninho com gravetos no alto de árvores, geralmente próximo a corpos d’água, pondo de 1 a 2 ovos.

Descrição

Mede entre 51 e 63 cm de comprimento. Sua coloração é totalmente preta, com leves tons castanhos no dorso. Possui a base da cauda branca até a metade, com uma fina faixa branca na ponta. A base de seu bico é amarela, assim como suas patas. Por sua coloração preta, pode lembrar o Gavião Urubu, este porém possui uma ou mais barras brancas na cauda, e o Gavião Preto costuma ser um pouco maior e tem um bico mais robusto.

Distribuição

Sua distribuição é ampla e se estende do Uruguai e nordeste da Argentina até o norte do México, incluindo boa parte da América Central e da América do Sul a leste dos Andes. No Brasil está presente em quase todo o território, sendo menos comum na região Nordeste.

Conservação

Pouco preocupante: não é considerado ameaçado (ICMBio e IUCN), e suas populações aparentam estar estáveis (IUCN).

Referências

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Gavião Caboclo

Heterospizias meridionalis (Latham, 1790)

Nome(s) popular(es)

Gavião Caboclo, Gavião Casaca de Couro, Gavião Telha, Gavião Pardo, Gavião Tinga e Gavião Paracatejê (PA), Gavião Fumaça (MT), Gavião Mariano (CE).

História Natural

Gavião comum típico de áreas abertas, especialmente próximos de água, habita campos, savanas, banhados, manguezais e bordas de mata, e pode ser visto em pastagens ou áreas urbanas arborizadas. Não frequenta o interior de matas ou florestas densas, estando presente apenas em algumas regiões da Amazônia. É bem típico do Cerrado, Pantanal, Caatinga, Mata Atlântica, Pampas, dos Chacos Bolivianos e dos Llanos Venezuelanos. No Cerrado pode ser visto nos campos sujos e campos limpos, nos cerrados típicos, cerradões e veredas, além das bordas de matas de galeria e matas ciliares. Costuma planar, aproveitando as correntes de ar quente para se sustentar no ar, mas também pode ficar pousado por muito tempo em um local com boa visão dos arredores, descansando ou em busca de presas, se empoleirando em árvores, cupinzeiros, e mesmo cercas e postes, ou até no chão. É um caçador oportunista e astuto, se alimentando de uma variedade de animais, como pequenos mamíferos, outras aves, anfíbios, lagartos, cobras, aranhas e insetos, até caranguejos. Pode capturar presas em pleno ar, partindo de um poleiro ou seguindo pelo chão. Costuma se aproveitar de queimadas para caçar, ficando em um galho à frente do fogo para pegar os animais espantados por ele, ou seguindo as chamas por trás para consumir os animais queimados ou machucados, chegando a se aproximar a apenas alguns metros das chamas. Também pode tentar roubar a comida de outras aves, como cegonhas (família Ciconiidae) e garças (família Ardeidae). Costuma ser territorialista, mantendo e defendendo uma área de caça contra outros Gaviões Caboclos, porém quando a comida é abundante, pode tolerar a presença de outros gaviões (família Accipitridae) e até se manter em grupos. Na época reprodutiva, entre julho e novembro, o casal se comunica de forma constante com um assobio fino e longo, repetidamente. Faz seu ninho com gravetos em árvores baixas ou palmeiras, pondo de 1 a 2 ovos.

Descrição

Mede entre 50 e 61 cm de comprimento. Possui uma coloração geral castanho pardo, com um padrão finamente barrado no pescoço, peito e barriga. Suas costas e dorso das asas são escuros. Suas asas são castanho avermelhado com as margens negras, e a cauda é preta com uma faixa branca. Seu olho é castanho, e a base do bico, assim como as pernas, são amarelas.

Distribuição

Sua ocorrência se estende pela América do Sul, ocorrendo na Colômbia, Venezuela, Guianas e Suriname, sudoeste do Equador e extremo noroeste do Peru, Bolívia, Brasil, Paraguai, Uruguai e norte da Argentina, além do Panamá. No Brasil está presente em boa parte do território, sendo mais escasso na região Norte.

Conservação

Pouco preocupante: não é considerado ameaçado (ICMBio e IUCN), e suas populações podem estar aumentando (IUCN), talvez por estar se beneficiando com o desflorestamento em algumas regiões.

Referências

Bierregaard, R. O. and G. M. Kirwan (2020). Savanna Hawk (Buteogallus meridionalis), version 1.0. In Birds of the World (J. del Hoyo, A. Elliott, J. Sargatal, D. A. Christie, and E. de Juana, Editors). Cornell Lab of Ornithology, Ithaca, NY, USA. https://doi.org/10.2173/bow.savhaw1.01

 

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Gavião Caramujeiro

Rosthramus sociabilis (Vieillot, 1817)

Nome(s) popular(es)

Gavião Caramujeiro, Gavião Aruá (AP).

História Natural

Gavião associado a ambientes úmidos e alagados, frequenta brejos, lagos, rios, pântanos e banhados. É localmente comum, o que significa que nas áreas em que ocorre, se encontra de forma abundante, além de ser facilmente observado devido a seus hábitos extremamente sociáveis e por pousar em poleiros altos e expostos. No Cerrado habita veredas, campos alagados, matas de galeria e matas ciliares. Sua dieta é uma das mais especializadas dentre todos os gaviões (família Accipitridae), pois se alimenta quase que exclusivamente de caramujos aquáticos. Quando os caramujos estão mais escassos, também pode se alimentar de caracóis de água doce e caranguejos. Seu bico delgado e bastante curvo é muito bem adaptado para retirar o corpo mole dos caramujos de dentro da concha sem quebrá-la, diferentemente do Gavião Caracoleiro, que também se alimenta de caramujos mas que, porém, costuma quebrar a concha para retirar os moluscos de dentro, além de possuir uma dieta mais variada que o Gavião Caramujeiro. Costuma voar lento e baixo sobre os brejos, à procura de um caramujo, e ao encontrá-lo o captura com uma pata e voa até um poleiro habitual onde vai repetidamente, para se alimentar, deixando um amontoado de conchas vazias largadas abaixo. Seus hábitos sociáveis também são notáveis, pois se reúne em grandes grupos de até centenas de indivíduos para passar a noite em poleiros, se alimentar ou para buscar outro lugar onde os caramujos estejam mais abundantes, quando os gaviões podem ser vistos planando alto. Já foi observado um grupo com cerca de 1000 indivíduos. Faz seus ninhos com gravetos em cima de arbustos ou árvores, nas proximidades da água e em grandes colônias, pondo de 2 a 3 ovos.

Descrição

Mede entre 40  48 cm de comprimento. Sua característica mais notável é o bico, bem afilado e muito curvo na ponta, terminando num gancho proeminente. Suas garras também são finas e compridas. A coloração é diferente entre os sexos. O macho possui plumagem praticamente toda preta, com a base do bico e a pele nua entre este e o olho amarelo vivo bem contrastante. Seu olho é vermelho e as patas são amarelo alaranjado. Sua cauda possui a base branca, seguida de uma larga faixa preta e terminada em pontas brancas. A fêmea possui uma coloração menos uniforme, de um marrom escuro com padrões estriados de castanho nas costas e nuca, face e garganta cremes, com uma faixa escura se estendendo atrás do olho até a nuca, e peito e barriga estriados de creme e marrom escuro.

Distribuição

Possui ampla distribuição pelas Américas, ocorrendo no extremo sudeste dos Estados Unidos, partes do México e da América Central, e grande parte da América do Sul, da Colômbia ao Uruguai e Argentina. No Brasil está presente em todo o território.

Conservação

Pouco preocupante: não é considerado ameaçado (ICMBio e IUCN), e suas populações aparentam estar aumentando (IUCN).

Referências

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Gavião Belo

Busarellus nigricollis (Latham, 1790)

Nome(s) popular(es)

Gavião Belo, Gavião Velho, Gavião Padre, Gavião Panema, Gavião Lavadeira (MT), Gavião Balaio (AM).

História Natural

Gavião típico de áreas úmidas e alagadas, principalmente aquelas não muito fundas, sendo relativamente comum nos locais onde está presente. Frequenta as margens de lagoas, brejos, pântanos, manguezais, e até represas e barragens. É nativo da Floresta Amazônica, Mata Atlântica, Cerrado, e diversos outros biomas tropicais e subtropicais das Américas, especialmente o Pantanal. No Cerrado pode ser visto em matas de galeria, matas ciliares, veredas e campos alagados. Costuma aproveitar correntes de ar quente para se sustentar no ar e planar alto, porém na maior parte do tempo fica empoleirado em um galho baixo, próximo da água, à espera de que uma presa apareça, pois se alimenta principalmente de peixes. Ao detectar um peixe próximo à superfície, ou entre a vegetação aquática, se lança do poleiro e o captura com os pés. Suas garras são finas e compridas, e a sola de seus dedos possuem pequenos espinhos, para auxiliar a agarrar suas presas escorregadias. Diferente da Águia Pescadora, que pode mergulhar e pegar peixes mais a fundo, o Gavião Velho os captura próximos da superfície da água em voos rasantes, molhando apenas as patas. Apesar da dieta especializada, também pode se alimentar de insetos aquáticos, anfíbios, filhotes de aves, crustáceos e caramujos, e eventualmente pequenos roedores, lagartos, cobras, e até filhotes de jacarés. Faz seu ninho com gravetos, construído por ambos os pais, no alto de árvores próximas da água, e põe de 1 a 2 ovos cinzentos. O casal pode reutilizar o mesmo ninho, o qual mantém reforçando, e realizam voos acrobáticos em conjunto durante a estação reprodutiva, subindo, descendo e circulando no ar.

Descrição

Mede entre 46 e 53 cm de comprimento. Possui a cabeça esbranquiçada, bem contrastante com o resto do corpo, de cor castanho avermelhado vivo. No seu pescoço há um colar negro que separa o branco da cabeça do castanho do peito, que é um pouco mais claro que no resto do corpo. As penas de voo da sua asa são negras, assim como as da cauda, que possuem finas faixas alaranjadas. Suas asas são largas e arredondadas, e sua cauda é relativamente curta.

Distribuição

Está presente na maior parte da América do Sul e Central. Sua distribuição se estende do México a até o Uruguai e nordeste da Argentina. No Brasil está presente em praticamente todo território.

Conservação

Pouco preocupante: não é considerado ameaçado (ICMBio e IUCN), porém suas populações podem estar diminuindo (IUCN), sendo que a deterioração de áreas úmidas é sua principal ameaça.

Referências

Bierregaard, R. O., G. M. Kirwan, and P. F. D. Boesman (2020). Black-collared Hawk (Busarellus nigricollis), version 1.0. In Birds of the World (J. del Hoyo, A. Elliott, J. Sargatal, D. A. Christie, and E. de Juana, Editors). Cornell Lab of Ornithology, Ithaca, NY, USA. https://doi.org/10.2173/bow.blchaw1.01

 

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Sovi

Ictinia plumbea (Gmelin, 1788)

Nome(s) popular(es)

Sovi, Gavião Sauveiro, Gavião Pombinha (RS).

História Natural

Ave rapinante comum típica de áreas florestadas. Pode ser visto no interior e na borda das matas, empoleirado em galhos expostos, ou sobrevoando alto em círculos, tanto sozinho quanto em bandos. Também é encontrado em áreas urbanas arborizadas. No Cerrado está presente principalmente nas matas de galeria, matas ciliares e cerradões. Insetívoro, costuma capturar insetos no ar e se alimentar em pleno voo, mas também pode capturá-los em pousados. É um caçador habilidoso, caçando cigarras, libélulas, besouros, formigas e cupins alados em revoada, pegos sobre ou até entre a copa das árvores, com mergulhos dados a partir de voo planado ou de um poleiro. Ocasionalmente também captura aves e pequenos lagartos e cobras no solo, e já foi visto se alimentando dos frutos da Batinga (Eugenia rostrifolia). Pode sobrevoar queimadas a procura de pequenos animais acuados pelo fogo, e seguir grupos de Saguis pela copa da mata, capturando os insetos espantados pelo movimento deles. Faz seus ninhos com gravetos no alto das árvores, pondo de 1 a 2 ovos brancos. Ambos os pais participam da construção do ninho e incubação, e podem reutilizar o ninho mais de uma vez. Pode ser agressivo e territorial com outros gaviões (família Accipitridae), principalmente na estação reprodutiva, entre setembro e dezembro, atacando qualquer invasor que se aproxime do ninho.

Descrição

Mede de 34 a 37 cm de comprimento. Sua coloração é cinzenta, com a região ao redor do olho e as costas mais escuras, asas e cauda negras. Possui a região mais na ponta das asas castanha, e duas faixas brancas na cauda. Seu olho é vermelho e suas patas amareladas. Suas asas são compridas e pontudas. Se parece bastante com o Sovi do Norte, uma ave migratória menos comum, que possui o cinza no geral mais claro, sem as faixas marcadas na cauda e sem as extremidades das asas castanhas, o que ajuda a diferenciá-los.

Distribuição

Possui ampla distribuição pela América do Sul, ocorrendo da Colômbia ao norte da Argentina, em todos os países exceto o Chile e Uruguai. Na América Central e no México ocorre de forma migratória. No Brasil está presente em quase todo o território, sendo porém ausente no interior do Nordeste.

Conservação

Pouco preocupante: não é considerado ameaçado (ICMBio e IUCN), porém suas populações parecem estar diminuindo (IUCN).

Referências

BirdLife International. 2018. Ictinia plumbea. The IUCN Red List of Threatened Species 2018: e.T22695069A130186979. https://dx.doi.org/10.2305/IUCN.UK.2018-2.RLTS.T22695069A130186979.en. Downloaded on 15 May 2020.

 

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