Um Sonho de Cajuquim

Um Sonho de Cajuquim

        É a sua vigésima primeira viagem pela galáxia, Cajuquim está muito emocionado e eufórico, mas procura nem pensar no que pode encontrar, apenas navega. É assim toda vez que viaja pelo espaço. Sempre parece a primeira vez.

        Cajuquim sonha que é um viajante das estrelas que segue seu curso em sua bicicleta voadora. Para viajar Cajuquim conecta seu corpo à sua bicicleta que não é nada comum.

        Antes, porém, com sua amiga inseparável a Viola de Cocho, Cajuquim busca um lugar ideal para executar lindas melodias que ele produz. Cajuquim é um excelente violeiro pantaneiro. Nesta cantoria Cajuquim fica até que adormece e viaja.

        Nesse momento ele se conecta à sua bicicleta. Primeiro saem duas rodas de seu rosto e outras duas de seu corpo, uma de cada lado. Além dessas quatro rodas, podem ser vistas mais 2 rodas que pendem das correntes conectadas em sua careta. Tal que esse é um veículo singular que é todo conectado ao corpo do pequeno Cajuquim.

       Há mais duas rodas sobressalentes ligadas a parte da frente, onde tem uma roda bem grande que guia as demais. Essa roda grande contém uma outra roda bem pequena que sobressai sobre a careta de Cajuquim. Pendurado a seu corpo vai a companheira inseparável a sua linda Viola.

        Com todos os seus acessórios devidamente conectados Cajuquim começa sua viagem pelo espaço sideral contemplando as estrelas brilhantes e a grande lua cheia que ilumina o céu cuiabano.

        A certa altura dessa viagem resolve aportar em um Planeta. Logo percebe que é um planeta “solitário”. Resolve descer e vê que se pode andar e respirar tranquilamente naquele pequeno planeta. Em sua caminhada ele encontra uma pequenina Rosa, percebe também a existência de três vulcões extintos e um Baobá. Procurando fazer contato localiza um habitante nativo. Nos comandos de sua bike voadora identifica ser o Planeta B-612.

        Cajuquim fica muito feliz pois identificou que esse Planeta é o lar do Pequeno Príncipe, dito e feito, logo eles se encontram: Cajuquim e o Pequeno Príncipe o senhor do Planeta B-612. Eles se cumprimentam cortesmente.

        – Boa noite, meu Príncipe.

        – Boa noite, Sr. viajante.

        – Pois sim, sou Cajuquim Pantaneiro e estou de passagem por seu Planeta.

        – Oh! Que maravilha, seja bem-vindo Cajuquim. Fico muito feliz com sua visita.

        O Pequeno príncipe recebeu alegremente Cajuquim Pantaneiro. Ele ficou muito feliz por ter um visitante em seu Orbe. Para celebrar Cajuquim toca uma bela melodia em sua Viola e ambos cantam uma linda canção de amizade para alegar a bela e única Rosa favorita do anfitrião. Conversam por várias horas, mas era preciso voltar, seguir sua viagem, pois já se vão muito tempo e há muitos lugares a visitar.

        Despedem-se e lá se vai Cajuquim seguindo sua nova jornada intergaláctica.

        O Pequeno Príncipe que nunca recebia visita, finalmente se sentiu muito alegre e honrado por receber a visita de Cajuquim Pantaneiro.

        Já de volta ele navega pelas estrelas, ora para em um canto e canta uma canção, ora para outro e faz um novo amigo, supera obstáculos aqui, desvencilha dos perigos ali e vai navegando nesse imenso universo.

        Quando se apercebe é hora de despertar. Em um galho logo ali o amigo Galo começa sua cantoria anunciando o alvorecer.

        Já é dia e novas aventuras espera Cajuquim e seus amigos. Serão novas canções a entoar. Ah! esse moço é um excelente violeiro pantaneiro.

        Não demora muito e acessa o seu galho a amiga Pintada e em seu encalço o amigo Verde Xumbim chega prontos para passearem.

        Cajuquim cumprimenta seus amigos e ponteia sua viola. Segue nesse novo dia para mais tarde, logo que adormecer, sonhar mais um sonho encantado embalado pela brisa morna das “calientes” noites cuiabanas.

        Nesse vai e vem, lá se vão 300 anos nessa cuiabania. Esse Cajuquim Pantaneiro é Digoreste, então não é xô mano! Sim senhor.

Cajuquim Dorme

Cajuquim Dorme

        Feita as suas orações Cajuquim pode repousar tranquilo. Ali em seu galho fica protegido pela noite morna.  Em seu peito um coração tranquilo sobre o qual descansa sua linda Viola de Cocho.

        Toda as noites são assim. Efetua suas orações, mas antes de pegar no sono Cajuquim toca lindas melodias em sua Viola para relaxar e alegrar os seus amigos e os habitantes dos galhos e quintais vizinhos e é claro, principalmente sua doce Cajuína que mora no galho ao lado.

        Qualquer um com sensibilidade suficiente poderá ouvir as lindas melodias que encantam as suaves noites estreladas, iluminadas pelo luar nas mornas ou calientes noites cuiabanas.

        Em sua guampa Cajuquim, sob a luz do luar, sonha e produz muitas peripécias. Vive muitos devaneios, viaja por muitos lugares, navega pelos sete mares, vai até as estrelas, visita planetas, perpassa galáxias.

        Hoje, por exemplo, ele se tornou um astronauta que navega pelo universo e alcança as estrelas mais distantes da via láctea. Todavia ele dúvida de si mesmo, ele pensa:

        – Como será isso possível pra mim, sou tão pequeno, tão frágil como posso realizar tamanho feito?!

        E assim, pensando nisso, Cajuquim adormece e nem se dá conta de que ao adormecer embalado por um lindo sonho ele realiza o seu desejo. Ele sonha um sonho encantado em que está saracoteando pelas calientes noites cuiabanas. Termina um começa outro. Agora é um astronauta, um viajante intergaláctico.

        Pra essa viagem intergaláctica Cajuquim inventa uma nave espacial bem diferente. Essa nave o leva a conhecer várias nébulas e diversos sistemas solares diferentes do seu.

        É a bordo dessa invenção que Cajuquim visita diversos cometas. Pula de estrela em estrela e conhece os habitantes dos planetas Vermelho além de Marte e do planeta Lilás que fica ao norte do Vermelho, próximo a Saturno.

        Nessa aventura Cajuquim faz amizades com seres místicos e inimagináveis. Conversa com as mais variadas plantas do universo sideral e encontra muitos desafios, se safa de vários perigos. Encontra muitas alegrias e felicidade.

        Esse pequeno viajante em suas excursões surreal coleciona vários amigos. Mas nem só de flores são feitos os seus sonhos. Há também os inimigos perigosos e as armadilhas ameaçadoras.

        Claro não poderia ser diferente Cajuquim também enfrenta problemas e dificuldades. Ele também já conheceu os males e as intempéries. Os perigos naturais a que estão expostos os afoitos.

        Tudo certo, tudo pronto vamos conhecer a invenção de Cajuquim que permite que ele cruze oceanos e acesse os mais vastos cantos do universo.

        Sua invenção é uma engenhoca composta por diversas engrenagens, correntes e outras peças estranhas. Na verdade, pode se dizer que é uma espécie de bicicleta voadora. Com essa máquina Cajuquim pode viajar para qualquer dimensão. Acessar as mais distantes galáxias. Ir além do sistema solar.

        Em sua bicicleta voadora ir até a lua é um pulinho. Navegar por sete mares é uma voltinha. Lembrando que Cajuquim não desgruda de sua famosa amiga a Viola de Cocho, os dois vivem e viajam juntinhos na sua bicicleta voadora. Para eles não há obstáculos. Enfrentam qualquer perigo e vencem os medos.

        Para Cajuquim Pantaneiro estando com sua Viola de Cocho e com sua bike voadora o céu não é o limite…

 

Um Conto do Cerrado

Um Conto do Cerrado

        Sentados em banquinho em frente de sua casa, embaixo do grande pé de Jatobá, ao cair da noite, Doninha e seu marido ficam horas a contemplar o horizonte. Veem os aviões que cruzam o céu, as estrelas brilhantes no firmamento, contam constelações e observam as estrelas cadentes. Quando a noite se completa e o luar aparece iluminando tudo é uma beleza que lhes fazem sonhar!

        Um luar cor de prata que sai por detrás das arvores iluminando toda a terra e refletindo a beleza sinuosa da paisagem que forma figuras interessantes e as vezes até assustadoras.

        Além da represa os cães ladram contemplando o luar que surge por detrás de uma pequena elevação. Na certa pressentido a aproximação de algum animal noturno que pretende beber água ou talvez um simples gato de casa. Os gatos estão pra todo lado, são muitos por ali!

        É tarde, hora de dormir. Recolhem-se ao som do coaxar dos sapos que formam uma sinfonia atraindo a sua parceira ou afastando o seu rival.  Nesse concerto musical pegam no sono leve e suavemente.

        – Aqui há muitos sapos, sinto-me um pouco incomodada com eles!

        Pensa, Doninha, mas é vida que segue. Pela manhã, ela abre a janela e contempla a paisagem. Ela vê as árvores desfolhadas com seus galhos retorcidos. O capim seco e marrom de poeira, o horizonte queimado pela seca que começa no mês de agosto. Nesse lugar os meses de agosto, setembro e outubro são os mais causticantes. Tudo fica esturricado pelo sol ardente e pela falta de chuva, que só deve chegar ao final desse trimestre.

        É como é por essas bandas do Cerrado mato-grossense. O campo verde perde lugar para o marrom das folhas secas. Mas nem tudo é desolador. Há uma compensação, pois, é nesse período também que os Cega-machados ficam roxinhos em flor, as Cagaitas ficam branquinhas assim como as Sucupiras com suas variadas nuances: brancas, vermelhas e roxas pigmentam toda a flora. E, principalmente, o que dizer dos Ipês?! É nesse período que eles florescem e alegram com seus matizes todos os recantos: roxo, rosa, amarelo e por último o branco. É uma efusão de cores que abrandam qualquer secura.

        Já nos quintais quem dita o tom são os Cajueiros, as Laranjeiras e as Mangueiras entre outras frutas da época. É uma profusão de seca e de aromas de flor colorindo e perfumando todo o pomar.

        – É tudo muito lindo aqui pra se ver!

        Na Mata Verde a vegetação ainda está bem preservada. É fácil observar a vastidão de espécies que formam o cerrado mato-grossense. Por aqui ainda é possível encontrar cervos e outros pequenos animais que habitam esses campos. As araras azuis e vermelhas encantam com seu canto: corró, corró, corró … É uma grande algazarra nos pequizeiros e nas goiabeiras.

        – Há quem diga que até já viu onça por aqui!

        Não duvido. Por outro lado, na região de Pouso Alto que fica perto daqui o cerrado já não é o mesmo. As lavouras de soja tomaram conta de quase tudo. Pouco há o que se ver por ali da antiga beleza desse Bioma. Hodiernamente o que se vê por lá são longas pastagens para os animais de criação ou a vastidão do Ouro Verde do cerrado (soja).

        Não se pode dizer disso que é o fim do verde, mas com toda certeza a descaracterização da vegetação natural. Não sei se fico triste ou se bato palmas para tudo isso. O que sei é que na minha infância, quando ali nasci era outra a vegetação, era cerrado, mas lá era sertão virgem.

        – Naquela época tudo que se ouvia da cidade era por meio do radinho de pilha!

       Agora não, agora a televisão chegou, o telefone também e a internet todos tem acesso. O que dizer então?!

        – Sim, Pouso Alto está conectado ao mundo. É a evolução, é a transformação que ocorre com tudo.

        – Como poderia ser diferente com o cerrado?!

        Sei que temos que aceitar a evolução tecnológica, mas então por que só me sinto feliz ao ver nossa terra prometida bem preservada em sua vegetação natural?! Porque me sinto feliz de ver o seu Zé com sua enxada nas costas vindo de sua rocinha de toco cultivada com adubo orgânico, tudo ecologicamente equilibrado, como nos velhos tempos?! Que me sinto muito feliz quando vejo um animal nativo podendo caminhar livre por essa terra. Quando posso colher a fava da sucupira embaixo do seu pé?! Colher o Piqui, a Curriola, a Croadinha ou Gabiroba tão difícil de encontrar atualmente. E essas são apenas algumas entre tantas frutas doces e maravilhosas que o cerrado produz.

       – Será que para alimentar muitos precisamos sacrificar tudo, acabar com toda essa pluralidade de sabores que o cerrado nos fornece?!

        Ficaremos com essas para pensarmos…

 

Araticum

Araticum

Nome científico: Annona crassiflora

 

Nome popular: Araticum

 

Família: Annonaceae

 

Forma de vida: Árvore

 

Frutificação no Cerrado: janeiro-abril

 

Dispersão: mamíferos

 

Polonização: besouros

 

Habitat e distribuição: Savânico e florestal, em Cerrado Típico e Cerradão. 

 

Domínios: Cerrado, Amazônia e Pantanal.

 

Características da espécie: Árvore de 4 a 8m de altura, com tronco geralmente tortuoso revestido por casca áspera e corticosa. Folhas simples, alternas e coriáceas.  A floração ocorre entre setembro e novembro, com pequenas variações, dependendo da região.

 

Características dos frutos: Seus frutos são do tipo baga, com grande número de sementes por fruto e casca grossa, verde-amarelado e com odor forte quando maduro. Globosos e irregulares, carnosos e com polpa suculenta. O crescimento dos frutos inicia em novembro e a maturação ocorre na estação chuvosa, de janeiro a abril.

Aproveitamento

Seus frutos com sabor marcante são muito apreciados pela sua polpa doce que pode ser consumida ao natural ou sob a forma de doces, geleias, sucos, licores, tortas, iogurtes, bombons, chutney ou sorvetes. Na medicina popular, a infusão das folhas e das sementes pulverizadas é usada no combate à diarreia (Almeida et al., 1998), além de terem propriedades inseticida. Possui betacarotenos, assim como vitamina C, B1, B2 e ferro e possui prevalência de ácidos graxos insaturados.

Referências

ALMEIDA, S. P. de; PROENÇA, C. E. B.; SANO, S. M.; RIBEIRO, J. F. Cerrado: espécies vegetais úteis. Planaltina: EMBRAPA-CPAC, 1998. 464 p.

 

KUHLMANN, Marcelo. Frutos e sementes do Cerrado: espécies atrativas para a fauna. 2ª ed., Brasília, 2018.

 

VIEIRA, Roberto Fontes et al. Frutas nativas da região Centro-Oeste. Brasília: Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, 2006. 320 p.

 

LULKIN, Claudia Isabel. Do cerrado para a mesa: articulando agricultura familiar com alimentação escolar pelas frutas nativas. 2018. Trabalho de Conclusão de Curso (Especialização em Sociobiodiversidade e Sustentabilidade no Cerrado) —Universidade de Brasília, Alto Paraíso de Goiás – GO, 2018. Disponível em: https://bdm.unb.br/bitstream/10483/22281/1/2018_ClaudiaIsabelLulkin_tcc.pdf

Baru

Baru

Nome científico: Dipteryx alata

 

Nomes populares: Baru, coco-feijão, cumaru

 

Família: Fabaceae

 

Forma de vida: Árvore

 

Frutificação no Cerrado: setembro-novembro.

 

Dispersão: morcegos e outros mamíferos

 

Polinização: abelhas

 

Habitat e distribuição: Bioma Cerrado, nas formações florestais Cerradão e Mata, nas áreas de transição entre Cerrado e Mata Estacional ou Mata de Galeria e no Cerrado sentido restrito.

 

Características da espécie: Árvore com altura média de 15 m, com caule ereto, ramos e casca do tronco lisos. Floresce de outubro a janeiro.

 

Características dos frutos: O fruto é do tipo drupa, seco, ovoide, levemente achatado, de cor marrom, não apresentando mudança de cor quando maduro. Possui cerca de 3 a 6 cm de comprimento e de 1,5 a 4,5 cm de largura. O endocarpo é lenhoso, de cor mais escura que o mesocarpo fibroso. Apresenta uma única semente por fruto. O barueiro apresenta frutos maduros durante a estação seca no Cerrado, entre março e agosto, sendo uma espécie importante para alimentação de aves, quirópteros, primatas e roedores nessa época (Macedo et al., 2000).

 

Aproveitamento:  Tanto a polpa quanto a amêndoa de baru podem ser utilizadas na alimentação humana, sendo a polpa constituída principalmente de hidratos de carbono (63%), predominantemente por amido, fibras insolúveis e açúcares (Alves et al., 2010). A amêndoa apresenta elevados níveis de lipídicos (42%), proteínas (30%), cálcio, fósforo, manganês e potássio, além de ferro, zinco, selênio e consideráveis teores de hidratos de carbono e fibras (Sousa et al., 2011), devendo ser consumida torrada para reduzir os fatores antinutricionais. Da amêndoa pode-se extrair leite e óleo e ainda pode ser usada para fazer pé-de-moleque, paçoca, mistura de barras de cereais, bombons entre outros. A polpa (mesocarpo) pode ser consumida in natura. Tem sabor adocicado, quando utilizada para massa de bolo, torna-se escura, aparentando chocolate.

 

Extração e Comercialização: na época da seca, de julho a setembro, é que o baru é coletado, essa coleta abrange os frutos que já caíram ao chão pois estavam totalmente maduros, e sacudindo os galhos da árvore, assim os frutos que já estavam prestes a cair também se soltam. Segundo informações da Embrapa, cada árvore produz de 2 a 5 sacos de frutos (aproximadamente 45kg cada saco). Depois da coleta, o fruto é partido com um martelo próprio para isso, separando a amêndoa da polpa.

 

A comercialização do Baru pode ser feita individualmente por cada extrativista em feiras, ou beiras de estrada. Mas existem cooperativas que trabalham em conjunto com esses extrativistas, como a Cooperativa de Agricultura Familiar Sustentável com Base na Economia Solidaria (Copabase), que entre outras coisas também trabalham para criação de eventos que abrem espaço para a venda de produtos cerratenses, como é o caso do baru. Em 2019, Brasília recebeu a primeira oficina de comércio de castanha de Baru, no IX Encontro e Feira dos Povos do Cerrado.

 

Aplicações: o baru tem várias opções de uso, tanto a polpa quanto a amêndoa podem ser utilizados na alimentação como base para vários tipos de receitas. Já o óleo de baru tem grande poder farmacológico, diminuindo o colesterol, e inflamações no organismo por ser rico em ômega-3, ajuda na prevenção de anemia devido a quantidade de ferro presente. O óleo ainda tem grande poder na parte cosmética, uma vez que fortalece as unhas, estimula a renovação celular, o que auxilia na revitalização da pele, além de hidratá-la graças a presença de vitamina E. 

Artesanalmente, o óleo de baru é feito com as amêndoas torradas por uma hora e depois trituradas até se tornar uma massa esfarelada e depois passa por um processo de cozimento para dar a consistência do óleo. Quando a extração do óleo é feita a frio, ela gera farinha de baru, que é comestível e repleta de nutrientes.

 

Com o processamento total do baru gera-se vários produtos como, por exemplo, manteiga, castanha, óleo, e farinha de baru.

 

Importância social e econômica: o baru tem mantido no campo as famílias que precisam de sustento, esse fruto acarreta numa mudança econômica na vida de várias pessoas, promovendo geração de renda e a sensação de pertencimento à terra, sem essas famílias agroextrativistas, é bem provável que o baru já não existisse mais, a conservação da espécie é graças ao trabalho dessas pessoas que atuam diretamente no plantio e na colheita. O baru dá a esperança de que essas pessoas possam conseguir se manter na agricultura como único trabalho, sem precisar sair de suas comunidades em busca de outras formas para garantir sua vivência digna. O baruzeiro tem sua madeira muito resistente, sobrevive as secas e queimadas do cerrado, por isso se faz tão necessária a conservação dessa árvore que carrega consigo também a conservação do bioma.

 

Um projeto que vale a pena conhecer é o Centro de Produção, Pesquisa e Capacitação do Cerrado (Ceppec), esse projeto coordena uma rede com várias famílias, o Ceppec realiza com maestria o processo de extração e comercialização da castanha de baru.

 

Ameaças: apesar de hoje em dia a importância das árvores cerratenses terem ganhado maior atenção em relação ao seu valor para a manutenção do ecossistema, ainda acontecem várias queimadas que destroem o cerrado. O baruzeiro também sofre com as queimadas enquanto ainda estava se recuperando da extração drástica na década de 1980 onde a madeira era muito usada para produção de carvão. Essa extração de carvão diminuiu muito as árvores, e por consequência, diminuiu a coleta de frutos, o que implica na falta de geração de renda para os trabalhadores dependentes do extrativismo sustentável.

Referências

Alves, A.M.; Mendonça, A.L. de.; Caliari M. e Cardoso-Santiago, R.A (2010) – Avaliação química e física de componentes do baru (Dipteryx alata Vog.) para estudo da vida de prateleira. Pesquisa Agropecuária Tropical, vol. 40, n. 3, p. 266–273.

MACEDO, M.; FERREIRA, A. R.; SILVA, C. J. Estudos da dispersão de cinco espécies-chave em um capão do pantanal do Poconé, Mato Grosso. In: Simpósio sobre recursos naturais e socioeconômicos do Pantanal, 2000.

Sousa, A.G.O.; Fernandes, D.C.; Alves, A.M.; Freitas, J.B. e Naves, M.M.V. (2011) – Nutritional quality and protein value of exotic almonds and nut from the Brazilian Savanna compared to peanut. Food Research International, vol. 44, n. 7, p. 2319–2325.

VIEIRA, Roberto Fontes et al. Frutas nativas da região Centro-Oeste. Brasília: Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, 2006. 320 p.

ZUFFO, Alan M.; ANDRADE, Fabrício R.; ZUFFO JÚNIOR, Joacir M. Caracterização biométrica de frutos e sementes de baru (Dipteryx alata Vog.) na região leste de Mato Grosso, Brasil. Rev. de Ciências Agrárias, Lisboa, v. 37, n. 4, p. 463-471, dez. 2014.

 

KINUPP, Valdely; LORENZI, Harri. Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANC) no Brasil, 2019. São Paulo.

 

LULKIN, Claudia Isabel. Do cerrado para a mesa: articulando agricultura familiar com alimentação escolar pelas frutas nativas. 2018. Trabalho de Conclusão de Curso (Especialização em Sociobiodiversidade e Sustentabilidade no Cerrado) —Universidade de Brasília, Alto Paraíso de Goiás – GO, 2018. Disponível em: https://bdm.unb.br/bitstream/10483/22281/1/2018_ClaudiaIsabelLulkin_tcc.pdf 

CARRAZZA, Luis. D’Ávila, João. Manual Tecnológico de Aproveitamento Integral do Fruto do Baru. Brasília, 2010. Disponível em <https://ispn.org.br/site/wp-content/uploads/2018/10/ManualTecnologicoBaru.pdf> Acesso em: 13 out. 2020

 

CAMPOS, Luana. Cadeia Produtiva do Baru – boa, limpa e justa. Ecoa. Campo Grande, 2 out. 2019. Disponível em <https://ecoa.org.br/cadeia-produtiva-do-baru/>. Acesso em: 14 out. 2020

 

Brasília recebe primeira oficina de comércio de castanha de baru. Metrópoles, Distrito Federal, 10 set. 2019. Disponível em <https://www.metropoles.com/distrito-federal/brasilia-recebe-primeira-oficina-de-comercio-de-castanha-de-baru> Acesso em 14 out. 2020

 

SANO, Sueli. RIBEIRO, José. BRITO, Márcia. Baru: biologia e uso. Embrapa, Planaltina, 2004. Disponível em <https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/infoteca/bitstream/doc/566595/1/doc116.pdf> Acesso em: 17. Out. 2020

 

CAMPOS, Raissa. Arinos recebe a Fenabaru – 3° festa Nacional do Baru. Mais Buritis. Minas Gerais. 2 set. 2019. Disponível em: <https://maisburitis.com.br/2019/09/arinos-recebe-fenabaru-3a-festa-nacional-do-baru/> Acesso em: 24 nov. 2020

Pequi

Pequi

Nome científico: Caryocar brasiliense

 

Nome popular: Pequi

 

Família: Caryocaraceae

 

Forma de vida: Árvore

 

Frutificação: estação chuvosa.

 

Dispersão: mamíferos (mastocoria), morcegos (quiropterocoria) e aves (ornitocoria).

 

Habitat e distribuição: Savânico e florestal, em Cerrado Típico e Cerradão. Domínios: Cerrado, Caatinga, Amazônia, Mata Atlântica e Pantanal.

 

Características da espécie: Árvore de 4 a 10 metros de altura, com tronco tortuoso de casca áspera e rugosa. No período de setembro a dezembro, surgem flores grandes amarelas. A sua reprodução se inicia a partir dos 8 anos de idade (Leite et al. 2006). A floração se inicia no período de julho a setembro, ocorrendo depois da queda das folhas velhas e produção de novos brotos (Leite et al. 2006). A frutificação é iniciada entre os meses de setembro e outubro, sendo que a maturação ocorre, em média, de três a quatro meses depois da abertura floral (Leite et al. 2006).

 

Características dos frutos: Os frutos do pequizeiro são do tipo drupa, globosos, verdes e carnosos. Cada semente é envolvida por um endocarpo lenhoso com espinhos e pelo mesocarpo interno, que é uma polpa amarela de odor forte. A maturação ocorre na estação chuvosa, de outubro a fevereiro (Kuhlmann, 2018).

Aproveitamento: Importante complemento nutricional rico em minerais e vitaminas, especialmente as vitaminas A, C e B2 (Araújo, 1995) e rico em carotenoides, o pequi é muito apreciado nas regiões onde ocorre, sendo muito usado na culinária regional em pratos como arroz, frango e feijão cozidos com pequi. O fruto possui fósforo, potássio e magnésio. A polpa contém ca. De 40 a 44% de óleo que pode ser usado na culinária de forma similar ao azeite de dendê. (Lorenzi; Kinupp, 2019) O licor de pequi tem fama nacional e já é exportado para outros países; e há, também, uma boa variedade de receitas de doces aromatizados com seu sabor. O óleo é usado para fabricação de sabão, temperos e é rico em antioxidantes, além de apresentar potencial de uso para a produção de combustíveis e lubrificantes (Oliveira et al., 2008). A castanha do pequi também é comestível crua ou torrada. As folhas são usadas na medicina popular para bronquite e outros (Kuhlmann, 2018). Além disso, a castanha possui zinco e iodo, cálcio, ferro e manganês. O óleo da castanha predominantes é o palmítico, já no da polpa, o ácido oleico (ômega 9).

 

Extração e comercialização: O pequi pode ser coletado diretamente do pequizeiro, entretanto, uma prática comum entre os extrativistas que fazem a coleta do fruto é recolher somente os frutos que já caíram no chão, isso porque recolher o fruto diretamente da árvore interrompe o ciclo de maturação do pequi, esse ciclo só se completa depois de dois dias que o fruto caiu.

Depois da coleta, o pequi segue para seus múltiplos destinos, podendo ser vendido o próprio fruto fresco ou em conserva (neste caso, o pequi em conserva aumenta a venda para grandes cidades pois o fruto consegue ficar bom para consumo por mais tempo), e pode ainda ser processado para a extração de óleo. Essa extração do óleo feita por agroextrativistas de modo artesanal é chamada “extração aquosa”. Primeiro retira-se a casca do pequi e o coloca em água a 80°C, após um tempo, o óleo vai para a superfície podendo ser recolhido.

 

Aplicações: O caroço inteiro é muito utilizado na indústria alimentícia, servido cozido para amolecer a polpa, pode acompanhar o arroz com frango, mas também pode ser usado para receitar doces como geleias e sorvetes. 

A polpa e a amêndoa também são muito utilizadas para extração de óleo pois são ricas em vitamina A, C e carotenoides. O óleo atua como produto farmacológico natural que age na proteção cardiovascular, na prevenção de doenças degenerativas, e fortalece o sistema imunológico. Comunidades tradicionais ainda alegam que o pequi tem forte poder terapêutico.

Recentemente o pequi tem sido alvo de estudos para que seja utilizado por indústrias de cosméticos, pois a adição do óleo de pequi em xampus e condicionadores oferece nutrição capilar profunda.

Até a casca do pequi pode ser aproveitada para realizar tingimento artesanal de tecidos, dando como resultado uma cor castanho-escuro.

 

Importância social e econômica: O pequi é um dos frutos do cerrado mais vendido pelos agroextrativistas. Por isso representa uma parte importante da renda dessas famílias, estima-se que 5,5% da renda anual de uma família extrativista corresponde a comercialização do pequi. O manejo desse fruto acarreta em empregos para toda a família, uma vez que todo o serviço é dividido entre os familiares, (colheita, tratamento do fruto, comercialização). Na época da colheita, o pequi movimenta toda a economia local da região onde é coletado, podendo ser vendido em feiras gastronômicas de comidas típicas, na beira da estrada e entre os extrativistas há troca de alimentos que cada um produz. Isso é sociobiodiversidade.

 

Ameaças: A árvore do pequizeiro tem sido utilizada para a produção de carvão por ser considerada uma madeira de boa qualidade, devido ao fato de ser resistente à chuva e insetos. A madeira do pequizeiro também é bastante requisitada para produção de móveis rústicos, mas essa produção, na maioria das vezes, não vem de artesãos locais, e sim por indústrias que destroem uma das principais fontes de sustento das comunidades. Esse desmatamento acontece mesmo sendo proibido por lei (Portaria nº 54 de 03/03/87– IBDF Brasil, 1988) o corte, a comercialização e o estoque da madeira do pequizeiro, com pena prevista para até dois anos de prisão e multa.

Referências

ARAÚJO, F. D. de. 1995. A review of Caryocar brasiliense (Caryocaraceae) – an economically valuable species of the Central Brazilian Cerrados. Economic Botany 49(1):40-48.

 

AVIDOS, Maria Fernanda Diniz; FERREIRA, Lucas Tadeu. Frutos do Cerrado: preservação gera muitos frutos. Biotecnologia Ciência & Desenvolvimento, 2000.

 

KUHLMANN, Marcelo. Frutos e sementes do Cerrado: espécies atrativas para a fauna. 2ª ed., Brasília, 2018.

 

LEITE, G. L. D., VELOSO, R. V. dos S., ZANUNCIO, J. C., FERNANDES, L. A. & ALMEIDA, C. I. M. 2006. Phenology of Caryocar brasiliense in the Brazilian cerrado region. Forest Ecology and Management 236:286-294.

 

OLIVEIRA, M.E.B; GUERRA, N.B.; BARROS, L.M; ALVES, R.E. Aspectos agronômicos e de qualidade do pequi. Fortaleza: Embrapa Agroindústria Tropical, 2008. 32p. (Documentos, n.113)

 

ZARDO, Rafael Nunes. Efeito do impacto da extração de frutos na demografia do pequi (Caryocar brasiliense) no Cerrado do Brasil central. 2008. 50 f. Dissertação (Mestrado) – Departamento de Ecologia, Universidade de Brasília, Brasília, 2008.

 

KINUPP, Valdely; LORENZI, Harri. Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANC) no Brasil, 2019. São Paulo.

 

LULKIN, Claudia Isabel. Do cerrado para a mesa: articulando agricultura familiar com alimentação escolar pelas frutas nativas. 2018. Trabalho de Conclusão de Curso (Especialização em Sociobiodiversidade e Sustentabilidade no Cerrado) —Universidade de Brasília, Alto Paraíso de Goiás – GO, 2018. Disponível em: https://bdm.unb.br/bitstream/10483/22281/1/2018_ClaudiaIsabelLulkin_tcc.pdf

 

OLIVEIRA, Washington Luis de. Boas Práticas de Manejo para o Extrativismo Sustentável do Pequi. Brasília, 2010, p. 8-48. Disponível em: >https://ispn.org.br/site/wp-content/uploads/2018/10/BoasPraticasPequi.pdf< Acesso em: 7 out. 2020

 

MILITÃO, Carolina. Pesquisadores identificam benefícios do óleo de pequi para o corpo humano. Correio Braziliense, Brasília, 20 maio 2018. Disponível em <https://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/revista/2018/05/20/interna_revista_correio,681686/pesquisadores-identificam-beneficios-do-oleo-de-pequi-para-o-corpo-hum.shtml> Acesso em: 7 out. 2020

Jatobá-do-cerrado

Jatobá

Nome científico: Hymenaea stigonocarpa

 

Nome popular: Jatobá-do-cerrado

 

Família: Fabaceae – Caes

 

Forma de vida: Árvore

 

Frutificação: estação seca

 

Dispersão: mamíferos (mastocoria)

 

Habitat e distribuição: Formações abertas do Cerrado e Campo-Cerrado

 

Características da espécie: Árvore de porte médio, 6 a 9 metros ou maior, casca espessa, parda avermelhada. Caracteriza-se por ser uma árvore bem menor que os outros jatobás, retorcida pela influência do fogo no cerrado (Heringer & Ferreira, 1975) e por apresentar folíolos pilosos, cerne mais escuro e frutos um pouco maiores do que das outras espécies do gênero (Rizzini & Mors, 1976). O período de floração é de outubro a abril.

 

Características dos frutos: Os frutos do jatobá são legumes indeiscentes secos, apresentando epicarpo coriáceo, tendo o mesocarpo e o endocarpo transformados em polpa farinácea, amarelada, levemente adocicada, de sabor e cheiro característicos (Ferreira, 1975). O período de frutificação é entre abril e junho e a maturação dos frutos estende-se de agosto a setembro (De-Carvalho et al, 2005).

Aproveitamento

.Os frutos do jatobá contêm uma polpa farinácea de alto valor proteico, utilizada na culinária regional na forma de bolos, biscoitos, pães e mingaus ou “in natura”. A polpa é utilizada ainda na medicina popular como laxante. O jatobá é rico em provitamina A, potássio, magnésio, cálcio e fósforo. Possui 75% de ácidos graxos insaturados com ácido linoleico dominante. A árvore apresenta uma madeira densa, muita apreciada em construções e carpintaria no geral (Botelho, 1993). Além de fornecer madeira de boa qualidade, as espécies do gênero Hymenaea exsudam uma resina denominada jutaicica, usada como adstringente, cicatrizante e na fabricação de xaropes para bronquite e inflamações, além da produção de vernizes (Botelho, 1993).

 

Extração e Comercialização: A extração do jatobá é ocorre de maneira muito semelhante à de outros frutos consistindo em arrancar o fruto da árvore ou esperar o momento em que eles caem maduros ao chão para fazer essa coleta.

Após a coleta, os frutos podem passam por uma triagem para separar aqueles que não estão aptos ao consumo, a partir daí o fruto pode seguir para o processamento afim de preparar os produtos que são derivados do jatobá, ou podem seguir natural para a comercialização.

A comercialização do jatobá é feita pelos próprios agroextrativistas em feiras e festas locais, ou usa alguma cooperativa para intermediar esse contato até o consumidor final.

 

Aplicações: Do jatobá consegue-se aproveitar tudo para diferentes finalidades.

As partes do fruto (semente, polpa e casca) são integralmente aproveitadas. Das sementes do jatobá pode-se fazer artesanatos, como biojóias. As sementes ainda têm sido utilizadas com propósitos fitoterápicos e cosméticos. A casca do fruto também possibilita o artesanato, é muito comum a fabricação de bonecos típicos das regiões.

Da polpa saem receitas como sorvetes e licores, além do mais é comum a produção de farinha com o processamento da polpa, que serve de base para o preparo de bolos e pães com alto valor proteico.

A árvore também tem suas propriedades, a casca é muito procurada por conta de suas atividades medicinais, principalmente no tratamento de problemas respiratórios, comprando diretamente com os próprios extrativistas, o consumidor evita todo o trabalho de ter que tirar a casca da árvore e de tratá-la, além do fortalecer a economia. A resina extraída da árvore ou do fruto ajudam com dores de estômago e azia.

 

Importância Social e econômica: O jatobá é um fruto antigo, uma espécie resistente que consegue sobreviver melhor a condições mais adversas. Do jatobá tudo se aproveita, e isso gera movimentações na economia, conferindo renda as famílias de agricultores locais, onde cada um da família pode assumir uma parte do preparo dos produtos finais, sejam eles alimentícios, medicinais ou artesanais.

 

Ameaças: A produção do jatobá e de seus derivados produtos é complicada, muitas vezes por falta de uma estrutura básica para melhor atender aqueles trabalhadores.

Incluir o jatobá na Política de Garantia de Preços Mínimos para Produtos da Sociobiodiversidade (PGPM — Bio) ajudaria muito as pessoas que dependem dele, pois estariam assegurados a cobrar um valor mais alto (e justo) por todo o trabalho que tem em relação a esse fruto. Sem uma remuneração justa, as condições de trabalho também ficam cada vez mais precárias, ferramentas que não são seguras, longas horas de trabalho para produzir mais, para conseguir o sustento dos indivíduos que estão envolvidos.

 

Referências

BOTELHO, Soraya Alvarenga. Características de frutos, sementes e mudas de Jatobá do cerrado (Hymenaea stigonocarpa) de diferentes procedências. 93 f. Tese (Doutorado) – Curso de Engenharia Florestal, Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 1993.

 

BOTELHO, S.A.; FERREIRA, R.A.; MALAVASI, M.M.; DAVIDE, A.C. Aspectos morfológicos de frutos, sementes, plântulas e mudas de jatobá-do-Cerrado (Hymenaea stigonocarpa Mart. ex Hayne) – Fabaceae. Revista Brasileira de Sementes, v. 22, n. 1, p. 144-152, 30 jun. 2000. http://dx.doi.org/10.17801/0101-3122/rbs.v22n1p144-152.

 

DE-CARVALHO, Plauto Simão; MIRANDA, Sabrina do Couto de; SANTOS, Mirley Luciene dos. Germinação e dados biométricos de Hymenaea stigonocarpa – Jatobá-do-cerrado. Revista Anhanguera, Gjhf, v. 6, n. 1, p. 101-116, 2005.

 

FERREIRA, M.B. Frutos comestíveis nativos do Distrito Federal – IV. Cerrado, Brasilia, 7(30):15-21, 1975.

 

HERINGER & FERREIRA, M.B. Árvores úteis da região geoeconômica do Distrito Federal. Dendrologia. Cerrado, Brasília, 7(27):27-32, 1975.

 

RIZZINI & MORS.W.B. Botânica econômica brasileira. São Paulo, EDUSP, 1976. 207p.

 

LULKIN, Claudia Isabel. Do cerrado para a mesa: articulando agricultura familiar com alimentação escolar pelas frutas nativas. 2018. Trabalho de Conclusão de Curso (Especialização em Sociobiodiversidade e Sustentabilidade no Cerrado) —Universidade de Brasília, Alto Paraíso de Goiás – GO, 2018. Disponível em: https://bdm.unb.br/bitstream/10483/22281/1/2018_ClaudiaIsabelLulkin_tcc.pdf

Rufão

Peritassa campestris

Nomes populares

Rufão, bacupari, laranjinha, siputá-do-campo, manguinha, tapicuru, bacupari-rasteiro, saputá-mirim, ovogouro

Partes utilizadas

Raiz, casca, semente

Descrição

Planta que cresce em moitas e tem aproximadamente 1,5 metros de altura. Seus talos são lisos e finos. As folhas do rufão são grossas, lisas e com coloração verde-escuro na face superior e verde-claro na inferior. As flores são bem pequenas e possuem uma cor branco-amarelada. O rufão ocorre no Norte (Tocantins), no Nordeste (Alagoas, Bahia, Maranhão), no Centro-Oeste (Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso), no Sudeste (Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo) e no Sul (Paraná).

Uso medicinal

A raiz do rufão, nas formas de chá e garrafada, é indicada para tratar anemia, fraqueza sexual, inflamações no estômago e intestino.


O óleo do rufão é usado em massagens locais para cólicas intestinais, dores nas
articulações, reumatismo e em partes do corpo que perderam o movimento em
decorrência de um derrame. Quando se usa o óleo, é preciso ter o cuidado de não tomar friagem e não mexer em água fria, pois ele é um óleo de natureza quente.


O uso interno do óleo do rufão, geralmente misturado a um chá ou café quente, é indicado como expectorante, para tratar tosse e gripe.


A pomada de rufão é usada como cicatrizante de ferimentos (FARMACOPEIA
POPULAR DO CERRADO, 2009).

Formas de uso

A raiz do rufão é usada como remédio caseiro nas formas de chá ou garrafada. Pode-se usar toda a raiz ou somente a sua casca, mas tanto a casca, quanto a raiz devem estar secas.


Quando se usar toda a raiz, ela deve ser ralada ou socada no pilão, após estar seca. Para se secar a raiz, ela primeiramente deve ser bem lavada, depois cortada em pedaços pequenos, que são levados para secar à sombra.


Quando se usar somente a casca da raiz, deve-se lavar a raiz e retirar a sua casca ainda fresca, quando ela ainda estiver mole e fácil de descolar da madeira. A casca também deve ser cortada em pedaços pequenos, e depois secada à sombra.


O pó da raiz é usado para preparar pomada.


A forma mais utilizada da planta é o óleo de suas sementes (FARMACOPEIA
POPULAR DO CERRADO, 2009). 

Contraindicações

O uso interno desta planta não é indicado para mulheres grávidas.


Os remédios caseiros preparados com álcool não devem ser ingeridos por crianças, hipertensos ou por pessoas que estejam utilizando medicamentos (FARMACOPEIA POPULAR DO CERRADO, 2009).

Cuidados

As quantidades do uso interno de remédios caseiros preparados com o rufão, nas formas de chá, garrafada ou óleo, devem ser pequenas.


Nas regiões pesquisadas de Minas Gerais, não há conhecimento de intoxicações
provenientes do uso do rufão (FARMACOPEIA POPULAR DO CERRADO, 2009).

Referências Bibliográficas

DIAS, J.E.; LAUREANO, L.C. (Coord.) Farmacopeia Popular do Cerrado. 1 ed. Goiás: Articulação Pacari, 2009.

 

LOMBARDI, J.A.; GROPPO, M.; BIRAL, L. 2015 Celastraceae in Lista de Espécies da Flora do Brasil. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/jabot/floradobrasil/FB17787>.

Pé-de-perdiz

Croton antisyphiliticus

Nomes populares

Pé-de-perdiz, minuano, carijó, alcanforeira

Partes utilizadas

Folhas, raízes

Descrição

Pequeno arbusto com cerca de 30 a 40 centímetros de altura. Costuma ser encontradas em moitas, mas também pode ser encontrada sozinha. Suas folhas são compridas, como uma pena, e possuem coloração que varia entre o verde e o amarelo. As flores do pé-de-perdiz são pequenas, arredondadas e com coloração branco-amarelada. Ela ocorre no Norte (Acre, Amazonas, Pará, Tocantins), no Nordeste (Bahia, Maranhão, Paraíba, Piauí), no Centro-Oeste (Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso), no Sudeste (Minas Gerais, São Paulo) e no Sul (Paraná, Santa Catarina).

Uso medicinal

A pé-de-perdiz lisa e peluda têm o mesmo valor medicinal. Tradicionalmente, o uso da pé-de-perdiz lisa é mais indicado para a mulher e, o uso da peluda é mais indicado para o homem.


A raiz da pé-de-perdiz é indicada como anti-inflamatório, depurativo do sangue, para tratar infecções, reumatismo e doenças sexualmente transmissíveis, como a sífilis.


Para a mulher, a pé-de-perdiz é usada para tratar infecção do útero e ovário, estimular gravidez, regular menstruação e limpar o útero, após o parto. Para o homem, é usada para tratar inflamação da próstata (FARMACOPEIA POPULAR DO CERRADO, 2009).

Formas de uso

As partes usadas da pé-de-perdiz para a preparação de remédios caseiros são as folhas e as raízes frescas ou secas.


A raiz da pé-de-perdiz é preparada na forma de garrafada, com vinho branco ou cachaça e, geralmente é associada a outras plantas medicinais. A raiz pode ser usada em pedaços ou em pó.


A raiz é também usada para se preparar chá, que deve ser feito em forma de infusão, escaldando-se a raiz com água fervente.


O pó da pé-de-perdiz pode ser feito misturando folhas e raízes secas, mas normalmente a raiz é usada em maior quantidade. O pó pode ser usado em garrafadas ou para se fazer pomada e pílulas.


As folhas geralmente não são usadas em garrafadas, porque a folha contém mucilagem, e isso torna a garrafada ‘babenta’ (FARMACOPEIA POPULAR DO CERRADO, 2009).

Contraindicações

O uso desta planta não é indicado para mulheres grávidas e crianças.


Os remédios caseiros preparados com álcool não devem ser ingeridos por hipertensos ou por pessoas que estejam utilizando medicamentos (FARMACOPEIA POPULAR DO CERRADO, 2009).

Cuidados

A pé-de-perdiz deve ser usada com cuidado, observando-se as doses recomendadas. Não se tem conhecimento sobre tratamento para intoxicações decorrentes de doses excessivas da planta (FARMACOPEIA POPULAR DO CERRADO, 2009)

Referências:

DIAS, J.E.; LAUREANO, L.C. (Coord.) Farmacopeia Popular do Cerrado. 1 ed. Goiás: Articulação Pacari, 2009.


CORDEIRO, I.; SECCO, R.; CARNEIRO-TORRES, D.S.; LIMA, L.R. de; CARUZO, M.B.R.; BERRY, P.; RIINA, R.; SILVA, O.L.M.; SILVA, M.J.da; SODRÉ, R.C. 2015 Croton in Lista de Espécies da Flora do Brasil. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/jabot/floradobrasil/FB17501>.

Pacari

Lafoensia pacari

Nomes populares

Pacari, dedaleira-amarela, candeia-de-caju, mangaba-brava, pacari-do-mato, pacari-do-sertão, pau-tinta, pau-de-nódia

Partes utilizadas

Entrecasca, casca, folhas

Descrição

Árvore com aproximadamente 4 metros de altura; ela cresce reta até
uns 2 metros e depois solta seus galhos. Seu tronco e galhos têm uma cor amarelo-avermelhada e possuem um aspecto arrepiado. As folhas do pacari são bem verdes e têm uma textura lisa. Suas flores nascem entre os meses de fevereiro e julho; elas têm um botão em forma de sino de cor verde-avermelhado e suas pétalas são brancas. O pacari ocorre no Norte (Tocantins), no Nordeste (Bahia, Maranhão), no Centro-Oeste (Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso), no Sudeste (Minas Gerais, São Paulo) e Sul (Paraná).

Uso medicinal

As folhas e a entrecasca da pacari são utilizadas como cicatrizante de feridas da pele e para o tratamento de gastrite ou úlcera no estômago.


Para o tratamento de gastrite ou úlcera, a pacari é usada na forma de chá, tintura ou garrafada. Já para o tratamento de feridas na pele, ela é usada na forma de banhos e pomada. O pó da entrecasca é usado em feridas de animais, como por exemplo, no cavalo, para tratar pisadura de montaria (FARMACOPEIA POPULAR DO CERRADO, 2009).

Formas de uso

As folhas e a entrecasca devem ser sempre usadas secas.


A quantidade de folhas ou entrecasca usadas para se fazer o remédio caseiro deve ser pequena, principalmente quando for para uso interno, pois a pacari é uma planta de natureza travosa, o que pode provocar intoxicação.


O chá é feito da entrecasca seca ou das folhas secas da pacari. O chá para banhar ferimentos deve ser mais concentrado que o chá para uso interno.


A garrafada é feita curtindo-se a entrecasca seca no vinho branco ou na cachaça e, a tintura, curtindo-se a entrecasca seca no álcool de cereais.


A pomada de pacari pode ser feita com as folhas secas ou com a entrecasca seca. O pó da pacari é feito com a sua entrecasca seca e deve ser bem fino (FARMACOPEIA POPULAR DO CERRADO, 2009).

Contraindicações

O uso interno desta planta não é indicado para mulheres grávidas e crianças. Os remédios caseiros preparados com álcool não devem ser ingeridos por hipertensos ou por pessoas que estejam utilizando medicamentos (FARMACOPEIA POPULAR DO CERRADO, 2009).

Cuidados

O remédio caseiro feito de pacari deve ser usado com cuidado e atenção, observando-se as doses recomendadas, que são bem pequenas. Não há conhecimento sobre tratamento para intoxicações decorrentes de doses excessivas da pacari. (FARMACOPEIA POPULAR DO CERRADO, 2009)

Referências Bibliográficas

DIAS, J.E.; LAUREANO, L.C. (Coord.) Farmacopeia Popular do Cerrado. 1 ed. Goiás: Articulação Pacari, 2009.

 

CAVALCANTI, T.B. 2015 Lafoensia in Lista de Espécies da Flora do Brasil. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/jabot/floradobrasil/FB8784>.