Alfabeto das Plantas do Cerrado

Caryocar brasiliense Cambess.

Nomes populares

Pequi, piqui.

Família

Caryocaraceae.

Forma de vida

Árvore.

Frutificação no Cerrado

Estação chuvosa, de dezembro a fevereiro.

Dispersão

Mamíferos (mastocoria), morcegos (quiropterocoria) e aves (ornitocoria) dispersam os frutos.

Polinização

Beija-flores e alguns insetos polonizam as flores.

Usos

Alimentício, paisagismo, medicinal. 

Habitat no Cerrado

Cerrado sentido restrito, Campo Sujo e Cerradão.

Domínio

Cerrado.

Distribuição

Pará, Tocantins, Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais, São Paulo e Paraná. 

Referências

KUHLMANN, Marcelo. Frutos e sementes do Cerrado: espécies atrativas para a fauna. Volumes I e II, Brasília, 2018. 

Disponível em: http://frutosatrativosdocerrado.bio.br/.

 

PEREIRA, Benedito Alísio da Silva. Árvores do Bioma Cerrado. Disponível em: http://www.arvoresdobiomacerrado.com.br/site/.

Pequi

Nome científico: Caryocar brasiliense

 

Nome popular: Pequi

 

Família: Caryocaraceae

 

Forma de vida: Árvore

 

Frutificação: estação chuvosa.

 

Dispersão: mamíferos (mastocoria), morcegos (quiropterocoria) e aves (ornitocoria).

 

Habitat e distribuição: Savânico e florestal, em Cerrado Típico e Cerradão. Domínios: Cerrado, Caatinga, Amazônia, Mata Atlântica e Pantanal.

 

Características da espécie: Árvore de 4 a 10 metros de altura, com tronco tortuoso de casca áspera e rugosa. No período de setembro a dezembro, surgem flores grandes amarelas. A sua reprodução se inicia a partir dos 8 anos de idade (Leite et al. 2006). A floração se inicia no período de julho a setembro, ocorrendo depois da queda das folhas velhas e produção de novos brotos (Leite et al. 2006). A frutificação é iniciada entre os meses de setembro e outubro, sendo que a maturação ocorre, em média, de três a quatro meses depois da abertura floral (Leite et al. 2006).

 

Características dos frutos: Os frutos do pequizeiro são do tipo drupa, globosos, verdes e carnosos. Cada semente é envolvida por um endocarpo lenhoso com espinhos e pelo mesocarpo interno, que é uma polpa amarela de odor forte. A maturação ocorre na estação chuvosa, de outubro a fevereiro (Kuhlmann, 2018).

Aproveitamento: Importante complemento nutricional rico em minerais e vitaminas, especialmente as vitaminas A, C e B2 (Araújo, 1995) e rico em carotenoides, o pequi é muito apreciado nas regiões onde ocorre, sendo muito usado na culinária regional em pratos como arroz, frango e feijão cozidos com pequi. O fruto possui fósforo, potássio e magnésio. A polpa contém ca. De 40 a 44% de óleo que pode ser usado na culinária de forma similar ao azeite de dendê. (Lorenzi; Kinupp, 2019) O licor de pequi tem fama nacional e já é exportado para outros países; e há, também, uma boa variedade de receitas de doces aromatizados com seu sabor. O óleo é usado para fabricação de sabão, temperos e é rico em antioxidantes, além de apresentar potencial de uso para a produção de combustíveis e lubrificantes (Oliveira et al., 2008). A castanha do pequi também é comestível crua ou torrada. As folhas são usadas na medicina popular para bronquite e outros (Kuhlmann, 2018). Além disso, a castanha possui zinco e iodo, cálcio, ferro e manganês. O óleo da castanha predominantes é o palmítico, já no da polpa, o ácido oleico (ômega 9).

 

Extração e comercialização: O pequi pode ser coletado diretamente do pequizeiro, entretanto, uma prática comum entre os extrativistas que fazem a coleta do fruto é recolher somente os frutos que já caíram no chão, isso porque recolher o fruto diretamente da árvore interrompe o ciclo de maturação do pequi, esse ciclo só se completa depois de dois dias que o fruto caiu.

Depois da coleta, o pequi segue para seus múltiplos destinos, podendo ser vendido o próprio fruto fresco ou em conserva (neste caso, o pequi em conserva aumenta a venda para grandes cidades pois o fruto consegue ficar bom para consumo por mais tempo), e pode ainda ser processado para a extração de óleo. Essa extração do óleo feita por agroextrativistas de modo artesanal é chamada “extração aquosa”. Primeiro retira-se a casca do pequi e o coloca em água a 80°C, após um tempo, o óleo vai para a superfície podendo ser recolhido.

 

Aplicações: O caroço inteiro é muito utilizado na indústria alimentícia, servido cozido para amolecer a polpa, pode acompanhar o arroz com frango, mas também pode ser usado para receitar doces como geleias e sorvetes. 

A polpa e a amêndoa também são muito utilizadas para extração de óleo pois são ricas em vitamina A, C e carotenoides. O óleo atua como produto farmacológico natural que age na proteção cardiovascular, na prevenção de doenças degenerativas, e fortalece o sistema imunológico. Comunidades tradicionais ainda alegam que o pequi tem forte poder terapêutico.

Recentemente o pequi tem sido alvo de estudos para que seja utilizado por indústrias de cosméticos, pois a adição do óleo de pequi em xampus e condicionadores oferece nutrição capilar profunda.

Até a casca do pequi pode ser aproveitada para realizar tingimento artesanal de tecidos, dando como resultado uma cor castanho-escuro.

 

Importância social e econômica: O pequi é um dos frutos do cerrado mais vendido pelos agroextrativistas. Por isso representa uma parte importante da renda dessas famílias, estima-se que 5,5% da renda anual de uma família extrativista corresponde a comercialização do pequi. O manejo desse fruto acarreta em empregos para toda a família, uma vez que todo o serviço é dividido entre os familiares, (colheita, tratamento do fruto, comercialização). Na época da colheita, o pequi movimenta toda a economia local da região onde é coletado, podendo ser vendido em feiras gastronômicas de comidas típicas, na beira da estrada e entre os extrativistas há troca de alimentos que cada um produz. Isso é sociobiodiversidade.

 

Ameaças: A árvore do pequizeiro tem sido utilizada para a produção de carvão por ser considerada uma madeira de boa qualidade, devido ao fato de ser resistente à chuva e insetos. A madeira do pequizeiro também é bastante requisitada para produção de móveis rústicos, mas essa produção, na maioria das vezes, não vem de artesãos locais, e sim por indústrias que destroem uma das principais fontes de sustento das comunidades. Esse desmatamento acontece mesmo sendo proibido por lei (Portaria nº 54 de 03/03/87– IBDF Brasil, 1988) o corte, a comercialização e o estoque da madeira do pequizeiro, com pena prevista para até dois anos de prisão e multa.

Referências

ARAÚJO, F. D. de. 1995. A review of Caryocar brasiliense (Caryocaraceae) – an economically valuable species of the Central Brazilian Cerrados. Economic Botany 49(1):40-48.

 

AVIDOS, Maria Fernanda Diniz; FERREIRA, Lucas Tadeu. Frutos do Cerrado: preservação gera muitos frutos. Biotecnologia Ciência & Desenvolvimento, 2000.

 

KUHLMANN, Marcelo. Frutos e sementes do Cerrado: espécies atrativas para a fauna. 2ª ed., Brasília, 2018.

 

LEITE, G. L. D., VELOSO, R. V. dos S., ZANUNCIO, J. C., FERNANDES, L. A. & ALMEIDA, C. I. M. 2006. Phenology of Caryocar brasiliense in the Brazilian cerrado region. Forest Ecology and Management 236:286-294.

 

OLIVEIRA, M.E.B; GUERRA, N.B.; BARROS, L.M; ALVES, R.E. Aspectos agronômicos e de qualidade do pequi. Fortaleza: Embrapa Agroindústria Tropical, 2008. 32p. (Documentos, n.113)

 

ZARDO, Rafael Nunes. Efeito do impacto da extração de frutos na demografia do pequi (Caryocar brasiliense) no Cerrado do Brasil central. 2008. 50 f. Dissertação (Mestrado) – Departamento de Ecologia, Universidade de Brasília, Brasília, 2008.

 

KINUPP, Valdely; LORENZI, Harri. Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANC) no Brasil, 2019. São Paulo.

 

LULKIN, Claudia Isabel. Do cerrado para a mesa: articulando agricultura familiar com alimentação escolar pelas frutas nativas. 2018. Trabalho de Conclusão de Curso (Especialização em Sociobiodiversidade e Sustentabilidade no Cerrado) —Universidade de Brasília, Alto Paraíso de Goiás – GO, 2018. Disponível em: https://bdm.unb.br/bitstream/10483/22281/1/2018_ClaudiaIsabelLulkin_tcc.pdf

 

OLIVEIRA, Washington Luis de. Boas Práticas de Manejo para o Extrativismo Sustentável do Pequi. Brasília, 2010, p. 8-48. Disponível em: >https://ispn.org.br/site/wp-content/uploads/2018/10/BoasPraticasPequi.pdf< Acesso em: 7 out. 2020

 

MILITÃO, Carolina. Pesquisadores identificam benefícios do óleo de pequi para o corpo humano. Correio Braziliense, Brasília, 20 maio 2018. Disponível em <https://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/revista/2018/05/20/interna_revista_correio,681686/pesquisadores-identificam-beneficios-do-oleo-de-pequi-para-o-corpo-hum.shtml> Acesso em: 7 out. 2020

Caryocar brasiliense

Nome popular

Pequi

Características do fruto

Os frutos do pequizeiro são do tipo drupa, globosos, verdes e carnosos. Cada semente é envolvida por um endocarpo lenhoso com espinhos e pelo mesocarpo interno, que é uma polpa amarela de odor forte.

Habitat e distribuição

Savânico e florestal, em Cerrado Típico e Cerradão. Domínios: Cerrado, Caatinga, Amazônia, Mata Atlântica e Pantanal.

Relação animal/planta

A polinização é feita principalmente por morcegos glossofagíneos, como Glossophaga soricina e Anoura geoffroyi, que são atraídos pelos botões florais. A dispersão de sementes é pouco conhecida, sendo os prováveis dispersores animais de grande porte (Zardo, 2008). Muitos estudos também apontam que os frutos do pequizeiro muito provavelmente eram dispersos pela megafauna, que está quase toda extinta. Hoje, o pequi conta com outros dispersores, incluindo principalmente mamíferos como a anta, o veado mateiro, a cotia e o gambá. Entre as aves estão a ema e a gralha-de-topete.

Conheça as espécies de animais que consomem seus frutos

 

Família

Espécie

Nome popular

 

      Mamíferos

Tapiridae

Tapirus terrestres

Anta

Cervidae

Mazama americana

Veado mateiro

Dasyproctidae

Dasyprocta sp.

Cotia

Didelphidae

Didelphis albiventris

Gambá

 

           Aves

Corvidae

Cyanocorax cristatellus

Gralha-de-topete

Rheidae

Rhea americana

Ema

Referências

KUHLMANN, Marcelo. Frutos e sementes do Cerrado: espécies atrativas para a fauna. Volumes I e II, Brasília, 2018.

 

ZARDO, Rafael Nunes. Efeito do impacto da extração de frutos na demografia do pequi (Caryocar brasiliense) no Cerrado do Brasil central. 2008. 50 f. Dissertação (Mestrado) – Departamento de Ecologia, Universidade de Brasília, Brasília, 2008.

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