Aproveitamento: Tanto a polpa quanto a amêndoa de baru podem ser utilizadas na alimentação humana, sendo a polpa constituída principalmente de hidratos de carbono (63%), predominantemente por amido, fibras insolúveis e açúcares (Alves et al., 2010). A amêndoa apresenta elevados níveis de lipídicos (42%), proteínas (30%), cálcio, fósforo, manganês e potássio, além de ferro, zinco, selênio e consideráveis teores de hidratos de carbono e fibras (Sousa et al., 2011), devendo ser consumida torrada para reduzir os fatores antinutricionais. Da amêndoa pode-se extrair leite e óleo e ainda pode ser usada para fazer pé-de-moleque, paçoca, mistura de barras de cereais, bombons entre outros. A polpa (mesocarpo) pode ser consumida in natura. Tem sabor adocicado, quando utilizada para massa de bolo, torna-se escura, aparentando chocolate.
Extração e Comercialização: na época da seca, de julho a setembro, é que o baru é coletado, essa coleta abrange os frutos que já caíram ao chão pois estavam totalmente maduros, e sacudindo os galhos da árvore, assim os frutos que já estavam prestes a cair também se soltam. Segundo informações da Embrapa, cada árvore produz de 2 a 5 sacos de frutos (aproximadamente 45kg cada saco). Depois da coleta, o fruto é partido com um martelo próprio para isso, separando a amêndoa da polpa.
A comercialização do Baru pode ser feita individualmente por cada extrativista em feiras, ou beiras de estrada. Mas existem cooperativas que trabalham em conjunto com esses extrativistas, como a Cooperativa de Agricultura Familiar Sustentável com Base na Economia Solidaria (Copabase), que entre outras coisas também trabalham para criação de eventos que abrem espaço para a venda de produtos cerratenses, como é o caso do baru. Em 2019, Brasília recebeu a primeira oficina de comércio de castanha de Baru, no IX Encontro e Feira dos Povos do Cerrado.
Aplicações: o baru tem várias opções de uso, tanto a polpa quanto a amêndoa podem ser utilizados na alimentação como base para vários tipos de receitas. Já o óleo de baru tem grande poder farmacológico, diminuindo o colesterol, e inflamações no organismo por ser rico em ômega-3, ajuda na prevenção de anemia devido a quantidade de ferro presente. O óleo ainda tem grande poder na parte cosmética, uma vez que fortalece as unhas, estimula a renovação celular, o que auxilia na revitalização da pele, além de hidratá-la graças a presença de vitamina E.
Artesanalmente, o óleo de baru é feito com as amêndoas torradas por uma hora e depois trituradas até se tornar uma massa esfarelada e depois passa por um processo de cozimento para dar a consistência do óleo. Quando a extração do óleo é feita a frio, ela gera farinha de baru, que é comestível e repleta de nutrientes.
Com o processamento total do baru gera-se vários produtos como, por exemplo, manteiga, castanha, óleo, e farinha de baru.
Importância social e econômica: o baru tem mantido no campo as famílias que precisam de sustento, esse fruto acarreta numa mudança econômica na vida de várias pessoas, promovendo geração de renda e a sensação de pertencimento à terra, sem essas famílias agroextrativistas, é bem provável que o baru já não existisse mais, a conservação da espécie é graças ao trabalho dessas pessoas que atuam diretamente no plantio e na colheita. O baru dá a esperança de que essas pessoas possam conseguir se manter na agricultura como único trabalho, sem precisar sair de suas comunidades em busca de outras formas para garantir sua vivência digna. O baruzeiro tem sua madeira muito resistente, sobrevive as secas e queimadas do cerrado, por isso se faz tão necessária a conservação dessa árvore que carrega consigo também a conservação do bioma.
Um projeto que vale a pena conhecer é o Centro de Produção, Pesquisa e Capacitação do Cerrado (Ceppec), esse projeto coordena uma rede com várias famílias, o Ceppec realiza com maestria o processo de extração e comercialização da castanha de baru.
Ameaças: apesar de hoje em dia a importância das árvores cerratenses terem ganhado maior atenção em relação ao seu valor para a manutenção do ecossistema, ainda acontecem várias queimadas que destroem o cerrado. O baruzeiro também sofre com as queimadas enquanto ainda estava se recuperando da extração drástica na década de 1980 onde a madeira era muito usada para produção de carvão. Essa extração de carvão diminuiu muito as árvores, e por consequência, diminuiu a coleta de frutos, o que implica na falta de geração de renda para os trabalhadores dependentes do extrativismo sustentável.