Dypteryx alata Vogel

Nomes populares

Baru, baruzeiro, cumbaru. 

Família

Fabaceae.

Forma de vida

Árvore.

Frutificação no Cerrado

Setembro a novembro.

Dispersão

Morcegos e outros mamíferos dispersam os frutos. 

Polinização

Abelhas polinizam as flores.

Usos

Alimentício, medicinal e reflorestamento.

Habitat no Cerrado

Cerrado sentido restrito, Cerradão e Mata Seca.

Domínio

Cerrado, Amazônia e Caatinga.

Distribuição

Distrito Federal, São Paulo, Minas Gerais, Bahia, Maranhão, Piauí, Tocantins, Pará e Rondônia.

Referências

KUHLMANN, Marcelo. Frutos e sementes do Cerrado: espécies atrativas para a fauna. Volumes I e II, Brasília, 2018. Disponível em: http://frutosatrativosdocerrado.bio.br/.

 

MEDEIROS, João de Deus. Guia de campo: vegetação do Cerrado 500 espécies. Brasília: MMA/SBF, 2011. (Série Biodiversidade, 43). Disponível em:https://www.mma.gov.br/estruturas/sbf2008_df/_publicacao/148_publicacao14022012101832.pdf.

Baru

Nome científico: Dipteryx alata

 

Nomes populares: Baru, coco-feijão, cumaru

 

Família: Fabaceae

 

Forma de vida: Árvore

 

Frutificação no Cerrado: setembro-novembro.

 

Dispersão: morcegos e outros mamíferos

 

Polinização: abelhas

 

Habitat e distribuição: Bioma Cerrado, nas formações florestais Cerradão e Mata, nas áreas de transição entre Cerrado e Mata Estacional ou Mata de Galeria e no Cerrado sentido restrito.

 

Características da espécie: Árvore com altura média de 15 m, com caule ereto, ramos e casca do tronco lisos. Floresce de outubro a janeiro.

 

Características dos frutos: O fruto é do tipo drupa, seco, ovoide, levemente achatado, de cor marrom, não apresentando mudança de cor quando maduro. Possui cerca de 3 a 6 cm de comprimento e de 1,5 a 4,5 cm de largura. O endocarpo é lenhoso, de cor mais escura que o mesocarpo fibroso. Apresenta uma única semente por fruto. O barueiro apresenta frutos maduros durante a estação seca no Cerrado, entre março e agosto, sendo uma espécie importante para alimentação de aves, quirópteros, primatas e roedores nessa época (Macedo et al., 2000).

 

Aproveitamento:  Tanto a polpa quanto a amêndoa de baru podem ser utilizadas na alimentação humana, sendo a polpa constituída principalmente de hidratos de carbono (63%), predominantemente por amido, fibras insolúveis e açúcares (Alves et al., 2010). A amêndoa apresenta elevados níveis de lipídicos (42%), proteínas (30%), cálcio, fósforo, manganês e potássio, além de ferro, zinco, selênio e consideráveis teores de hidratos de carbono e fibras (Sousa et al., 2011), devendo ser consumida torrada para reduzir os fatores antinutricionais. Da amêndoa pode-se extrair leite e óleo e ainda pode ser usada para fazer pé-de-moleque, paçoca, mistura de barras de cereais, bombons entre outros. A polpa (mesocarpo) pode ser consumida in natura. Tem sabor adocicado, quando utilizada para massa de bolo, torna-se escura, aparentando chocolate.

 

Extração e Comercialização: na época da seca, de julho a setembro, é que o baru é coletado, essa coleta abrange os frutos que já caíram ao chão pois estavam totalmente maduros, e sacudindo os galhos da árvore, assim os frutos que já estavam prestes a cair também se soltam. Segundo informações da Embrapa, cada árvore produz de 2 a 5 sacos de frutos (aproximadamente 45kg cada saco). Depois da coleta, o fruto é partido com um martelo próprio para isso, separando a amêndoa da polpa.

 

A comercialização do Baru pode ser feita individualmente por cada extrativista em feiras, ou beiras de estrada. Mas existem cooperativas que trabalham em conjunto com esses extrativistas, como a Cooperativa de Agricultura Familiar Sustentável com Base na Economia Solidaria (Copabase), que entre outras coisas também trabalham para criação de eventos que abrem espaço para a venda de produtos cerratenses, como é o caso do baru. Em 2019, Brasília recebeu a primeira oficina de comércio de castanha de Baru, no IX Encontro e Feira dos Povos do Cerrado.

 

Aplicações: o baru tem várias opções de uso, tanto a polpa quanto a amêndoa podem ser utilizados na alimentação como base para vários tipos de receitas. Já o óleo de baru tem grande poder farmacológico, diminuindo o colesterol, e inflamações no organismo por ser rico em ômega-3, ajuda na prevenção de anemia devido a quantidade de ferro presente. O óleo ainda tem grande poder na parte cosmética, uma vez que fortalece as unhas, estimula a renovação celular, o que auxilia na revitalização da pele, além de hidratá-la graças a presença de vitamina E. 

Artesanalmente, o óleo de baru é feito com as amêndoas torradas por uma hora e depois trituradas até se tornar uma massa esfarelada e depois passa por um processo de cozimento para dar a consistência do óleo. Quando a extração do óleo é feita a frio, ela gera farinha de baru, que é comestível e repleta de nutrientes.

 

Com o processamento total do baru gera-se vários produtos como, por exemplo, manteiga, castanha, óleo, e farinha de baru.

 

Importância social e econômica: o baru tem mantido no campo as famílias que precisam de sustento, esse fruto acarreta numa mudança econômica na vida de várias pessoas, promovendo geração de renda e a sensação de pertencimento à terra, sem essas famílias agroextrativistas, é bem provável que o baru já não existisse mais, a conservação da espécie é graças ao trabalho dessas pessoas que atuam diretamente no plantio e na colheita. O baru dá a esperança de que essas pessoas possam conseguir se manter na agricultura como único trabalho, sem precisar sair de suas comunidades em busca de outras formas para garantir sua vivência digna. O baruzeiro tem sua madeira muito resistente, sobrevive as secas e queimadas do cerrado, por isso se faz tão necessária a conservação dessa árvore que carrega consigo também a conservação do bioma.

 

Um projeto que vale a pena conhecer é o Centro de Produção, Pesquisa e Capacitação do Cerrado (Ceppec), esse projeto coordena uma rede com várias famílias, o Ceppec realiza com maestria o processo de extração e comercialização da castanha de baru.

 

Ameaças: apesar de hoje em dia a importância das árvores cerratenses terem ganhado maior atenção em relação ao seu valor para a manutenção do ecossistema, ainda acontecem várias queimadas que destroem o cerrado. O baruzeiro também sofre com as queimadas enquanto ainda estava se recuperando da extração drástica na década de 1980 onde a madeira era muito usada para produção de carvão. Essa extração de carvão diminuiu muito as árvores, e por consequência, diminuiu a coleta de frutos, o que implica na falta de geração de renda para os trabalhadores dependentes do extrativismo sustentável.

Referências

Alves, A.M.; Mendonça, A.L. de.; Caliari M. e Cardoso-Santiago, R.A (2010) – Avaliação química e física de componentes do baru (Dipteryx alata Vog.) para estudo da vida de prateleira. Pesquisa Agropecuária Tropical, vol. 40, n. 3, p. 266–273.

MACEDO, M.; FERREIRA, A. R.; SILVA, C. J. Estudos da dispersão de cinco espécies-chave em um capão do pantanal do Poconé, Mato Grosso. In: Simpósio sobre recursos naturais e socioeconômicos do Pantanal, 2000.

Sousa, A.G.O.; Fernandes, D.C.; Alves, A.M.; Freitas, J.B. e Naves, M.M.V. (2011) – Nutritional quality and protein value of exotic almonds and nut from the Brazilian Savanna compared to peanut. Food Research International, vol. 44, n. 7, p. 2319–2325.

VIEIRA, Roberto Fontes et al. Frutas nativas da região Centro-Oeste. Brasília: Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, 2006. 320 p.

ZUFFO, Alan M.; ANDRADE, Fabrício R.; ZUFFO JÚNIOR, Joacir M. Caracterização biométrica de frutos e sementes de baru (Dipteryx alata Vog.) na região leste de Mato Grosso, Brasil. Rev. de Ciências Agrárias, Lisboa, v. 37, n. 4, p. 463-471, dez. 2014.

 

KINUPP, Valdely; LORENZI, Harri. Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANC) no Brasil, 2019. São Paulo.

 

LULKIN, Claudia Isabel. Do cerrado para a mesa: articulando agricultura familiar com alimentação escolar pelas frutas nativas. 2018. Trabalho de Conclusão de Curso (Especialização em Sociobiodiversidade e Sustentabilidade no Cerrado) —Universidade de Brasília, Alto Paraíso de Goiás – GO, 2018. Disponível em: https://bdm.unb.br/bitstream/10483/22281/1/2018_ClaudiaIsabelLulkin_tcc.pdf 

CARRAZZA, Luis. D’Ávila, João. Manual Tecnológico de Aproveitamento Integral do Fruto do Baru. Brasília, 2010. Disponível em <https://ispn.org.br/site/wp-content/uploads/2018/10/ManualTecnologicoBaru.pdf> Acesso em: 13 out. 2020

 

CAMPOS, Luana. Cadeia Produtiva do Baru – boa, limpa e justa. Ecoa. Campo Grande, 2 out. 2019. Disponível em <https://ecoa.org.br/cadeia-produtiva-do-baru/>. Acesso em: 14 out. 2020

 

Brasília recebe primeira oficina de comércio de castanha de baru. Metrópoles, Distrito Federal, 10 set. 2019. Disponível em <https://www.metropoles.com/distrito-federal/brasilia-recebe-primeira-oficina-de-comercio-de-castanha-de-baru> Acesso em 14 out. 2020

 

SANO, Sueli. RIBEIRO, José. BRITO, Márcia. Baru: biologia e uso. Embrapa, Planaltina, 2004. Disponível em <https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/infoteca/bitstream/doc/566595/1/doc116.pdf> Acesso em: 17. Out. 2020

 

CAMPOS, Raissa. Arinos recebe a Fenabaru – 3° festa Nacional do Baru. Mais Buritis. Minas Gerais. 2 set. 2019. Disponível em: <https://maisburitis.com.br/2019/09/arinos-recebe-fenabaru-3a-festa-nacional-do-baru/> Acesso em: 24 nov. 2020