CLDF aprova inclusão de frutos do cerrado na alimentação escolar

CLDF aprova inclusão de frutos do cerrado na alimentação escolar

Os deputados aprovaram o projeto de lei nº 2.646/2022 que objetiva priorizar a inclusão de produtos do bioma na alimentação escolar. O projeto foi aprovado em segundo turno pelos deputados da Câmara Legislativa (CLDF), no dia 7/12 e foi para a sanção do governador Ibaneis Rocha (MDB). Exemplos de frutos nativos do cerrado, o pequi, o buriti, a mangaba, a cagaita e o cajuzinho podem garantir a diversificação e o enriquecimento nutricional das merendas oferecidas nas escolas da rede pública. A proposta de alteração da lei dispõe sobre a aplicação dos recursos financeiros do Tesouro do DF na alimentação escolar, para dar prioridade à aquisição de frutos e outros produtos do cerrado da agricultura familiar.  

Proposto pelo deputado Leandro Grass (PV), o PL altera a legislação que dispõe sobre a aplicação dos recursos financeiros do Tesouro do DF na alimentação escolar (Lei nº 5.771/2016), para dar prioridade à aquisição de frutos e outros produtos do cerrado da agricultura familiar.

Estudo propõe critérios para ajudar a delimitar e conservar as áreas úmidas do Cerrado

Estudo propõe critérios para ajudar a delimitar e conservar as áreas úmidas do Cerrado

O Cerrado é o mais ameaçado dos grandes biomas do território brasileiro. E uma parte especialmente vulnerável do Cerrado são suas áreas úmidas, que garantem a existência de rios perenes e abastecem nada menos do que oito bacias hidrográficas. O Xingu, o Tocantins, o Araguaia, o São Francisco, o Parnaíba, o Jequitinhonha, o Paraná e o Paraguai, entre outros rios importantes, nascem no Cerrado. A destruição de áreas úmidas não ameaça apenas a biodiversidade e a extraordinária beleza das paisagens cerratenses. Põe em risco ainda a segurança hídrica e energética do país.

Além disso, as áreas úmidas são também um extraordinário repositório de carbono (C), estocando mais de 200 toneladas por hectare. E alterações em seu equilíbrio cíclico tendem a liberar metano (CH4) para a atmosfera, um dos principais gases de efeito estufa (GEE).O problema é que a própria definição de áreas úmidas é confusa. E essa confusão tem sido explorada por grandes produtores rurais que, não contentes em converter descontroladamente áreas secas do Cerrado em terras agriculturáveis, cogitam também drenar as áreas úmidas, para estender as lavouras de soja até o fundo das veredas. Se não fosse por outros motivos, até mesmo do ponto de vista estrito do interesse econômico isso equivaleria a erguer uma pedra para deixá-la cair sobre os próprios pés, pois a possibilidade de irrigação depende da sobrevivência dos mananciais.

Para dirimir a confusão e fornecer aos tomadores de decisão sólidos critérios científicos, um grupo de pesquisadores acaba de produzir um artigo contemplando os múltiplos ecossistemas englobados pelo conceito de áreas úmidas. Trata-se de Cerrado wetlands: multiple ecosystems deserving legal protection as a unique and irreplaceable treasure, publicado no periódico Perspectives in Ecology and Conservation.  Ver a reportagem completa: https://agencia.fapesp.br/estudo-propoe-criterios-para-ajudar-a-delimitar-e-conservar-as-areas-umidas-do-cerrado/40235/?fbclid=IwAR1R6R-8xEkF9xzLSQXkzPvdZDIWCnbrqIMXKByd-_JyM2HKdMU1_UPNHBk

Carta dos Povos do Cerrado à União Europeia

Carta dos Povos do Cerrado à União Europeia

20 de setembro de 2022 – Nota Pública

 

Caros membros do Conselho, Comissão e Parlamento da União Europeia, Nós, os Povos do Cerrado Brasileiro e as organizações que os representam e apoiam, nos dirigimos a todas as instituições da União Europeia que negociam a proposta de Regulação sobre Produtos Livres de Desmatamento.

Primeiramente, permita-nos apresentar onde vivemos: O Cerrado é um bioma brasileiro que cobre um território equivalente às superfícies somadas da França, Espanha, Alemanha, Itália, Portugal, Dinamarca, Holanda e Bélgica, onde vivem mais de 25 milhões de pessoas. Ele abrange mais de 27 tipos de fitofisionomias naturais, sendo a maior parte campos e savanas. É um bioma extremamente biodiverso reconhecido como um hotspot planetário, que contempla mais de 5% da biodiversidade mundial, com mais de 12.000 espécies de plantas nativas e alto nível de endemismo.

O Cerrado tem importantes contribuições para o equilíbrio climático regional e global devido a seus estoques de carbono. No Cerrado se encontram as nascentes de 8 das 12 principais bacias do Brasil, o que o torna fundamental para a disponibilidade hídrica nacional por meio de seus rios e aquíferos. Sendo o bioma mais antigo do país, Cerrado tem um valor intrínseco claro; mas além disso, ele tem um relevante papel no suporte a outros ecossistemas do Brasil e da América Latina, como a Amazônia, o Pantanal e o Chaco, dando origem a áreas de transição entre biomas que são ricas em sociobiodiversidade e fundamentais para o equilíbrio ambiental de todo o continente.

 

Neste bioma crítico para o meio-ambiente local e global, vivemos nós, os povos do Cerrado, atuando decisivamente na proteção desta vegetação nativa. Somos comunidades tradicionais, incluindo povos originários, indígenas, quilombolas, geraizeiros, quebradeiras de coco babaçu, vazanteiros, de fundo e fecho de pasto; e somos também agricultores familiares e muitos outros grupos que, com nossos meios de vida e identificação com nossos territórios, nos tornamos protagonistas da conservação da vegetação nativa e produção de alimentos locais, saudáveis e de qualidade para o consumo humano. Apesar disso, mais da metade da vegetação nativa do nosso bioma já foi destruída.

 

Nosso meio de vida tem sido cada vez mais afetado pela expansão intensa de determinados cultivos agrícolas exportados e consumidos pela indústria e população da União Europeia. Essa expansão das áreas agrícolas sobre a vegetação nativa atende a crescente demanda de exportação e contribui  para a alta rentabilidade do desmatamento, o que, além de gerar degradação ambiental, também acarreta impactos sociais por meio da grilagem de terras, desrespeito a territórios tradicionais e fragilização de sistemas tradicionais de produção de alimentos.

 

Um exemplo simbólico deste processo é a soja, que é o produto importado pela União Europeia com maior pegada de desmatamento, ou seja, que mais induz o desmatamento em suas áreas de produção. Quase 15% da soja importada pela União Europeia é produzida no Cerrado, que concentra 65% da soja associada ao desmatamento. Nesse sentido, o que ocorre nos nossos territórios é diretamente influenciado pelas decisões tomadas em Bruxelas.

 

Reconhecemos os esforços da União Europeia por elaborar regras que protejam a sociobiodiversidade do nosso planeta, dissociem o consumo Europeu da destruição ambiental e, consequentemente, tornem o desmatamento menos rentável e atrativo nos fluxos internacionais de comércio. Reconhecemos também que tais regras têm o potencial de aportar importantes contribuições para a segurança alimentar local e global, a preservação de ecossistemas naturais e a proteção aos direitos humanos e aos territórios tradicionais.

 

Contudo, para atingir este objetivo e para garantir que a legislação seja realmente eficaz em conter o desmatamento induzido pelo comércio internacional, é importante apontar para elementos críticos que devem estar presentes na referida regulação. São eles:

  1. Inclusão de ecossistemas naturais → 74% do bioma Cerrado permaneceriam desprotegidos com a definição estrita de ecossistemas florestais da FAO (em um bioma com menos de 3% da sua superfície sob proteção estrita). Uma legislação que protegeria apenas florestas, deixaria a maior parte dos remanescentes do Cerrado desprotegidos, e consequentemente aumentaria ainda mais a pressão de expansão da soja e destruição sobre esses remanescentes e sobre as populações tradicionais que neles e deles vivem. Além disso, a diversidade de fitofisionomias do Cerrado e sua alta variabilidade espacial dificultam a aplicação desta definição, baseada em limiares de altura e cobertura da vegetação. Isso levaria a dificuldades de implementação da regulação e poderia ensejar brechas no seu cumprimento aumentando ainda mais a pressão sobre povos e comunidades tradicionais, tendo em vista a crescente expansão de soja e sua pegada de desmatamento nos territórios. Portanto, incluir ecossistemas savânicos e campestres no escopo da regulação é crucial para evitar impactos colaterais massivos sobre ambientes e populações, e para garantir a eficácia da proposta europeia, além de tornar a legislação mais robusta, mais fácil de ser implementada e com sistemas de monitoramento menos custosos.

  2. Transparência até a origem → Reforçamos a importância de exigir  a rastreabilidade até a origem das unidades produtivas[1], com seus limites devidamente georeferenciados. Esse nível de transparência é um grande aliado das comunidades tradicionais para assegurar o respeito aos seus territórios, e também a todas as áreas protegidas, bem como uma oportunidade para garantir legalidade nas cadeias produtivas. Portanto, o rastreamento até a origem é uma forma de incentivar o respeito às comunidades locais e proteger seus territórios tradicionais.

  3. Respeito aos direitos humanos → É importante reconhecer que sociedade e ambiente são duas faces da mesma moeda. Para se atingir sustentabilidade e conservação ambiental, é necessário nutrir e apoiar as comunidades locais que dependem e cuidam desses ecossistemas. Nós, os Povos do Cerrado, somos extremamente vinculados aos nossos territórios, e oferecemos um modo distinto das grandes plantações de commodities, pautados numa relação de proximidade com o território e interdependência entre todos os seres vivos, produzindo alimentos saudáveis, sem agrotóxicos e respeitando os rios. Portanto, proteger os direitos humanos das comunidades locais, por meio da proteção do direito à vida, à cultura, às formas de organização social e ao território, é proteger a vegetação nativa que os cerca. Nesse sentido, não menos importante, merece atenção que o respeito aos direitos humanos também se materializa pela consulta livre, prévia e informada das comunidades, conforme estabelecido pela Convenção 169 da OIT.

Com base no exposto acima, esperamos que vocês, caros membros do Conselho, Comissão e Parlamento da União Europeia, nos apoiem em nossa luta de cuidar das pessoas que protegem a fauna e a flora da nossa casa coletiva, que é a Terra. Que o comércio internacional possa ser o indutor de transformações para uma produção de alimentos mais justa, saudável e livre de desmatamento!

 

Atenciosamente,

Rede Cerrado 

Seminário Nacional de Direito do Patrimônio Cultural

Seminário Nacional de Direito do Patrimônio Cultural

Vamos juntos? 4 e 5 de abril de 2023, em Ouro Preto/MG

 Inclusão, pluralismo, diversidade, acessibilidade, democracia

Informações e inscrições: https://www.patrimonioculturalbrasil.org/

O fortalecimento do saber científico não constitui um fim em si mesmo, mas se destina a toda coletividade, “visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”, tal como previsto no Art. 205 da Constituição da República.

Acreditando nisso é que realizaremos, durante 02 dias, 04 e 05 de abril de 2023, na cidade de Ouro Preto/MG, o Seminário Nacional de Direito do Patrimônio Cultural, com o tema: “Do Decreto Lei 25/37 a um Código Brasileiro de Patrimônio Cultural: Desafios e Possibilidades”.

Convidamos você para construirmos este Seminário, que se baseia nos pilares da inclusão, pluralismo, diversidade, acessibilidade e democracia participativa! Vamos fortalecer nossas conquistas históricas, especialmente, o Decreto-Lei 25/37, e valorizar nossas Instituições de Proteção, sobretudo, o IPHAN!

#ecomuseudocerrado #Patrimônio

https://www.instagram.com/p/CmOstBSOEcI/?hl=pt-br

Agenda Jurídico-Política para frear o ecocídio do Cerrado e o genocídio de seus povos 

Agenda Jurídico-Política para frear o ecocídio do Cerrado e o genocídio de seus povos 

 Já baixou a Agenda Jurídico-Política para frear o ecocídio do Cerrado e o genocídio de seus povos?.

 A Agenda Jurídico-Política da Campanha apresenta as recomendações da sentença do Tribunal Permanente dos Povos (TPP) em Defesa dos Territórios do Cerrado, que em julho de 2022 realizou sua audiência final e condenou o estado brasileiro, estados estrangeiros e empresas pelos crimes de Ecocídio do Cerrado e genocídio de seus povos.

 De acordo com o documento, a Agenda reúne “obrigações concretas para fazer valer direitos já instituídos no marco legal de nosso país, mas que seguem sendo violados, diminuídos à condição de letra morta em códigos que existem no papel e não no cotidiano da luta por justiça dos povos e comunidades do Cerrado.”

Baixe o documento e saiba mais: https://bit.ly/3VMPEUY 

 

Parque Nacional Caverna do Peruaçu é inaugurado oficialmente

Parque Nacional Caverna do Peruaçu é inaugurado oficialmente

 O Parque Nacional Caverna do Peruaçu, localizado entre os municípios de Januária, Itacarambi e São João das Missões, no norte de Minas Gerais, foi oficialmente inaugurado.

Januária é um município da unidade federativa Minas Gerais. Seu território é composto 7% pelo bioma Caatinga e 93% pelo bioma Cerrado.

A área abriga 140 cavernas e 80 sítios arqueológicos, além da grande variedade de pinturas rupestres com até 11 mil anos. Com a estrutura recente, o parque tem trilhas, mirante e passarelas de proteção a sítios arqueológicos.

O principal atrativo do Parque é a gruta do Janelão, onde está a maior estalactite do mundo, a Perna de Bailarina, com 28 metros de comprimento. Outra atração é gruta Bonita que, além de ser a única caverna totalmente escuta aberta a visitação, tem salões e galerias repletos de espeleotemas.    Venha conhecer esse lugar mágico no meio do Cerrado: https://www.youtube.com/watch?v=HBSZyoGgpCA

 

Guia Xavante dos Mamíferos 

Guia Xavante dos Mamíferos 

Tenho o maior prazer de ter participado de mais um Guia Xavante, desta vez dos Mamíferos, lançado ontem, 23 de Novembro de 22.O Projeto Aldeia Sustentável Aùwe Uptabi, sob a Coordenação da Cleide Arruda do Instituto Kurâdomodo, lançou há alguns meses o primeiro Guia de Aves Xavante com grande repercussão entre os habitantes da Terra Indígena Pimentel Barbosa.Foram mais de dois anos entre coleta de dados, fotografias e desenvolvimento do design, pesquisa e traduções para a língua Xavante, sob coordenação de Dalci Oliveira e Itamar Assumpção.Dos 41 mamíferos de médio e grande porte registrados durante o levantamento, 36 fazem parte do Guia e grande parte está ameaçada de extinção, infelizmente, como o tatu-canastra, o lobo-guará, o cachorro-vinagre, a anta e o boto-do-araguaia.Foram utilizadas várias fotos de meu acervo e do acervo do Cristalino Lodge, além dos parceiros que cederam imagens para completar o Guia. A capa é uma belíssima foto feita por Valdir Hobus.A impressão de 3000 Guias foi financiada pelo GIZ/KFW/UKaid/Funbio e destina-se às Escolas Indígenas Xavante com distribuição gratuita.

Palestra “O manejo intercultural do Fogo: Outras ecologias do Cerrado” Dra Rosângela Corrêa, Diretora do Museu do Cerrado 

"O manejo intercultural do Fogo: Outras ecologias do Cerrado

O fogo é um elemento natural no bioma, além de ser utilizado pelos povos que habitam o Cerrado tradicionalmente. Exposição virtual “Colheita Dourada – A arranca capim no gerais do Jalapão (TO)” de Guilherme Moura Fagundes O Jalapão (TO) possui uma terra onde se queimando tudo dá. Embora possa parecer contraintuitivo, esse é o caso do capim-dourado. Como se costuma dizer por aquelas bandas, trata-se de uma planta que “só vem forte mó do fogo”. Pela taxonomia vegetal ele está inserido na família Eriocaulaceae, sendo uma florífera dentre as populares sempre-vivas. Pelos jalapoeiros, entretanto, esta cobiçada planta é tida como um capim. Tal acepção diz muito sobre sua estreita interação com as práticas do manejo bovino, pois a queima das veredas possibilita tanto a promoção do capim-dourado quanto a rebrota do capim agreste que alimenta o gado. A arranca do capim é uma atividade que mobiliza famílias inteiras entre o final da estiagem e o início das chuvas, em busca do material a partir do qual se confeccionam artesanatos de grande importância para a economia jalapoeira. Disponível em: https://museucerrado.com.br/exposicao/capa-exposicao-colheita-dourada/

V Encontro de Pesquisas, Diálogos, Saberes e Fazeres Quilombolas Kalunga

V Encontro de Pesquisas, Diálogos, Saberes e Fazeres Quilombolas Kalunga

O Encontro de Pesquisadores (as) é um evento organizado por uma rede de pesquisadores/as, composta por moradores/as das comunidades remanescentes de quilombo Kalunga de Goiás e do Tocantins, bem como por professores/as de instituições de ensino superior e do ensino básico e médio, além de integrantes dos movimentos sociais (movimento negro, movimento feminista e movimento quilombola, entre outros), tendo como proposta principal dar visibilidade aos trabalhos desenvolvidos por estes e estas pesquisadores/as.

Confira a programação completa! O encontro acontecerá no antigo PETI, na Vila Morro Encantado, em Cavalcante. Participe.