Estudo mapeia desafios e aponta diretrizes para a restauração do Cerrado

Estudo mapeia desafios e aponta diretrizes para a restauração do Cerrado

O grande problema é que o Cerrado é muito difícil de ser restaurado. Nas últimas décadas, várias alternativas de restauração foram testadas. Mas nenhuma se mostrou totalmente efetiva. Para entender o potencial de cada uma delas e a possibilidade de serem consorciadas em uma estratégia de conjunto, uma pesquisa apoiada pela FAPESP compilou um amplo conjunto de dados de 82 áreas distintas, distribuídas por cinco Estados e pelo Distrito Federal. Os resultados do estudo foram divulgados no Journal of Applied Ecology.
O artigo Challenges and directions for open ecosystems biodiversity restoration: an overview of the techniques applied for Cerrado pode ser acessado em: https://besjournals.onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1111/1365-2664.14368.

“Com base nesses resultados, podemos concluir que, para uma restauração efetiva do Cerrado, não existe uma panaceia. Uma única técnica de restauração isolada não será capaz de trazer todos os componentes que garantam a resiliência e o funcionamento do bioma. Além disso, as técnicas com melhores resultados – semeadura e transplante – são altamente dependentes de áreas conservadas para aquisição de sementes e material vegetal [plantas inteiras e raízes]. Assim, políticas e estratégias que promovam a conservação são tão ou mais urgentes do que a restauração propriamente dita”, sintetiza Pilon.

E acrescenta: “Quando se fala em Floresta Amazônica, o discurso é ‘vamos preservar’. Mas, em relação ao Cerrado, o discurso muda para ‘vamos restaurar’. Nosso estudo mostrou que, embora imprescindível, a restauração não é fácil. E depende da preservação. Apesar de toda a destruição, ainda existe muito Cerrado a preservar, principalmente na faixa norte, na área do Matopiba [acrônimo que denomina a região que se estende por porções dos Estados de Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia]. O desafio é que essa área está sendo fortemente impactada pela expansão agrícola, a exemplo do que já ocorreu em Goiás e no Mato Grosso”.

Novos dados do MapBiomas – Cerrado

Novos dados do MapBiomas - Cerrado

Novos dados do MapBiomas, obtidos a partir do monitoramento do território brasileiro por satélites, mostram que a perda de florestas naturais no Brasil entre 1985 e 2022 foi intensa. Nesse período, a área ocupada por florestas naturais passou de 581,6 milhões de hectares para 494,1 milhões de hectares, uma redução de 15%. Os últimos cinco anos responderam por 11% dos 87,6 milhões de hectares de florestas naturais suprimidas nestes 38 anos. Desse total, mais de 75 milhões de hectares estavam em propriedades privadas. Os dados fazem parte dos dados publicados na Coleção 8 do Mapeamento Anual da Cobertura e Uso da Terra no Brasil realizado pelo MapBiomas.
A formação savânica cobre 12% do território brasileiro, ou 104,5 milhões de hectares – o equivalente a três vezes o estado de Goiás. Esta formação que se caracteriza pela vegetação com espécies arbóreas distribuídas de forma mais esparsa e em meio à vegetação herbácea-arbustiva contínua é a segunda classe de floresta natural mais representativa em área no Brasil e proporcionalmente a que teve o maior desmatamento. Entre 1985 e 2022 a perda de formação savânica totalizou 29 milhões de hectares ou 22% em relação à área existente em 1985. O ritmo de devastação foi de aproximadamente 700 mil hectares por ano. De cada cinco hectares desmatados, mais de quatro (83%) foram suprimidos no Cerrado. “Em biomas como no Cerrado e na Caatinga, que já perderam parte significativa de sua vegetação nativa, o ritmo do desmatamento das savanas é alarmante, principalmente na região do Matopiba, que ainda 

apresenta grandes remanescentes deste ecossistema, mas que estão sendo convertidos para a expansão da agropecuária”, destaca a pesquisadora da equipe do Cerrado no MapBiomas, Barbara Costa. Fonte: https://brasil.mapbiomas.org/2023/10/20/em-38-anos-o-brasil-perdeu-15-de-suas-florestas-naturais/

Herbário da UnB cumpre 60 anos

Herbário da Universidade de Brasília cumpre 60 anos

O Herbário UB está em festa! Este ano, celebramos 60 anos de pura dedicação à botânica.

Somos o maior acervo de plantas do cerrado e o maior dentro de uma universidade pública!
Preparem-se para dois dias repletos de exposições, convidados especiais, oficinas, concursos de fotografia e o lançamento do aguardado livro que conta a história deste legado.


COORDENAÇÃO
Coordenadora: Julia Sonsin Oliveira

Vice coordenadora: Regina Célia de Oliveira

Email: pgbot@unb.br

INPE – Desmatamento aumenta no Cerrado

INPE - Desmatamento aumenta no Cerrado

No Cerrado, a situação do desmatamento continua alarmante, com um aumento de 14,5% entre janeiro e abril de 2023. Os dados são do Deter, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), e revelam que a área que mais sofre com esses atos criminosos é justamente onde está acontecendo a expansão do agronegócio na fronteira agrícola conhecida como MaToPiBa (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia).

O monocultivo industrial tem destruído nascentes, rios, florestas, fauna e flora de todo o bioma. São mais de 20 milhões de hectares só ocupados pela soja para exportação, uma área maior que a Itália que arrasou com grande parte do bioma. Não é só a soja que exportamos, também nossa água.

O Cerrado é a caixa d’água do Brasil, sendo o bioma responsável por nossa segurança hídrica do país e abrigar importantes bacias hidrográficas e os maiores reservatórios de abastecimento de água das grandes cidades.

Apesar do aumento do número de embargos de uso na área desmatada ilegalmente em 216% desde janeiro, com apreensão de produtos oriundos de infrações ambientais

(maior em 210%), o agronegócio continua apostando na impunidade 

e em cortinas de fumaça culpabilizando outros pelos crimes que cometem.

 

Fonte: Árvore, Ser Tecnológico

 

Saiba mais:

INPE – Desmatamento aumenta no Cerrado, Agência Brasil: https://bit.ly/3BqxdN9

“Destaques do mapeamento anual de cobertura e uso da terra entre 1985 a 2021”, Mapbiomas: https://bit.ly/3W7uBNC

XI Encontro de Pesquisadores e Sociedade da Chapada dos Veadeiros (EPSCV)

XI Encontro de Pesquisadores e Sociedade da Chapada dos Veadeiros (EPSCV)

O Encontro de Pesquisadores e Sociedade da Chapada dos Veadeiros (EPSCV) é um evento anual organizado pelo Centro UnB Cerrado (CER) junto aos parceiros. Em 2023, ele será realizado entre 23 e 25 de novembro, de modo presencial, na sede do CER, em Alto Paraíso de Goiás.
Nesta edição, será discutida a conservação do Cerrado e a integração com a sociedade para conservação da Chapada dos Veadeiros e região. Serão realizadas mesas de discussão e apresentações de trabalhos, selecionados por comitê científico, no formato de pôsteres. Haverá, também, publicação de resumos estendidos de pesquisas realizadas no bioma Cerrado. As inscrições para participar da programação do evento devem ser feitas pelo SIGAA até 23 de novembro:

 https://sigaa.unb.br/sigaa/link/public/extensao/visualizacaoAcaoExtensao/11210 (este link também encontra-se no site e instagram CER)

O envio dos resumos de trabalhos acadêmicos pode ser feito entre 30 de outubro e 12 de novembro, por meio da ficha de inscrição:

https://docs.google.com/forms/d/e/1FAIpQLScCmnKYl2GSPuXfnUXH8ZBWONmxN2vMVjvs9FI_7aj87Df8Tg/viewform

 

 

Local: Centro UnB Cerrado, Alto Paraíso de Goiás – GO

XV Encontro de Educadores Ambientais do DF

XV Encontro de Educadores Ambientais do Distrito Federal

O evento é organizado pela Comissão Interinstitucional de Educação Ambiental do Distrito Federal (CIEA-DF), colegiado de instituições governamentais e da sociedade civil, que promove a implementação, o acompanhamento e a avaliação do Plano Distrital de Educação Ambiental (PDEA). Em sua 15ª edição, o evento terá como tema Água, Urbanização e Cerrado: Perspectivas da Educação Ambiental.
O Encontro de Educadores Ambientais do Distrito Federal  tem por objetivo reunir atores governamentais e da sociedade civil para promover a troca de saberes e fazeres, como um espaço de fomento e fortalecimento das políticas públicas para a promoção da educação ambiental no Distrito Federal, com foco nos educadores ambientais, agentes de transformação em nível local.

Local: Auditório do Edifício Sede do DER/DF, localizado à SAM Bloco C – Setor Complementar, atrás do Palácio do Buriti, ao lado do Detran-DF. As inscrições serão realizadas no local do evento, a partir das 8h.

Água e Cerrado

Água e Cerrado

Chegamos com mais uma edição do Canto da Coruja Comunidade!


Neste novo episódio, falamos sobre a enorme riqueza de recursos hídricos que permeia o Cerrado e sobre as principais ameaças a esses recursos.

Jamilton Santos de Magalhães, da comunidade de Buriti, em Correntina, na Bahia, nos conta sobre os impactos da devastação ambiental e do secamento das nascentes. Já Yuri Salmona, que é doutor em Ciências Florestais pela Universidade de Brasília (UnB) e autor de uma pesquisa sobre água no Cerrado, apoiada pelo ISPN, nos dá perspectivas sobre o futuro da vazão de água no bioma. Acesse o link abaixo e dá o play pra saber mais!


https://ispn.org.br/canto-da-coruja-comunidade

Povo Avá-Canoeiro perde 30% do território tradicional

Povo Avá-Canoeiro perde 30% do território tradicional

Avá-Canoeiro é povo do Cerrado que habita a Terra Indígena Taego Ãwa – ou, como também é chamado – Avá-canoeiro do Araguaia, localizada na região da Mata Azul, no município de Formoso do Araguaia que é um município da unidade federativa Tocantins. Seu território é composto 100% pelo bioma Cerrado.

Os Avá-Canoeiro foram surpreendidos mais uma vez. Em uma decisão judicial que parecia favorável, o juiz federal de Gurupi (TO) trouxe como veredito a diminuição da Terra Indígena Taego Ãwa em cerca de 30%, excluindo partes essenciais do território como o acesso ao rio Javaés e a maioria das áreas não inundáveis.

Em outras palavras, para os Avá-Canoeiro restou um território com uma grande área inundável, inviabilizando a agricultura e a criação de animais, e sem conexão com o principal rio utilizado para as atividades cotidianas e como via de transporte. Além disso, a TI Taego Ãwa também ficou sem acesso à principal estrada da região.

A vida do povo Avá-Canoeiro vem sendo marcada por violências genocidas por séculos, o que teve um ápice com o contato forçado com os não indígenas, seguido pelos anos da ditadura militar e o projeto de ocupação da Amazônia Legal, além da omissão do órgão indigenista durante décadas.

Comercialização de 10 toneladas de sementes nativas do Cerrado

Comercialização de 10 toneladas de sementes nativas do Cerrado

Restaurar o Cerrado é um grande desafio devido às peculiaridades do bioma, como a diversidade de vegetação mesclando florestas, campos e savanas. A técnica mais comum de restauração para florestas, o plantio de mudas, tem limitações para as savanas e campos. Nesse contexto, a técnica da semeadura direta permite plantar arbustos e gramíneas a um menor custo e com maior eficiência contribuindo para a restauração em larga escala, com sementes de base comunitária promovendo a inclusão social e contribuindo para a conservação da sociobiodiversidade.

 •   8500 kg de sementes coletadas
•   101 espécies de plantas nativas
•   77 Coletores de sementes nativas
•   R$ 600.651,62 repassados a Associação Cerrado de Pé
Com um resultado expressivo, em 2022, a Rede de Sementes do Cerrado (RSC) comercializou quase 10 toneladas de sementes nativas do Cerrado, parte delas foram utilizadas no projeto Águas Cerratenses: semear para brotar. Foram coletadas na região da Chapada dos Veadeiros 8.500 kg de sementes que vieram de diversas cidades como Cavalcante, na região da comunidade Kalunga do Vão do Moleque, Teresina de Goiás, Alto Paraíso e Colinas do Sul. A totalidade das vendas deve-se levar em conta o estoque das espécies coletadas nos anos anteriores. A comercialização destas sementes beneficia diretamente a renda das famílias dos coletores, 70% delas são coordenadas por mulheres. 
Com o Projeto Águas Cerratenses foram restaurados 155 hectares de área. Já no projeto Restauração Inclusiva em Escala no Cerrado os números totalizam 100 hectares sendo: 35 hectares na APA Cavernas do Peruaçu, em Januária (MG); 10 hectares em Alto Paraíso (GO), no Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros; e Cinco hectares em Montezuma (MG), na Reserva do Desenvolvimento Sustentável Nascentes Geraizeiras.


Encontro do Redário


Em setembro, dois anos após contato apenas pela internet, aconteceu em Alto Paraíso de Goiás (GO) um encontro que reuniu 80 pessoas de 20 redes e grupos de sementes, atuando em 12 estados e cinco biomas do Brasil. O objetivo foi discutir sobre o Redário, uma iniciativa que visa ampliar a escala e a qualidade da restauração ecológica dos biomas por meio de relações comerciais baseadas no diálogo, respeito mútuo, equilíbrio de forças e apoio técnico.

 

 Entre 31 de outubro a 15 de novembro, uma equipe esteve em Eldorado (SP) separando as sementes para preparação das muvucas. A ação resultou em 16 toneladas de sementes de 170 espécies provenientes de diversos estados que foram destinados a 47 projetos de restauração por meio da Muvuca e da semeadura direta de aproximadamente 600 hectares. Destas, 1 tonelada é proveniente da Rede de Sementes do Cerrado.

 

Fonte: https://www.rsc.org.br/noticias/rsc-comercializou-quase-10-toneladas-de-sementes-nativas-em-2022

Alimentação escolar deverá priorizar frutos e produtos nativos do cerrado

Alimentação escolar deverá priorizar frutos e produtos nativos do cerrado

A merenda escolar na rede pública de ensino do Distrito Federal deverá priorizar frutos e produtos nativos do cerrado. É o que prevê a Lei nº 7.228/2023, de autoria do ex-deputado Leandro Grass, atual presidente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico nacional (Iphan), que foi sancionada pelo Governo do DF.

 

O texto altera a Lei n° 5.771/2016, que trata da utilização dos recursos públicos na alimentação escolar. O novo dispositivo estabelece prioridade na “aquisição de frutos e produtos nativos do cerrado, bem como de alimentos orgânicos, diretamente da agricultura familiar, do empreendedor familiar ou de suas organizações, dos assentamentos de reforma agrária, das comunidades tradicionais e dos produtores rurais de orgânicos”.

Durante a votação do projeto, o então deputado Leandro Grass argumentou “essa é uma forma não só de valorizar o bioma, mas também de fortalecer as políticas voltadas à segurança alimentar e nutricional”.

Entre os frutos nativos do cerrado que poderão ser incorporados à merenda, de acordo com a divulgação da Câmara Legislativa, estão baru, pequi, buriti, mangaba, cagaita e cajuzinho do cerrado.

*Com informações da CLDF                                                                                                                                                              

Fonte: https://www.correiobraziliense.com.br/cidades-df/2023/01/5068839-alimentacao-escolar-devera-priorizar-frutos-e-produtos-nativos-do-cerrado.html?fbclid=IwAR3zvNbmSkC1L0k-D8CbMTfzFk7S9aFd3FlBYUFlXA5MYg1TOODF7K12ztM