Árvores nativas do Cerrado na pastagem: por quê? Como? Quais?

Árvores nativas do Cerrado na pastagem: por quê? Como? Quais?

Autor(a):

Elisa Pereira Bruziguessi

Resumo:

A pecuária é atividade de grande importância no mundo. Pastagens ocupam 70% das áreas agrícolas mundiais e são, ainda hoje, a principal causa do desmatamento nos países tropicais. O Brasil é o maior exportador de carne e o segundo maior produtor. O Cerrado possui a maior extensão de pastagens do país e contem aproximadamente metade do rebanho nacional. Diante da importância e dos impactos desta atividade é necessário implantar práticas pecuárias que comportem melhor utilização e gestão dos recursos naturais. Sistemas silvipastoris (SSP) representam uma dessas alternativas, eles podem aumentar a produtividade e bem-estar animal além de permitir a manutenção de serviços ambientais. A tese aborda SSPs com árvores nativas do cerrado lato senso, modalidade ainda pouco estudada. Por meio do estudo das diferentes configurações deste tipo de SSP e das espécies arbóreas que o compõe (ou podem compor), pretende-se contribuir com o desafio de conciliar produção pecuária com produtos florestais, manutenção dos serviços ambientais, conservação da biodiversidade e da cultura local. Pretendeu-se conhecer a estrutura e a riqueza das árvores e seus regenerantes nesta modalidade de SSP. Foi realizado levantamento das árvores em 1 ha de SSP em cada uma das 47 áreas estudadas e dos regenerantes em 800m2 em 16 áreas na zona central do bioma Cerrado. Realizou-se entrevistas com 51 pecuaristas para diagnosticar as motivações e os desafios na adoção desta modalidade de SSP e conhecer de que forma eles manejam seus sistemas e influenciam na dinâmica desta vegetação. Pode-se perceber uma diversidade de configurações dos SSP contendo poucas até muitas árvores nas pastagens (de 6 a 503 árvores /ha), podendo apresentar elevada riqueza (4 a 45 espécies/ha). Os pecuaristas que possuem alta renda e intensificação técnica, raramente possuem elevada densidade de árvores nas pastagens, mas ainda assim apresentam grande amplitude de densidade e riqueza de árvores em seus SSPs. Esta amplitude foi ainda maior entre os que possuem menor renda e intensificação técnica. Os entrevistados mostraram conhecer bem as espécies que compõe seu SSP, as selecionam baseado em um conjunto de utilidades que elas geram como madeira, frutas e benefícios ao capim e aos animais. As pastagens demostraram elevada capacidade de regeneração arbórea e uma distribuição dos diâmetros que parece garantir a perpetuação dos SSPs. Diante da elevada riqueza arbórea do bioma Cerrado torna-se necessário conhecer quais as espécies que apresentam maior potencial para comporem SSPs. Com este objetivo foi realizada a caracterização de 23 espécies nativas do cerrado lato senso, frequentes nos SSPs, com foco em atributos úteis, capazes de influenciar estes sistemas. Utilizou-se um conjunto de informações provenientes de levantamento em campo, entrevistas e revisão de literatura. Detalhou-se características da arquitetura da copa das árvores, seus potenciais de gerar produtos úteis e comerciáveis, a capacidade de fixar nitrogênio ao solo, de associar-se a micorrizas e de influenciar a cobertura decapim sob suas copas; além de fornecer forragem ou causar efeitos indesejáveis aos animais. Estas informações podem embasar e encorajar pecuaristas na escolha das árvores nativas para compor seus SSPs. Para os casos em que as pastagens perderam a capacidade de regenerar, os pecuaristas podem desejar plantar espécies nativas. Verificou-se a viabilidade da semeadura direta para esta finalidade com 10 espécies do cerrado sentido restrito, plantadas em uma pastagem em Planaltina-DF. Houve 12 repetições (linhas), em cada uma plantou-se 60 sementes de cada espécie. Das 7.200 sementes plantadas, 47,8% emergiram e 26,5% estavam vivas após 42 meses do plantio, o que representa 2,7 plantas por metro linear. Esta alta densidade permite a escolhas dos indivíduos mais vigorosos e bem posicionados de acordo com as preferencias dos pecuaristas. O crescimento das plantas até os 42 meses foi muito lento, atingindo média de 28 cm para Caryocar brasiliensis, espécie que apresentou crescimento mais rápido. Uma alternativa é o consórcio com culturas agrícolas para aproveitamento da área enquanto estas árvores crescem. Sistemas silvipastoris com árvores do cerrado merecem ser melhor estudados, estimulados e aperfeiçoados já que conciliam a produção e conservação.

Referência:

BRUZIGUESSI, Elisa Pereira. Árvores nativas do Cerrado na pastagem: por quê? Como? Quais? 2016. 163 f., il. Tese (Doutorado em Ciências Florestais)—Universidade de Brasília, Brasília, 2016.

Disponível em:

Efeitos dos incêndios florestais na vegetação do Cerrado utilizando dados do sensor MODIS​

Efeitos dos incêndios florestais na vegetação do Cerrado utilizando dados do sensor MODIS

Autor(a):

Gustavo Chaves Machado

Resumo:

O Cerrado é o bioma brasileiro não-Amazônico que perdeu sua vegetação natural de forma mais acelerada nas últimas décadas, muito afetadas também pelos incêndios florestais. Os incêndios florestais são considerados um grande problema ambiental para a vegetação do Cerrado. Vários estudos indicam o aumento da frequência e abrangência de tais incêndios, o que os tornam ainda mais severos e danosos ao meio ambiente. Os dados de sensoriamento remoto podem contribuir com a detecção e a quantificação dos impactos do fogo na vegetação do Cerrado. O presente estudo utilizou o Índice de Vegetação Melhorado (EVI) derivado de dados temporais adquiridos pelo sensor Moderate Resolution Imaging Spectroradiometer (MODIS) para estudo dos efeitos dos incêndios florestais na vegetação do Bioma Cerrado, no período de fevereiro de 2001 a dezembro de 2013. . Esta pesquisa enfocou a análise dos efeitos dos incêndios florestais nos remanescentes de vegetação do bioma. Para a caracterização dos tipos de vegetação, foi utilizado o mapeamento da Cobertura Vegetal do Bioma Cerrado elaborado pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA) em escala 1:250.000. Foi utilizado um total de 302 imagens EVI livres de nuvens, resolução espacial de 250 metros, adquiridas da Administração Nacional Aeronáutica e Espacial Norte-americana (NASA). Os resultados do presente estudo indicam que os dados EVI são sensíveis aos diferentes tipos de vegetação e que a disponibilidade de água exerce um controlo de primeira ordem sobre a sazonalidade da vegetação afeta pelos incêndios. Para a média de todo o bioma os valores de EVI 48 dias pós incêndios florestais apresentaram-se 8,4 % maiores que os valores na véspera dos incêndios, em algumas tipologias de vegetação como Savana Estépica Parque, os valores apresentam-se 34% superiores a véspera. Já em outras tipologias como Floresta Estacional Semidecidual de Terras Baixas os valores se apresentam 28% menores. Observando isoladamento o acúmulo anual de incêndios verificou-se que valores médios de EVI nas amostras oscilam positiva e negativamente em no máximo 2% independente da quantidade de anos acumulados. Da estação seca para a chuvosa foi observado um incremento de 33% nos valores de EVI, o efeito dos incêndios na estação seca resultou em uma variação negativa significante de 2% no EVI. Já para a estação chuvosa a variação entre amostras com e sem incêndios não é significativa e é menor que 1%. Em relação a recuperação do vigor da vegetação, na média geral para os eventos de incêndios ocorridos no início da estação seca, a recuperação aos valores iniciais de EVI é superior a 180 dias (6meses). No entanto para eventos ocorrido no fim da estação seca (setembro/outubro), foi observado que 16 dias após o vigor da vegetação já era 5% superior ao estado inicial, 48 dias depois já ultrapassava os 21 % dos valores de EVI na véspera de ocorrência dos incêndios.

Referência:

MACHADO, Gustavo Chaves. Efeitos dos incêndios florestais na vegetação do Cerrado utilizando dados do sensor MODIS. 2015. xii, 53 f., il. Dissertação (Mestrado em Ciências Florestais)—Universidade de Brasília, Brasília, 2015.

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Concentração e estoque de nutrientes em seis espécies nativas do cerrado utilizadas em plantio de recuperação de área degradada, Paracatu – MG.

Concentração e estoque de nutrientes em seis espécies nativas do cerrado utilizadas em plantio de recuperação de área degradada, Paracatu - MG

Autor(a):

Amanda Caldas Porto

Resumo:

A degradação de áreas naturais tem ameaçado a conservação da biodiversidade e a integridade dos ecossistemas naturais. Como forma de mitigar os impactos negativos da degradação ambiental as ações de recuperação têm se mostrado cada vez mais necessárias e urgentes. Entretanto, para avaliar se o objetivo da recuperação foi atingido é necessário adotar parâmetros, que reflitam a saúde do ecossistema objeto de restauração. Um desses parâmetros que podem se utilizados são os aspectos nutricionais da vegetação, uma vez que, estes atributos estão ligados diretamente com o metabolismo da planta. Neste contexto, este trabalho tem como objetivo avaliar o estado nutricional e quantificar o estoque de macronutrientes em seis espécies nativas do Cerrado utilizadas em plantios de recuperação, no município de Paracatu – MG. Para isso foi realizado plantio baseado no Modelo Nativas do Bioma, que preconiza o uso de espécies de usos múltiplos e nativas do Cerrado. O estudo foi conduzido em uma área de pastagem abandonada localizada no município de Paracatu – MG. Para a análise de macronutrientes foram analisadas amostras de seis espécies nativas, todas da família Fabaceae, sendo duas de Cerrado Sentido Restrito (Platypodium elegans Vogel e Plathymenia reticulata Benth), duas de Mata Seca (Acacia polyphylla D.C e Anadenanthera colubrina (Vell.) Brenan) e duas de Mata de Galeria (Inga laurina (SW.) Willd. e Hymenaea courbaril L.). Foram coletadas amostra da parte aérea e subterrânea de duas mudas de cada espécie na época do plantio em campo e cinco amostras de cada espécie em cada tratamento (plantio em covas e plantio em sulcos), onze meses após o plantio. O solo nas áreas de plantios (covas e sulcos) foi analisado, quanto suas propriedades físico-químicas. Os solos dos dois tratamentos não foram considerados estatisticamente diferentes (Teste F, α = 0,05). De modo geral, os grupos fisionômicos apresentaram concentrações dentro do observado para a vegetação nativa do Cerrado. O teor de Cálcio foi o único elemento significativamente diferente entre os grupos fisionômicos, tanto na fase de mudas quando aos onze meses, sendo as espécies de Mata Seca as que apresentaram maior concentração desse nutriente. Estas espécies também foram as que apresentaram as maiores concentrações de C, N, P e Ca, nos dois tratamentos. Em relação aos estoques de nutrientes as espécies de Mata Seca apresentaram os maiores estoques. Para todos os nutrientes os maiores estoques foram observados no tratamento de sulcos.

Referência:

PORTO, Amanda Caldas. Concentração e estoque de nutrientes em seis espécies nativas do cerrado utilizadas em plantio de recuperação de área degradada, Paracatu – MG. 2012. xv, 91 f., il. Dissertação (Mestrado em Ciências Florestais)—Universidade de Brasília, Brasília, 2012.

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Efeitos da diversidade funcional na produção florestal: estudo de caso no Cerrado sentido restrito

Efeitos da diversidade funcional na produção florestal: estudo de caso no Cerrado sentido restrito

Autor(a):

Milton Serpa de Meira Junior

Resumo:

Este trabalho teve como objeto avaliar os efeitos da diversidade funcional sobre o estoque florestal em uma área no Cerrado sentido restrito. A diversidade funcional é o valor e a variação das espécies e de suas características que influenciam no funcionamento das comunidades vegetais. A teoria da diversidade funcional prevê que as maiores diferenças na utilização de recursos levam ao aumento da função do ecossistema. Com a crescente redução de habitats se faz necessário quantificar e prever os efeitos da perturbação nos padrões de biodiversidade para orientar os esforços de conservação e nos sistemas de manejo dos recursos ambientais. Para avaliar os efeitos na diversidade funcional foram mensurados oito atributos funcionais em área de Cerrado sentido restrito. A produtividade da assembleia foi avaliada através do estoque da assembleia lenhosa, o qual foi mesurado por meio do volume e biomassa utilizando as equações: V=1,09×10−4×Db2+4,51×10−4×Db2× Ht; B=−0,4913+0,0291×(Db2×Ht). Para cada uma das variáveis foram testados dez modelos matemáticos. Foram mensurados na área de estudo 1694 indivíduos distribuídos em 27 famílias e 56 espécies, sendo 111 indivíduos mortos. Para as duas variáveis estudadas, volume e biomassa, os melhores modelos foram exponenciais e logarítmicos. Nenhum modelo linear apresentou regressão ou parâmetros significativos. Os gráficos de resíduos para as variáveis mostraram que apesar de apresentar regressão e parâmetros significativos e os modelos apresentaram dependência espacial dos resíduos. Conclui-se que os modelos não são bons preditores para a quantificação do volume.

Referência:

MEIRA JUNIOR, Milton Serpa de. Efeitos da diversidade funcional na produção florestal: estudo de caso no Cerrado sentido restrito. 2015. viii, 44 f., il. Dissertação (Mestrado em Ciências Florestais)—Universidade de Brasília, Brasília, 2015.

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Biomassa, fluxos de carbono e energia em área de Cerrado sentido restrito e plantio de eucalipto no Distrito Federal

Biomassa, fluxos de carbono e energia em área de Cerrado sentido restrito e plantio de eucalipto no Distrito Federal

Autor(a):

Fabrícia Conceição Menez Mota

Resumo:

Essa pesquisa teve como objetivo caracterizar as diferenças no estoque de Carbono e na dinâmica de trocas de massa e de energia em dois ambientes: o natural, representado pelo Cerrado sentido restrito, e floresta plantada, representada por povoamento de Eucalipto híbrido clonal, Eucalyptus urophylla x grandis. Todo o experimento foi conduzido na Fazenda Água Limpa (FAL), Brasília – Distrito Federal, Brasil. Foi utilizado o seguinte estudo integrado: combinando dados mensurados em campo; medição de fluxos de massa e energia; fluxos turbulentos verticais mensurados pelo método de Covariância de Vórtices Turbulentos, “EddyCovariance”; e a modelagem baseada em processos, uma vez que o modelo utilizado (Biome-BGC) avalia a interação entre os componentes edáficos, fisiológicos e meteorológicos e suas repostas na troca líquida de Carbono (NEE) para o ecossistema simulado. Utilizou-se o modelo Biome-BGC para estimar a troca líquida de Carbono anual para o Cerrado e o Eucalipto. A variabilidade da troca líquida de Carbono não foi bem representada, especialmente para o Cerrado sentido restrito, o que pode estar relacionada às características intrínsecas e fenológicas desse ambiente, bem como às limitações e habilidades preditivas do modelo Biome-BGC para estimar a NEE em ecossistema que apresenta heterogeneidade espacial e elevada diversidade de espécies vegetais. A substituição do uso do solo de Cerrado para cultivos de Eucalipto, alterou o estoque de Carbono no solo e na biomassa. O valor do estoque de Carbono total para a área de Cerrado sentido restritofoi de 257,72 Mg ha-1 e para o povoamento de Eucalipto, 203,23 Mg ha-1. No entanto, o Eucalipto avaliado, na faixa de idade estudada, 36 meses, ainda não alcançou a produção máxima de biomassa, em decorrência desse fato, durante o intervalo de tempo monitorado nesse estudo, a área de Cerrado apresentou maior estoque de Carbono total. A troca líquida de Carbono e o fluxo de energia, calor latente (LE), calor sensível (H) e para o solo (G) de cada ecossistema, Cerrado sentido restrito e Eucalyptus urophylla x grandis, apresentaram dinâmica compatível com as suas sazonalidades e fenologias. Em relação ao particionamento da energia, a área de Eucalipto nos anos de 2014 e 2015, apresentou menores valores da razão de Bowen, quando comparados com os valores referentes ao ano de 2016, o que pode estar associado à maior taxa de crescimento na etapa inicial e os processos relacionados a evapotranspiração, perda de vapor d’água, e fotossíntese. Durante o período seco, as duas vegetações apresentaram os maiores valores da razão de Bowen, no entanto, nos primeiros anos, a maior partição de energia foi para o Cerrado. O somatório da NEE para a área de Cerrado sentido restrito, período de 2013 a 2015, foi de 1.535,0 gC m-2, enquanto que para o Eucalipto foi de 1.490,8 gC m-2. Até o presente momento, por meio dessa pesquisa, há indicação de que o aumento da temperatura e de CO2, tem aumentado a assimilação de Carbono no ecossistema para o Cerrado sentido restrito avaliado, fato evidenciado por meio da troca líquida de Carbono anual observada de 2013 a 2015, (439, 518 e 578 gC m-² ano-1), na taxa de recrutamento 3,43% e incremento de biomassa na vegetação arbustivo-arbórea de 1,37 MgC ha-1, referente ao intervalo de 15 meses, abrangendo o ano de 2015, o qual apresentou o maior percentual de incremento em temperatura nos últimos anos. Para compreender esse conjunto de processos, será necessário o monitoramento a longo prazo para a área de Cerrado sentido restrito, assim como, faz-se necessário o monitoramento do povoamento de Eucalipto a longo prazo para avaliar as consequências na dinâmica dos fluxos de massa e energia, como também a capacidade de estoque de Carbono no ecossistema em função da substituição do uso do solo.

Referência:

MOTA, Fabrícia Conceição Menez. Biomassa, fluxos de carbono e energia em área de Cerrado sentido restrito e plantio de eucalipto no Distrito Federal. 2017. xvi, 141 f., il. Tese (Doutorado em Ciências Florestais)—Universidade de Brasília, Brasília, 2017.

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Variabilidade da precipitação no Cerrado e sua correlação com a mudança no uso da terra

Variabilidade da precipitação no Cerrado e sua correlação com a mudança no uso da terra

Autor(a):

Juliana de Oliveira Campos

Resumo:

Simulações com modelos climáticos indicam que a conversão do Cerrado natural em lavouras e pastagens tem o potencial de alterar a precipitação regional por meio de alterações nos processos biofísicos da vegetação, incluindo mudanças no albedo, rugosidade aerodinâmica e evapotranspiração. Entretanto, isso ainda não foi comprovado por dados observados. Uma vez que aquele bioma já perdeu metade da sua cobertura natural, faz-se necessário entender a relação vegetação – clima, e verificar se impactos da conversão do Cerrado na precipitação já são evidentes. Assim, o objetivo do presente estudo foi avaliar a variação da precipitação regional do Cerrado nas últimas décadas, e correlacioná-la com o desmatamento do bioma. Para tanto, foram realizadas diferentes análises de tendência de séries temporais de precipitação anual e mensal de 125 estações pluviométricas do Cerrado, no período entre 1977 e 2010, incluindo LOWESS (LW), Mann-Kendall (MK), Theil-Sen (TS), e Pettitt (PT). O estudo analisou o bioma Cerrado como um todo, bem como suas regiões Setentrional e Meridional separadamente, já que seus padrões de desmatamento são distintos. O teste de MK indicou que 71% dos postos analisados apresentaram tendência de queda em P anual, sendo que 14% apresentaram tendência significativa a 95% de probabilidade, predominantemente na região Meridional, com maior desmatamento. Apenas 28% dos postos apresentaram tendência de aumento, sendo que 1% desses foi significativo. Em média, a precipitação noCerrado diminuiu 8,4% (125mm) no período estudado, e 10,6% e 4,7% nas regiões Meridional e Setentrional, respectivamente. Apesar da correlação negativa (r = – 0,31) observada entre a precipitação média anual no bioma e o desmatamento não ter sido significativa (p =0,07) no período, outras evidências indicam uma relação já existente entre aquelas variáveis. Dentre elas estão a maior redução da precipitação nas áreas desmatadas em oposição às áreas com vegetação e a similaridade com os resultados esperados pelos modelos climáticos, como o prolongamento da estação seca.

Referência:

CAMPOS, Juliana de Oliveira. Variabilidade da precipitação no Cerrado e sua correlação com a mudança no uso da terra. 2018. xvi, 132 f., il. Dissertação (Mestrado em Ciências Florestais)—Universidade de Brasília, Brasília, 2018.

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Custeio Baseado em Atividades (ABC) aplicado ao processo de produção de sementes do cerrado nos domínios do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros.

Custeio Baseado em Atividades (ABC) aplicado ao processo de produção de sementes do cerrado nos domínios do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros

Autor(a):

Lucas Francisco de Dominicis

Resumo:

As sementes nativas representam a base do setor de restauração florestal e o mercado tem mostrado uma demanda crescente em virtude das novas técnicas de restauração ecológica utilizadas em projetos ambientais, que por sua vez atendem a exigências legais e políticas públicas ambientais. Em vias de um mercado que tende a crescer e consequentemente necessite da estruturação no que diz respeito a comercialização das sementes, o conhecimento dos custos envolvidos no processo de produção se torna uma tarefa necessária. Atualmente os preços das sementes são atribuídos de maneira arbitrária, levando-se em conta, na maioria das vezes, aspectos empíricos. Assim, esta pesquisa objetivou o estudo de custos envolvidos no processo de produção de sementes nativas do Cerrado. Para isso, inicialmente, foi realizado um diagnóstico da produção das sementes do Cerrado destinadas à restauração ecológica de áreas no interior Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros visando contextualizar a atividade na região com uso de dados primários. Para o estudo dos custos, recorreu-se à Contabilidade de Custos, utilizando-se a metodologia do Custeio Baseado em Atividades. Foram selecionadas 11 espécies, entre herbáceas e arbustivas mais utilizados nos plantios por semeadura direta em campos e savanas. O estudo foi conduzido em uma empresa de consultoria ambiental responsável pela coleta de sementes e o plantio das áreas. Os dados foram coletados entre os meses de março e junho de 2016. As atividades que representaram o consumo dos recursos foram: coleta, beneficiamento e armazenamento. Os valores obtidos demostraram que a maior parcela de recursos consumidos é atribuída à atividade de coleta, representando 70% do total do consumo dos recursos. Os recursos que mais foram consumidos foram mão de obra, seguido pelo consumo de combustível. Os valores obtidos para o custeio das espécies variaram entre R$ 3,81 para o kg do Andropogon nativo (Andropogon fastigiatus) e R$ 45,09 para o kg do Anduzinho (Crotalaria sp.). Dessas espécies, seis foram as que representaram lucros para o coletor na análise de rentabilidade no cenário esperado. Os resultados mostram que a aplicação do ABC foi capaz de monitorar com maior precisão o consumo de recursos gastos na produção de sementes nativas do Cerrado, gerando informações fidedignas que possam contribuir no custeio e precificação das sementes nativas do Cerrado.

Referência:

DOMINICIS, Lucas Francisco de. Custeio Baseado em Atividades (ABC) aplicado ao processo de produção de sementes do cerrado nos domínios do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros. 2017. xv, 85 f., il. Dissertação (Mestrado em Ciências Florestais) Universidade de Brasília, Brasília, 2017.

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Fitogeografia da vegetação arbustivo-arbórea em áreas de cerrado rupestre no Estado de Goiás

Fitogeografia da vegetação arbustivo-arbórea em áreas de cerrado rupestre no Estado de Goiás

Autor(a):

Tassiana Reis Rodrigues dos Santos 

Resumo:

O cerrado rupestre é um subtipo do cerrado sentido restrito que geralmente ocorre em ambientes com afloramentos rochosos e predominantemente em Neossolos Litólicos. O presente estudo é o primeiro de caráter fitogeográfico para o cerrado rupestre no Estado de Goiás e tem como objetivo avaliar a composição florística da vegetação arbustivo-arbórea e analisar a distribuição espacial das espécies em dez áreas. A amostragem foi padronizada para todas as áreas, onde foram estabelecidas dez parcelas de 20 × 50 m, totalizando 1 ha para cada área. Todos os indivíduos com diâmetro a 30 cm do solo – DAS ≥ 5 cm foram incluídos na amostragem. Os dados ambientais coletados foram: temperatura máxima, declividade, altitude, pH e textura do solo (areia, silte e argila). A análise da vegetação foi realizada por meio da similaridade florística calculada pelo índice de Sørensen (qualitativo) e Czekanowski (quantitativo), como também pelas análises multivariadas de classificação (TWINSPAN) e ordenação (CCA). Nas dez áreas inventariadas foram amostrados 13.041 indivíduos arbustivo-arbóreos, pertencentes a 219 espécies, distribuídas em 129 gêneros e 54 famílias botânicas. Fabaceae foi a família mais representativa, seguida por Myrtaceae, Melastomataceae, Vochysiaceae, Malphigiaceae e Rubiaceae. Dentre as espécies amostradas, vinte e seis (11,87% do total) foram consideradas raras e apenas nove (4,10%) apresentaram distribuição restrita a ambientes rupestres. Os valores de similaridade florística pelo índice de Sørensen > 0,50 entre as dez áreas representaram um valor médio de 42,3%. Para o índice de Czekanowski, todos os valores foram < 0,50, com exceção de um. A classificação pela técnica de TWINSPAN gerou quatro divisões. De modo geral, a baixa densidade das espécies indicadoras em quase todas as divisões foi responsável pela formação dos grupos. A ordenação pela técnica de CCA resultou em padrão de distribuição agrupada das áreas de cerrado rupestre analisadas, sendo o primeiro eixo influenciado pelo gradiente edáfico, com base na textura e no pH do solo e o segundo eixo com pouca expressividade na separação das áreas. Neste sentido, floristicamente, parece que as áreas de cerrado rupestre no Estado de Goiás são relativamente homogêneas e aparentemente o que as distinguem é o tamanho das populações das espécies arbustivo-arbóreas.

Referência:

SANTOS, Tassiana Reis Rodrigues dos. Fitogeografia da vegetação arbustivo-arbórea em áreas de cerrado rupestre no Estado de Goiás. 2011. 99 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Florestais)-Universidade de Brasília, Brasília, 2011.

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O cerrado sentido restrito sobre dois substratos no Brasil Central: padrões da flora lenhosa e correlações com variáveis geoedafoclimáticas

O cerrado sentido restrito sobre dois substratos no Brasil Central: padrões da flora lenhosa e correlações com variáveis geoedafoclimáticas

Autor(a):

Henrique Augusto Mews

Resumo:

No Brasil Central, área core do Cerrado, formações savânicas que ocorrem em relevo plano e solos profundos (Cerrado Típico – CT) têm sido largamente convertidas em ecossistemas agropastoris. Por outro lado, formações savânicas em relevo íngreme e solos rasos e com afloramentos de rocha (Cerrado Rupestre – CR) têm sido apontadas como futuros refúgios de biodiversidade na região. Neste estudo, comparamos as composições florística (presença/ausência) e florístico-estrutural (ocorrência e abundância) e a diversidade alfa de espécies lenhosas entre CT e CR (10 amostras de 1 ha em cada) e apontamos as implicações dos nossos achados para a conservação desses ambientes. Adicionalmente, investigamos a relação da variação na composição florístico-estrutural com variáveis geoedafoclimáticas para desvendar as causas desta dissimilaridade. Encontramos que sítios adjacentes de CT e CR diferem em relação à composição florístico-estrutural, mas não em ocorrência e diversidade alfa de espécies. Nossos resultados mostraram também que a dissimilaridade florístico-estrutural está correlacionada com as variáveis geoedafoclimáticas e corresponde, principalmente, às variações nos solos (principalmente disponibilidade de nutrientes) e na topografia (relevo e altitude). Estes resultados têm implicações cruciais à conservação, pois tornam claro que CT e CR são complementares, mas não equivalentes em termos da representatividade da vegetação savânica no Brasil Central. Sugerimos que isso seja considerado em iniciativas de conservação e na criação ou ampliação de Unidades de Conservação. Nossos achados também revelaram que o componente edáfico pode, por si só, explicar a maior parte da variação florístico-estrutural entre ambientes savânicos do Cerrado cujos substratos sejam distintos.

Referência:

MEWS, Henrique Augusto. O cerrado sentido restrito sobre dois substratos no Brasil Central: padrões da flora lenhosa e correlações com variáveis geoedafoclimáticas. 2014. Xi, 78 f. Tese (Doutorado em Ciências Florestais)—Universidade de Brasília, Brasília, 2014.

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Dinâmica e modelagem do estoque de carbono no fuste da vegetação arbustivo/arbórea de duas fitofisionomias do bioma Cerrado em Mato Grosso – Brasil

Dinâmica e modelagem do estoque de carbono no fuste da vegetação arbustivo/arbórea de duas fitofisionomias do bioma Cerrado em Mato Grosso - Brasil

Autor(a):

Flávia Richelli Pirani

Resumo:

O ciclo global do carbono é diretamente influenciado pelos ecossistemas tropicais, pois as florestas e savanas tropicais são expressivas fontes de sequestro e armazenamento de carbono. No entanto, esses ambientes podem emitir grandes quantidades de CO2 para atmosfera através do uso indevido da terra. O Cerrado, segundo maior bioma brasileiro, considerado savana tropical, tem sido degradado, podendo assim causar grandes emissões de gases do efeito estufa. Nesta pesquisa, estudamos a dinâmica e modelagem do estoque de carbono no fuste da vegetação arbustivo/arbórea do Cerrado Típico e Floresta Estacional Semidecidual (formações do bioma Cerrado), com o objetivo de quantificar o estoque de carbono no fuste da vegetação, avaliar sua variação ao longo do tempo, e verificar a influência do fogo sobre os estoques. O estudo foi conduzido no Parque Estadual da Serra Azul, Barra do Garças – MT. Foram utilizadas parcelas permanentes implantadas nas duas fitofisionomias de estudo desde 2006 e que ocasionalmente foram impactadas por queimadas. Os estoques de carbono por indivíduo de todas as espécies arbóreas dentro das parcelas foram mensurados em cada ano de monitoramento. Modelos alométricos e de prognose (projetados em 60 meses) foram ajustados ao banco de dados com o intuito de encontrar a melhor equação para a estimativa dos estoques. Além disso, o índice de valor de importância ampliado (IVIA) considerando a variável carbono para cada espécie foi calculado. Os resultados mostraram que os estoques de carbono após ocorrência de fogo diminuíram e que quando o fogo teve intervalos curtos o estoque de carbono não se recuperou. Encontramos que, em nove anos de monitoramento, o incremento de carbono foi negativo para as duas vegetações. A respeito da projeção em 60 meses, considerando que a vegetação foi acometida por competição e fogo, a estimativa apresentou redução do estoque de carbono no Cerrado Típico e crescimento na Floresta Estacional. Ainda, podese inferir que houve mudanças no ranking de importância das espécies quando o potencial de estocagem de carbono por espécies foi avaliado. Concluiu-se que o regime de queimadas pode estar influenciando os estoques de carbono na vegetação de Cerrado Típico e Floresta Estacional e que as vegetações estudadas investem tanto em densidade quanto em dominância para a manutenção dos estoques de carbono.

Referência:

PIRANI, Flávia Richelli. Dinâmica e modelagem do estoque de carbono no fuste da vegetação arbustivo/arbórea de duas fitofisionomias do bioma Cerrado em Mato Grosso – Brasil. 2016. xiv, 89 f., il. Tese (Doutorado em Ciências Florestais)—Universidade de Brasília, Brasília, 2016.

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