Dinâmica de comunidades vegetais em Cerrado típico com histórico de fogo no Distrito Federal

Autor(a):

Mary Naves da Silva Rios

Resumo:

O monitoramento da vegetação arbóreo-arbustiva e herbácea foi realizado em duas áreas de Cerrado sentido restrito em Planaltina (DF), de 1988 a 1994 e em 2012. Na Área 1 foram aplicadas queimadas bienais, em agosto de 1988 a 1992; já a Área 2 foi protegida do fogo de 1988 a julho de 1994. Em agosto de 1994 um fogo acidental atingiu as duas áreas, havendo proteção contra o fogo de 1995 a 2012. No monitoramento da vegetação arbóreo-arbustiva foram demarcadas 20 parcelas de 10mx10m em cada área de 1,25ha; em 1988 eram 10 parcelas de 20mx10m. Foram medidos o diâmetro e a altura de todos os indivíduos arbóreo-arbustivos que atingiam um metro ou mais de altura. A dinâmica da comunidade arbóreo-arbustiva foi analisada de 1991 a 1994. A biomassa aérea da vegetação arbóreo-arbustiva foi estimada de 1990 a 1994 e em 2012. A formação de rebrotas foi avaliada para espécies arbóreo-arbustivas que rebrotaram da base do caule e de estruturas subterrâneas, nas duas áreas. A formação de grupos funcionais foi avaliada de acordo com atributos funcionais das espécies arbóreo-arbustivas em 1994 e em 2012. No monitoramento da vegetação do estrato herbáceo foi empregado o método de interceptação na linha, onde foram anotadas as espécies até a altura de um metro. Análises florísticas e fitossociológicas foram feitas para o período de 1988 a 2012. Os resultados do levantamento das espécies arbóreo-arbustivas no período de 1988 a 2012 evidenciaram mudanças relacionadas à composição florística e à estrutura da comunidade. A riqueza de espécies se manteve, mas houve diferenças na diversidade entre a Área 1 e a Área 2. As duas áreas apresentaram similaridade florística em 2012. As queimadas bienais reduziram a densidade e a área basal, porém, a proteção contra o fogo, por 18 anos, aumentou a densidade e a área basal, nas duas áreas. A distribuição dos indivíduos vivos em classes de altura e de diâmetro, nas duas áreas, foi similar em todo período do estudo, no entanto, o fogo afetou, principalmente, os indivíduos nas menores classes de altura e de diâmetro. Os resultados de dinâmica mostraram que a incidência de queimadas aumentou a mortalidade e reduziu o recrutamento de indivíduos, e a proteção contra o fogo proporcionou maiores taxas de recrutamento e menores de mortalidade. A Área 1 foi mais dinâmica que a Área 2, com menores valores de tempo de meia vida e de substituição. A incidência de queimadas bienais diminuiu a biomassa aérea estimada no período de 1990 a 1994; a proteção contra o fogo por 18 anos favoreceu o aumento da biomassa aérea nas duas áreas. A incidência de queimadas bienais favoreceu a reprodução assexuada, com rebrotas basais ou subterrâneas na Área 1. Houve diferenças nos grupos funcionais formados nas duas áreas. A maior frequência do fogo, na Área 1, em 1994, reuniu espécies funcionalmente semelhantes, com menor diversidade de atributos. Por outro lado, o tempo de exclusão do fogo favoreceu algumas espécies e a maior diversidade de atributos em 2012. Quanto ao estrato herbáceo os resultados mostraram que as queimadas bienais não modificaram a riqueza e a diversidade no período de 1988 a 1994, e em 2012. A menor diversidade foi observada em 1988 e a maior em 1994, nas duas áreas; em 2012 a diversidade foi menor do que em 1994.

Referência:

RIOS, Mary Naves da Silva. Dinâmica de comunidades vegetais em Cerrado típico com histórico de fogo no Distrito Federal. 2016. xiv, 160 f., il. Tese (Doutorado em Ciências Florestais)—Universidade de Brasília, Brasília, 2016.

Disponível em:

);