O advento da proteção constitucional do cerrado: um exemplo da imperatividade da leitura dinâmica e aberta do § 4º do art. 225 da Constituição Federal

O advento da proteção constitucional do cerrado: um exemplo da imperatividade da leitura dinâmica e aberta do § 4º do art. 225 da Constituição Federal

Autor(a):

Maria Tereza Barros Viana

Resumo:

O eixo que dá unidade ao desenvolvimento a ser enfrentado pelo trabalho é o problema central da Teoria da Constituição, qual seja o da interpretação adequada do próprio texto constitucional diante de conflitos contextualizados no tempo e no espaço. Assim, analisa-se a interpretação da proteção constitucional do meio ambiente e como esta não se restringe à suposta e momentânea vontade originária do constituinte, mas é capaz de se provar a vontade permanente da nação, ou seja, no passado, no presente e no futuro, por isso mesmo, sempre mutável e sujeita a releituras consistentes com os desafios que se apresentem. O próprio objeto desta dissertação, à luz da exigência da permanente atualidade do texto constitucional, requereu que se buscasse tornar visível a constante articulação entre a leitura deste texto e as exigências geracionais que ele próprio nos postula enquanto base aberta e dinâmica da nossa identidade constitucional. Dessa forma, o ponto central da dissertação e que delimita seu objetivo geral é justamente comprovar, com os autores que defendem uma compreensão principiológica da Constituição, aberta para o futuro, que o bioma Cerrado já se encontra constitucionalmente protegido como um direito da geração presente e das futuras. O que, em outras palavras, significa afirmar que a leitura da Constituição à sua melhor luz requer o permanente compromisso da mensagem de seu texto com o presente, na releitura do passado com vistas à garantia do futuro. No primeiro capítulo se discute, por meio de reconstrução histórica, como as questões ambientais foram tratadas no processo de redemocratização do país e como influenciou na inserção da temática ambiental dentro da estrutura do Estado brasileiro pela Assembleia Nacional Constituinte de 1987-1988. Ainda no primeiro capítulo, há a análise sobre a elaboração do § 4º do art. 225 da CF e os biomas então considerados expressamente como patrimônios nacionais. No segundo capítulo abordou-se a importância regional, nacional e internacional do bioma, no qual os riscos entrelaçados do crescimento econômico acelerado pelo desenvolvimento do agronegócio e da agroindústria, da globalização, da desigualdade social e do aquecimento global tornaram preocupantes as condições de sustentabilidade ambiental do Cerrado, fazendo com que emergisse a tensão entre os tradicionais discursos de inferiorização, que sempre reduziram o Cerrado à vegetação lixo do Brasil, a uma mera fronteira agrícola a ser conquistada, e os estudos e práticas que conduzem à crescente valorização do bioma como índice de sua inafastável presença no § 4º do art. 225 da CF. No terceiro capítulo destacou-se os desafios e possibilidades postos às políticas públicas ambientais de proteção do Cerrado, por meio de um panorama dos planos, projetos e programas desenvolvidos pelas instituições públicas e privadas, nacionais e internacionais, que visam estimular a ocupação controlada e a proteção do Cerrado, com a inclusão do bioma na leitura aberta do § 4º do art. 225 da CF, bem como a constatação do risco de ineficiência dessas políticas em face, em alguma medida, da continuidade de uma má compreensão do caráter aberto do referido dispositivo constitucional. Por fim, a título de conclusão, buscou-se resgatar os principais resultados da investigação levada a efeito acerca da leitura constitucionalmente adequada do § 4º do art. 225 da CF, para com base neles afirmar como o estudo topicamente desenvolvido comprova que o direito ambiental deve ser lido sempre como um direito fundamental e indisponível, e assim, o referido dispositivo só pode ser interpretado à luz da cláusula de abertura do § 2º do art. 5º da CF, de sorte a dar pleno curso aos direitos decorrentes da vivência concreta sob o regime democrático e em face dos princípios de conteúdo aberto adotados pela Constituição da República.

Referência:

VIANA, Maria Tereza Barros. O advento da proteção constitucional do cerrado: um exemplo da imperatividade da leitura dinâmica e aberta do § 4º do art. 225 da Constituição Federal. 2011. 236 f., il. Dissertação (Mestrado em Direito)-Universidade de Brasília, Brasília, 2011.

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Atividades antiparasitárias e antifúngicas de plantas do Cerrado : Spiranthera odoratissima e Diospyros hispida

Atividades antiparasitárias e antifúngicas de plantas do Cerrado : Spiranthera odoratissima e Diospyros hispida

Autor(a):

Lorena Carneiro Albernaz

Resumo:

Um total de 217 extratos obtidos de 22 espécies de plantas do bioma Cerrado utilizadas na medicina tradicional para tratar doenças parasitárias, feridas na pele e febre foram avaliados em Plasmodium falciparum resistente à cloroquina (cepa FcB1, Colômbia). Dentre estes, 32 demonstraram capacidade de inibir acima de 75% o crescimento do parasito. Estes 32 extratos foram também avaliados em 5 espécies de leveduras dos gêneros Candida e Cryptococcus. Os 11 extratos que inibiram acima de 90% do P. falciparum foram então testados em Leishmania (Leishmania) chagasi e Trypanosoma cruzi. A citotoxicidade foi avaliada em células NIH-3T3 de fibroblastos de mamífero. Dois extratos mais ativos e não citotóxicos foram selecionados: extrato acetato de etila das folhas de Spiranthera odoratissima (Rutaceae) (IC50 de 9,2 e 56,3 μg/mL em P. falciparum e T. cruzi) e extrato acetato de etila da raiz de Diospyros hispida (Ebenaceae) (IC50 de 1,0; 18,9 e 89,9 μg/mL em P. falciparum, L. (L.) chagasi e T. cruzi. D. hispida foi ativo em todos os micro-organismos analisados. Foi realizado um estudo químico bioguiado com o extrato acetato de etila das folhas de S. odoratissima em P. falciparum, e com o extrato acetato de etila da raiz de D. hispida em L. (L.) amazonensis. Técnicas cromatográficas permitiram isolar dez compostos que foram identificados por espectometria de RMN 1D (1H e 13C ) e 2D (HSQC, HMBC, COSY, NOESY), ESI-MS, UV, IV. Cinco compostos foram isolados de S. odoratissima, sendo três deles isolados pela primeira vez de planta (LC-1, LC-4 e LC-5), e um descrito pela primeira vez em S. odoratissima (LC-2). A atividade desses compostos foi verificada em protozoários e em duas cepas de C. albicans: 6-acetoxi,1-hidroxieudesm-4(15)-eno (LC-1) apresentou IC50 de 4,8 μg/mL, sesamina (LC-2) IC50 de 9,1 μg/mL, β-sitosterol (LC-3) IC50 de 8,6 μg/mL em P. falciparum; spiranthenona B (LC-5) apresentou CIM de 12,5 μg/mL em Candida albicans ATCC 10231 e isolado clínico LMGO 102. O composto LC-4 não apresentou atividade em nenhum dos alvos testados. Cinco compostos foram isolados de D. hispida, três já foram descritos em espécies do gênero Diospyros: ácido betulínico (LC-6), isodiospirina (LC-7) e 4-hidroxi-5-metoxi-2-naftaldeído (LC-8), e os outros dois LC-9 e LC-10 estão em fase de identificação. Esses compostos foram avaliados em formas promastigotas e amastigotas de L. (L.) amazonensis. A melhor atividade em promastigota foi a do composto LC-9 com IC50 de 4,2 μg/mL. O composto LC-7 foi o que teve melhor atividade em formas amastigotas (IC50 de 50,9 μg/mL). Este trabalho possibilitou o isolamento de substâncias com atividades antiprotozoárias e antifúngicas, que serão alvos de estudos futuros para o desenvolvimento de compostos líderes.

Referência:

ALBERNAZ, Lorena Carneiro. Atividades antiparasitárias e antifúngicas de plantas do Cerrado : Spiranthera odoratissima e Diospyros hispida. 2010. xxviii, 307 f., il. Tese (Doutorado em Ciências Médicas)-Universidade de Brasília, Brasília; Tese (Doutorado em Química de substâncias naturais)-Museum National D’Histoire Naturelle, Paris, 2010.

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Percepção de moradores sobre doença de Chagas e ocorrência de Triatoma costalimai (Hemiptera: Reduvidae) em áreas de cerrado, Goiás, Brasil

Percepção de moradores sobre doença de Chagas e ocorrência de Triatoma costalimai (Hemiptera: Reduvidae) em áreas de cerrado, Goiás, Brasil

Autor(a):

Fernanda Machiner

Resumo:

Após a interrupção da transmissão vetorial da doença de Chagas por populações domésticas de Triatoma infestans no estado de Goiás, Brasil, a dificuldade para a consolidação do controle dessa doença é a ocorrência generalizada de outras espécies de triatomíneos nativas que invadem e eventualmente colonizam habitações humanas. Uma dessas espécies é Triatoma costalimai, que habita locais rochosos, muito frequentes nas áreas deste estudo. O presente trabalho apresentou duas abordagens, sendo a primeira, descrever o perfil das residências com registros de triatomíneos nos últimos 10 anos, em Mambaí e Buritinópolis, Goiás, e o conhecimento dos moradores sobre a doença de Chagas e seus vetores. Em uma segunda abordagem buscou-se determinar a ocorrência e infecção natural de Triatoma costalimai em habitats rochosos em diferentes ambientes (mata de galeria, mata seca e peridomicílio) e estações climáticas (chuvosa e seca), no município de Mambaí, Goiás. Os dados de registro de residências com triatomíneos foram disponibilizados pelos agentes de saúde de Mambaí. Os triatomíneos foram capturados em outubro de 2010 e junho de 2011 usando dois métodos (coleta manual e armadilhas adesivas com isca animal) e posteriormente foram separados por estádio e sexo, contabilizados e examinados parasitologicamente por compressão abdominal e análise microscópica das fezes. Foram entrevistados 15 moradores, a maioria era do sexo masculino, tinham idade entre 26 e 50 anos e escolaridade fundamental. O estudo mostra que a maioria das residências possuiam paredes de tijolo com reboco, piso de cerâmica e telhas de barro, todas tinham energia elétrica e em média construídas há 9 anos. Todas as residências possuiam animais no domicílio e peridomicílio. Todos os moradores entrevistados souberam identificar um triatomíneo, reconhecendo-o com nomes variados, e a maioria relatou ter encontrado o mesmo dentro de casa e encaminhado à Unidade de Saúde. Os moradores mostraram bom conhecimento sobre triatomíneos, doença de Chagas e meios de controle. Triatoma costalimai foi detectado nos três ambientes e nas duas estações amostradas. O sucesso total de captura das 900 armadilhas e 60 blocos de rochas inspecionados foi 5,8% e 11,7%, respectivamente. A ocorrência de T. costalimai foi maior nas rochas do peridomicílio, onde 97% dos 131 espécimes foram capturados. A proporção de ninfas (98%) foi muito superior à de adultos, os quais só foram detectados no peridomicílio. A ocorrência de T. costalimai foi diferente entre as estações climáticas e a maioria dos insetos (95%) foi capturada na época chuvosa, com predominância de ninfas I. Nenhum dos 43 espécimes examinados estava infectado por tripanosomatídeos. Os resultados indicam maior ocorrência de T. costalimai em ambiente peridomiciliar e na estação chuvosa em Mambaí, Goiás, salientando o comportamento sinantrópico dessa espécie de triatomíneo em uma área do cerrado brasileiro e a sua importância da vigilância entomológica.

Referência:

MACHINER, Fernanda. Percepção de moradores sobre doença de Chagas e ocorrência de Triatoma costalimai (Hemiptera: Reduvidae) em áreas de cerrado, Goiás, Brasil. 2012, xvi, 112 f., il. Dissertação (Mestrado em Medicina Tropical)—Universidade de Brasília, Brasília. 2012.

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Potencial antifúngico de extratos de plantas medicinais do cerrado brasileiro

Potencial antifúngico de extratos de plantas medicinais do cerrado brasileiro

Autor(a):

Fernanda Melo e Silva

Resumo:

As limitações terapêuticas, o desenvolvimento de resistência, a toxicidade relacionada a antifúngicos, as significantes interações medicamentosas e a biodisponibilidade insuficiente dos antifúngicos convencionais tornam necessários o desenvolvimento de medicamentos para tratar as novas e emergentes infecções fúngicas. O Cerrado é o segundo maior bioma do Brasil e foi identificado como um dos mais distintos biomas sulamericanos, constituindo uma importante fonte de moléculas vegetais inovadores para diversas condições, incluindo as doenças infecciosas. Dessa forma, o objetivo desse estudo foi avaliar o potencial antifúngico de extratos de plantas do Cerrado utilizadas tradicionalmente para tratar infecções e feridas. Dos 66 extratos testados na concentração de 20 mg/mL, a atividade foi pouco expressiva sobre Candida albicans e 17 foram ativos para Trichophyton rubrum. Os extratos diclorometânicos da madeira do caule e da madeira da raiz de Kielmeyera coriacea, os hexânicos da folha de Renealmia alpinia e Stryphnodendron adstringens e o diclorometânico da madeira do caule de Tabebuia caraiba foram os mais promissores apresentando a média geométrica dos valores da concentração inibitória mínima (CIM) entre 170,39 e 23,23 μg/mL. Esse estudo mostra que extratos de plantas do Cerrado são de particular interesse como fonte de novos agentes para o tratamento de infecções dermatofíticas. Dessa forma, um estudo mais profundo, com isolamento de substâncias e análise sobre outras espécies de dermatófitos, permitiria uma melhor investigação da susceptibilidade desses fungos.

Referência:

SILVA, Fernanda Melo e. Potencial antifúngico de extratos de plantas medicinais do cerrado brasileiro. 2008. 222 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Médicas)-Universidade de Brasília, Brasília, 2008.

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Avaliação de compostos isolados da espécie do Cerrado Clusia pernambucensis G. Mariz em Leishmania (Leishmania) amazonenses

Avaliação de compostos isolados da espécie do Cerrado Clusia pernambucensis G. Mariz em Leishmania (Leishmania) amazonenses

Autor(a):

Everton Macêdo Silva

Resumo:

A leishmaniose tegumentar, causada por protozoários do gênero Leishmania, é uma doença endêmica que provoca lesões destrutivas e persistentes na pele e mucosas. Os medicamentos disponíveis apresentam toxicidade considerável e observa-se o crescente aparecimento de resistência medicamentosa, o que demonstra a necessidade da busca por compostos mais específicos para tratar esse agravo. A investigação do potencial de substâncias naturais se mostra uma abordagem eficiente, inclusive como parâmetro para a obtenção de compostos semi-sintéticos e sintéticos. Neste estudo, foi testada a atividade leishmanicida in vitro dos extratos das espécies do bioma Cerrado Austroplenckia populnea (Reissek) Lundell (Celastraceae); Clusia pernambucensis G. Mariz (Clusiaceae) e Maprounea guianensis Aubl. (Euphorbiaceae) entre 100 e 1,56 g/mL em formas promastigotas de Leishmania (Leishmania) amazonensis. O extrato acetato de etila da casca do caule de Clusia pernambucensis apresentou atividade com CI50 = 65,0 μg/mL, e a menor citotoxicidade observada em fibroblastos da linhagem celular NIH-3T3, com CC50 = 100,5 μg/mL, sendo selecionado para os estudos químicos. O fracionamento desse extrato por cromatografia em coluna e CLAE permitiu o isolamento de sete substâncias, identificadas por espectroscopia de infravermelho, ressonância magnética nuclear 1H e 13C e espectrometria de massas de alta resolução. Foi isolada e caracterizada uma xantona ainda não relatada na literatura, 6,9-dihidróxi-3,3-dimetil-5-(3-metilbut-2 enil)pirano[2,3-c]xanten-7(3H), denominada pelo nosso grupo de clusiaxantona (CP1). Esse composto apresentou CI50 = 25,3 μg/mL em formas amastigotas de L. (L.) amazonensis no interior de macrófagos peritoneais coletados de camundongos Balb/C, enquanto seu derivado semi-sintético metil éter (1a) obteve CI50 = 22,5 μg/mL. Quatro tocotrienóis ainda não descritos nessa espécie também foram isolados e identificados: ácido Z-?-tocotrienolóico (CP2), ?- tocotrienol (CP3), ?-tocotrienol-metil-éster (CP4), e álcool ? tocotrienólico (CP5). Os compostos CP3 e CP4 foram isolados pela primeira vez de fonte natural. Em relação a atividade em macrófagos murinos infectados com L. (L.) amazonensis, o ácido Z-?-tocotrienolóico (CP2) mostrou CI50 = 77,3 μg/mL, enquanto que o seu derivado metilado (2a) e os compostos CP3, CP4 e CP5 não apresentaram ação leishmanicida. O ácido betulínico (CP6) e o ? sitosterol (CP7) também foram isolados. A citoxicidade em macrófagos murinos mostrou CC50 = 17,22 μg/mL para a clusiaxantona (CP1), 32,56 μg/mL para o derivado 1a e 78,04 μg/mL para o ?-tocotrienol-metil-éster (CP4). Outros derivados serão propostos para diminuir a citoxicidade e aumentar a atividade leishmanicida. Os compostos isolados e já caracterizados servirão como base para avançar na busca por candidatos a compostos líderes.

Referência:

SILVA, Everton Macêdo. Avaliação de compostos isolados da espécie do Cerrado Clusia pernambucensis G. Mariz em Leishmania (Leishmania) amazonenses. 2012. 133 f., il. Tese (Doutorado em Ciências Médicas)—Universidade de Brasília, Brasília, 2012.

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Substâncias antimicrobianas ou citotóxicas em micro-organismos endofíticos foliares

Substâncias antimicrobianas ou citotóxicas em micro-organismos endofíticos foliares

Autor(a):

Thiago Meirelles Casella

Resumo:

Devido à natureza simbiótica dos micro-organismos endofíticos, este estudo teve como objetivo investigar a atividade antibacteriana, antifúngica e citotóxica em metabólitos secundários de extratos de fungos endofíticos foliares de plantas do bioma Amazônia e Cerrado. Neste trabalho de tese foram isolados 147 micro-organismos cultiváveis (130 fungos, 3 bactérias e 14 fungos não identificados ou desconhecidos) a partir de 28 plantas (4 espécies coletadas no Brasil e 24 na Guiana Francesa). Todos os micro organismos foram identificados por análise molecular de regiões específicas de DNAr, com uso de técnicas de sequenciamento genômico. Fungos endofíticos da ordem Xylariales foram os de maior frequência de isolamento neste estudo, representados por 25 isolados. Extratos brutos em AcOEt foram produzidos a partir de culturas de cada micro-organismo isolado. Uma proporção relativa significante (23,1%) dos extratos demonstrou atividade em Candida albicans ATCC 10213, enquanto 4% foram ativos em Staphylococcus aureus ATCC 29213. O potencial citotóxico dos extratos foi avaliado para as linhagens celulares humanas KB (carcinoma cervical uterino), MDA-MB-435 (melanoma), e MRC-5 (fibroblastos de pulmão normal), resultando em proporção significante com atividade de inibição da proliferação celular (24,4%, 23,1% e 16,3%, respectivamente). Dezoito metabólitos secundários foram isolados a partir do fracionamento de oito extratos brutos endofíticos. Dezessete destas substâncias já tinham sido descritas anteriormente na literatura: ácido pilifórmico (24) e griseofulvina (25) isoladas de Xylaria cubensis SNB-GCI02; phomopirona A (26), pyrenocina A (27), alterperilenol (28) e novae-zelandina A (29) isoladas de Lewia infectoria SNB-GTC2402; 5-metilmelleina (31) e Dihidrosporothriolida (32) isoladas de Xylaria sp. SNB-GTC2501; mycoleptodiscina A (34) e mycoleptodiscina B (35) isoladas de Mycoleptodiscus sp. SNB-GTC2304; mycoepoxidieno (36) e altiloxina A (37) isoladas de Diaporthe pseudomangiferae SNB-GSS10; acremonisol A (40), semicochliodinol A (41) e cochliodinol (42) isoladas de Chaetomium globosum SNB-GTC2114; colletofragarona A2 (43) isolada de Colletotrichum sp. SNB-GTC0201; flavoglaucina (44) isolada de Eurotium rubrum BBS01. Dentre estas substâncias, a flavoglaucina (44) isolada de E. rubrum BBS01, demonstrou atividade comparável ao controle fluconazol em C. albicans (CIM de 4 μg.mL-1). Esta substância (44) apresentou IC50 >10 μM em células normais MRC-5, tornando-se candidata para estudos posteriores. Neste trabalho foi identificado pela primeira vez a atividade citotóxica da colletofragarona A2 (43), isolada de Colletotrichum sp. SNB GTC0201. A substância inédita nomeada pyrrocidina C (30) foi isolada a partir de L. infectoria SNB-GTC2402 e identificada através de análises espectroscópicas (Casella et al., 2013). A pyrrocidina C (30) foi ativa em S. aureus ATCC 10213 (CIM de 2 μg.mL-1), e não foi considerada citotóxica para as células normais MRC-5 (IC50 >10 μM), demonstrando seletividade na ação antimicrobiana. Estes resultados demonstram a grande diversidade fúngica endofítica em plantas do bioma Amazônia e Cerrado, e a quimiodiversidade associada aos metabólitos secundários destes micro-organismos. Fungos endofíticos tropicais, como os vistos neste trabalho, podem emergir como uma nova fonte de substâncias antimicrobianas e citotóxicas.

Referência:

CASELLA, Thiago Meirelles. Substâncias antimicrobianas ou citotóxicas em micro-organismos endofíticos foliares. 2014. 170 f., il. Tese (Doutorado em Ciências Médicas)—Universidade de Brasília, Brasília, 2014.

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Avaliação in vitro de efeitos anti-inflamatórios de extratos de Pouteria torta (mart.) Radlk e Pouteria ramiflora (Mart.) Radlk

Avaliação in vitro de efeitos anti-inflamatórios de extratos de Pouteria torta (mart.) Radlk e Pouteria ramiflora (Mart.) Radlk

Autor(a):

Gabriel Ginani Ferreira

Resumo:

O processo inflamatório é um mecanismo complexo, composto por diversos tipos celulares e altamente regulado, servindo como uma linha de defesa primária na resposta imunitária contra diversos estímulos. Essa resposta, normalmente, é benéfica ao organismo, sendo autorregulada, reestabelecendo a homeostasia em pouco tempo, nesses casos classificada como inflamação aguda. Em certas condições, entretanto, a resposta inflamatória apresenta falhas em sua regulação, resultado de condições anormais, levando a perda de função do órgão ou tecido afetado, e ao desenvolvimento de diversas doenças, sendo classificada como inflamação crônica. Doenças inflamatórias crônicas afligem milhões de pessoas ao redor do globo que são obrigadas a aderir a tratamentos com muitos efeitos colaterais. Esse contexto torna indispensável o desenvolvimento de medicamentos anti-inflamatórios eficazes, econômicos e mais seguros do que os atuais, de forma a melhorar a qualidade de vida desses pacientes. Diante desse enorme desafio, as plantas medicinais ganham destaque como possíveis fontes de novas moléculas bioativas. O Cerrado brasileiro apresenta diversas espécies com imenso potencial, entre elas aquelas do gênero Pouteria, que tem sido usado como plantas medicinais dentro da medicina popular e recentemente tornaram-se alvos de diversos estudos. O objetivo do presente trabalho foi avaliar a atividade anti inflamatória de extratos de folha de Pouteria torta e Pouteria ramiflora em macrófagos da linhagem J774A.1 ativados com 1 μg/mL de LPS. A viabilidade celular e citotoxidade foram avaliadas utilizando os métodos WST-8 e vermelho neutro, e a modulação de genes pró-inflamatórios empregando a técnica de quantificação relativa através de qPCR. A resposta inflamatória foi medida por meio da dosagem do mediador inflamatório óxido nítrico (NO) através de espectrofotometria pelo método de Griess. Os resultados obtidos após o estudo indicam atividades biológicas nas concentrações de 0,078, 0,039 e 0,020 mg/mL em todos os extratos testados. Nestas concentrações empregadas no tratamento, as células J774A.1 estimuladas com LPS não apresentam perda de viabilidade celular, reduziram a produção de NO e também a expressão do número de transcritos de genes marcadores de inflamação NF-κB, IL-6, TNF-α, COX-2 e iNOS. Os resultados sugerem que os extratos de Pouteria torta e Pouteria ramiflora apresentam substâncias primárias e secundárias com atividade anti-inflamatória demonstrada neste estudo, e por tratar-se de um fitocomplexo há que se considerar essa atividade biológica como de grande potencial terapêutico como anti-inflamatórios para estes extratos das plantas estudadas.

Referência:

FERREIRA, Gabriel Ginani. Avaliação in vitro de efeitos anti-inflamatórios de extratos de Pouteria torta (mart.) Radlk e Pouteria ramiflora (Mart.) Radlk. 2016. vii, 68 f., il. Dissertação (Mestrado em Ciências Médicas)—Universidade de Brasília, Brasília, 2016.

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Contribuição à quimiotaxonomia de Anacardiaceae: estudo fitoquímico e das atividades antifúngicas e antitumorais de Astronium fraxinifolium Schott ocorrente no cerrado

Contribuição à quimiotaxonomia de Anacardiaceae: estudo fitoquímico e das atividades antifúngicas e antitumorais de Astronium fraxinifolium Schott ocorrente no cerrado

Autor(a):

Camila Miranda Moura

Resumo:

As infecções fúngicas são agravos persistentes à saúde pública. O atual quadro das micoses revela o aumento de sua incidência mundial e o surgimento de espécies com resistência intrínseca a antifúngicos disponíveis. Diante disso, a comunidade científica tem se empenhado na busca de alternativas terapêuticas. Os produtos naturais têm sido intensamente investigados quanto à atividade biológica. No Brasil, o bioma Cerrado se destaca pela rica diversidade química, sendo fonte promissora para o isolamento de metabólitos secundários ativos. Assim, este trabalho avaliou a atividade de extratos e substâncias da espécie do Cerrado, Astronium fraxinifolium Schott (Anacardiaceae), em leveduras, dermatófitos e células tumorais. Em uma triagem de atividade de extratos dos órgãos de A. fraxinifolium em diferentes polaridades, o extrato acetato de etila da casca da raiz foi o mais ativo, apresentando amplo espectro de ação em todos os fungos testados com valores de CIM de 0,24 a 125 ?g/mL. A partir desse extrato foram isolados dois triterpenos do tipo cicloartano: 3-?-cicloartenol (1) e 3-?-cicloeucalenol (2). Com interesse em contribuir para a quimiotaxonomia de Anacardiaceae, o extrato acetato de etila das folhas também foi submetido ao fracionamento cromatográfico devido ao seu perfil químico e ao interesse na fitoquímica da espécie.Desse extrato foram identificados uma cetona esteroidal – tremulona (3) – e dois triterpenos pentacíclicos – ?-amirina (4) e lupeol (5). Os compostos 1 e 2 apresentaram efeito citotóxico em células leucêmicas da linhagem HL-60 com valores de CI50 de 10,8 ?g/mL e 9,2 ?g/mL, respectivamente.

Referência:

MOURA, Camila Miranda. Contribuição à quimiotaxonomia de Anacardiaceae: estudo fitoquímico e das atividades antifúngicas e antitumorais de Astronium fraxinifolium Schott ocorrente no cerrado. 2014. 108 f., il. Dissertação (Mestrado em Ciências Médicas)—Universidade de Brasília, Brasília,
2014.

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Atividade antifúngica de tanino isolado de planta do cerrado

Atividade antifúngica de tanino isolado de planta do cerrado

Autor(a):

Norato Estrela Terra Theodoro Phellipe

Resumo:

O panorama mundial das infecções fúngicas é preocupante, devido ao aumento do número de casos. O surgimento de cepas resistentes aos medicamentos disponíveis e a elevada toxicidade destes fármacos justifica a busca por moléculas inovadoras. O presente trabalho avaliou extratos de Terminalia fagifolia Mart., planta da família Combretaceae, conhecida por capitão-do-mato é utilizada tradicionalmente para o tratamento de infecções. O extrato etanólico da madeira do caule foi selecionado para o fracionamento bioguiado pela atividade em leveduras e dermatófitos. A pesquisa reforça também a importância de se estudar e preservar o Cerrado.

Referência:

PHELLIPE, Norato Estrela Terra Theodoro. Atividade antifúngica de tanino isolado de planta do
cerrado. 2014. 108 f., il. Tese (Doutorado em Ciências Médicas)—Universidade de Brasília, Brasília,
2014.

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Fitossociologia, diversidade e sua relação com variáveis ambientais em florestas estacionais do bioma cerrado no planalto central e nordeste do Brasil

Fitossociologia, diversidade e sua relação com variáveis ambientais em florestas estacionais do bioma cerrado no planalto central e nordeste do Brasil

Autor(a):

Ricardo Flores Haidar

Resumo:

Na matriz de formações abertas que predominam no bioma Cerrado, as florestas estacionais merecem destaque por ocuparam cerca de 30% de sua área territorial e constituírem a fitofisionomia mais ameaçada pela ação antrópica no bioma. A boa qualidade da madeira de algumas de suas árvores, a alta fertilidade de suas terras, além da mineração de rochas calcárias em algumas áreas são os principais fatores de degradação destas florestas. A ampla distribuição destas formações, nas distintas unidades de terra do bioma Cerrado, sob diferentes regimes de temperatura, precipitação e períodos de seca e, ainda, sobre características edáficas e topográficas distintas, propiciam variações florísticas e estruturais do componente arbóreo. O presente estudo foi desenvolvido em três florestas estacionais do bioma Cerrado, duas no setor do Planalto Central (Goiás e Distrito Federal) e uma no seu Setor Parnaibano (Piauí), às margens do bioma. Em Goiás, a amostragem foi conduzida no Parque Estadual Altamiro de Moura Pacheco (PEAMP), em fragmentos remanescentes da ação antrópica anterior à sua criação. No Distrito Federal, a amostragem foi realizada em uma encosta coberta continuamente por floresta na região de solos calcários da Fercal. No Piauí a amostragem foi conduzida nas manchas naturais desta fisionomia distribuídas de forma disjunta na matriz savânica do Parque Nacional de Sete Cidades (PNSC). O objetivo foi estudar a diversidade e a estrutura da comunidade arbórea (DAP > 5 cm), além de tentar relacionar as variações do substrato e relevo com a distribuição de suas espécies arbóreas. Realizou-se uma caracterização das variáveis ambientais (temperatura, precipitação, duração do período seco, aspectos físicos e químicos dos solos) e uma comparação florística e estrutural, entre as três florestas estacionais estudadas, para testar a hipótese de que mesmo submetidas a um largo espectro de variações ambientais estas florestas possuem em seu estrato arbóreo similaridades florísticas e estruturais. Foi utilizada metodologia padronizada na coleta de dados do componente arbóreo, através de amostragem aleatória em duas etapas sendo que em cada área foram amostradas 25 parcelas de 400 m² e mensurados todos os indivíduos lenhosos a partir de 5 cm de diâmetro a 1,30 metros a partir da altura do solo. A coleta e análise padronizada dos solos foram realizadas seguindo as recomendações da EMBRAPA. Apesar da amplitude de valores de riqueza (78 a 115 espécies).), densidade (1.059 a 1.840 ind.ha-1), dominância (18,08 a 22,72 m².ha-1) e diversidade alfa (3,36 a 4,05 nats.ind.-1) encontrada para as três florestas, os mesmos estão dentro do gradiente de valores obtidos em outras florestas estacionais brasileiras. As comunidades apresentaram estrutura de caráter auto-regenerativo, com distribuição de diâmetros apresentando a forma de J-reverso. Foi verificado um gradiente consistente de fertilidade e textura dos solos sob as três florestas e fortes variações de temperatura e duração da estação de seca entre os dois setores do bioma Cerrado, onde se inserem as áreas de estudo (setor do Planalto Central e da Bacia do rio Parnaíba). Os solos da região da Fercal são de textura franco-argilosa e os mais férteis relativamente, os do PNCS são extremamente arenosos e pobres em nutrientes, enquanto os solos do PEAMP são argilo-arenosos e possuem níveis intermediários nesse gradiente de fertilidade. Os resultados da classificação e ordenação da vegetação mostram alta diversidade beta entre as florestas estacionais, até mesmo ao longo dos remanescentes de floresta estacional do PEAMP e das manchas naturais do PNSC, em função das variações na textura e fertilidade do substrato e das mudanças na topografia do terreno, denotando uma elevada heterogeneidade florística e estrutural da vegetação em nível local. Na floresta estacional da Fercal a diversidade beta foi baixa em função a alta densidade de espécies edafo-especialistas que possuem ampla distribuição na amostra produzindo maior homogeneidade florística e estrutural. Ao se comparar as três amostras em termos florísticos e estruturais, a maior similaridade dá-se entre as florestas estacionais do Planalto Central, refletindo a maior proximidade geográfica das áreas em nível regional. Mesmo assim, a floresta estacional do Piauí é mais similar à floresta do PEAMP (Goiânia), em relação à da Fercal (Distrito Federal) indicando uma relação inversa ao gradiente de proximidade entre as florestas, que pode ser remetido às significativas variações de textura e fertilidade (PEAMP e PNSC) exercendo maior influência na estrutura e composição da vegetação do que o posicionamento geográfico das florestas estacionais em nível regional. São comuns as três florestas estacionais doze espécies, Agonandra brasiliensis, Machaerium acutifolium, Guettarda viburnoides, Aspidosperma subincanum, Anadenanthera colubrina, Myracrodruon urundeuva, Astronium fraxinifolium, Hymenaea courbaril, Matayba guianensis, Tabebuia serratifolia, Tabebuia impetiginosa e Sterculia striata. Destas, as quatro primeiras se destacam por possuírem populações com tamanhos similares nas três florestas o que indica serem tolerantes a uma ampla variação de condições ambientais no bioma Cerrado, pois ocorrem, de forma geral, em áreas de cerrado sensu stricto, matas de galeria e ciliares, assim como em florestas estacionais condição que realça a importância da vegetação matriz do bioma na manutenção das formações florestais. Os resultados podem subsidiar projetos de sivilcultura e recuperação ambiental nas áreas de estudo e em nível regional uma vez que foram obtidas relações espécie-ambiente com padrões comuns entre as matas do setor do Planalto Central e do setor Paranaibano do bioma Cerrado, apesar das distâncias e do posicionamento ecotonal do PNSC.

Referência:

HAIDAR, Ricardo Flores. Fitossociologia, diversidade e sua relação com variáveis ambientais em florestas estacionais do bioma cerrado no planalto central e nordeste do Brasil. 2007. 254 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Florestais)-Universidade de Brasília, Brasília, 2007.

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