Percepção de moradores sobre doença de Chagas e ocorrência de Triatoma costalimai (Hemiptera: Reduvidae) em áreas de cerrado, Goiás, Brasil

Autor(a):

Fernanda Machiner

Resumo:

Após a interrupção da transmissão vetorial da doença de Chagas por populações domésticas de Triatoma infestans no estado de Goiás, Brasil, a dificuldade para a consolidação do controle dessa doença é a ocorrência generalizada de outras espécies de triatomíneos nativas que invadem e eventualmente colonizam habitações humanas. Uma dessas espécies é Triatoma costalimai, que habita locais rochosos, muito frequentes nas áreas deste estudo. O presente trabalho apresentou duas abordagens, sendo a primeira, descrever o perfil das residências com registros de triatomíneos nos últimos 10 anos, em Mambaí e Buritinópolis, Goiás, e o conhecimento dos moradores sobre a doença de Chagas e seus vetores. Em uma segunda abordagem buscou-se determinar a ocorrência e infecção natural de Triatoma costalimai em habitats rochosos em diferentes ambientes (mata de galeria, mata seca e peridomicílio) e estações climáticas (chuvosa e seca), no município de Mambaí, Goiás. Os dados de registro de residências com triatomíneos foram disponibilizados pelos agentes de saúde de Mambaí. Os triatomíneos foram capturados em outubro de 2010 e junho de 2011 usando dois métodos (coleta manual e armadilhas adesivas com isca animal) e posteriormente foram separados por estádio e sexo, contabilizados e examinados parasitologicamente por compressão abdominal e análise microscópica das fezes. Foram entrevistados 15 moradores, a maioria era do sexo masculino, tinham idade entre 26 e 50 anos e escolaridade fundamental. O estudo mostra que a maioria das residências possuiam paredes de tijolo com reboco, piso de cerâmica e telhas de barro, todas tinham energia elétrica e em média construídas há 9 anos. Todas as residências possuiam animais no domicílio e peridomicílio. Todos os moradores entrevistados souberam identificar um triatomíneo, reconhecendo-o com nomes variados, e a maioria relatou ter encontrado o mesmo dentro de casa e encaminhado à Unidade de Saúde. Os moradores mostraram bom conhecimento sobre triatomíneos, doença de Chagas e meios de controle. Triatoma costalimai foi detectado nos três ambientes e nas duas estações amostradas. O sucesso total de captura das 900 armadilhas e 60 blocos de rochas inspecionados foi 5,8% e 11,7%, respectivamente. A ocorrência de T. costalimai foi maior nas rochas do peridomicílio, onde 97% dos 131 espécimes foram capturados. A proporção de ninfas (98%) foi muito superior à de adultos, os quais só foram detectados no peridomicílio. A ocorrência de T. costalimai foi diferente entre as estações climáticas e a maioria dos insetos (95%) foi capturada na época chuvosa, com predominância de ninfas I. Nenhum dos 43 espécimes examinados estava infectado por tripanosomatídeos. Os resultados indicam maior ocorrência de T. costalimai em ambiente peridomiciliar e na estação chuvosa em Mambaí, Goiás, salientando o comportamento sinantrópico dessa espécie de triatomíneo em uma área do cerrado brasileiro e a sua importância da vigilância entomológica.

Referência:

MACHINER, Fernanda. Percepção de moradores sobre doença de Chagas e ocorrência de Triatoma costalimai (Hemiptera: Reduvidae) em áreas de cerrado, Goiás, Brasil. 2012, xvi, 112 f., il. Dissertação (Mestrado em Medicina Tropical)—Universidade de Brasília, Brasília. 2012.

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