Potenciais e limitações do uso sustentável da biodiversidade do Cerrado: um estudo de caso da Cooperativa Grande Sertão no Norte de Minas

Potenciais e limitações do uso sustentável da biodiversidade do Cerrado: um estudo de caso da Cooperativa Grande Sertão no Norte de Minas

Autor(a):

Igor Simoni Homem de Carvalho

Resumo:

Este trabalho busca investigar questões relativas aos potenciais e limitações do uso sustentável da biodiversidade no bioma Cerrado praticado por comunidades agroextrativistas, sob os aspectos social, ambiental, econômico e político. Foi realizado um estudo de caso da Cooperativa de Agricultores Familiares Agroextrativistas Grande Sertão Ltda. (CGS), cujo trabalho envolve cerca de 1,5 mil famílias de diferentes comunidades e municípios da região Norte de Minas (MG). O carro-chefe da produção da CGS são polpas congeladas de frutas, sendo que parte dessas frutas provêm da coleta extrativa, como a cagaita (Eugenia disenterica), o coquinho-azedo (Butia capitata), a mangaba (Hancornia speciosa), o maracujá nativo (Passiflora cincinatta) e o panã (Annona crassiflora). Outro fruto extrativo com o qual a CGS trabalha é o pequi (Caryocar brasiliensis). Entre as safras ocorridas de setembro de 2002 e abril de 2006, foi gerada uma renda de cerca de R$ 125 mil aos extrativistas que entregaram frutos nativos do Cerrado à CGS, podendo chegar a, aproximadamente, R$ 1.700,00/extrativista/safra. A dissertação conclui que o uso sustentável da biodiversidade do Cerrado tem grande potencial para geração de renda a comunidades rurais pobres em consonância com a conservação dos recursos naturais e de seus serviços ecossistêmicos. Entretanto, o empreendimento Grande Sertão demonstra a grande complexidade do trabalho de inserção da produção extrativista no mercado e a importância da organização social e de apoios de organizações de assessoria, como o CAA – Centro de Agricultura Alternativa do Norte de Minas, da cooperação internacional e do poder público para a viabilidade do trabalho.

Referência:

CARVALHO, Igor Simoni Homem de. Potenciais e limitações do uso sustentável da biodiversidade do Cerrado: um estudo de caso da Cooperativa Grande Sertão no Norte de Minas. 2007. 165 f., il. Dissertação (Mestrado em Desenvolvimento Sustentável)-Universidade de Brasília, Brasília, 2007.

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Nos interstícios da soja: resistências, evoluções e adaptações dos sistemas agrícolas localizados na região do Refúgio de Vida Silvestre das Veredas do Oeste Baiano

Nos interstícios da soja: resistências, evoluções e adaptações dos sistemas agrícolas localizados na região do Refúgio de Vida Silvestre das Veredas do Oeste Baiano

Autor(a):

Cláudia de Souza

Resumo:

No Cerrado, a apropriação e a concentração de terras para o agronegócio deram continuidade a um processo iniciado há muito tempo e com o apoio das políticas públicas setoriais. Nas últimas três décadas, mais da metade do Cerrado brasileiro foi transformado em terras agrícolas de cultivos anuais e em pastagens plantadas. A soja, que ocupava cerca de 360 mil hectares, no Oeste Baiano, em 1990; em 2015, passou a ocupar 1,5 milhão de hectares. A lógica espacial produtiva do campesinato foi completamente alterada ao longo do tempo e os esforços de conservação do bioma são ínfimos, na comparação a outros biomas. Algumas unidades de conservação (UCs) estão localizadas em territórios de comunidades camponesas, como é o caso do Refúgio de Vida Silvestre Veredas do Oeste Baiano (Revis), localizado nos municípios de Jaborandi e Cocos, na Bahia. A pesquisa teve como objetivo identificar em que medida os sistemas agrícolas localizados nas comunidades situadas nos interstícios de unidades de conservação e o agronegócio, no Oeste Baiano, têm resistido, evoluído e se adaptado a essa coexistência. A tese formulada é de que é impossível haver a coexistência entre comunidades, agricultura empresarial e uma unidade de conservação de proteção integral no mesmo território. A justificativa é de que há resistências de ambos os atores em relação ao compartilhamento de um mesmo território e, dessa forma, não pode haver possibilidade de evolução e adaptação da agricultura familiar numa condição de dupla exclusão. Os dados primários dessa pesquisa foram obtidos, por meio da observação participante, no território do Revis, na comunidade do Pratudinho localizada dentro da UC e, nos interstícios de fazendas do agronegócio e a UC, na comunidade do Brejão, município de Jaborandi, Bahia. Informações relativas à UC e às fazendas do agronegócio sediadas em seu interior ou na zona de amortecimento também foram objeto da pesquisa. Analisamos, ainda, o problema em foco em vários municípios do Oeste Baiano. Os resultados nos permitem afirmar que há contrastes entre os sistemas produtivos no território estudado, havendo uma oposição entre paisagens, agrobiodiversidade, práticas dos fazendeiros e dos sistemas produtivos locais camponeses. Há ambém múltiplas interações, permeabilidades, interdependências entres os sistemas; as normas ambientais reforçam ou inibem estas relações. É possível evidenciar o “recuo” dos sistemas produtivos locais frente ao avanço da agricultura empresarial, em diversas escalas e setores, passando a estar encurralados muitas vezes em áreas protegidas. Apesar das lógicas opostas dos sistemas produtivos no território estudado, conclui-se que há uma interdependência entre eles, trabalho, terra e relações sociais. Como perspectiva, assinalamos que são necessários avanços no reconhecimento e aprimoramento dos sistemas produtivos locais, situados nos interstícios das monoculturas.

Referência:

SOUZA, Cláudia de. Nos interstícios da soja: resistências, evoluções e adaptações dos sistemas agrícolas localizados na região do Refúgio de Vida Silvestre das Veredas do Oeste Baiano. 2017. 311 f., il. Tese (Doutorado em Desenvolvimento Sustentável)—Universidade de Brasília, Brasília, 2017.

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Código Florestal, estratégias de alocação de reserva legal e dinâmicas territoriais no oeste da Bahia: um estudo de caso em fazendas do agronegócio no município de Jaborandi

Código Florestal, estratégias de alocação de reserva legal e dinâmicas territoriais no oeste da Bahia: um estudo de caso em fazendas do agronegócio no município de Jaborandi

Autor(a):

Vitor batista Carneiro de Alburquerque

Resumo:

O Cerrado, é considerado uma área prioritária para esforços de conservação desde o ano 2000. Até 2008, este bioma já havia perdido 48,37% da sua cobertura original devido principalmente a queimadas e à expansão da fronteira agrícola. O Código Florestal (CFB) é o principal instrumento de gestão ambiental no Cerrado. Em 2012, a Lei 12.651/2012, que o substituiu, estabeleceu novos mecanismos de gestão ambiental e aumentou o controle do Estado sobre a situação legal dos imóveis rurais. O Cadastro Ambiental Rural, os licenciamentos ambientais e as exigências do crédito rural formam uma cadeia de pré-requisitos legais de forma que sem a preservação da Reservas Legais e das Áreas de Preservação Permanente os fazendeiros não poderão obter as licensas e ficarão excluídos da obtenção de créditos. Por isso, manter as suas fazendas dentro da lei se tornou uma meta importante para os agricultores. Além dos novos instrumentos de controle, a nova Lei fez alterações importantes nas normas que regulamentam a criação e a compensação das áreas de Reserva Legal. Neste contexto, este estudo buscou compreender as estratégias utilizadas pelos fazendeiros do agronegócio para se adequar à nova legislação sobre a Reserva Legal, bem como quais são os efeitos destas estratégias sobre as dinâmicas territoriais no município de Jaborandi, no oeste da Bahia. Desde a década de 1970, o oeste baiano vem passando por um processo intenso de desmatamento e mudança de uso do solo devido à expansão do agronegócio. Este território que antes era ocupado por populações tradicionais passou a ser apropriado por fazendas de pinus com o incentivo do Estado e sua política de titulações públicas. Na década de 1990, o processo de ocupação foi incrementado pelas técnicas agrícolas que permitiram o cultivo da soja e outros grãos em áreas de Cerrado. Em Jaborandi, o sucesso da produção de soja, milho e algodão manteve acelerada a expansão da fronteira agrícola iniciada pelo pinus e junto com o fortalecimento do mercado de commodities, favoreceu a concentração de terras nos últimos 10 anos, adquiridas por grandes empresas. A partir de 2010, a região está presenciando a disseminação de tecnologias de irrigação em larga escala, os pivôs, o que pode trazer novas formas de competição entre a agricultura patronal e as comunidades locais. As políticas públicas do governo brasileiro desempenharam um papel central ao longo deste processo. Neste estudo percebemos que os mecanismos de compensação de RL, geralmente apresentados como sendo destinados aos grandes fazendeiros, na realidade são mais utilizados por pequenos proprietários, principalmente os que utilizam mão de obra familiar. As médias e grandes propriedades (acima de 1.500 hectares), possuem maior facilidade para se regularizar pois conseguem sobrepor suas RLs às APPs e alocar a RL em locais da propriedade com condições impróprias para a agricultura mecanizada. Enquanto isso, os pequenos produtores precisam recorrer à compensação da RL, muitas vezes coletivamente, já que não possuem espaço na propriedade para alocá-la. Os fazendeiros demonstraram grande interesse na desoneração de RL, (mecanismo criado pela Lei 12.651/2012 que permite a alocação da RL em uma unidade de conservação e doação da área para o poder público) pois assim ficam livres da responsabilidade de preservá-la. Nos próximos anos, esta nova estratégia de alocação de RL pode se tornar muito frequente e provocar alterações importantes nas dinâmicas territoriais.

Referência:

ALBUQUERQUE, Vitor Batista Carneiro de. Código Florestal, estratégias de alocação de reserva legal e dinâmicas territoriais no oeste da Bahia: um estudo de caso em fazendas do agronegócio no município de Jaborandi. 2015. 70 f., il. Dissertação (Mestrado Acadêmico em Desenvolvimento Sustentável)—Universidade de Brasília, Brasília, 2015.

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Gestão participativa e conflito socioambientais em áreas protegidas no Cerrado mineiro: a pecuária de solta na RDS Veredas do Acari/MG

Gestão participativa e conflito socioambientais em áreas protegidas no Cerrado mineiro: a pecuária de solta na RDS Veredas do Acari/MG

Autor(a):

Sílvia Laine Borges Lúcio

Resumo:

Os últimos trinta anos foram marcados por mudanças das políticas de conservação da biodiversidade à luz dos objetivos do desenvolvimento sustentável. Esta evolução, dentre outros fatores, foi baseada na promoção da gestão participativa dos recursos naturais e busca legitimar os conhecimentos tradicionais na conservação da diversidade biológica. No Cerrado, as discussões e iniciativas de gestão participativa ainda são muito incipientes. Por exemplo, algumas práticas tradicionais, como a pecuária de solta, sempre estiveram presentes neste bioma, mas ainda não foram incorporadas nestas mudanças. Devido à crescente privatização do espaço rural e à criação de unidades de conservação, as comunidades locais estão sendo “encurraladas” para não desenvolverem estas práticas, e garantirem sua sobrevivência. Neste sentido, por que parece ser tão difícil conceber modelos de gestão participativa de áreas protegidas do Cerrado incluindo a pecuária em pastagens nativas? Haveria possibilidades de manter/adaptar estas práticas na gestão destas áreas? Há duas hipóteses para estes questionamentos: os órgãos ambientais e formuladores de políticas públicas não conhecem e não reconhecem as práticas e saberes das populações locais e por isto não as levam em consideração. Assim, excluem estas comunidades do processo de gestão participativa e tornando-as “deslocadas” em seu próprio espaço, antes de permitir a privatização das áreas e antes de implementar uma UC. Por outro lado, as comunidades locais muitas vezes não conseguem ou têm muitas dificuldades em se posicionar diante do poder público como populações tradicionais, assumindo que suas práticas sempre conviveram com o Cerrado, com menores impactos se comparadas com o agronegócio. O objetivo desta dissertação é analisar a possível convivência entre gado solto e ações de conservação em uma área protegida do Cerrado. Para entender as dificuldades existentes para implementar modelos de gestão participativa foi escolhida a única RDS do bioma, onde a solta é praticada tradicionalmente há pelo menos 100 anos. A RDS está situada no município de Chapada Gaúcha (Minas Gerais). Foi realizada uma pesquisa participativa com os atores locais (criadores de gado e representantes do Instituto Estadual de Florestas). Esta pesquisa foi realizada em duas etapas, sendo a primeira a pesquisa exploratória e a segunda foram feitas as entrevistas e aplicado os questionários. Foi utilizada a técnica de mapeamentos participativos para entender melhor a história dos usos da terra da RDS assim como os usos atuais. Verificou-se que existe um conflito socioambiental, que envolve diferentes percepções entre os atores locais. O principal argumento do órgão ambiental para justificar a retirada do gado da RDS é o uso do fogo, prática tradicionalmente utilizada pelos criadores para rebrota do capim. À pecuária também é associada a impactos como erosão e assoreamento. Por outro lado, os criadores de gado afirmam que os processos erosivos foram provocados pela monocultura de eucalipto (em 1979). Eles afirmam ainda que o fogo, atualmente, é colocado por pessoas que não são dali. Ou seja, se veem injustiçados ao terem os impactos ambientais atribuídos exclusivamente à pecuária. Conclui-se, de acordo com o contexto local, que não será possível promover a gestão participativa junto aos criadores, enquanto o órgão ambiental não conhecer e reconhecer suas práticas.

Referência:

LÚCIO, Sílvia Laine Borges. Gestão participativa e conflito socioambientais em áreas protegidas no Cerrado mineiro: a pecuária de solta na RDS Veredas do Acari/MG. 2013. 123 f. Dissertação (Mestrado em Desenvolvimento Sustentável)—Universidade de Brasília, Brasília, 2013.

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Árvores e agricultores familiares do Cerrado: uma análise do cultivo de espécies arbóreas em assentamentos de Mambaí e de Padre Bernardo (GO)

Árvores e agricultores familiares do Cerrado: uma análise do cultivo de espécies arbóreas em assentamentos de Mambaí e de Padre Bernardo (GO)

Autor(a):

Barbara Fellowa Dourado

Resumo:

O Cerrado é um bioma que possui grande biodiversidade e é berço de grandes bacias hidrográficas. Mesmo com toda essa importância, o bioma perdeu uma grande parte das suas áreas de vegetação nativa. Com o intuito de aumentar as áreas com presença de árvores nas propriedades familiares rurais são realizados projetos para promover o plantio de árvores e incentivar a utilização da biodiversidade nativa; porém, alguns desses projetos não alcançam os objetivos desejados. Para verificar como ocorrem os cultivos pelos agricultores que participaram de projetos, e também pelos que não participaram, foram selecionados três assentamentos que participaram de projetos de incentivo ao cultivo de árvores. Para conhecer os cultivos de árvores foram realizadas entrevistas, um mapeamento participativo em imagem de satélite e um questionário com 20 agricultores. Essas metodologias foram utilizadas para identificar as características dos cultivos de árvores pelos agricultores familiares, como a riqueza de árvores cultivadas por eles em seus lotes, as unidades de cultivo de árvores e as características dos agricultores separados por grupos de riqueza de espécies e área ocupada com os cultivos arbóreos. Foi verificado que os agricultores cultivam as árvores em 5 diferentes unidades de cultivo, que são espaços com função e estruturas próprias. Foram identificadas 78 espécies cultivadas pelos agricultores, sendo 38 espécies nativas do Cerrado. As principais árvores cultivadas nos lotes foram a mangueira, o pequizeiro, a laranjeira, o abacateiro e o cajueiro, demonstrando uma preferência por árvores frutíferas. Algumas características dos agricultores pareceram influenciar nos cultivos de árvores, como o tempo no lote, a idade, o trabalho assalariado e o gênero. A principal diferença entre os agricultores que participaram dos projetos e os que não participaram foi na riqueza de espécies; porém, dentre os cinco agricultores que tiveram a maior área e maior riqueza cultivada, apenas um fez parte do projeto. A não adoção das técnicas ensinadas nos projetos pode estar associada a ausência de análise prévia dos cultivos e árvores adotados pelos agricultores.

Referência:

DOURADO, Barbara Fellows. Árvores e agricultores familiares do Cerrado: uma análise do cultivo de espécies arbóreas em assentamentos de Mambaí e de Padre Bernardo (GO). 2016. 98 f., il. Dissertação (Mestrado em Desenvolvimento Sustentável)—Universidade de Brasília, Brasília, 2016.

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Sustentando o cerrado na respiração do Maracá: conversas com os mestres Krahô

Sustentando o cerrado na respiração do Maracá: conversas com os mestres Krahô

Autor(a):

Veronica Aldè

Resumo:

A partir de conversas com os anciãos, professores e pesquisadores Krahô, foi desenvolvido um trabalho de mapeamento e tradução dos cânticos do Ritual do Milho (AmjekimPohy Jô Crow), um dos principais eventos do ciclo anual de plantios dessa etnia. O ritual, os cânticos, e a narrativa de ”Catxekwyj e a Árvore do Milho” nos revelaram as densas e sonoras relações existentes entre homens, ambientes e todas as formas de vida que povoam um dos mais antigos e complexos Sistemas Biogeográficos do planeta – o Cerrado. Os materiais resultantes dessa pesquisa (Dvd e Relatório de Pesquisa) – realizada na perspectiva da interculturalidade e da pesquisa participativa – nos deixam pistas importantes do potencial educativo contido nessas vozes e estéticas ainda tão pouco conhecidas. Refletindo sobre alguns temas específicos como sustentabilidade, alteridade e autoria indígena propomos um trançado pedagógico através da arte-educação, capaz de fazer germinar através do movimento criativo essas férteis sementes de cultura que muito contribuiriam na formação de novas gerações mais sensíveis e abertas aos diálogos interculturais e ás múltiplas “verdades” e conhecimentos que circulam continuamente na respiração pluriétnica nacional.

Referência:

ALDÈ, Veronica. Sustentando o cerrado na respiração do Maracá: conversas com os mestres Krahô. 2013. 73 f. Dissertação (Mestrado Profissional em Desenvolvimento Sustentável)—Universidade de Brasília, Brasília, 2013.

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Manejo de pastagem com o uso do fogo em unidade de conservação de uso sustentável no Cerrado: estudo comparativo entre a RDS Veredas do Acari (MG) e a APA Nascentes do Rio Vermelho (GO)

Manejo de pastagem com o uso do fogo em unidade de conservação de uso sustentável no Cerrado: estudo comparativo entre a RDS Veredas do Acari (MG) e a APA Nascentes do Rio Vermelho (GO)

Autor(a):

Roque João Tumolo Neto

Resumo:

Este estudo objetivou analisar os fundamentos lógicos da racionalidade tradicional do usuário do fogo no Cerrado como ferramenta acessória de manejo, particularmente de pastagens, em oposição à racionalidade institucional do órgão ambiental gestor federal e do estadual de Minas Gerais, responsáveis pela conservação e preservação de unidades de conservação, contrapondo cada uma dessas racionalidades aos conhecimentos científicos disponíveis sobre o funcionamento geral do bioma. Assim procedendo, intencionou-se averiguar a pertinência científica dessas duas posições divergentes a partir do estudo comparativo de duas unidades de conservação de uso sustentável. A problemática levantada por este trabalho assentou-se na interseção de três conceitos – tradicionalidade, institucionalidade e evidência científica -, analisando e avaliando similaridades e divergências nessas unidades de conservação, uma no nordeste do Estado de Goiás, outra no norte do Estado de Minas Gerais. A primeira é contida nas fronteiras da Área de Proteção Ambiental (APA) Nascentes do Rio Vermelho. A segunda é contida no interior e no entorno da Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) Veredas do Acari. Teoricamente, esse estudo se baseou no entendimento weberiano para o conceito de racionalidade e nos pressupostos da ecologia política para os conflitos socioambientais em torno do uso dos recursos naturais para fins produtivos e para a conservação. Metodologicamente apoiou-se em revisão bibliográfica e documental, questionários e entrevistas semi-estruturadas, além de dados extraídos de imagens de satélites. Os resultados indicam que o manejo de pastagens com o uso do fogo no Cerrado pode impactar o meio ambiente. No entanto, esta prática tradicional está sendo criminalizada aprioristicamente, sem confrontá la às considerações trazidas pelos dados e estudos científicos mais atuais que tratam da ecologia do fogo, de seus aspectos sócio-históricos e da possibilidade de integrá-la a outras tecnologias. Tal extemporaneidade poderá acarretar o aumento de custos desnecessários à pequena criação bovina, com impactos sócio-econômicos negativos no curto prazo.

Referência:

TUMOLO NETO, Roque João. Manejo de pastagem com o uso do fogo em unidade de conservação de uso sustentável no Cerrado: estudo comparativo entre a RDS Veredas do Acari (MG) e a APA Nascentes do Rio Vermelho (GO). 2014. 229 f., il. Dissertação (Mestrado em Desenvolvimento Sustentável)—Universidade de Brasília, Brasília, 2014.

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Avaliação da fragmentação da paisagem natural de Cerrado decorrente do espraiamento urbano de Brasília

Avaliação da fragmentação da paisagem natural de Cerrado decorrente do espraiamento urbano de Brasília

Autor(a):

Priscila Pimentel Jacob

Resumo:

Introdução – A criação de uma interface conceitual e metodológica entre análises de fragmentação da paisagem – Ecologia – e análises do espraiamento urbano (urban sprawl) – Urbanismo – proporciona uma nova forma de se compreender as implicações da urbanização para o meio ambiente natural. Brasília, cidade planejada e construída no Cerrado Brasileiro, é marcada pelo espraiamento urbano. Objetivo – Avaliar a relação entre a fragmentação da paisagem de vegetação nativa do Cerrado e o espraiamento urbano de Brasília. Métodos – Análise diacrônica (1953-2013) da evolução da paisagem do Distrito Federal com base em métricas de paisagem obtidas pelo Sistema de Informação Geográfica (SIG). Análise sincrônica (comparação entre São Paulo/SP, Rio de Janeiro/RJ, Belo Horizonte/BH, Recife/PE, Porto Alegre/RS, Salvador/BA, Brasília/DF, Fortaleza/CE e Curitiba/PR em 2010-2014) da densidade e da compacidade urbanas com o auxílio do Sistema de Informação Geográfica (SIG). Criação de um cenário hipotético de paisagem resultante do crescimento urbano tradicional para Brasília. Resultados – A análise diacrônica mostrou que, 1953, o DF tinha um único fragmento de paisagem nativa de Cerrado de 5.784,50 km² e comprimento total de borda de 447,21 km. A área urbanizada, em 1953, era composta por dois pequenos fragmentos urbanos (Planaltina e Brazlândia) totalizando 1,21 km². Com a construção de Brasília e a sua expansão espraiada, a paisagem natural de Cerrado foi suprimida e fragmentada. Em 2013, o DF tinha 547 fragmentos de paisagem nativa de Cerrado com tamanho médio de 4,32 km² cada, comprimento total de borda de 10.591,20 km e área total de 2.362,21 km². A área urbanizada, em 2013, era composta por 255 fragmentos totalizando 873,68km². A análise sincrônica (2010 2014) mostrou que Brasília destaca-se pela baixa densidade populacional urbana média e pelo deslocamento das áreas mais densas para fora do centro. O cenário hipotético de crescimento urbano tradicional para Brasília mostra uma redução de 227km² (33%) da área urbanizada (2010-2014). Conclusão – A análise conjugada de fragmentação da paisagem natural e espraiamento urbano revela que o adensamento e a compactação da cidade podem promover um uso mais racional do solo e, assim, podem contribuir para a preservação da paisagem natural.

Referência:

JACOB, Priscila Pimentel. Avaliação da fragmentação da paisagem natural de Cerrado decorrente do espraiamento urbano de Brasília. 2017. xii, 67 f., il. Dissertação (Mestrado em Desenvolvimento Sustentável)—Universidade de Brasília, Brasília, 2017.

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Degradação e conservação do cerrado : uma história ambiental do estado de Goiás

Degradação e conservação do cerrado : uma história ambiental do estado de Goiás

Autor(a):

Carlos Christian Della Giustina

Resumo:

A presente tese tem como objetivo compreender o processo histórico de degradação e de conservação da natureza empreendidas no bioma Cerrado, no estado de Goiás. Para tanto, foram estudados o ambiente natural e os modos de vida das diferentes sociedades que ocuparam este território, ao longo dos períodos pré-colonial, colonial, imperial e republicano. Em cada período da história foram avaliados os principais recursos naturais utilizados e os passivos ambientais decorrentes dos processos produtivos coevos. Por fim, foram estudadas as principais estratégias conservacionistas, que buscaram a proteção dos remanescentes de vegetação nativa no estado. A pesquisa envolveu a consulta da literatura especializada, documentos históricos, censos demográficos e agropecuários, a base cartográfica oficial e as observações de campo. Os resultados mostraram que os tipos de recursos naturais disponíveis foram fundamentais para a configuração do povoamento e dos processos produtivos no estado. No período pré-colonial, os primeiros recursos naturais a promoverem a imigração de seres humanos para o cerrado foram os frutos, os animais para, as matérias primas minerais e o solo, utilizado para a agricultura. No período colonial, o ouro foi o principal atrativo. No período imperial com a decadência das minas auríferas, a pecuária passou a ser a principal atividade econômica. No período republicano, as atividades agropecuárias foram incrementadas pelo incentivo do Estado e pela melhoria da infraestrutura. Até a década de 1970, as atividades agropecuárias eram desenvolvidas principalmente em solos férteis. Nessas áreas ocorriam formações florestais denominadas de Mato Grosso de Goiás. Esse tipo de vegetação foi quase integralmente devastado. Após essa década, com a chamada “revolução verde”, solos menos férteis passaram a integrar as áreas agricultáveis. Com isto outros ecossistemas, como o Cerrado sentido restrito, passaram a ser ameaçados pela expansão das fronteiras agrícolas e pelo crescimento das cidades. Por outro lado, as políticas públicas de conservação do cerrado foram lentas e não foram suficientes para proteger a natureza no estado de Goiás. Estratégias como a gestão biorregional e a criação de unidades de conservação de proteção integral podem contribuir para a mudança na tendência de degradação do Cerrado.

Referência:

DELLA GIUSTINA, Carlos Christian. Degradação e conservação do cerrado : uma história ambiental do estado de Goiás. 2013. 210 f., il. Tese (Doutorado em Desenvolvimento Sustentável)—Universidade de Brasília, Brasília, 2013.

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Vestígios no Parque Nacional de Brasília e na Reserva Biológica da Contagem: do campo da invisibilidade aos lugares de memória

Vestígios no Parque Nacional de Brasília e na Reserva Biológica da Contagem: do campo da invisibilidade aos lugares de memória

Autor(a):

Nome dos autores em formato direto.

Resumo:

O Parque Nacional de Brasília, criado em 1961, e a Reserva Biológica da Contagem, criada em 2002, são Unidades de Conservação federais administradas pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade. Os limites das Unidades foram demarcados num território historicamente contextualizado pela dinâmica do avanço dos séculos coloniais. As terras desapropriadas para a fundação das reservas ambientais compreendem um espaço moldado por relações sociais, materializado na localização e distribuição de elementos criados pelo homem numa relação direta com o ambiente natural. Durante pesquisa em campo realizada em 2009 e 2010, foram identificados vestígios da ocupação do Planalto Central, testemunhos do século XVIII ao XX. As diretrizes das Unidades de Conservação contemplam, segundo a legislação brasileira, a preservação do ecossistema Cerrado. Pelo texto da legislação, a preservação do patrimônio cultural nelas existente não está na competência das mesmas e, tampouco, consta dos bens culturais relacionados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. O objetivo da pesquisa é dar visibilidade aos vestígios, inventariando-os por meio da narrativa histórica das sociedades que se relacionaram com os espaços hoje pertencentes ao Parque Nacional de Brasília e a Reserva Biológica da Contagem.

Referência:

VIEIRA JÚNIOR, Wilson Carlos Jardim. Vestígios no Parque Nacional de Brasília e na Reserva Biológica da Contagem: do campo da invisibilidade aos lugares de memória. 2010. 159 f. Dissertação (Mestrado em Arquitetura e Urbanismo)-Universidade de Brasília, Brasília, 2010.

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