Segurança alimentar e nutricional na perspectiva da cultura xavante da Aldeia São Marcos

Segurança alimentar e nutricional na perspectiva da cultura xavante da Aldeia São Marcos

Autor(a):

Oscar Wa’raiwẼ Urebete

Resumo:

Este trabalho discorre sobre questões relativas à segurança alimentar e nutricional na Aldeia São Marcos, na perspectiva da cultura Xavante, com foco para as situações de alteração, diminuição, substituição, abandono e as perspectivas de permanência e de continuidade dos costumes alimentares e nutricionais tradicionais, na atualidade. O texto se desenvolve a partir da análise do processo histórico em que houve a desvalorização da cultura alimentar própria entre os Xavante da Aldeia São Marcos, com a redução do uso de alimentação saudável tradicional, pós-contato com a sociedade não índia, e as condições de acesso às políticas públicas da segurança alimentar e nutricional. A metodologia utilizada foi a qualitativa e o trabalho de campo foi realizado por meio de entrevistas com anciãos e anciãs, bem como observação da comunidade da aldeia São Marcos. O resultado da pesquisa aponta para o fato de que um dos principais indicativos de mudança alimentar do povo Xavante é advindo do contato com os não indígenas. Além disso, não há políticas públicas adequadas que atendam essa população no que diz respeito à segurança alimentar e nutricional, o que tem causado diversas doenças advindas de carência alimentar e também de uso de alimentos como açúcar, óleo industrializado e álcool. Entretanto, verifica-se que, apesar de todas as mazelas, o povo Xavante mantém sua organização social e clânica de tempos imemoriais e, mesmo com indícios de ressignificação, conservam os rituais e principalmente os valores de respeito e reciprocidade, apesar do contato intermitente com a sociedade capitalista. 

Referência:

WA’RAIWẼ UREBETE, Oscar. Segurança alimentar e nutricional na perspectiva da cultura xavante da Aldeia São Marcos. 2017. 104 f., il. Dissertação (Mestrado em Desenvolvimento Sustentável)—Universidade de Brasília, Brasília, 2017.

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Território retireiro em disputa: cerca que divide e a perda do território de uso comunal dos Retireiros e Retireiras do Araguaia no Mato Grosso

Território retireiro em disputa: cerca que divide e a perda do território de uso comunal dos Retireiros e Retireiras do Araguaia no Mato Grosso

Autor(a):

Lidiane Taverny Sales

Resumo:

Esta dissertação analisa as modificações no regime de utilização comunal dos varjões do Rio Araguaia, território dos Retireiros e Retireiras do Araguaia: As pressões e transformações socioterritorial ocorridas a partir do ano de 2003, os conflitos desencadeados devido à pressão expansão/invasão latifundiária, grileira e especulativa, a cerca como símbolo desta modificação, com destaque o ano de 2013, conflito vivido mais fortemente na comunidade. Bem como, estudar os processos de autoafirmação identitária de Retireiros e Retireiras do Araguaia, reforçadas em contextos de ataques, ameaças, usurpação e expropriação do território tradicional Mato Verdinho. Identidades política e de resistência ativadas e fortalecidas na busca de estratégias de defesa socioterritorial. Para busca de dados, apoiou-se na pesquisa ação participativa, ativista e engajada, com participação observante; roda de conversas e reuniões. Na busca das informações, registros e observações, segui os carreiros/trieros formados por gados e homens no território. Entre os resultados obtidos, ativadores de conflito socioterritorial, estimulador do abandono das práticas do uso em regime comunal do território tradicional, destaca-se a concentração fundiária, a cerca como elemento característico desta concentração, a especulação fundiária como garantia em empréstimos bancários, suprir a economia verde, o avanço do agronegócio e a renúncia de alguns retireiros ao acordo de convivência. As práticas históricas desiguais na distribuição e acesso à terra na região do médio Rio Araguaia matogrossense, intensificadoras de conflitos estão ainda fortemente ligada aos mecanismos estatais e políticos provocadoras de expropriações e invasão dos territórios tradicionais. 

Referência:

SALES, Lidiane Taverny. Território retireiro em disputa: cerca que divide e a perda do território de uso comunal dos Retireiros e Retireiras do Araguaia no Mato Grosso. 2018. 134 f., il. Dissertação (Mestrado em Desenvolvimento Sustentável)—Universidade de Brasília, Brasília, 2018.

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Terras geraizeiras em disputa: os processos de autoafirmação identitária e retomada territorial de comunidades tradicionais de Rio Pardo de Minas frente à concentração fundiária​

Terras geraizeiras em disputa: os processos de autoafirmação identitária e retomada territorial de comunidades tradicionais de Rio Pardo de Minas frente à concentração fundiária

Autor(a):

Jonielson Ribeiro de Souza

Resumo:

Este trabalho analisa processos de autorreconhecimento identitário e retomada territorial de comunidades tradicionais geraizeiras a partir da problematização da questão da estrutura fundiária do município de Rio Pardo de Minas. Procura refletir sobre como a monocultura do eucalipto, implantada no norte do Estado de Minas Gerais a partir da década de 1970, impactou essas comunidades em seus aspectos produtivos culturais, sociais e fundiários, com foco nas comunidades Raiz, Moreira e Sobrado, daquele município. A concentração fundiária é uma das características históricas da região que foram intensificadas devido à acumulação de terras por grandes empresas monocultoras, promovida por mecanismos estatais de destinação de terras. Expropriadas de seus espaços de reprodução social e econômica, com a invasão dos monocultivos em suas áreas de uso comum, as chapadas, essas comunidades iniciaram processos de reação a partir dos anos 2.000, em lutas por direitos e meios de sobrevivência cultural e física e contra a invisibilização histórica a qual foram submetidas, utilizando-se de estratégias diversas. A pesquisa se apoia em uma participação observante, propiciada pelo envolvimento e articulação entre vários militantes e instituições, que formam redes de apoiadores à causa geraizeira, e também em entrevistas semiestruturadas, conversas, caminhadas transversais, leitura de bibliografia especializada, para fundamentação teórica, e consulta em documentos diversos, para levantamento de informações.

Referência:

SOUZA, Jonielson Ribeiro de. Terras geraizeiras em disputa: os processos de autoafirmação identitária e retomada territorial de comunidades tradicionais de Rio Pardo de Minas frente à concentração fundiária. 2017. 228 f., il. Dissertação (Mestrado em Desenvolvimento Sustentável)—Universidade de Brasília, Brasília, 2017.

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Juventude indígena conectada: narrativas da nova geração do território indígena do Xingu (TIX)

Juventude indígena conectada: narrativas da nova geração do território indígena do Xingu (TIX)

Autor(a):

Letícia Maria de Freitas Leite

Resumo:

Esta dissertação é uma etnografia, na rede social Facebook, dos índios do Território Indígena do Xingu (TIX). Identifico nesta pesquisa 17 pontos ativos de internet dentro das quatro Terras Indígenas que compõem esse Território, e 850 sujeitos do TIX com conta no Facebook. Capturei postagens públicas da linha do tempo da rede social da juventude indígena conectada: jovens porta-vozes das diferentes sociedades do TIX que transitam em três lugares: aldeia, cidade e internet. Trago as narrativas dessa juventude indígena conectada através da interface de temas que cruzam conteúdos publicados no Facebook com relatos de entrevista que realizei com representantes dessas postagens. Engajamento, mobilização, demonstrações de hierarquia, o cinema ativista, o associativismo, as eleições municipais e a construção de uma Casa da Mulher Yawalapiti são exemplos de temas que a juventude conectada está curtindo e compartilhando na internet. 

Referência:

LEITE, Letícia Maria de Freitas. Juventude indígena conectada: narrativas da nova geração do território indígena do Xingu (TIX). 2017. 156 f., il. Dissertação (Mestrado em Desenvolvimento Sustentável)—Universidade de Brasília, Brasília, 2017.

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O divino lixo: o papel da educação ambiental na coleta e destinação final do lixo na romaria do vão de almas, em Cavalcante, Goiás

O divino lixo: o papel da educação ambiental na coleta e destinação final do lixo na romaria do vão de almas, em Cavalcante, Goiás

Autor(a):

Rogério Ribeiro Coelho 

Resumo:

O presente artigo tem por objetivo refletir sobre a questão dos resíduos produzidos durante o Festejo do Vão de Almas, em Cavalcante, Goiás, Brasil, seu descarte e destinação final, bem como, sobre as atividades interventivas de Educação Ambiental desenvolvidas na Escola Calunga I, Extensão da Escola Municipal Santo Antônio, durante e depois do festejo. Visa também descrever o processo de produção da Cartilha didática, entitulada: “Guia da coleta seletiva do festejo do Vão de Almas”, como produto final do mestrado profissional. A metodologia utilizada no presente trabalho foi a pesquisa qualitativa utilizando a observação participante, entrevistas e rodas de conversas. Com base nos dados coletados e analisados, conclui-se que as ações realizadas antes, durante e depois do festejo demostram que a educação ambiental é um eixo fundamental para a conscientização e para a reflexão sobre o lixo nos festejos, porque houve uma diminuição na produção desse material. No entanto, somente com uma gestão compartilhada e contínua, contando com o apoio da escola, da prefeitura e dos membros da comunidade poder-se-á unir forças para resolver o problema. 

Referência:

COELHO, Rogério Ribeiro. O divino lixo: o papel da educação ambiental na coleta e destinação final do lixo na romaria do vão de almas, em Cavalcante, Goiás. 2017. [64] f., il. Dissertação (Mestrado em Desenvolvimento Sustentável)—Universidade de Brasília, Brasília, 2017.

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Desapocadas: concepções de beleza e conhecimentos tradicionais de mulheres quilombolas do Puris- MG

Desapocadas: concepções de beleza e conhecimentos tradicionais de mulheres quilombolas do Puris- MG

Autor(a):

Sirlene Barbosa Corrêa Passold

Resumo:

A dissertação busca compreender como as mulheres quilombolas do Puris constroem representações acerca da beleza, relacionando essas concepções com os conhecimentos tradicionais relativos ao embelezamento e cuidados com o corpo feminino nesta comunidade. O ponto de partida para a análise é a categoria “desapocada”, formulada pelas mulheres do Puris como designação da característica fundamental para a beleza feminina. Inicialmente, apresenta uma historicização dos processos de territorialidade e identidade do Quilombo Puris, pensando esses processos desde o tempo dos antigos até os dias de hoje. Em seguida, a partir da análise de relatos orais, diversos elementos são problematizados: as interseccionalidades que constituem a identidade dessas mulheres; as interlocuções possíveis com as representações ocidentais sobre a beleza negra; algumas histórias de vida e as concepções de beleza formuladas por essas mulheres; os conhecimentos tradicionais relativos à estética negra; as ressignificações em torno do lenço e turbante, bem como, das vestimentas, desde o algodão produzido até o uso da chita. Por fim, como sinalização de um exercício epistemológico, a autora constrói uma narrativa em que reflete sobre a sua história de vida ao relacionar os conhecimentos aprendidos tradicionalmente e aqueles que exercitou na universidade, durante a experiência do mestrado. 

Referência:

PASSOLD, Sirlene Barbosa Corrêa. Desapocadas: concepções de beleza e conhecimentos tradicionais de mulheres quilombolas do Puris- MG. 2017. 147 f., il. Dissertação (Mestrado Profissional em Sustentabilidade junto a Povos e Territórios Tradicionais)—Universidade de Brasília, Brasília, 2017.

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Sustentabilidade e processos de reconstrução identitária entre o povo indígena Kinikinau (Koinukunôen) em Mato Grosso do Sul

Sustentabilidade e processos de reconstrução identitária entre o povo indígena Kinikinau (Koinukunôen) em Mato Grosso do Sul

Autor(a):

Rosaldo de Albuquerque Souza

Resumo:

O povo indígena Kinikinau, do tronco linguístico Aruak, tem os primeiros registros históricos de sua existência no Chaco paraguaio. Por causa de perseguições por parte daqueles que os consideravam “selvagens”, migraram para o atual território brasileiro ainda na segunda metade do século XVII. O primeiro local a se instalarem foi nas proximidades do município sul mato-grossense de Miranda e, em seguida, se deslocaram até chegarem à reserva Indígena Kadiwéu, onde vivem atualmente. O grupo chegou a ser considerado “extinto” por alguns pesquisadores e tal ideia foi aceita, inclusive, pela FUNAI. Apesar de viverem por longos anos de forma oculta, sem declarar ao público sua identidade étnica, preservaram grande parte de raízes identitárias, como a arte, as manifestações culturais e a alimentação tradicional. Um sinal diacrítico muito importante, mas que, infelizmente, ficou nos rastros do tempo, foi a língua Kinikinau. No início do século XXI, a escola inseriu, no seu currículo, aulas de Língua Indígena, mas sabe-se que é muito difícil sensibilizar as crianças a aprenderem o idioma original. Um produto muito apreciado e produzido pelos Kinikinau (autodenominados Koinukunôen) é o mel. Os apicultores indígenas são excelentes conhecedores dos efeitos medicinais desse alimento e também conhecem, praticamente, todas as espécies de abelhas melíferas existentes na região em que vivem, a aldeia São João, localizada no município de Porto Murtinho. O principal objetivo deste trabalho é divulgar a existência do povo indígena Kinikinau, indicando meios de sustentabilidade, seja pela comercialização do mel extraído pelos homens, ou pelo comércio da cerâmica produzida pelas mulheres. 

Referência:

SOUZA, Rosaldo de Albuquerque. Sustentabilidade e processos de reconstrução identitária entre o povo indígena Kinikinau (Koinukunôen) em Mato Grosso do Sul. 2012. 61 f., il. Dissertação (Mestrado em Desenvolvimento Sustentável)—Universidade de Brasília, Brasília, 2012.

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O gê dos gerais: elementos de cartografia para a etno-história do planalto central: contribuição à antropogeografia do cerrado

O gê dos gerais: elementos de cartografia para a etno-história do planalto central: contribuição à antropogeografia do cerrado

Autor(a):

Rodrigo Martins dos Santos

Resumo:

Esta dissertação localiza diversos povos indígenas que habitavam o Planalto Central e, portanto, uma parte do Cerrado, antes das invasões Luso-Brasileiras. Será dado maior enfoque a uma porção desse espaço chamado regionalmente de Gerais. Tenho como base o mapa de Curt Nimuendaju que apresenta lacunas na localização de etnias em algumas áreas do centro do país. Pretendo esclarecer um problema que é a insuficiente disposição de informações cartográficas a respeito de quais eram e onde estavam os povos indígenas do Brasil Central, em especial num polígono que abrange o Noroeste e Triângulo Mineiro, todo o Estado de Goiás, extremo nordeste do Mato Grosso e sudoeste do Pará, grande parte do Tocantins, região sul do Maranhão e do Piauí, e oeste da Bahia. A hipótese central é de que há mais informações sobre etnias nessa região do que as apresentadas por Nimuendaju. Para tentar confirmá-la, utilizo diversos produtos cartográficos como o mapa de Čestmír Loukotka, e diversos mapas históricos disponíveis em arquivos públicos no Brasil e em Portugal. Também realizo um mapeamento inédito da localização de etnias constantes nos históricos municipais do banco de dados IBGE cidades. Dessa fonte compilo, ainda, as datas de colonização e fundação dos povoados e cidades, para ilustrar o avanço Luso-Brasileiro sobre o território indígena, bem como a implantação de aldeamentos pelo Estado e alguns quilombos pelos negros. A metodologia utilizada fundamenta-se na escola da antropogeografia de Ratzel, com apoio da etno-história e assessoria fundamental da cartografia. Após apresentar e localizar a área de estudo: os Gerais do Planalto Central e adjacências, teço uma breve descrição de seu meio físico, abordando os aspectos e origens do Cerrado, ambiente o qual conviveram e convivem os povos da região. Em seguida parto para aspectos etno-históricos, abordando desde a arqueologia à historiografia, no intuito inicial de ilustrar a chegada do ser humano à área e, em seguida, dos invasores Luso-Brasileiros. As análises finais são ricas em material cartográfico tanto históricos como produzidos para esta dissertação. Apresento dados que atestem quais eram os povos que habitavam esse espaço nos séculos XVII, XVIII e XIX, tendo em vista ser o momento de maior movimentação indígena provocada pela colonização na região. As conclusões são de que houve, pelo menos, 200 etnias no Planalto Central e adjacências, 88 além das 112 constantes no mapa de Nimuendaju. Com enfoque para os Gerais, onde aprofundo minhas análises, identifiquei 14 etnias a mais do que as 4 citadas por Nimuendaju, 18 ao total. Apresento algumas características etnográficas desses povos, agrupados por família lingüística, sobre suas origens e língua, com base em bibliografia, monografias, laudos, relatos de viajantes e história oral. Por fim, ilustro por meio de mapas a dinâmica da ocupação indígena, com migrações, diásporas e desaparecimentos de dezenas dessas etnias, tendo por base os fatores históricos e físicos já apresentados. A contribuição dessa pesquisa está no fortalecimento da territorialidade indígena na história do país, em especial do Brasil Central. Os resultados poderão ilustrar livros didáticos e conteúdos escolares de história e geografia, conforme estabelece a Lei 11.645/08. Também poderá colaborar em estudos sobre a etnicidade de populações rurais brasileiras. Nos Gerais há pelos menos duas comunidades indígenas emergentes, os Xakriabá e os Aricobé, é possível que hajam ainda outras comunidades remanescentes de uma das 18 etnias Geraizeiras, em especial os Akroá, Guegué e Cayapó. 

Referência:

SANTOS, Rodrigo Martins dos. O gê dos gerais: elementos de cartografia para a etno-história do planalto central: contribuição à antropogeografia do cerrado. 2013. 346, [27] f., il. Dissertação (Mestrado Profissional em Desenvolvimento Sustentável)—Universidade de Brasília, Brasília, 2013.

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Ti’a roptsimani’õ: os A’uwẽ Marãiwatsédé tecem saberes para a construção de uma proposta curricular intercultural

Ti’a roptsimani’õ: os A’uwẽ Marãiwatsédé tecem saberes para a construção de uma proposta curricular intercultural

Autor(a):

Luciana Akeme Sawasaki Manzano Deluci

Resumo:

O estudo apresenta os resultados de uma pesquisa que teve como objetivo principal elaborar uma proposta curricular, juntamente com a comunidade, para a Escola Estadual Indígena Marãiwatsédé, situada no Município de Bom Jesus do Araguaia/MT, que atenda às necessidades do povo A’uwẽ de Marãiwatsédé. Em meio ao processo, outros objetivos foram traçados: – compreender a função social da escola no contexto da aldeia Marãiwatsédé; – estabelecer um diálogo entre as Orientações Curriculares para Mato Grosso com a proposta curricular de Marãiwatsédé; – relacionar as fases da vida A’uwẽ com os ciclos de formação humana, propostos para as escolas estaduais de Mato Grosso e – iniciar a produção de material didático, como apoio pedagógico para os professores. A metodologia utilizada foi a qualitativa, que possibilitou o contato direto da pesquisadora com o campo de pesquisa e a utilização de vários procedimentos, entre eles: entrevistas, história oral, observação de campo, fotografia e análise de documentos. As entrevistas realizadas com anciãos, professores e pais permitiram compreender os anseios da comunidade, o que esperam da escola e da formação dos jovens. A história oral contribuiu para reunir narrativas que tratam da memória de Marãiwatsédé, das fases da vida do povo A’uwẽ Marãiwatsédé e do processo de reconquista do território ancestral. A análise de documentos, como a Constituição Federal de 1988, a LDB nº 9394/96, a Legislação Educacional para a educação escolar indígena, o Referencial Curricular Nacional para as Escolas Indígenas e as Orientações Curriculares para Mato Grosso – Ocs – foi fundamental para a compreensão das especificidades da educação escolar indígena e dos direitos dos povos indígenas no Brasil. A observação de campo auxiliou na compreensão da importância do ritual Wapté Nhõno, das atividades cotidianas da aldeia, da organização social e dos processos de educação tradicional do povo. Por último, as fotografias históricas e do cotidiano permitiram visualizar alguns acontecimentos que dificilmente seriam explicitados em palavras, ou observados, como: o movimento dos corpos, a fisionomia expressa nos rostos e olhares, entre outros. Os resultados da pesquisa indicam que o povo A’uwẽ possui uma forte relação com o território de Marãiwatsédé, tanto que não mede esforços pelo direito da posse plena de suas terras. Acredita que somente com a recuperação efetiva do território pode retomar a história, por meio das memórias transmitidas pelos anciãos às novas gerações, para que estabeleçam vínculos com o lugar e a memória dos antepassados. Além disso, o levantamento das necessidades e dos problemas da comunidade foi fundamental para a definição do fenômeno “terra” que desencadeou as discussões a respeito da organização dos conceitos/conteúdos escolares – complexo temático -, imprescindíveis à elaboração de um currículo que atenda às necessidades da comunidade de Marãiwatsédé. Dessa forma, pode-se dizer que, no atual contexto histórico, a elaboração de uma proposta curricular que faça sentido precisa contemplar, principalmente, temas relativos ao território, à memória e à cultura do povo de Marãiwatsédé. 

Referência:

DELUCI, Luciana Akeme Sawasaki Manzano. Ti’a roptsimani’õ: os A’uwẽ Marãiwatsédé tecem saberes para a construção de uma proposta curricular intercultural. 2013. 186 f., il. Dissertação (Mestrado em Desenvolvimento Sustentável)—Universidade de Brasília, Brasília, 2013.

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Proposta de plano de curso para a formação técnica dos agentes indígenas de saúde do Distrito Sanitário Especial Indígena Cuiabá

Proposta de plano de curso para a formação técnica dos agentes indígenas de saúde do Distrito Sanitário Especial Indígena Cuiabá

Autor(a):

Maria das Graças Oliveira de Figueiredo

Resumo:

Este trabalho apresenta uma proposta de Plano de Curso para formação profissional de Técnico em Agente Comunitário Indígena de Saúde (TACIS) a ser inserida no Projeto Politico-Pedagógico da Escola de Saúde Pública de Mato Grosso. Objetiva traçar diretrizes para a implantação de curso Técni7co em Agente Comunitário Indígena de Saúde de modo a atender à demanda de profissionalização na área de saúde para a população indígena do Estado. Está estruturado conforme a legislação vigente da Educação Profissional Técnica de Nível Médio. A presente iniciativa visa à complementação da formação para nível técnico dos agentes indígenas de saúde no Estado de Mato Grosso, bem como a qualificação para os iniciantes no processo pedagógico. Para a escolarização em nível médio propõe-se articular os processos de Educação Profissional e Educação Básica, por meio de parceria com a Secretaria Estadual de Educação de Mato Grosso/Equipe de Educação Indígena. Este projeto piloto destina-se ao DSEI Cuiabá, podendo vir a ser estendido aos demais DSEIs do Estado. A elaboração dessa proposta pedagógica buscou subsídios nos documentos da ESPMT, no Referencial Curricular para Curso Técnico de Agente Comunitário de Saúde (TACS) proposto pelo Ministério da Saúde e Ministério da Educação (2004) e nos relatos da experiência de formação de Agente Comunitário Indígena de Saúde ora desenvolvida no Amazonas – Alto Rio Negro pautada nas características culturais dos povos indígenas. A matriz curricular contempla três Áreas de formação: Área I – Promoção da Saúde em Comunidades Indígenas; Área II – Atenção à Saúde na Comunidade Indígena; Área III – Processo de Trabalho em Saúde Indígena visando atender ao itinerário formativo do TACIS, bem como propiciar a elevação da escolaridade. A implantação do curso apresenta-se como um desafio político, cultural e pedagógico, na medida em que está pautada nos princípios de educação e atenção à saúde em uma perspectiva diferenciada.

Referência:

FIGUEIREDO, Proposta de plano de curso para a formação técnica dos agentes indígenas de saúde do Distrito Sanitário Especial Indígena Cuiabá. 2013. xv, 82 f., il. (Mestrado Profissional em Sustentabilidade junto a Povos e Territórios Tradicionais)—Universidade de Brasília, Brasília, 2013.

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