Callithrix jacchus (Sagui-de-tufos-brancos)

Callithrix jacchus, (Linnaeus, 1758)

Nome(s) popular(es):

Sagui-de-tufos-brancos, sagui-do-nordeste, mico-estrela, sagui.

Características físicas:

O sagui-de-tufos-brancos é uma das menores espécies do gênero Callithrix, juntamente com o C. penicillata. Esses animais apresentam aproximadamente 20 cm de altura e o peso varia entre 200 a 350 gramas. São caracterizados pelos tufos auriculares brancos, mancha branca na testa e a cabeça de coloração negra ou castanho-escuro. A pelagem tem coloração geral acinzentada e cauda com faixas transversais pretas e cinzas.

 

Os saguis-de-tufos-brancos apresentam uma dieta composta preferencialmente de exsudato de plantas, o que confere a esses animais adaptações morfológicas para a gomivoria/exsudivoria. Entre elas, apresentam um padrão de dentição e musculatura da mastigação que permite a extração de goma das árvores, além de alterações no sistema digestivo para otimizar a digestão deste tipo de alimento.

Ecologia:

O Callithrix jacchus é originalmente endêmico da Caatinga e assim como o C. penicillata é uma espécie comum e de ampla distribuição geográfica. Ambas as espécies são encontradas nos biomas de Cerrado, Mata Atlântica e Caatinga. O sucesso ecológico do C. jacchus nesses ambientes ocorre primeiramente em razão de uma dieta bastante diversificada, sendo esses saguis os mais exsudívoros do grupo. Possuem adaptações morfológicas para extrair diretamente o exsudato das plantas, o que lhes permite habitar distintos ambientes que apresentam variedade sazonal na disponibilidade dos recursos alimentares. Além disso, apresentam habilidades cognitivas complexas para navegar por esses ambientes e um sistema de reprodução cooperativo com produção de duas ninhadas por ano.

Distribuição geográfica:

O C. jacchus ocorre no nordeste do Brasil e apresenta ampla distribuição, onde estima-se que a extensão de ocorrência da espécie seja maior que 20.000 km² e sua área de ocupação seja maior que 2.000 km². Está presente nos estados de Alagoas, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Piauí e Rio Grande do Norte como residente e nativo; nos estados da Bahia, Maranhão, Sergipe e, possivelmente, no nordeste do Tocantins, como residente, mas com origem incerta. 

Status de conservação e Ameaças:

Menos preocupante (LC): a espécie não se encontra inserida em nenhuma categoria de ameaça de extinção de acordo com a lista vermelha da IUCN (União Internacional para Conservação da Natureza). Os Callithrix jacchus, no entanto, apresentam suas populações em declínio devido à perda e fragmentação do seu habitat natural em consequência do desmatamento, atividades agropecuárias e expansão das cidades, além da vulnerabilidade a epidemias e do tráfico para uso como animais de estimação.

Referências:

Bezerra, B., Bicca-Marques, J., Miranda, J., Mittermeier, R.A., Oliveira, L., Pereira, D., Ruiz-Miranda, C., Valença Montenegro, M., da Cruz, M. & do Valle, R.R. (2018). Callithrix jacchus. The IUCN Red List of Threatened Species Acessado em 27 de janeiro de 2021. Disponível em https://dx.doi.org/10.2305/IUCN.UK.2018-2.RLTS.T41518A17936001.en

 

Hannibal, W., Renon, P., Figueiredo, V. V., Oliveira, R. F., Moreno, A. E. & Martinez, R. A. (2019). Trends and biases in scientific literature about marmosets, genus Callithrix (Primates, Callithichidae: biodiversity and conservation perspectives. Neotropical Biology and Conservation, 14(4), 529 – 538. https://doi.org/10.3897/neotropical.14.e49077

 

Malukiewicz, J., Boere, V., Oliveira, M. A. B., D’Arc, M., Ferreira, J. V. A., French, J., Houman, G., Souza, C. A. I., Jerusalinsky, L., Melo, F. R., Valença-Montenegro, M. M., Moreira, S. B., Silva, I. O., Pacheco, F. S., Rogers, J., Pissinatti, A., del Rosario, R., Ross, C., R. Ruiz-Miranda, C. R., … Tardif, S. (2020). An Introduction to the Callithrix Genus and Overview of Recent Advances in Marmoset Research. Preprints. https://doi.org/10.20944/preprints202011.0256.v1

 

Valença-Montenegro, M.M., Oliveira, L.C., Pereira,D.G., Oliveira,M.A.B., & Valle, R.R. (2012). Avaliação do Risco de Extinção de Callithrix jacchus (LINNAEUS, 1758) no Brasil. Processo de avaliação do risco de extinção da fauna brasileira. ICMBio. Acesso em 27 de janeiro de 2021. Disponível em http://www.icmbio.gov.br/portal/biodiversidade/fauna-brasileira/estado-de-conservacao/7204-mamiferos-callithrix-jacchus-sagui-de-tufo-branco.html

Callithrix penicillata (Sagui-de-tufos-pretos)

Callithrix penicillata, (É. Geoffroy, 1812)

Nome(s) popular(es):

Sagui-de-tufos-pretos, mico-estrela, sagui.

Características físicas:

Os saguis-de-tufos-pretos são macacos pequenos que apresentam aproximadamente 20 cm de altura e peso que varia entre 200 a 350 gramas. São caracterizados pelos tufos auriculares longos e pretos, mancha branca na testa e cabeça de coloração negra ou castanho-escuro. A pelagem tem coloração geral acinzentada e cauda com faixas transversais pretas e cinzas.

 

Dada a proximidade evolutiva entre as espécies de C. jacchus e C. penicillata, os saguis-de-tufos-pretos apresentam adaptações morfológicas semelhantes para a gomivoria, entre elas um padrão de dentição que facilitam a extração do exsudato das plantas.

Ecologia:

O Callithrix penicillata é nativo do Cerrado e apresenta adaptações que os permitem colonizar ambientes com vegetações mais abertas e sazonais. A colonização desses ambientes influencia na dieta generalista desses animais, que consiste de frutas, insetos, néctar, folhas, exsudato de plantas e até mesmo pequenos vertebrados.

 

Os saguis-de-tufos-pretos vivem em grupos de 2 a 13 indivíduos. Esses grupos geralmente são compostos por uma fêmea dominante que realiza a escolha do macho para o acasalamento. Os nascimentos ocorrem duas vezes ao ano e coincidem com o período chuvoso, sendo que geralmente nascem dois filhotes a cada gestação e o macho é o principal responsável pelo cuidado parental.

 

Um importante comportamento da espécie é a marcação de cheiro, que auxilia na defesa do território e atua na estabilidade das relações entre os membros do grupo. As variações no padrão comportamental da espécie dependem de fatores ambientais, como distribuição, sazonalidade e disponibilidade de recursos alimentares.

Distribuição geográfica:

O C. penicillata é uma espécie comum do Cerrado e de ampla distribuição, estando presente nos estados da Bahia, Goiás, Mato Grosso do Sul, Maranhão, Minas Gerais, Piauí, São Paulo e no Distrito Federal, como residente e nativo. As populações de saguis-de-tufos-pretos expandiram significativamente suas áreas de distribuição para além das regiões de ocorrência natural, devido à tolerância aos ambientes degradados e as áreas urbanas. Além disso, o tráfico ilegal desses animais entre o nordeste e sudeste do Brasil levou à presença da espécie nos estados do Espírito Santo, Rio de Janeiro, Paraná e Santa Catarina e Rio Grande do Sul como residente e introduzido.

Status de conservação e Ameaças:

Menos preocupante (LC): a espécie não se encontra inserida em nenhuma categoria de ameaça de extinção de acordo com a lista vermelha da IUCN (União Internacional para Conservação da Natureza). As principais ameaças se referem a incêndios, atividades agropecuárias, hibridização, apanha, entre outros.

Referências:

Bicca-Marques, J., Jerusalinsky, L., Mittermeier, R.A., Pereira, D., Ruiz-Miranda, C., Rímoli, J., Valença Montenegro, M. & do Valle, R.R. (2018). Callithrix penicillata. The IUCN Red List of Threatened Species. Acesso em 27 de janeiro de 2021. Disponível em https://dx.doi.org/10.2305/IUCN.UK.2018-2.RLTS.T41519A17935797.en

 

Hannibal, W., Renon, P., Figueiredo, V. V., Oliveira, R. F., Moreno, A. E. & Martinez, R. A. (2019). Trends and biases in scientific literature about marmosets, genus Callithrix (Primates, Callithichidae: biodiversity and conservation perspectives. Neotropical Biology and Conservation, 14(4), 529 – 538. https://doi.org/10.3897/neotropical.14.e49077

 

Malukiewicz, J., Boere, V., Oliveira, M. A. B., D’Arc, M., Ferreira, J. V. A., French, J., Houman, G., Souza, C. A. I., Jerusalinsky, L., Melo, F. R., Valença-Montenegro, M. M., Moreira, S. B., Silva, I. O., Pacheco, F. S., Rogers, J., Pissinatti, A., del Rosario, R., Ross, C., R. Ruiz-Miranda, C. R., … Tardif, S. (2020). An Introduction to the Callithrix Genus and Overview of Recent Advances in Marmoset Research. Preprints. https://doi.org/10.20944/preprints202011.0256.v1

 

Rímoli, J., Pereira, D. G., & Valle, R. R. (2015). Avaliação do Risco de Extinção de Callithrix penicillata (É. Geoffroy, 1812) no Brasil. Processo de avaliação do risco de extinção da fauna brasileira. ICMBio. Acesso em 27 de janeiro de 2021. Disponível em http://www.icmbio.gov.br/portal/biodiversidade/fauna-brasileira/estado-de-conservacao/7207-mamiferos-callithrix-penicillata-sagui-de-tufos-pretos.html

 

Silva, F. F. R., Malukiewicz, J., Silva, L. C., Carvalho, R. S., Ruiz-Miranda, C. R., Coelho, F. A. S., Figueira, M. P., Boere, V. & Silva, I. O. (2018). A survey of wild and introduced marmosets (Callithrix: Callitrichidae) in the southern and eastern portions of the state of Minas Gerais, Brazil. Primate Conservation, 32, 1 – 18.

 

Vilela, S. L. & Faria, D. S. de (2004) Seasonality of the activity pattern of Callithrix penicillata (Primates, Callitrichidae) in the Cerrado (scrub Savanna vegetation). Braz. J. Biol., 64(2), 363-370.

Solar dos Sertões – Museu Vivo dos Povos Tradicionais do Norte de Minas

Solar dos Sertões - Museu Vivo dos Povos Tradicionais do Norte de Minas

 

ATENÇÃO: VAMOS AJUDAR A CRIAR UM MUSEU DOS POVOS TRADICIONAIS DE MINAS GERAIS?
O Solar dos Sertões: Museu Vivo dos Povos Tradicionais de Minas Gerais nasce do desejo de reconhecer e preservar o legado cultural de sete povos mineiros: geraizeiros, vazanteiros, veredeiros, caatingueiros, quilombolas, indígenas e apanhadores de flores sempre-vivas. Acreditamos que o gesto de olhar para as histórias dessas mulheres e homens é restituir a memória da resistência percorrida por essas comunidades em prol da proteção do cerrado e outros biomas que compõem Minas Gerais.
A campanha de financiamento coletivo para a construção do “Solar do Sertão: Museu Vivo dos Povos Tradicionais de Minas Gerais” é uma ação contemplada pelo edital Matchfunding BNDES + Patrimônio Cultural 2020 na plataforma Benfeitoria.
Para doar, acesse o link: https://benfeitoria.com/museudospovosdemg

 

 

Para financiar a primeira etapa do projeto, precisamos do seu apoio para arrecadar a meta mínima R$ 60.000,00. A cada R$ 1,00 arrecadado o BNDES triplica a colaboração. Se não conseguirmos atingir a meta, o valor arrecadado é devolvido aos doadores. Por isso, a sua contribuição é muito importante para nos ajudar a alcançar os R$ 180.000,00, é o valor mínimo para executar o projeto. Dentro de um valor estimado entre R$ 20,00 e R$ 5.000,00, você pode colaborar conosco e receber como brinde uma lembrança dos povos tradicionais, de acordo com cada doação. Cada lembrança é também uma expressão dos saberes desses povos, carrega junto uma história de alguém ou de uma comunidade.

 

As Apanhadoras de Flores Sempre Vivas habitam a Serra do Espinhaço, em Minas Gerais, na região de Diamantina. Geralmente as famílias vivem em comunidades rurais nas terras baixas, onde praticam agricultura tradicional. Já os campos de coleta estão nas terras altas, conhecidas como terras de uso comum das famílias. São, portanto, terras ancestrais dessas famílias, que usam e conservam a biodiversidade, as águas e os solos por meio de práticas tradicionais. Maria de Fátima Alves, apanhadora de flores de Buenópolis (MG), vê nesse ofício uma riqueza capaz de garantir o sustento da família, “Ser apanhadora de flor é garantir
um ar puro para respirar, é ser guardião da biodiversidade”, ela afirma. A importância desse legado foi reconhecida pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) com o selo de Sistema de Patrimônio Agrícola de Importância Global (GIAHS), dedicado a promover o reconhecimento de comunidades tradicionais que mantém
sua diversidade socioambiental, mesmo diante de cenários de conflitos.

 

 

Nas margens do Velho Chico, Cicero Ferreira de Lima, 64 anos, aprendeu desde a infância a manejar a terra em seu devido tempo com o furão, uma ferramenta pontiaguda feita de lasca de aroeira. Como vazanteiro , ele se guia pelo tempo das secas e das águas para cultivar frutos e legumes nos lameiros, áreas de vazantes dos rios, seja nas margens ou nas ilhas, com grande potencial produtivo para quem tem o conhecimento de como manejar. A tradição vazanteira que Cícero aprendeu com seu pai, além de promover a segurança alimentar, possibilita a vitalidade dos rios e suas margens.

 

 

Essa sabedoria que vê no meio ambiente uma forma de coexistência está presente nas regiões dos planaltos e serras do Espinhaço norte mineiro, no cotidiano do povo geraizeiro, representado em diversas obras literárias do escritor Guimarães Rosa. “O território geraizeiro é um lugar onde nós podemos colher todos os nossos frutos do cerrado: o pequi, o fruto de
leite, a mangaba, o rufão”, afirma a geraizeira Marlene Ribeiro. Ali, de acordo com ela, durante muito tempo não havia cercas, o gado era solto no pasto de uso comum. Embora essa não seja mais a realidade das comunidades diante de diversos impactos socioambientais, os geraizeiros seguem afirmando sua identidade reconhecendo as potências do seu modo de viver.

 

 

O povo quilombola mantém com o seu território uma relação ancestral de resistência que ecoa através dos rituais que ali ocorrem com cantos, batuques e também através da agricultura tradicional habilmente adaptada às condições de seus territórios com o uso das sementes crioulas. A quilombola Faustina Soares, 57 anos, liderança da Fazenda Picada, localizada no Quilombo do Gurutuba, aprendeu desde criança a dança dos batuques nas Folias de Santos Reis. Essa tradição foi repassada pela quilombola a suas filhas, pois ela acredita que esse gesto de alegria mobilizado em todo o território encontra na dança um caminho que une a comunidade e reafirma a importância da cultura negra.

 

 

Em diferentes localidades do estado mineiro, 14 nações indígenas vivem através de uma cultura tradicional que coexiste com a natureza, neste projeto participam os Tuxás e os Xakriabás. Domingas Xacriabá, 27 anos, relembra a importância do ritual do toré na Aldeia Caatinguinha, localizada no território Xacriabá em São João das Missões, no norte de Minas.
“De seis em seis meses, para participar da festa fazemos a saia da seda do buriti com as pessoas mais velha e a juventude”, afirma Domingas. Ela pontua a importância do ritual como uma forma de unir as mulheres da comunidade e de tornar viva a tradição indígena de geração a geração.

 

 

“Quando você está chegando perto da vereda aí você enxerga de longe os buritis, naquele lugar o mais importante é que existe água e que ali vivem comunidades, os veredeiros.” Essa fala do veredeiro Santino Lopes, da comunidade Água Doce, retoma um princípio que guia a
comunidade: preservar as veredas para que delas possa se ter uma forma de existência para a comunidade que ali vive. Através da biodiversidade desse território, esse povo ao longo de gerações mantém uma cultura tradicional que bebe de referência afro indígenas e nos revela
características singulares que abarca os saberes em torno das veredas e do cerrado, do extrativismo dos frutos e plantas medicinais, da agricultura tradicional, de folias e dança. Entre elas, a dança de São Gonçalo é um saber praticado apenas em comunidades de veredeiros. São doze passos que precisam ser dominados com maestria para realizar o gesto da dança.

 

 

“Em um período de poucas chuvas, as pessoas aqui tinham a batata do umbuzeiro para fazer farinhas”, relembra seu Geraldo, que vê nesse exemplo a realidade de como a caatinga oferece inúmeras possibilidades de usufruir da sua riqueza agroecológica. Desde os sete anos o caatingueiro Geraldo Gomes, 57 anos, aprendeu com o avô a importância de cultivar sementes crioulas. Essa tradição lhe possibilitou construir maior autonomia alimentar e a entender como esse bioma dispõe de um patrimônio da biodiversidade. Hoje, no banco de sementes comunitário, ele abriga um dos maiores acervos de sementes crioulas da região que
contribuem diretamente para que famílias catingueiras possam ter uma alimentação rica e adaptadas para as variações climáticas durante o ano. Para se ter uma ideia do potencial, o seu banco abriga só de feijão mais de 70 variedades.

Histórias dessa natureza são um legado geracional para a humanidade. Para salvaguardar e revelar essas histórias para outras pessoas, acreditamos na importância da construção de um museu dedicado a mostrar a pluralidade que envolve os modos de vida dos povos
tradicionais. Além dessa missão que norteia o Solar dos Sertões, nos dedicamos a construí-lo em formato físico e através de uma plataforma virtual a partir de conteúdos criados e curados pelos povos, com o objetivo de tornar os saberes tradicionais acessíveis ao público.

 

Com o objetivo de partilhar um olhar sobre

Callicebus personatus (Guigó-mascarado)

Callicebus personatus, (É. Geoffroy & Humboldt, 1812)

Nome(s) popular(es):

Guigó-mascarado; guigó; sauá; zogue-zogue.

Características físicas:

Pesam em média 1,3 kg, sendo que a fêmea é aproximadamente 50 g mais leve que o macho. O tamanho corporal do macho é cerca de 38,5 cm e o caudal de 51 cm. Já a fêmea tem 35,5 cm de corpo e 49 cm de cauda.

 

Testa, orelhas, garganta, coroa e face são totalmente negros e o restante do corpo e cauda uniformemente alaranjados ou castanho-amarelados. Mãos, pés e braços são enegrecidos.

Ecologia:

A espécie apresenta baixa tolerância a modificações e perturbações em seu ambiente. Sua dieta é predominantemente composta por frutos (55-81%), seguida por folhas (18-26%) e flores, brotos de bambu e pequenos artrópodes (1-22%).

 

Formam casais monogâmicos, isto é, permanecem com o mesmo parceiro ao longo de toda a vida. O macho provê do cuidado parental, onde carrega o filhote até o desmame. A gestação dura um período de 167 dias, aproximadamente, e a fêmea dá à luz a somente um filhote a cada início de estação chuvosa. São escassas as pesquisas relacionadas a esta espécie e mais trabalhos devem ser realizados para melhor elucidação de dados ecológicos e comportamentais.

Distribuição geográfica:

Endêmico ao Brasil, o Callicebus personatus ocorre no nordeste de Minas Gerais e centro e norte do Espírito Santo. Sua área de extensão é estimada em 93.453 km² e infere-se que sua área de ocupação seja superior a 2.000 km². No bioma Mata Atlântica, faz uso tanto de florestas primárias, quanto de florestas secundárias, em elevações próximas ao nível do mar e, também é visto em áreas de Cerrado. Seu home range (área de vida) é de aproximadamente 11 hectares e é visto frequentemente utilizando os dosséis das florestas.

Status de conservação e Ameaças:

“Vulnerável” (VU): segundo a IUCN (União Internacional para Conservação da Natureza). Com distribuição relativamente limitada, o guigó-mascarado habita uma das regiões mais povoadas do país, dificultando sua preservação. A conversão de áreas florestadas em agricultura, pecuária, expansão urbana e rodovias, estão levando a um intenso desmatamento, gerando uma contínua perda e fragmentação de habitats para a espécie. Com isso, as populações de primatas estão reduzindo e se isolando cada vez mais.

Referências:

Byrne, H., Rylands, A. B., Carneiro, J. C., Alfaro, J. W. L., Bertuol, F., Da Silva, M. N. & Hrbek, T. 2016. Phylogenetic relationships of the New World titi monkeys (Callicebus): first appraisal of taxonomy based on molecular evidence. Frontiers in Zoology13(1), 10.

 

Chiarello, A.G. & de Melo, F.R. 2001. Primate population densities and sizes in Atlantic forest remnants of northern Espirito Santo, Brazil. International Journal of Primatology, 22: 379-396.

 

Kinzey, W.G. & Becker, M. 1983. Activity pattern of the masked titi monkey, Callicebus personatus. Primates, 24(3): 337-343.

 

Melo, F.R. & Rylands, A.B. 2008. Callicebus personatus (Geoffroy, 1812). p. 774-775. In: Machado, A.B.M.; Drummond, G.M. & Paglia, A.P. (Eds.). Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção – Vol. II. Ministério do Meio Ambiente e Fundação Biodiversitas. 907p.

 

Price, E.C. & Piedade, H.M. 2001. Diet of northern masked titi monkeys (Callicebus personatus). Folia Primatologica, 72: 335-338.

 

Price, E.C.; Piedade, H.M. & Wormell, D. 2002. Population densities of Primates in a Brazilian Atlantic Forest. Folia Primatologica, 73: 54-56.

 

Printes, R.C.; Jerusalinsky, L.; Sousa, M.C.; Rodrigues, L.R.R. & Hirsch, A. 2013. Zoogeography, genetic variation and conservation of the Callicebus personatus group. Pp. 43-50. In: Veiga, L.M.; Barnett, A.; Ferrari, S.F. & Norconk, M. (eds.). Evolutionary biology and conservation of titis, sakis, and uacaris. Cambridge University Press. 397p.

 

Veiga, L.M.; Kierulff, C.M.; Oliveira, M.M. & Mendes, S.L. 2008. Callicebus nigrifrons. In: IUCN Red List of Threatened Species, Version 2011.2. www.iucnredlist.org. (Acesso em 18/12/2020).

Callicebus nigrifons (Guigó-de-frente-negra)

Callicebus nigrifons, (Spix, 1823)

Nome(s) popular(es):

Guigó-de-frente-negra; guigó; sauá; zogue-zogue.

Características físicas:

A fêmea, em geral, é maior em tamanho em relação ao macho. O tamanho corporal da fêmea mede cerca de 35 cm de comprimento, e 49,5 cm de cauda, já o macho apresenta um comprimento corporal de 34,5 cm e caudal de 46,5 cm. Pesam, em média, 1,3 kg.

Possuem uma máscara negra que se destaca do restante do corpo. Testa, orelhas, queixo e face são de coloração negra. Peito, garganta e laterais do corpo são castanho-claros acinzentados, enquanto os pés e as mãos são negros. Sua cauda é de cor alaranjada ou castanho-alaranjada.

Ecologia:

O guigó-de-frente-negra é uma espécie arborícola, com preferência para as áreas de sub-bosque e possui hábitos diurnos. Uma das mais ativas espécies do grupo personatus, sua área de vida varia de 21 a 49 hectares. Quase a metade do tempo de atividade é gasto em forrageio e alimentação (47%), enquanto 21% do tempo é dedicado ao descanso. Sua dieta é composta por frutos na maior parte das vezes (46-64%), seguida de folhas (5-33%), flores (11-24%), invertebrados e vertebrados (3-10%).

 

O macho provê dos cuidados parentais do filhote até o desmame. Os Callicebus nigrifons são animais monogâmicos e vivem com o mesmo par a vida inteira. A gestação tem uma duração de cinco a seis meses e o filhote nasce entre os meses de outubro a janeiro.

Distribuição geográfica:

O guigó-de-frente-negra (Callicebus nigrifons) ocorre nos estados de Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro, o que significa que é endêmico ao Brasil. Dentre as espécies do grupo personatus, é o que possui maior distribuição geográfica. A sua área de ocorrência é de aproximadamente 442.679,4 km² e infere-se que sua área de ocupação seja maior que 2.000 km². A espécie habita florestas atlânticas primárias e secundárias a cerca de 1000 m de altitude, próximo ao nível do mar, além de áreas de Cerrado.

Status de conservação e Ameaças:

“Quase ameaçada” (NT): segundo a IUCN (União Internacional para Conservação da Natureza). Apesar da ampla distribuição, esta espécie ocorre na região mais populosa do Brasil, o que resulta em uma grande ameaça devido a perda de habitat, desmatamentos e fragmentação, dificultando a conservação da espécie. Um declínio populacional da espécie vem ocorrendo resultante da monocultura de eucalipto, desmatamento, pecuária, agricultura, queimadas e incêndios florestais.

Referências:

Byrne, H., Rylands, A.B., Carneiro, J.C. et al. Phylogenetic relationships of the New World titi monkeys (Callicebus): first appraisal of taxonomy based on molecular evidence. Front Zool 13, 10 (2016). https://doi.org/10.1186/s12983-016-0142-4

 

Franco, E.S. 2006. Caracterização da dieta e competição alimentar de Callicebus nigrifrons Spix, 1823 (Primates: Pitheciidae). Monografia (Graduação em Ciências Biológicas). Centro Universitário Metodista Izabela Hendrix – Minas Gerais.

 

IUCN/SSC Neotropical Primates Species Assessment Workshop (Red List). 2007. Oficina realizada em novembro de 2007 em Orlando, Florida, Estados Unidos.

 

Printes, R.C.; Jerusalinsky, L.; Sousa, M.C.; Rodrigues, L.R.R. & Hirsch, A. 2013. Zoogeography, genetic variation and conservation of the Callicebus personatus group. Pp. 43-50. In: Veiga, L.M.; Barnett, A.; Ferrari, S.F. & Norconk, M. (eds.). Evolutionary biology and conservation of titis, sakis, and uacaris. Cambridge University Press. 397p.

 

Rylands, A.B. 2012. Taxonomy of the Neotropical Primates – database. International Union for Conservation of Nature (IUCN), Species Survival Commission (SSC), Primate Specialist Group, IUCN, Gland.

 

Souza, S.B.; Martins, M.M. & Setz, E.Z.F. 1996. Activity pattern and feeding ecology of sympatric masked titi monkeys and buffy tufted-ear marmosets. Resumo 155. In: XVIth Congress of the International Primatological Society/ XIXth Conference of the American Society of Primatologists. Anais do… IPS e ASP, Estados Unidos.

 

Van Roosmalen, M.G.M.; Van Roosmalen, T. & Mittermeier, R.A. 2002. A taxonomic review of the titi monkeys, genus Callicebus Thomas, 1903, with the description of two new species, Callicebus bernhardi and Callicebus stephennashi, from Brazilian Amazonia. Neotropical Primates, 10(suppl.): 1-52.

 

Veiga, L.M.; Kierulff, C.M.; Oliveira, M.M. & Mendes, S.L. 2008. Callicebus nigrifrons. In: IUCN Red List of Threatened Species, Version 2011.2. www.iucnredlist.org. (Acesso em 18/12/2020).

Alouatta guariba (Bugio-ruivo)

Alouatta guariba, (Humboldt, 1812)

Nome(s) popular(es):

Bugio-ruivo; bugio-marrom.

Características físicas:

Os bugios-ruivos apresentam uma coloração castanho escuro, com a região lombar variando de uma tonalidade ruiva a alaranjada. Apresentam dimorfismo sexual, sendo os machos maiores que as fêmeas em geral. Para a subespécie A. guariba clamitans, os machos apresentam um peso médio de 6,7 kg, e comprimento médio de 53,7 cm da cabeça à extremidade do corpo e de 61,3 cm de cauda. Para as fêmeas, esses valores são de 4,3 kg, 49,4 cm e 45,9 cm, respectivamente. Essa subespécie também apresenta um dimorfismo sexual referente à diferença da coloração dos pelos de machos e fêmeas, sendo chamado de dicromatismo sexual. Sabe-se que os machos apresentam uma coloração ruivo avermelhada e as fêmeas são de coloração mais escura. Já para a subespécie A. guariba guariba, faltam dados mais específicos, mas estipula-se que os machos e as fêmeas possuem um peso que varia entre 4,1 e 7,1 kg, comprimento de 45,0 a 58,5 cm da cabeça à extremidade do corpo, e comprimento da cauda entre 48,5 e 67,0 cm. Ainda, para essa subespécie não há um dicromatismo sexual evidente, sendo machos e fêmeas da mesma cor.

Ecologia:

Os bugios-ruivos são herbívoros, diurnos, vivem em grupos sociais e apresentam vocalizações características por conta do osso hióide. Eles passam mais da metade de seu tempo livre em repouso, sendo essa uma estratégia para a conservação de energia. Assim, passam a maior parte do tempo no dossel superior das árvores, e, quando necessário, costumam andar para encontrar alimentos disponíveis sazonalmente. De modo geral, esses indivíduos são, preferencialmente, folívoros, mas também podem se alimentar de flores. Ainda, alguns estudos apontam uma preferência ao consumo de frutos durante os períodos nos quais estão disponíveis. Vivem em grupos, sendo mais comum encontrar grupos com cerca de 10 indivíduos, formados por um único macho, e várias fêmeas. Contudo, a composição desses grupos pode variar, e já foram registrados grupos com mais de um macho; e grupos de machos solteiros e fêmeas solteiras.

Esses animais apresentam uma grande área de ocorrência e isso possibilita a ocupação de diversos habitats, como terras baixas, e regiões montanhosas. Um dado interessante é que eles têm uma certa tolerância à modificações nos ambientes em que vivem. Assim, muitos indivíduos sobrevivem em espaços florestais remanescentes.

Distribuição geográfica:

Os bugios dessa espécie, de modo geral, se distribuem principalmente ao longo do bioma Mata Atlântica e suas áreas de transição com o Cerrado. Para o A. guariba clamitans, é notável sua ocorrência não somente em territórios brasileiros, mas também argentinos. Ocorre na porção leste da Mata Atlântica, abrangendo os estados de São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Espírito Santo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Sua distribuição é limitada por algumas regiões, como a província de Misiones no oeste, e, no norte, acredita-se que seu limite seja a porção norte do médio rio Jequitinhonha. Estima-se que a extensão de sua ocorrência seja maior que 20000 km², e acredita-se que sua área de ocupação seja maior que 2000 km².

Já os A. guariba guariba apresentam uma distribuição mais restrita ao sul da Bahia, nordeste de Minas Gerais e norte do Espírito Santo, sendo seu limite de distribuição ao sul a porção sul do baixo Jequitinhonha. Estima-se que a extensão de ocorrência desse táxon seja de 134541 km², e acredita-se que sua área de ocupação seja menor que 2000 km².

Status de conservação e Ameaças:

Vulnerável (VU): para a IUCN (União Internacional para a Conservação da Natureza), os dados da espécie A. guariba e da subespécie A. guariba clamitans indicam que elas podem correr algum risco de extinção. Isso ocorre, principalmente, por conta da destruição de habitats por ações antrópicas, como expansão da fronteira agrícola, e desmatamento.

 

Criticamente em perigo (CR): ao analisar somente a subespécie A. guariba guariba, nota-se que a situação piora. A expansão da urbanização e o elevado índice de desmatamento nas áreas que costumavam ser habitats dessa subespécie levaram suas populações a diminuir drasticamente.

Nota taxonômica:

Para essa espécie a classificação taxonômica tem sido muito discutida ao longo dos anos. Há uma proposta de divisão da espécie Alouatta guariba em duas subespécies Alouatta guariba guariba (Humboldt, 1812), popularmente conhecida como bugio marrom, e Alouatta guariba clamitans (Cabrera, 1940), também chamada de bugio ruivo. Tal conformação é observada nas classificações adotadas por Rylands (2000) e Groves (2005). No entanto, Gregorin (2006) pontua que A. guariba clamitans, seja na verdade uma espécie propriamente dita, a A. clamitans. Nesse sentido, para ele, A. guariba guariba também seria uma espécie, chamando-se A. guariba. Algumas características morfológicas, como a estruturação do crânio e do osso hióide levaram Gregorin a argumentar que as duas subespécies deveriam ser elevadas ao nível de espécie. No entanto, essa nomenclatura ainda não está muito difundida. Desta forma, seguimos a taxonomia adotada por Rylands (2000) e Groves (2005).

Referências:

Bicca-Marques, J. C.; Alves, S. L.; Ingberman, B.; Buss, G.; Fries, B. G.; Alonso, A.; Cunha, R. G. T.; Miranda, J. M. D. (2015). Avaliação do Risco de Extinção de Alouatta guariba clamitans Cabrera, 1940 no Brasil. Processo de avaliação do risco de extinção da fauna brasileira. ICMBio. http://www.icmbio.gov.br/portal/biodiversidade/fauna-brasileira/lista-de-especies/7179-mamiferos-alouatta-guariba-clamitans-guariba-ruivo.html. Acesso em 28 de janeiro de 2021.

 

Gregorin, R. (2006). Taxonomia e variação geográfica das espécies do gênero Alouatta Lacépède (Primates, Atelidae) no Brasil. Revista Brasileira de Zoologia, 23(1), 64-144. https://doi.org/10.1590/S0101-81752006000100005.

 

Groves, C. P. (2005). Order Primates. In D. E. Wilson & D. M. Reeder (Eds.), Mammal species of the world (3 ed., Vol. 1, pp. 110-184). Baltimore: Johns Hopkins University Press.

 

Mendes, S. L., Rylands. A. B., Kierulff, M. C. M., de Oliveira, M. M., Buss, G., Bicca-Marques, J. C., Alves, S. L., Ingberman, B., Fries, B. G., Alonso, A., da Cunha, R. G. T., Miranda, J. M. D., Melo, F. R., Jerusalinsky, L., Mittermeier, R. A. & Cortés-Ortiz L. & Talebi, M. (2020). Alouatta guariba ssp. clamitans. The IUCN Red List of Threatened Species 2020: e.T39918A17979180. https://dx.doi.org/10.2305/IUCN.UK.2020-3.RLTS.T39918A17979180.en. Acesso em 28 de janeiro de 2021.

 

Mendes, S. L., Rylands, A.B., Kierulff, M. C. M. & de Oliveira, M. M. (2020). Alouatta guariba ssp. guariba. The IUCN Red List of Threatened Species 2020: e.T39917A17979272. https://dx.doi.org/10.2305/IUCN.UK.2020-3.RLTS.T39917A17979272.en. Acesso em 28 de janeiro de 2021.

 

Neves, L. G.; Jerusalinsky, L.; Melo, F. R.(2015). Avaliação do Risco de Extinção de Alouatta guariba guariba (Humboldt, 1812) no Brasil. Processo de avaliação do risco de extinção da fauna brasileira. ICMBio. http://www.icmbio.gov.br/portal/biodiversidade/fauna-brasileira/lista-de-especies/7182-mamiferos-alouatta-guariba-guariba-bugio-marrom.html. Acesso em 28 de fevereiro de 2021.

 

Rylands, A. B. (2000). An assessment of the diversity of New World primates. Neotropical primates, 8, 61-93.

Jerusalinsky, L., Cortes-Ortíz, L., de Melo, F. R., Miranda, J., Alonso, A. C., Buss, G., Alves, S. L., Bicca-Marques, J., Neves, L., Ingberman, B., Fries, B., da Cunha, R., Mittermeier, R. A. & Talebi, M. (2020). Alouatta guariba. The IUCN Red List of Threatened Species 2020: e.T39916A17926390. https://dx.doi.org/10.2305/IUCN.UK.2020-2.RLTS.T39916A17926390.en. Acesso em 28 de janeiro de 2021.

Alouatta ululata (Bugio-de-mãos-ruivas-do-Maranhão)

Alouatta ululata, (Elliot, 1912)

Nome(s) popular(es):

Bugio-de-mãos-ruivas-do-Maranhão

Características físicas:

Os bugios-de-mãos-ruivas-do-maranhão apresentam um elevado dimorfismo sexual com dicromatismo, isto é, as fêmeas e os machos apresentam coloração distinta. Enquanto eles possuem pelagem negra brilhante com mãos, extremidade da cauda, flancos e pés ruivos, as fêmeas possuem uma coloração parda-amarelada e pelos acinzentados esparsos.

Ecologia:

O A. ululata é a espécie menos conhecida do gênero ao qual pertence. Isso significa que faltam dados concretos sobre a ecologia dessa espécie, e, assim, pouco se sabe sobre seu comportamento, número de populações e outros. No entanto, acredita-se que muitas dessas informações sejam semelhantes a outras espécies de Alouatta. Dessa forma, vivem em grupos, e são herbívoros folívoros-frugívoros, ou seja, se alimentam de folhas e frutos.

Distribuição geográfica:

É uma espécie endêmica do Brasil, ocorrendo, principalmente, nos estados do Maranhão, Piauí e Ceará. Assim, se faz presente no bioma Caatinga, Cerrado e áreas de mata de cocais e manguezais. Há poucos dados sobre sua área de ocupação histórica, sendo a extensão de ocorrência da espécie estimada em 135532 km² e sua área de ocupação desconhecida.

Status de conservação e Ameaças:

Em perigo (EN): segundo a IUCN (União Internacional para a Conservação da Natureza), a espécie A. ululata está correndo risco de extinção. As populações dessa espécie estão em declínio devido à destruição de habitats, e as causas apontadas para tal realidade são: mineração, desmatamento, mudanças climáticas e caça. Outra dificuldade é o fato dessa ser a espécie do gênero menos conhecida, o que dificulta a implementação de planos para sua conservação.

Referências:

Cortes-Ortíz, L., Ferreira, J., Fialho, M., Jerusalinsky, L., Laroque, P. & Pinto, T. (2020). Alouatta ululata. The IUCN Red List of Threatened Species 2020: e.T918A17925649. https://dx.doi.org/10.2305/IUCN.UK.2020-2.RLTS.T918A17925649.en. Acesso em 28 de janeiro de 2021.

 

Ferreira, J. G.; Pinto, T.; Fialho, M. S.; Laroque, P. O.  (2015). Avaliação do Risco de Extinção de Alouatta ululata Elliot, 1912 no Brasil. Processo de avaliação do risco de extinção da fauna brasileira. ICMBio. http://www.icmbio.gov.br/portal/biodiversidade/fauna-brasileira/estado-de-conservacao/7188-mamiferos-alouatta-ululata-guariba.html. Acesso em 28 de janeiro de 2021.

 

Freire Filho, R., & Palmeirim, P. (2019). Potential distribution of and priority conservations áreas for the Endangered Caatinga howler monkey Alouatta ululata in north-eastern Brazil. Oryx, 54(6), 1-9. DOI:10.1017/S0030605318001084.

 

Gregorin, R. (2006). Taxonomia e variação geográfica das espécies do gênero Alouatta Lacépède (Primates, Atelidae) no Brasil. Revista Brasileira de Zoologia, 23(1), 64-144. https://doi.org/10.1590/S0101-81752006000100005.

 

Groves, C. P. (2005). Order Primates. In D. E. Wilson & D. M. Reeder (Eds.), Mammal species of the world (3 ed., Vol. 1, pp. 110-184). Baltimore: Johns Hopkins University Press.

Alouatta belzebul (Bugiu-ruivo)

Alouatta belzebul, (Linnaeus, 1766)

Nome(s) popular(es):

Bugio-de-mãos-ruivas; guariba-de-mãos-ruivas; guariba-de-mãos-vermelhas.

Características físicas:

O padrão de coloração mais frequente em A. belzebul é uma pelagem toda negra com as regiões dos pés, mãos e terço apical da cauda de cor castanho-avermelhada ou ruiva. Contudo, já foram descritos indivíduos dessa espécie completamente negros ou ruivos. O dimorfismo sexual nesta espécie ocorre, pois o macho é maior que a fêmea. Em geral, apresentam um comprimento médio de 44,00 cm com 54,00 cm de cauda, e as fêmeas possuem 30,00 cm de comprimento da cabeça a porção final do corpo, e 45,00 cm de cauda. Ainda, o peso médio do macho é de 4,7 kg e o das fêmeas é, em média, 3,23 kg.

Ecologia:

São animais diurnos, herbívoros e vivem em árvores, ou seja, são arborícolas. Se alimentam preferencialmente de folhas, comendo folhas novas e, às vezes, cascas de árvores ou galhos lenhosos, mas raramente flores ou folhas maduras. Esse padrão de dieta pouco calórica, por conta da ingestão de folhas, explica o padrão de atividade do gênero dessa espécie, pois, em geral, eles passam mais da metade do tempo descansando ou dormindo. Durante estações mais chuvosas, já foi verificada uma maior ingestão de frutas por esses indivíduos. Outro dado interessante, é a prática de geofagia nessa espécie, ou seja, ingestão de solo. Isso geralmente ocorre quando os animais ingerem folhas maduras, mas não se sabe se eles conseguem absorver nutrientes do solo, ou se essa ingestão auxilia na digestão de folhas maduras durante as estações mais secas.

A respeito de sua vida social, essa espécie vive em grupos formados por até 20 indivíduos. A composição desses grupos varia mediante o total de indivíduos, mas, em geral, verifica-se que a presença de fêmeas é superior à de machos. São poligínicos, isto é, um macho pode copular com mais de uma fêmea. Sua gestação dura cerca de 187 dias, podendo ocorrer até duas gestações por ano. 

Distribuição geográfica:

É uma espécie endêmica do Brasil, comumente encontrada em duas populações distintas, sendo que uma se localiza na Floresta Amazônica e outra Mata Atlântica da região nordestina. Estima-se que sua distribuição limite ocorra até regiões de transição entre esses biomas com formações mais abertas, como Cerrado e Caatinga. A extensão de ocorrência da espécie é maior que 800.000 Km² para as populações da Amazônia e aproximadamente 16.600 Km² para aquelas da Mata Atlântica. Sobre sua área de ocupação, estima-se que a população amazônica possui mais de 2.000 km², e para a população de Mata Atlântica estima-se que esse valor seja menor que 160 km².

Status de conservação e Ameaças:

Vulnerável (VU): segundo a IUCN (União Internacional para a Conservação da Natureza), a espécie está sob ameaças. Essa realidade ocorre, principalmente, em função da diminuição do habitat das populações. Por conta do desmatamento e do avanço dos espaços urbanos e agropecuários, os habitats desta espécie diminuíram muito nas últimas três décadas, sendo que as populações de A. belzebul localizadas mais ao nordeste do Brasil são as mais vulneráveis.

Referências:

De Souza, L. L., Ferrari, S. F., Da Costa, M. L., & Kern, D. C (2002). Geophagy as a correlate od folivory in red-handed howlermonkeys (Alouatta belzebul) from Eastern Brazilian Amazonia. Journal of Chemical Ecology, 28(8), 1613-1621. DOI: 10.1023/a:1019928529879.

 

Gregorin, R. (2006). Taxonomia e variação geográfica das espécies do gênero Alouatta Lacépède (Primates, Atelidae) no Brasil. Revista Brasileira de Zoologia, 23(1), 64-144. https://doi.org/10.1590/S0101-81752006000100005.

 

Groves, C. P. (2005). Order Primates. In D. E. Wilson & D. M. Reeder (Eds.), Mammal species of the world (3 ed., Vol. 1, pp. 110-184). Baltimore: Johns Hopkins University Press.

 

Valença-Montenegro, M. M., Fialho, M. S., Carvalho, A. S., Ravetta, A. L., Régis,T., Melo, F. R., Veiga, L. M. (2012). Processo de avaliação do risco de extinção da fauna brasileira. ICMBio. http://www.icmbio.gov.br/portal/biodiversidade/fauna-brasileira/lista-de-especies/7171-mamiferos-alouatta-belzebul-guariba-de-maos-ruivas.html, Acesso em 28 de janeiro de 2021.

 

Valença Montenegro, M., Carvalho, A., Cortes-Ortíz, L., Fialho, M., Jerusalinsky, L., Melo, F., Mittermeier, R. A., Ravetta, A., Régis, T., Talebi, M. & Veiga, L. M. (2019). Alouatta belzebul. The IUCN Red List of Threatened Species 2019: e.T39957A17925370. https://dx.doi.org/10.2305/IUCN.UK.2019-3.RLTS.T39957A17925370.en. Acesso em 28 de janeiro de 2021.

Alouatta caraya (Bugiu-preto)

Alouatta caraya , (Humboldt, 1812)

Nome(s) popular(es):

Bugio-preto, guariba, bugio-do-pantanal.

Características físicas:

Os bugios-preto apresentam dicromatismo sexual, ou seja, machos e fêmeas possuem pelos de cor distinta. O macho de bugio-preto apresenta uma coloração negra, e a fêmea possui uma coloração castanho-amarelada com uma faixa dorsal larga nas costas de cor castanho escuro. Todos os indivíduos, quando juvenis, possuem pelagem castanho-amarelado, e, durante seu desenvolvimento, apenas as fêmeas mantêm essa característica.


Em geral, essa espécie apresenta porte médio, sendo que o tamanho corporal do macho é cerca de 57,0 cm, e peso médio de 5 kg. Já as fêmeas possuem cerca de 50,5 cm e pesam em média 4,5 kg.

Ecologia:

O A. caraya possui hábito diurno, e é arborícola. Isso significa que passam sua vida em árvores, e, no caso deles, são capazes de ocupar quase todo estrato arbóreo, tendo uma preferência pela copa das árvores. Vivem em grupos familiares que possuem uma média de 8 indivíduos, mas já foram registrados grupos com mais de 18 componentes.


Os grupos têm uma proporção sexual aproximadamente igual, mas o número de fêmeas pode ser maior. Isso ocorre, pois alguns jovens machos podem deixar o seu grupo de origem com o amadurecimento sexual, visando integrar outros grupos. O sistema de acasalamento dessa espécie é poligínico, ou seja, um macho pode acasalar com mais de uma fêmea. O período de gestação dura cerca de 186 dias, e acontece, geralmente, uma gestação por ano. Ainda, fêmeas já foram observadas praticando cuidados aloparentais, isto é, cuidando de filhotes que não são seus. Observações de grupos já demonstraram que seus componentes gastam aproximadamente 61,6% do seu dia descansando, 17,6% andando, e 15,6% comendo, 4,9% interações sociais e 0,3% bebendo. Sua dieta é herbívora com preferência por folhas, e, portanto, é pouco calórica.

Distribuição geográfica:

O bugio-preto habita regiões savânicas e florestais, sendo típico dos biomas Cerrado e Pantanal. Dessa forma, apresenta uma ampla distribuição geográfica que abrange diversos estados brasileiros, indo do Tocantins ao Rio Grande do Sul. Também pode ser encontrado em outros países, como Argentina, Bolívia e Paraguai. A sua área de ocorrência é de aproximadamente de 3.460.631 km², e estima-se que sua área de ocupação seja bem maior que 2.000 km².

Status de conservação e Ameaças:

Quase ameaçada (NT): segundo a IUCN (União Internacional para a Conservação da Natureza), a espécie A. caraya não se encontra inserida na categoria de “vulnerável”, mas está perto de se enquadrar. Apesar dos indivíduos apresentarem uma ampla distribuição, é notável a diminuição de populações dessas espécies em alguns estados brasileiros, como Rio Grande do Sul e São Paulo. Isso é motivado, principalmente, pela expansão da mancha urbana, e seu decorrente desmatamento.

Referências:

Bicca-Marques, J., Calegaro-Marquez, C. (1998). Behavioral Thermoregulation in a Sexually and Developmentally Dichromatic Neotropical Primate, The Black-and-Gold Howling Monkey (Alouatta caraya). American Journal of Physical Anthropology, 106(4), 533-546. DOI: 10.1002/(SICI)1096-8644(199808)106:4<533::AID-AJPA8>3.0.CO;2-J

 

Bicca-Marques, J. (1993). PADRÃO DAS ATIVIDADES DIÁRIAS DO BUGIO-PRETO Alouatta caraya (PRIMATES, CEBIDAE): UMA ANÁLISE TEMPORAL E BIOENERGÉTICA. In: A Primatologia no Brasil: volume 10. Porto Alegre: Sociedade Brasileira de Primatologia.

 

Bicca-Marques, J., Alves, S. L., Boubli, J., Cornejo, F. M., Cortes-Ortíz, L., Jerusalinsky, L., Ludwig, G., Martins, V., de Melo, F. R., Messias, M., Miranda, J., Rumiz, D. I., Rímoli, J., Talebi, M., Wallace, R., da Cunha, R. & do Valle, R. R. (2020). Alouatta caraya. The IUCN Red List of Threatened Species 2020: e.T41545A17924308. https://dx.doi.org/10.2305/IUCN.UK.2020-2.RLTS.T41545A17924308.en. Acesso em: 28 janeiro de 2021.

 

Gregorin, R. (2006). Taxonomia e variação geográfica das espécies do gênero Alouatta Lacépède (Primates, Atelidae) no Brasil. Revista Brasileira de Zoologia, 23(1), 64-144. https://doi.org/10.1590/S0101-81752006000100005.

 

Groves, C. P. (2005). Order Primates. In D. E. Wilson & D. M. Reeder (Eds.), Mammal species of the world (3 ed., Vol. 1, pp. 110-184). Baltimore: Johns Hopkins University Press.

 

Ludwig, G., Bicca-Marques, C., Rímole, J., Cunha, R. G. T., Alves, S. L., Martins, V., Valle, R. R., Miranda, J. M. D., Messias, M. R. (2015). Avaliação do Risco de Extinção de Alouatta caraya (Humboldt,1812) no Brasil. Processo de avaliação do risco de extinção da fauna brasileira. ICMBio. http://www.icmbio.gov.br/portal/biodiversidade/fauna-brasileira/estado-de-conservacao/7176-mamiferos-alouatta-caraya-bugio-preto.html. Acesso em 28 de janeiro de 2021.

Live de lançamento do filme “O tempo da flor”

Live de lançamento do filme “O tempo da flor”

Com o objetivo de partilhar um olhar sobre o modo de vida dos Apanhadores de Flores Sempre Vivas, nesta sexta-feira (19/02) as 18hs, será transmitida a live de lançamento do filme “O tempo da flor”, uma coprodução da Canoa Filmes (@filmesdacanoa), Banda Filmes (@bandafilmes), apanhadoras e apanhadores de flores sempre-viva e da Codecex (@codecex). O evento terá a participação de Jandira da Conceição dos Santos, apanhadora de flores do Quilombo de Mata dos Crioulos; Thiago Carvalho, diretor e produtor do filme; Maria de Fátima Alves, apanhadora de flores e coordenadora da Codecex; Samuel Leite Caetano, Caa NM.


Há gerações mulheres, homens e crianças se dedicam ao ofício de apanhar flores sempre-viva na região da Serra do Espinhaço, no Norte de Minas Gerais. No quilombo da Mata dos Crioulos, a família de Jandira vive os primeiros dias da estação de colheita das flores sempre-vivas. Ali, a relação com o tempo e a natureza que os cerca é cultivada pela espera e pelo respeito aos ciclos das flores que nascem nesse território.

A transmissão da live será realizada na página do Facebook do CAA NM, às 18h.

Não perca, participe! Colabore para a construção do Museu Vivo dos Povos Tradicionais de Minas Gerais! Acesse o link aqui ou na BIO 🙌 : https://benfeitoria.com/museudospovosdemg


A sua doação será multiplicada. Isso mesmo! É um matchfunding. A gente explica: para cada 1 real doado, o BNDES vai investir 2 reais, ou seja, vai triplicar a sua doação. Mas é tudo ou nada, se não atingirmos a meta o recurso será devolvido. Faça parte dessa história, colabore!
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