Céu de Pipiripau: da tragédia dos comuns à sustentabilidade hídrica

Céu de Pipiripau: da tragédia dos comuns à sustentabilidade hídrica

Autor(a):

Osmar de Araújo Coelho Filho

Resumo:

O Distrito Federal, DF, onde está a capital do Brasil, Brasília, localiza-se no planalto central brasileiro, em uma área ecologicamente frágil, onde mais de 91 % das terras estão em áreas de proteção ambiental. Os rios da região, devido a retirada da vegetação de Cerrado, sofrem com a redução de suas vazões hídricas. A mudança climática em andamento trouxe a necessidade de um planejamento ambiental que promova a conservação ambiental, bem como a geração dos serviços ambientais essenciais, como água e alimentos. Esta pesquisa utilizou a análise da percepção ambiental aplicada aos agricultores e gestores, que vivem e trabalham em uma das três principais bacias que produzem água para Brasília: a bacia do Pipiripau. Os resultados da pesquisa apontaram os domínios da política ambiental, em que existem objetivos estratégicos em comum para os dois grupos: fortalecimento institucional e educação ambiental. Estes domínios podem determinar a definição normativa de ações voltadas à resolução da escassez hídrica.

Referência:

COELHO FILHO, Osmar de Araújo. Céu de Pipiripau: da tragédia dos comuns à sustentabilidade hídrica. 2014. 243 f., il. Dissertação (Mestrado em Desenvolvimento Sustentável)—Universidade de Brasília, Brasília, 2014.

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Desafios da participação social no contexto do desenvolvimento sustentável: as contribuições da educomunicação e da atuação em redes sociais

Desafios da participação social no contexto do desenvolvimento sustentável: as contribuições da educomunicação e da atuação em redes sociais

Autor(a):

Mariann Tóth

Resumo:

A participação social tem sido vista como condição essencial para a legitimação e a efetivação de ações propositivas relacionadas às problemáticas socioambientais. Diversas práticas de promoção da participação social têm sido implementadas no âmbito das ações de Desenvolvimento Sustentável. No entanto, os processos participativos têm apresentado limitações relacionadas às relações de poder desiguais entre os atores sociais; aos limites da expressão de suas demandas; à desmotivação para participação; e aos limites dos espaços tradicionais de participação. Esta dissertação apresenta as principais críticas feitas às práticas participativas realizadas no âmbito do Desenvolvimento Sustentável, e discute duas propostas emergentes que podem nortear a proposição de estratégias com vistas a promover a participação social: o campo da Educomunicação e a perspectiva de atuação em redes sociais. O trabalho faz uma análise comparativa de quatro projetos de Educomunicação realizados no Brasil para verificar em que medida os processos educomunicativos conseguem promover relações mais homogêneas de poder; aumentar o coeficiente de expressão dos participantes; motivar a população para participação; e formular novos espaços de participação. Conclui-se que a Educomunicação apresenta potencial significativo para a promoção de novos espaços de participação social e a ampliação do potencial de expressão de demandas sociais e ambientais, no entanto, suas ações apresentam limitações com relação à manutenção de relações de poder mais homogêneas e a motivação continuada da população. A dissertação também analisa a proposta da atuação em redes sociais como espaço alternativo de participação social. O trabalho analisa o caso de uma rede social virtual, a Rede Cerrado em Pauta, resultado da mobilização de atores sociais do Distrito Federal em torno de intervenções educomunicativas para responder problemáticas do Cerrado. O trabalho analisa as relações de horizontalidade entre os atores da Rede referentes à distribuição equitativa de sua participação, e a sustentabilidade da Rede referente à manutenção de sua função de rede, independente de flutuações internas e externas. A Rede é estudada por meio da Análise de Redes Sociais e por meio da análise quantitativa das mensagens enviadas, das discussões iniciadas e das respostas recebidas por 102 atores ao longo de um estudo longitudinal de 21 meses. Conclui-se que a atuação em rede social não garante necessariamente a promoção de relações de poder homogêneas, nem a interação continuada entre os atores. As discussões finais da dissertação contribuem para a reflexão sobre o papel das novas tecnologias para o desenho de espaços inovadores de participação social, para a ampliação das formas de expressão, e para a mobilização social para a participação social em questões socioambientais.

Referência:

TÓTH, Mariann. Desafios da participação social no contexto do desenvolvimento sustentável: as contribuições da educomunicação e da atuação em redes sociais. 2012. 102 f., il. Dissertação (Mestrado em Desenvolvimento Sustentável)—Universidade de Brasília, Brasília, 2012.

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A confluência entre a ecologia do fogo e o conhecimento xavante sobre o manejo do fogo no Cerrado

A confluência entre a ecologia do fogo e o conhecimento xavante sobre o manejo do fogo no Cerrado

Autor(a):

Mônica Martins de Melo

Resumo:

Esta pesquisa teve como objetivo investigar as práticas de queimadas realizadas pelos Xavante, resgatar e sistematizar o conhecimento ecológico dessa etnia sobre o uso do fogo. Busca estabelecer um diálogo entre os fundamentos da ecologia do fogo e do saber tradicional sobre o uso do fogo, a fim de contribuir para construção de um conhecimento mais integrador sobre o manejo de fogo para o Cerrado. Foram realizados trabalhos de campo nas Terras Indígenas Areões (MT) e Pimentel Barbosa (MT). Em termos metodológicos, baseou-se nos princípios da etnoecologia, procurando compreender e estabelecer uma avaliação das atividades intelectuais e das práticas dos Xavante relativas ao uso do fogo, durante o procedimentos de utilização dos recursos naturais, tendo como foco as caçada com fogo. Na primeira fase de campo foram realizadas entrevistas estruturadas que se basearam essencialmente nas questões que têm sido discutidas pela ecologia do fogo. Na segunda etapa de campo, com a integração das concepções ambientais e culturais sob a perspectiva dos pesquisados, foram realizadas entrevistas parcialmente estruturadas. Focalizando quatro categorias (processo de decisão, manejo de fogo, fundamentos ecológicos e fundamentos culturais) que caracterizam o padrão da atividade de caça com uso do fogo. Foi constatado que os Xavante detêm um conhecimento que permite definir o período e a periodicidade de queima, para manejar o ambiente com o objetivo de aumentar a eficácia das caçadas com fogo, buscando garantir a sustentabilidade dos ecossistemas. Foi visto que eles desenvolveram uma concepção ambiental integradora, que tem como principais referências as estrelas, as condições do vento e as especificidades de cada fitofisionomia.

Referência:

MELO, Mônica Martins de. A confluência entre a ecologia do fogo e o conhecimento xavante sobre o manejo do fogo no Cerrado. 2007. 127 f. Tese (Doutorado em Desenvolvimento Sustentável)-Universidade de Brasília, Brasília, 2007.

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Tradição e sustentabilidade: um estudo dos saberes tradicionais do cerrado na Chapada dos Veadeiros, Vila São Jorge – GO

Tradição e sustentabilidade: um estudo dos saberes tradicionais do cerrado na Chapada dos Veadeiros, Vila São Jorge - GO

Autor(a):

Regina Coelly Fernandes Saraiva

Resumo:

Saberes tradicionais do cerrado são parte do legado cultural dos moradores da Vila São Jorge, Chapada dos Veadeiros – GO, herdados a partir da interação de homens e mulheres com uma inigualável biodiversidade natural. A criação do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, em 1961, somada ao processo modernizador voltado para aquela região, casou mudanças no modo de vida daquela comunidade tradicional, formada por garimpeiros, lavradores, sitiantes e fazendeiros que tiveram seus saberes silenciados, frente à chegada de novos valores. Com a intenção de desvelar esses silêncios, trago neste estudo vozes e experiências desses homens e mulheres, a partir de um enfoque teórico-metodológico que trabalha com memórias e narrativas. Busquei esse referencial porque acredito que o passado lembrado tem um caráter ilimitado, uma profusão de sentidos, que ao serem trazidos para o presente, tornam possível (re)escrever histórias e contemplar visões omitidas. Narrativas dos moradores da Vila São Jorge traduzem histórias, tensões, saberes, conflitos, sonhos, alegrias, desejos, que estão presentes ao longo desse estudo. Essas narrativas foram analisadas também de modo a identificar como, no contexto atual, aquela comunidade tradicional relaciona-se com o Parque Nacional e as mudanças introduzidas, revelando vontades de deixar marcas de seus saberes e desejos de intercambiar experiências. Projetos, estratégias e propostas desses grupos questionam as contradições que sustentam o modelo de gestão dos parques nacionais. Interpretações a partir do estudo desses saberes tradicionais, compartilhados pelos moradores da Vila São Jorge, revelam que a sustentabilidade não pode ser entendida como algo abstrato, deve ser pensada para homens, mulheres e natureza, valorizar memórias e considerar que as tradições se reinventam no desejo de legar a outras gerações saberes e experiências.

Referência:

SARAIVA, Regina. Coelly. Fernandes. Tradição e sustentabilidade: um estudo dos saberes tradicionais do cerrado na Chapada dos Veadeiros, Vila São Jorge – GO. 2006. 235 f., il. Tese (Doutorado em Desenvolvimento Sustentável)-Universidade de Brasília, Brasília, 2006.

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O regime de chuvas na Amazônia Meridional e sua relação com o desmatamento

O regime de chuvas na Amazônia Meridional e sua relação com o desmatamento

Autor(a):

Nathan dos Santos Debortoli

Resumo:

As zonas de transições da Amazônia e do Cerrado são grandes produtoras nacionais de commodities e detentoras de vasta biodiversidade. Essas regiões são dependentes da água gerada por meio de diversos mecanismos físicos-climáticos presentes na biosfera. Apesar da importância da região para a agricultura, os ecossistemas e o clima regional do Brasil, poucos estudos têm explorado e analisado em profundidade a rede de estações pluviométricas da Amazônia Meridional. Com o intuito de suprir a lacuna, este estudo analisou 207 estações pluviométricas da Agência Nacional das Águas (ANA) no Sul da Amazônia e no Cerrado no período de 1970-2010, utiizando-se dos testes estatísticos não-paramétricos de Pettitt que identifica rupturas nas séries cronológicas pluviométricas, o teste de Mann-Kendall que detecta tendências anuais e sazonais dos índices pluviométricos, e uma análise de regressão linear que identifica tendências sutis de acréscimo ou decréscimo nas precipitações. O teste de Pettitt indicou um total de 16% de rupturas nas séries cronológicas de chuva enquanto que o teste sazonal/mensal de Mann-Kendall coloca em evidência que 41% das estações apresentam tendências negativas principalmente nas estações de transição (início e fim da estação chuvosa). Já a análise de regressão linear indicou que 63% dos dados apresentam tendências negativas nas precipitações. Como complemento também foram identificadas as datas do início e fim da estação chuvosa. Esta se deu por meio da adaptação de método estatístico atrelado às análise de tendências de Mann-Kendall e de regressão linear. Os resultados sugerem fortes contrastes entre o Sul Amazônico e o Cerrado. Esta análise cronológica do período chuvoso indicou o atraso significativo no início da estação chuvosa para 84% das estações, e um fim prematuro em 76%, além da redução do período em 88% dos casos. Por fim, foi desenvolvido, examinado e verificado a correlação de dados climáticos e cobertura do solo através da análise climática oriunda da regressão linear, e da classificação do uso da terra adquiridos do satélite LANDSAT 5 a partir de uma perspectiva temporal. A correlação dos dados delimitados por zonas tampão de 1-50km e divididos em 3 períodos cronológicos anteriores a 1997, entre 1997-2010 e o acumulado de 2010 contemplam o total de floresta. As análises indicam que os padrões de precipitação local não são correlacionados diretamente a cobertura florestal. No entanto, a metodologia de zonas tampão sugere que quanto maiores as áreas de floresta, maiores são as probabilidades destas influenciarem as precipitações, ao contrário de pequenos fragmentos florestais como indicado nos resultados das correlações até 50km. Apesar dos dados climáticos não mostrarem correlação significativa com os dados da cobertura florestal, as análises dos testes de Pettit, Mann-Kendall, regressão linear e de identificação do período chuvoso vão em direção de descobertas recentes com foco nos modelos de circulação em larga-escala, que incluem a cobertura florestal como variável. Esta disparidade nos resultados nos levam a duas hipóteses: uma de que a correlação dos dados pluviométricos não existe localmente, e outra, de que a ferramenta utilizada não consegue captar a correlação, fortalecendo as análises dos testes estatísticos climáticos, que indicam uma superposição e ou apontam para uma existência de correlação da pluviometria com a cobertura florestal, embora não a demonstre explicitamente.

Referência:

DEBORTOLI, Nathan dos Santos. O regime de chuvas na Amazônia Meridional e sua relação com o desmatamento. 2013. 217 f., il. Tese (Doutorado em Desenvolvimento Sustentável)—Universidade de Brasília, Brasília, 2013.

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Efetividade e eficácia das reservas legais e áreas de preservação permanente nos cerrados

Efetividade e eficácia das reservas legais e áreas de preservação permanente nos cerrados

Autor(a):

Luis Gustavo Maciel

Resumo:

O Cerrado, em suas diversas manifestações ecossistêmicas, tem sido estigmatizado por preconceitos e pelo desconhecimento da complexidade natural que o torna único em nosso planeta. O histórico de ocupação humana do Bioma, apesar de extenso, tem como importante catalisador a construção de Brasília e os programas governamentais direcionados aos agronegócios, concentrados nas décadas de setenta e oitenta do século vinte. Esses programas desconsideraram o Código Florestal, permitindo o corte raso da vegetação em propriedades públicas e privadas. Foi concebido um processo de ocupação/devastação rápido, que comprometeu não só a efetividade desses mecanismos de comando e controle, mas também a discussão ampla sobre sua eficácia. O objetivo deste estudo é fixar a distinção entre efetividade e eficácia das Reservas Legais (RLs) e Áreas de Preservação Permanente (APPs), avaliadas a partir de suas funções. Tal distinção se justifica porque, mesmo se efetivas as RLs e APPs, pode-se questionar se são eficazes, ou seja, se atendem às funções previstas no Código Florestal (abrigo de fauna e flora, preservação de fluxo gênico, conservação da biodiversidade, etc). Foram realizadas pesquisas de campo, entrevistas semi-estruturadas e foi analisada a produção acadêmica sobre o assunto. As visitas ocorreram nos municípios de Lucas do Rio Verde, no Mato Grosso, e Araguari, em Minas Gerais. São municípios que têm se destacado pelo interesse de atores locais no sentido de regularizar ambientalmente as propriedades. Percebeu-se, ao longo do trabalho, que o Estado não condicionou e não condiciona os financiamentos agrícolas à manutenção de percentuais e metragens desses mecanismos legais. Persiste, dessa maneira, o corte raso nas fronteiras agrícolas do Cerrado. Nas localidades citadas faltam iniciativas que permitam a convivência entre monoculturas e o uso e manejo sustentável dos recursos naturais do Bioma. As recentes tentativas parlamentares de modificar e flexibilizar a lei florestal chocam-se contra os mecanismos RLS e APPs e, por conseqüência, contra o direito fundamental ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, posto na Constituição Federal. A efetividade das RLs e APPs é tarefa complexa de gestores públicos, organizações não-governamentais, poder judiciário, ministério público, proprietários conscientes e comunidades tradicionais comprometidas com a conservação dos recursos naturais. Torna-se necessário, portanto, revigorar os aspectos positivos do Código Florestal vigente e definir, com critérios científicos, percentuais de RLs e as metragens de APPs à margem dos cursos d’água. São requisitos para que se tenha, num futuro desejado, não apenas a efetividade dos mecanismos, mas também a sua eficácia, termos distintos semanticamente, embora concebidos pela literatura específica como a existência ou não de RLs e APPs.

Referência:

MACIEL, Luis Gustavo. Efetividade e eficácia das reservas legais e áreas de preservação permanente nos cerrados. 2008. 162 f., il. Dissertação (Mestrado em Desenvolvimento Sustentável)-Universidade de Brasília, Brasília, 2008.

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Políticas de conservação da biodiversidade e conectividade entre remanescentes de Cerrado

Políticas de conservação da biodiversidade e conectividade entre remanescentes de Cerrado

Autor(a):

Roseli Senna Ganem

Resumo:

O presente trabalho estuda as políticas de conservação da biodiversidade do Cerrado, tendo em vista o combate à fragmentação e a manutenção/construção da conectividade entre os remanescentes de vegetação nativa. Partiu-se do pressuposto de que a fragmentação de habitats é um dos principais fatores de deterioração da biodiversidade e de que a redução de seus impactos exige a implantação de uma política que, além de criar e implantar unidades de conservação, promova a gestão da cobertura vegetal nos interstícios entre essas unidades. Para tanto, é necessário envolver as comunidades rurais nas políticas de conservação. O estudo identificou e analisou os instrumentos da legislação ambiental pertinentes, os programas e projetos desenvolvidos por entidades públicas e privadas, bem como as parcerias que permeiam essas atividades, envolvendo o Poder Público, as organizações não-governamentais, os empresários e os produtores rurais. Os principais achados foram os seguintes: (a) embora não exista um grande esforço de criação e manutenção de unidades de conservação de proteção integral no Cerrado, essa ainda é a única ação pública que surte efeitos perceptíveis na proteção da biodiversidade; (b) os demais esforços do Poder Público são atividades de planejamento da conservação, as quais não alcançam efetividade; (c) os projetos de manutenção dos remanescentes focalizados nas áreas de interstício entre as unidades de conservação de proteção integral não envolvem o setor rural; (d) o Poder Público não tem políticas ambientais específicas para o setor rural; (e) a atuação das organizações nãogovernamentais é limitada; e (f) do ponto de vista ecológico, as áreas rurais permanecem em geral desassistidas. Em termos mais gerais, a conclusão é de que a ausência do Estado perpetua a desinformação e uma cultura de negligência ambiental, especialmente com relação à proteção da cobertura vegetal e da biodiversidade. Não há incentivo à formação de parcerias, envolvendo órgãos governamentais e não-governamentais, empresas e comunidades rurais, com vistas a uma política de combate à fragmentação e à promoção da conectividade entre remanescentes do Cerrado.

Referência:

GANEM, Roseli Senna. Políticas de conservação da biodiversidade e conectividade entre remanescentes de Cerrado. 2007. 431 f., il. Tese (Doutorado em Desenvolvimento Sustentável)-Universidade de Brasília, Brasília, 2007.

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O gê dos gerais: elementos de cartografia para a etno-história do planalto central: contribuição à antropogeografia do cerrado

O gê dos gerais: elementos de cartografia para a etno-história do planalto central: contribuição à antropogeografia do cerrado

Autor(a):

Rodrigo Martins dos Santos

Resumo:

Esta dissertação localiza diversos povos indígenas que habitavam o Planalto Central e, portanto, uma parte do Cerrado, antes das invasões Luso-Brasileiras. Será dado maior enfoque a uma porção desse espaço chamado regionalmente de Gerais. Tenho como base o mapa de Curt Nimuendaju que apresenta lacunas na localização de etnias em algumas áreas do centro do país. Pretendo esclarecer um problema que é a insuficiente disposição de informações cartográficas a respeito de quais eram e onde estavam os povos indígenas do Brasil Central, em especial num polígono que abrange  Noroeste e Triângulo Mineiro, todo o Estado de Goiás, extremo nordeste do Mato Grosso e sudoeste do Pará, grande parte do Tocantins, região sul do Maranhão e do Piauí, e oeste da Bahia. A hipótese central é de que há mais informações sobre etnias nessa região do que as apresentadas por Nimuendaju. Para tentar confirmá-la, utilizo diversos produtos cartográficos como o mapa de Čestmír Loukotka, e diversos mapas históricos disponíveis em arquivos públicos no Brasil e em Portugal. Também realizo um mapeamento inédito da localização de etnias constantes nos históricos municipais do banco de dados IBGE cidades. Dessa fonte compilo, ainda, as datas de colonização e fundação dos povoados e cidades, para ilustrar o avanço Luso Brasileiro sobre o território indígena, bem como a implantação de aldeamentos pelo Estado e alguns quilombos pelos negros. A metodologia utilizada fundamenta-se na escola da antropogeografia de Ratzel, com apoio da etno-história e assessoria fundamental da cartografia. Após apresentar e localizar a área de estudo: os Gerais do Planalto Central e adjacências, teço uma breve descrição de seu meio físico, abordando os aspectos e origens do Cerrado, ambiente o qual conviveram e convivem os povos da região. Em seguida parto para aspectos etno-históricos, abordando desde a arqueologia à historiografia, no intuito inicial de ilustrar a chegada do ser humano à área e, em seguida, dos invasores Luso-Brasileiros. As análises finais são ricas em material cartográfico tanto históricos como produzidos para esta dissertação. Apresento dados que atestem quais eram os povos que habitavam esse espaço nos séculos XVII, XVIII e XIX, tendo em vista ser o momento de maior movimentação indígena provocada pela colonização na região. As conclusões são de que houve, pelo menos, 200 etnias no Planalto Central e adjacências, 88 além das 112 constantes no mapa de Nimuendaju. Com enfoque para os Gerais, onde aprofundo minhas análises, identifiquei 14 etnias a mais do que as 4 citadas por Nimuendaju, 18 ao total. Apresento algumas características etnográficas desses povos, agrupados por família lingüística, sobre suas origens e língua, com base em bibliografia, monografias, laudos, relatos de viajantes e história oral. Por fim, ilustro por meio de mapas a dinâmica da ocupação indígena, com migrações, diásporas e desaparecimentos de dezenas dessas etnias, tendo por base os fatores históricos e físicos já apresentados. A contribuição dessa pesquisa está no fortalecimento da territorialidade indígena na história do país, em especial do Brasil Central. Os resultados poderão ilustrar livros didáticos e conteúdos escolares de história e geografia, conforme estabelece a Lei 11.645/08. Também poderá colaborar em estudos sobre a etnicidade de populações rurais brasileiras. Nos Gerais há pelos menos duas comunidades indígenas emergentes, os Xakriabá e os Aricobé, é possível que hajam ainda outras comunidades remanescentes de uma das 18 etnias Geraizeiras, em especial os Akroá, Guegué e Cayapó.

Referência:

SANTOS, Rodrigo Martins dos. O gê dos gerais: elementos de cartografia para a etno-história do planalto central: contribuição à antropogeografia do cerrado. 2013. 346, [27] f., il. Dissertação (Mestrado Profissional em Desenvolvimento Sustentável)—Universidade de Brasília, Brasília, 2013.

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Velha do Cerrado: a personificação de um arquétipo em busca da sustentabilidade cultural no cerrado

Velha do Cerrado: a personificação de um arquétipo em busca da sustentabilidade cultural no cerrado

Autor(a):

Larissa dos Santos Malty

Resumo:

Em busca da sustentabilidade cultural, esta pesquisa procura trazer para a academia o conhecimento tradicional de comunidades do cerrado mantidos por suas matriarcas, para que fosse possível refletir a partir dessa ótica, sobre alguns dos principais paradigmas da Gestão Ambiental na região. Utilizando a arte como forma de sensibilização e instrumento de Educação Ambiental, este trabalho utiliza-se da pesquisa-ação e da heurística como metodologias, e de técnicas teatrais embasadas na mimes is, para o desenvolvimento de uma personagem teatral arquetípica, a Velha do Cerrado, que visita as comunidades pesquisadas em busca da compreensão de sua produção cultural relacionada à preservação ambiental. A proposta desse estudo norteou-se na identificação do arquétipo da Grande Mãe em mulheres curandeiras, rezadeiras, benzedeiras, portadoras do conhecimento ancestral de diálogo entre a comunidade e os elementos naturais que a cerca. Entendendo que naturais são os animais, as espécies vegetais, os rios e a terra, mas também as comadres que já morreram, os pais e avós ausentes ou o conhecimento ancestral a respeito da utilização das plantas medicinais do cerrado. Assim, a Velha do Cerrado são variações de velhas, são velhas variando, num diálogo entre o real e o abstrato, a academia e conhecimento tradicional, a intuição e a natureza, a arte e a ciência.

Referência:

MALTY, Larissa dos Santos. Velha do Cerrado: a personificação de um arquétipo em busca da sustentabilidade cultural no cerrado. 2007. 91 f., il. Dissertação (Mestrado em Desenvolvimento Sustentável)-Universidade de Brasília, Brasília, 2007.

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As estratégias de conservação da biodiversidade na Chapada dos Veadeiros: conflitos e oportunidades

As estratégias de conservação da biodiversidade na Chapada dos Veadeiros: conflitos e oportunidades

Autor(a):

Álan Gonçalves Barbosa

Resumo:

O estabelecimento de áreas protegidas é uma das principais estratégias para a conservação da biodiversidade. O Cerrado brasileiro, a savana de maior biodiversidade do planeta, tem sido objeto de ações públicas e particulares visando à conservação desta preciosa diversidade biológica através de áreas protegidas. Entre as regiões de especial interessa para a conservação da biodiversidade do Cerrado encontra-se a Chapada dos Veadeiros, localizada na região nordeste do Estado de Goiás. O presente trabalho apresenta o espaço da Chapada através da caracterização do bioma na qual ela está inserida, o processo histórico do uso dos seus recursos naturais através de uma breve história ambiental, e as estratégias de conservação da biodiversidade da região: o Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, a Área de Proteção Ambiental do Pouso Alto, a rede de Reservas Particulares da região, e as propostas locais de conservação da biodiversidade. São analisados, por fim, a busca do aprimoramento destas estratégias, seguindo propostas discutidas e implantadas mundialmente, como os modelos de gestão biorregional, que tomam forma na figura da Reserva da Biosfera do Cerrado – fase II e do Corredor Ecológico Paranã-Pirineus. Este modelo busca integrar a gestão das diversas áreas protegidas de uma região e enfatizar a participação comunitária. Este processo tem produzido diversos conflitos, imposto desafios a serem superados na relação de parceria entre os órgãos públicos e as populações locais, e proporcionadas preciosas oportunidades para o estabelecimento de um desenvolvimento regional diferenciado, nas bases do desenvolvimento sustentável.

Referência:

BARBOSA, Álan Gonçalves. As estratégias de conservação da biodiversidade na Chapada dos Veadeiros: conflitos e oportunidades. 2008. 128 f. Dissertação (Mestrado em Desenvolvimento Sustentável)-Universidade de Brasília, Brasília, 2008.

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