Extrativismo vegetal como estratégia de desenvolvimento rural no Cerrado

Extrativismo vegetal como estratégia de desenvolvimento rural no Cerrado

Autor(a):

Sued Wilma Caldas Melo

Resumo:

Esta dissertação tem como objetivo investigar o potencial do extrativismo vegetal em contribuir para as condições de vida das famílias agroextrativistas e para o Desenvolvimento Rural no Cerrado. Este bioma destaca-se por prestar serviços ambientais importantes para o equilíbrio ecológico do planeta e por abrigar um sem-número de comunidades tradicionais que têm na utilização dos seus recursos fonte de sobrevivência física e cultural. Entretanto, encontra-se ameaçado pelo modelo de desenvolvimento hegemônico que, fomentando a expansão da produção de commodities para exportação em sistemas de grandes monoculturas, devasta a sua biodiversidade e dificulta as condições de existência das comunidades que ali vivem e trabalham. O ponto de partida desta dissertação tem ligação com as discussões acerca das implicações negativas em termos ambientais, sociais e econômicos deste desenvolvimento predominantemente economicista e com o debate a ele atrelado a respeito da necessidade de se criar alternativas de ocupação e utilização dos recursos do Cerrado a partir de modelos mais sustentáveis mais sustentáveis e includentes. Iniciativas inseridas na abordagem de desenvolvimento rural que procuram ampliar os objetivos do desenvolvimento para abranger não apenas crescimento econômico, mas principalmente aspectos de cunho social que promovam mudanças positivas nas vidas das comunidades rurais, como redução das desigualdades, mitigação da pobreza e criação de bem estar social, condizentes com a preservação do meio ambiente. Desta forma, procurou-se articular análises sobre o desenvolvimento rural com discussões sobre o extrativismo e suas potencialidades em contribuir para a melhoria das condições de vida, para o aumento e diversificação das fontes de renda e para conservação dos recursos naturais. A pesquisa de campo foi realizada no Projeto de Assentamento Vale da Esperança, especialmente junto às famílias agroextrativistas e a Cooperativa Mista dos Agricultores Familiares do Vale da Esperança. As informações e os dados coletados e analisados apontam o extrativismo vegetal realizado pelos Povos do Cerrado como uma estratégia de desenvolvimento rural capaz de contribuir para o aumento e diversificação das fontes de renda, para a melhoria da alimentação, para a manutenção do patrimônio cultural e para a preservação das áreas remanescentes do bioma.

 

Referência:

MELO, Sued Wilma Caldas. Extrativismo vegetal como estratégia de desenvolvimento rural no Cerrado. 2013. xiii, 197 f., il. Dissertação (Mestrado em Agronegócio)—Universidade de Brasília, Brasília, 2013.

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Diversidade de fungos micorrízicos arbusculares e sua relação com atributos do solo em área de milho sob monocultivo e em consórcio com forrageiras no Cerrado

Diversidade de fungos micorrízicos arbusculares e sua relação com atributos do solo em área de milho sob monocultivo e em consórcio com forrageiras no Cerrado

Autor(a):

Daniel Fernando Salas Méndez

Resumo:

Compreender a dinâmica e a diversidade de espécies de fungos micorrízicos arbusculares (FMAs) sob diferentes sistemas de manejos do solo é de grande importância do ponto de vista agronômico, pois maximizar a simbiose pode garantir os benefícios promovidos pela associação micorrízica.  Assim, o objetivo do presente trabalho foi avaliar a dinâmica e a estrutura da comunidade de FMAs por meio de identificação morfológica dos esporos e pela técnica de PCR-DGGE (reação da polimerase em cadeia – eletroforese em gel com gradiente desnaturante), do mesmo modo a relação das espécies com atributos do solo em área de Cerrado sob diferentes sistemas de manejo. Os sistemas de manejo foram: milho em sistema de plantio direto sob monocultivo; milho consorciado com Panicum maximum cv. Aruana; milho consorciado Urochloa humidicola, pastage Urochloa humidicola; pastagem Panicum maximum cv. Aruana, dispostos em delineamento em blocos casualizados, com três repetições e uma área de referência do Cerrado nativo localizado próximo ao experimento. A produtividade de grãos de milho não foi influenciada pela consorciação das pastagens P. maximum cv  Aruana e Urochloa humidicola com valor médio de 14816 kg/ha-1. Observou-se que a colonização micorrízica do milho e das pastagens não foi influenciada pelo sistema de manejo adotado, a densidade de esporos nas áreas agrícolas foi maior que a área de Cerrado. Observou-se também que a recuperação de esporos para a estudo da diversidade mostrou que com a adoção destes sistemas de manejo a comunidade de FMAs é estimulada, no entanto a técnica da PCR-DGGE revelou que a comunidade micorrízica arbuscular foi influenciada negativamente, já que para área de Cerrado foi observado maior numero de táxons de FMAs. Em relação à influência dos atributos do solo sobre a comunidade de FMAs foi observado que os maiores valores de pH do solo favoreceu a ocorrência das espécies: G. microaggregatum, A. rehmii, A. scrobiculata e Div. tortuosa enquanto a outras espécies identificadas espécies não foram influenciadas pelos atributos do solo. As espécies G. macrocarpum e C. etunicatum foram as espécies que tiveram maior ocorrência, tanto na área de Cerrado como nas áreas sob diferentes sistemas de manejo.

Referência:

SALAS MÉNDEZ, Daniel Fernando. Diversidade de fungos micorrízicos arbusculares e sua relação com atributos do solo em área de milho sob monocultivo e em consórcio com forrageiras no Cerrado. 2016. xi, 95 f., il. Dissertação (Mestrado em Agronomia)—Universidade de Brasília,
Brasília, 2016.

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Valorização do cajuzinho do Cerrado: memória involuntária e memória gustativa

Valorização do cajuzinho do Cerrado: memória involuntária e memória gustativa

Autor(a):

Aline de Oliveira Monteiro

Resumo:

O cajuzinho-do-cerrado é um fruto importante do bioma Cerrado tanto por sua versatilidade de uso quanto pelo seu potencial socioeconômico sustentável por meio de agricultores familiares que o autoconsumem e o comercializam com o intuito da geração de renda. O agroextrativismo desse produto tem a finalidade da valorização do fruto, do produtor, e da possibilidade de geração de renda de fonte sustentável, razão pela qual, a compreensão das ações dos agroextrativistas e dos consumidores para com o fruto é objeto central desta pesquisa. A Teoria da Memória, exerce papel do resgate de práticas e saberes (história do alimento/formas de consumo) para a individualização de produtos para fins comerciais. Esta pesquisa teve por objetivo analisar o papel da memória involuntária e da memória gustativa como um mecanismo de diferenciação do produto, tanto para o agricultor familiar, como para o consumidor na promoção e valorização do cajuzinho- do-cerrado. Trata-se de uma pesquisa exploratória, descritiva, com abordagem qualitativa, no entorno do Distrito Federal. O procedimento técnico foi o estudo de múltiplos casos em dois grupos: a) grupo de agroextrativistas; b) grupo de consumidores. Estes grupos foram selecionados com base no agroextrativismo do cajuzinho-do-cerrado (somente para agroextrativistas), beneficiamento do fruto (dados agroextrativistas) e as percepções que o agroextrativista possui em relação ao fruto (também para consumidores); e as memórias de consumo para os agroextrativistas e consumidores do fruto (ambos os grupos). A coleta de dados ocorreu por meio de entrevistas semiestruturadas com agroextrativistas do fruto e com consumidores nos locais da coleta. Os dados coletados foram submetidos à análise de conteúdo seguindo o modelo proposto por Bardin (1977) e Deslandes et. al.(1994). Foi utilizada a categorização posteriori dos resultados obtidos para cada grupo pesquisado. A pesquisa contou com dados secundários (constituinte do referencial teórico) além de dados primários alcançados por meio das entrevistas semiestruturadas em ambos os grupos. Também como parte da metodologia, utilizou-se a triangulação das seguintes áreas: o agronegócio, a gastronomia e a antropologia para o enriquecimento da discussão. Os resultados obtidos indicaram que o cajuzinho-do-cerrado não é valorizado pelos agroextrativistas e que tanto a memória involuntária como a memória gustativa não são mecanismos adequados para promover e auxiliar na valorização do fruto. Na vertente dos consumidores, os resultados denotaram que estes valorizam o fruto e suas memórias de consumo que auxiliam no desenvolvimento de novos produtos. Existem algumas poucas iniciativas de divulgação do fruto que ainda são incipientes e que com a abordagem correta e o cuidado para o uso sustentável podem dar maior visibilidade ao fruto, ao extrativista, bem como agregar valor nutricional aos consumidores do produto.

Referência:

MONTEIRO, Aline de Oliveira. Valorização do cajuzinho do Cerrado: memória involuntária e memória gustativa. 2018. 120 f., il. Dissertação (Mestrado em Agronegócios)—Universidade de Brasília, Brasília, 2018.

 

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Gênero e formação docente: análise da formação das mulheres do campo do curso de Licenciatura em Educação do Campo da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará

Gênero e formação docente: análise da formação das mulheres do campo do curso de Licenciatura em Educação do Campo da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará

Autor(a):

Micheli Suellen Neves Gonçalves

Resumo:

Esta tese aborda como temática a formação das mulheres do campo e adota como lócus de pesquisa o Curso de Licenciatura em Educação do Campo na Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará. Como objetivo geral busca-se: analisar a experiência formativa ofertada pelo Curso de LPEC/UNIFESSPA, com vistas a identificar os riscos e potencialidades para a consolidação de um projeto de formação emancipadora para as mulheres do campo. Como objetivos específicos: a) Identificar as relações de assimetria e desigualdade de gênero que atingem as mulheres do campo envolvidas na experiência formativa ofertada pela LPEC/UNIFESSPA, com ênfase em suas tensões e contradições; b) Identificar as estratégias curriculares construídas pelo curso da LPEC/UNIFESSPA, enquanto espaço formativo, que auxiliam no processo de consciência/emancipação das mulheres do campo com relação aos processos de assimetria, combate à violência e opressão das mulheres; c) Analisar os riscos e potencialidades da proposta formativa do curso de Licenciatura em Educação do Campo da UNIFESSPA, para a consolidação de uma formação emancipadora para os estudantes do curso, em específico, para as mulheres do campo, tendo como foco as categorias: ingresso, permanência e formação curricular. No plano teórico-metodológico, a pesquisa fundamenta-se na articulação de dois métodos: o Materialismo-Histórico-Dialético e a História Oral de Vida, cujos autores base são, respectivamente: Marx e Engels (2009), Netto (2011), Lessa e Tonet (2011), Gisele Masson (2007), Mauro Iasi (1999); Michael Pollak (1992), José Carlos Meihy (2005), Lucília Delgado (2003) e Gaston Pineu (2006). Como resultados, concluiu-se que as mulheres pertencentes a territorialidade do campo, mesmo inseridas em um contexto de gênero em que o patriarcalismo, o racismo e o capitalismo constituíram circuitos interligados de dominação e influenciam diretamente as relações sociais, construíram movimentos de transgressões e (re)existências durante sua formação na LPEC/UNIFESSPA, driblaram a ausência de políticas públicas e jornadas extenuantes de trabalho e consolidaram um processo de conscientização de classe e lutas feministas que produziram reflexos nos diversos níveis da vida social. Por fim, constatou-se que as estratégias de permanência, que atualmente atendem as mulheres do campo em formação na LPEC/UNIFESSPA, são extremamente inferiores às demandas reais deste público. Entende-se que para a transformação deste cenário, é necessário que as políticas de assistência estudantil, bem como a organização político-pedagógica dos cursos superiores, construam a compreensão de que as relações de assimetria de gênero presentes na trajetória dessas mulheres não são problemas individuais, devem ser tratados como um assunto coletivo, institucional, um dever humanitário diante de uma sociedade patriarcal, desigual e opressora da condição feminina. 

 

Referência:

GONÇALVES, Micheli Suellen Neves. Gênero e formação docente: análise da formação das mulheres do campo do curso de Licenciatura em Educação do Campo da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará. 2019. 383 f., il. Tese (Doutorado em Educação)—Universidade de Brasília,
Brasília, 2019.

 

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A licenciatura em educação do campo da UnB e a práxis docente na transformação da forma escolar a partir da atuação de suas egressas

A licenciatura em educação do campo da UnB e a práxis docente na transformação da forma escolar a partir da atuação de suas egressas

Autor(a):

Marcelo Fabiano Rodrigues Pereira

Resumo:

A tese que apresentamos nesta pesquisa foi desenvolvida no âmbito do Programa de Pós-Graduação da Faculdade de Educação da Universidade de Brasília (UnB). A questão central que inspirou a realização deste estudo foi saber: A proposta de formação da Licenciatura em Educação do Campo, da Universidade de Brasília, tem se constituído, na perspectiva de três egressas que trabalham na Escola Estadual Ernesto Che Guevara, em efetivas ações de transformação da forma escolar? Para discutir essa questão, aproximamo-nos do contexto da Escola Estadual Ernesto Che Guevara, situada no Assentamento Antônio Conselheiro, em Tangará da Serra, Mato Grosso. O locus da pesquisa é uma Escola de Educação Básica em que atuavam, em 2018, na gestão, duas egressas e, na docência uma egressa da referida licenciatura, e que foram as principais colaboradoras desta pesquisa. O estudo realizado, nesse recorte espacial, teve como objetivo geral compreender, conforme a perspectiva de três egressas do curso de Licenciatura em Educação do Campo da Universidade de Brasília, a influência desta graduação na atuação delas, em sua práxis docente e na elaboração de efetivas ações de transformação da forma escolar na Escola Estadual do Campo Ernesto Che Guevara, situada no Assentamento Antônio Conselheiro, Mato Grosso. A referência epistemológica deste trabalho foi o Materialismo Histórico-Dialético, como método, e os Núcleos de Significação como metodologia de análise. Os principais instrumentos para a geração de dados foram: entrevistas semiestruturadas, Roda de Conversa e observações, com registro em diário de campo do pesquisador. Os dados gerados ao longo desta pesquisa foram analisados considerando quatro Núcleos de Significação, que permitiram constatar que as colaboradoras, egressas LEdoC, por vivenciarem um processo formativo em uma estrutura pedagógica diferente dos cursos tradicionais, tanto na formação inicial quanto na formação continuada, constroem um modus de ser e estar na profissão que altera a forma escolar do campo. Desta constatação, construímos a tese de que há uma forma escolar transformada na universidade, que é a Licenciatura em Educação do Campo (BRITO, 2017). E esta proposta educacional tem repercutido em efetivas ações, realizadas pelas egressas, no ambiente escolar, em um processo não linear, mas permeado por tensões e contradições tanto internas, no cotidiano escolar, quanto externas, considerando as prescrições do sistema educacional de ensino da região.

 

Referência:

PEREIRA, Marcelo Fabiano Rodrigues. A licenciatura em educação do campo da UnB e a práxis docente na transformação da forma escolar a partir da atuação de suas egressas. 2019. 325 f., il. Tese (Doutorado em Educação)—Universidade de Brasília, Brasília, 2019.

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Licenciatura em Educação do Campo: ressignificando a relação entre a pós-graduação e a graduação na práxis da docência

Licenciatura em Educação do Campo: ressignificando a relação entre a pós-graduação e a graduação na práxis da docência

Autor(a):

Sérgio Luiz Texeira

Resumo:

O presente trabalho tem como objetivo compreender e analisar as estratégias desenvolvidas pela Licenciatura em Educação do Campo (LEdoC) da Universidade de Brasília no processo formativo de educadores, em colaboração com os pósgraduandos do Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGE), Linha de Pesquisa Educação Ambiental e Educação do Campo. A metodologia da pesquisa, de abordagem quali-quantitativa, foi baseada no Materialismo Histórico Dialético, tendo como alicerces as categorias “totalidade”, “contradição” e “mediação”. Para a geração dos dados, o pesquisador utilizou a pesquisa participante, empregando os seguintes instrumentos: observação participante, diário de bordo, rodas de conversa, checagem da lista de matrículas do curso, análise do Projeto Político Pedagógico (PPP) da LEdoC e dos planos de ensino dos componentes curriculares. Foram utilizadas as seguintes técnicas de geração de dados: a) checagem da quantidade de educandos nas turmas vigentes do curso; c) acompanhamento e registro das reuniões de planejamento e as atividades executadas pelos pós-graduandos no decorrer da inserção docente na LEdoC; d) realização de entrevistas com os graduandos e mestrandos que participaram dos momentos formativos; e) realização de rodas de conversas com os doutorandos que participaram da inserção. Ocorreram seis encontros formativos (quatro inserções estágio docência, um seminário Tempo Comunidade e um seminário sobre os 10 anos da LEdoC), que aconteceram no biênio 2016-2017. A conclusão da pesquisa evidencia que o curso da LEdoC conta com a presença significativa de dois tipos de educandos, os Kalungas e as mulheres. Dos princípios constitutivos do Projeto Político Pedagógico do curso, a Pedagogia da Alternância, a organicidade, o trabalho coletivo e a interdisciplinaridade são mais presentes. O tempo curto da inserção para o aprofundamento teórico-prático dos conceitos curriculares propostos e a dificuldade de os educandos produzirem textos acadêmicos como instrumentos de avaliação do processo de ensino-aprendizagem são os principais limites da experiência formativa. As estratégias formativas das inserções dos pós-graduandos nas turmas da LEdoC, com ênfase no trabalho coletivo, contribuíram com o processo formativo dos educadores. Os graduandos demonstraram que apreenderam os conceitos teóricos e que os estão incorporando em sua prática docente na escola do campo. Os pós-graduandos compreenderam a importância dos princípios formativos da LEdoC para o processo formativo de educadores e expressaram a intenção de continuar na atividade docente.

Referência:

TEIXEIRA, Sérgio Luiz. Licenciatura em Educação do Campo: ressignificando a relação entre a pós-graduação e a graduação na práxis da docência. 2018. 188 f., il. Dissertação (Mestrado em Educação)—Universidade de Brasília, Brasília, 2018.

 

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Mulheres camponesas: processos educativos em meio ao trabalho

Mulheres camponesas: processos educativos em meio ao trabalho

Autor(a):

Ana Paula de Medeiros 

Resumo:

Esta pesquisa buscou compreender como ocorrem os processos educativos relativos às práticas de trabalho de mulheres camponesas que vivem no assentamento Boa Esperança no município de Colinas do Sul (GO). Por meio de suas práticas laborais, essas mulheres vêm resistindo às dificuldades presentes no meio rural no Brasil. Tendo como base teórica a perspectiva histórico-cultural de Vigotski, entendemos a educação como um processo além das instituições escolarizadas. A educação é entendida como uma atividade que permeia todo o desenvolvimento humano, sendo o meio social o principal fator educativo. Por meio da etnografia, durantes dois anos, pudemos conviver com cinco mulheres, suas famílias e suas comunidades, acompanhando os processos educativos engendrados no compartilhamento de conhecimentos. O trabalho está dividido em cinco capítulos, nos quais apresentamos a trajetória de luta das mulheres frente a uma sociedade patriarcal e o processo histórico de organização das camponesas do Brasil na luta por direitos e por igualdade. Os processos educativos presentes no assentamento estudado contribuem para a sobrevivência da comunidade, pois se apoiam em valores como solidariedade e coletividade para a superação das dificuldades. Por meio do compartilhamento de práticas de trabalho, as mulheres e suas comunidades garantem sua sobrevivência e melhoram seus rendimentos. Educação e vida caminham juntas.

Referência:

FERREIRA, Ana Paula de Medeiros. Mulheres camponesas: processos educativos em meio ao trabalho. 2018. 224 f., il. Tese (Doutorado em Educação)—Universidade de Brasília, Brasília, 2018.

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Educação de jovens e adultos e extensão universitária: a Licenciatura em Educação do Campo da UnB e a experiência com a Educação Popular

Educação de jovens e adultos e extensão universitária: a Licenciatura em Educação do Campo da UnB e a experiência com a Educação Popular

Autor(a):

Tállyta Abrantes Nascimento

Resumo:

O presente trabalho tem o propósito de analisar a relação dialética entre ações educativas da Licenciatura em Educação do Campo da Universidade de Brasília e o Projeto de Extensão realizada na cidade, que acolhe a classe trabalhadora como sujeitos de direito à educação. Com o intuito de fazer uma reflexão sobre a experiência com o Projeto de Extensão “Educação de Jovens e Adultos – EJA na UnB-FUP”, que surgiu a partir do protagonismo de egressas da Licenciatura em Educação do Campo, da Faculdade UnB Planaltina, e atender aos funcionários/as terceirizados/as da Universidade de Brasília, no Campus Planaltina, essa pesquisa busca compreender a complexidade que envolve tanto a formação de educadores/as de Jovens e Adultos quanto os educandos/as que participam desta dinâmica formativa, em um curso equivalente ao nível fundamental e médio, enfrentando, porém, diversos dilemas e contradições para nele conseguirem se manter. O Projeto EJA na UnB-FUP tem o objetivo de ressignificar o trabalho para as/os estudantes que dele participam, partindo do pressuposto da formação omnilateral e continuada, uma formação política intrínseca à sua formação humana. Espera-se que com este trabalho possamos compreender a extensão como atividade viva dentro da universidade, com projetos que dialoguem com a realidade acadêmica e a comunidade planaltinense na qual está inserida e também avançar na relação de parcerias entre a Licenciatura em Educação do Campo e a Comunidade Planaltinense, e refletir sobre as práticas pedagógicas para o público da Educação de Jovens e Adultos e também sobre o papel social que a Universidade tem. O Projeto EJA na UnB-FUP questiona e apresenta alternativa de educação para trabalhadores/as da Universidade de Brasília, com um longo processo de reflexão sobre o projeto hegemônico de educação vigente em nossa sociedade. E apresenta reflexões sobre as relações de trabalho que estes/as trabalhadores/as enfrentam cotidianamente em suas vivências dentro do espaço da universidade, na sequência expomos também, as ações e articulações para a consolidação do projeto de extensão. Utilizamos da metodologia com base nos princípios formadores do materialismo histórico dialético e técnicas da pesquisa-ação e pesquisa participativa para coleta de dados e análises e reflexões de falas, depoimentos, rodas de conversas e textos dos/as trabalhadores estudantes do projeto. Concluímos o trabalho com algumas reflexões acerca de desafios e contradições encontradas no projeto e apresentamos análises do discurso dos/as trabalhadores a fim de encontrarmos soluções em longo prazo para potencializar ações no projeto de Extensão EJA na UnB-FUP. Para isto, o trabalho traz o arcabouço teórico: Molina (2015), Arroyo (2017), Rêses (2017), Freitas (2012), Freire (1987), Caldart (2012), Reis (2000), entre outros.

Referência:

NASCIMENTO, Tállyta Abrantes do. Educação de jovens e adultos e extensão universitária: a Licenciatura em Educação do Campo da UnB e a experiência com a Educação Popular. 2019. 149 f., il. Dissertação (Mestrado em Educação)—Universidade de Brasília, Brasília, 2019.

Disponível em:

https://repositorio.unb.br/handle/10482/36751

Tensões e contradições do processo de construção das diretrizes para a politica pública de educação infantil do campo

Tensões e contradições do processo de construção das diretrizes para a politica pública de educação infantil do campo

Autor(a):

Ana Corina Machado Spada

Resumo:

Este estudo vincula-se à linha de pesquisa Educação Ambiental e Educação do Campo. O tema discutido insere-se na área de estudos da Educação do Campo, tendo como objeto a formulação de diretrizes para uma política de Educação Infantil do Campo, coordenada pela Secretaria de Educação Básica (SEB) em parceria com a Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão (SECADI), do Ministério da Educação. A infância do campo sofreu historicamente um processo de silenciamento e invisibilização, principalmente no que se refere à oferta de atendimento educacional, uma vez que a Educação Infantil materializou-se como um fenômeno essencialmente urbano. A despeito do reconhecimento legal da Educação Infantil como primeira etapa da Educação Básica, pela Constituição Federal de 1988 e Lei N. 9394/96, a estruturação de creches e pré-escolas não se efetivou nos territórios rurais, fator que reitera a dívida histórica da sociedade para com os povos do campo. Diante do exposto, formulei os seguintes questionamentos: qual o elemento norteador das políticas e ações estatais direcionadas aos camponeses? Que elementos embasam as discussões oficiais em torno da expansão da política de Educação Infantil para as populações do campo? A estruturação de uma proposta de atendimento educacional para crianças do campo sob a regência do Estado representaria de fato uma conquista dos movimentos sociais e dos atores envolvidos nesse processo? As reflexões e leituras possibilitaram a formulação da tese: com a mudança das configurações econômicas e sociais a criança passa a contribuir com o sistema capitalista realizando o trabalho escolar e, enquanto o modo de produção estava centralizado na área urbana, com sua produção fundada na indústria, as crianças do campo permaneceram alijadas do processo educativo. A partir do momento em que o capitalismo assume bases neoliberais e globalizantes, imprimindo ao campo o modelo do agronegócio, as crianças camponesas passam a entrar na lógica produtiva do capital, na condição de mão de obra a ser preparada. A pesquisa tem como objetivo geral compreender os elementos que permeiam a expansão da política de Educação Infantil para as populações do campo, buscando identificar a perspectiva assumida pelo Estado ao voltar-se para o atendimento educacional de crianças camponesas no território em que vivem, dada a atual conjuntura econômica e social, de intenso avanço do modo de produção capitalista sobre o campo, por meio da consolidação do agronegócio. O levantamento bibliográfico sinalizou que o modo pelo qual o Brasil se insere no mercado globalizado, caracterizado pela dependência econômica, materializa-se em uma reforma de estado e um reordenamento da educação em novas bases. Atendendo às orientações de organismos internacionais e em virtude da ação do capital privado sobre a educação, a escola da classe trabalhadora torna-se um espaço para a gestão da pobreza e de formação da mão de obra para suprir as demandas de mercado. O discurso da universalização da Educação Básica confere novas dimensões à Educação Infantil, que passa a ser percebida como espaço de promoção do desenvolvimento infantil e de promoção da adaptação do estudante ao Ensino Fundamental. A construção das diretrizes para a política de Educação Infantil do Campo alinha-se a esses princípios, afastando-se dos princípios estruturantes do Movimento da Educação do Campo, que vão além da equidade do atendimento educacional, englobando questões de ordem política, problematizando a estrutura social, a exploração do trabalho humano e a propriedade privada.

 

Referência:

SPADA, Ana Corina Machado. Tensões e contradições do processo de construção das diretrizes para a politica pública de educação infantil do campo. 2016. 321 f., il. Tese (Doutorado em Educação)—Universidade de Brasília, Brasília, 2016.

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Práticas de letramentos: cartilhas das minibibliotecas na formação de educadores kalungas, na licenciatura em educação do campo, da Universidade de Brasília

Práticas de letramentos: cartilhas das minibibliotecas na formação de educadores kalungas, na licenciatura em educação do campo, da Universidade de Brasília.

Autor(a):

Juliana Andréa Oliveira Batista

Resumo:

Esse estudo apresenta o uso das Cartilhas de Boas Práticas de Manejo para o Extrativismo Sustentável de: Buriti, Mangaba, Umbu, Pequi e Coquinho Azedo, das Minibibliotecas da Embrapa, na formação em letramentos múltiplos de educandos da Turma V, da Licenciatura em Educação do Campo (LEdoC), do Campus da Faculdade de Planaltina (FUP), da Universidade de Brasília – UnB, especialmente, os educandos com origem em comunidades Kalungas do nordeste goiano. A formação em letramentos múltiplos representa uma importante estratégia na formação integral, contribuindo com a autonomia e autoria desses educandos, na perspectiva de formar intelectuais orgânicos conforme preconizado por Gramsci. As Minibibliotecas se constituem em uma iniciativa da Embrapa Informação Tecnológica que pretende contribuir com as dinâmicas de escolarização e incentivo à leitura no meio rural, por meio do uso de mídia impressa (livros e cartilhas) e mídia eletrônica (cds e dvds). A intencionalidade de acrescentar as dinâmicas de uso dessas Cartilhas das Minibibliotecas nas estratégias de formação em letramentos múltiplos da LEdoC, aponta a perspectiva de analisar criticamente esses conteúdos, no contexto da Educação do Campo e das comunidades Kalungas e de contribuir com os letramentos múltiplos desses educandos, especialmente na produção e sistematização crítica de conhecimentos. A base teórica que fundamenta a experiência está ancorada nos conceitos de autoria e autonomia de Gramsci (2009); na constituição de um sujeito questionador de FREIRE (1996); letramentos múltiplos de ROJO (2009). Esta é uma pesquisa qualitativa sob a perspectiva da Etnografia Colaborativa, que permitiu realizar uma análise mais integrada, considerando a diversidade e complexidade social existente no ambiente pedagógico da LEdoC e nas comunidades Kalungas de origem dos educandos. As análises evidenciam a vinculação forte desses educandos com a identidade Kalunga; a perspectiva positiva do uso das Cartilhas nas atividades de produção textual (resenhas e narrativas) e, especialmente, o papel preponderante da Licenciatura em Educação do Campo na formação integral desses educandos.

Referência:

BATISTA, Juliana Andréa Oliveira. Práticas de letramentos: cartilhas das minibibliotecas na formação de educadores kalungas, na licenciatura em educação do campo, da Universidade de Brasília. 2014. 121 f., il. Dissertação (Mestrado em Educação)—Universidade de Brasília, Brasília, 2014.

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