Valorização do cajuzinho do Cerrado: memória involuntária e memória gustativa

Autor(a):

Aline de Oliveira Monteiro

Resumo:

O cajuzinho-do-cerrado é um fruto importante do bioma Cerrado tanto por sua versatilidade de uso quanto pelo seu potencial socioeconômico sustentável por meio de agricultores familiares que o autoconsumem e o comercializam com o intuito da geração de renda. O agroextrativismo desse produto tem a finalidade da valorização do fruto, do produtor, e da possibilidade de geração de renda de fonte sustentável, razão pela qual, a compreensão das ações dos agroextrativistas e dos consumidores para com o fruto é objeto central desta pesquisa. A Teoria da Memória, exerce papel do resgate de práticas e saberes (história do alimento/formas de consumo) para a individualização de produtos para fins comerciais. Esta pesquisa teve por objetivo analisar o papel da memória involuntária e da memória gustativa como um mecanismo de diferenciação do produto, tanto para o agricultor familiar, como para o consumidor na promoção e valorização do cajuzinho- do-cerrado. Trata-se de uma pesquisa exploratória, descritiva, com abordagem qualitativa, no entorno do Distrito Federal. O procedimento técnico foi o estudo de múltiplos casos em dois grupos: a) grupo de agroextrativistas; b) grupo de consumidores. Estes grupos foram selecionados com base no agroextrativismo do cajuzinho-do-cerrado (somente para agroextrativistas), beneficiamento do fruto (dados agroextrativistas) e as percepções que o agroextrativista possui em relação ao fruto (também para consumidores); e as memórias de consumo para os agroextrativistas e consumidores do fruto (ambos os grupos). A coleta de dados ocorreu por meio de entrevistas semiestruturadas com agroextrativistas do fruto e com consumidores nos locais da coleta. Os dados coletados foram submetidos à análise de conteúdo seguindo o modelo proposto por Bardin (1977) e Deslandes et. al.(1994). Foi utilizada a categorização posteriori dos resultados obtidos para cada grupo pesquisado. A pesquisa contou com dados secundários (constituinte do referencial teórico) além de dados primários alcançados por meio das entrevistas semiestruturadas em ambos os grupos. Também como parte da metodologia, utilizou-se a triangulação das seguintes áreas: o agronegócio, a gastronomia e a antropologia para o enriquecimento da discussão. Os resultados obtidos indicaram que o cajuzinho-do-cerrado não é valorizado pelos agroextrativistas e que tanto a memória involuntária como a memória gustativa não são mecanismos adequados para promover e auxiliar na valorização do fruto. Na vertente dos consumidores, os resultados denotaram que estes valorizam o fruto e suas memórias de consumo que auxiliam no desenvolvimento de novos produtos. Existem algumas poucas iniciativas de divulgação do fruto que ainda são incipientes e que com a abordagem correta e o cuidado para o uso sustentável podem dar maior visibilidade ao fruto, ao extrativista, bem como agregar valor nutricional aos consumidores do produto.

Referência:

MONTEIRO, Aline de Oliveira. Valorização do cajuzinho do Cerrado: memória involuntária e memória gustativa. 2018. 120 f., il. Dissertação (Mestrado em Agronegócios)—Universidade de Brasília, Brasília, 2018.

 

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