Fronteiras da trijunção: representações e memórias do sertão-gerais no Parque Nacional Grande Sertão Veredas

Fronteiras da trijunção: representações e memórias do sertão-gerais no Parque Nacional Grande Sertão Veredas

Autor(a):

Francisco da Paz Mendes de Souza

Resumo:

Essa pesquisa busca compreender Representações e Memórias do Sertão-Gerais, e a contribuição de ambas para a valorização de identidades, cultural e territorial, das Comunidades Tradicionais das Nascentes da Carinhanha no contexto das Múltiplas Fronteiras da Trijunção. Seu enfoque é sobre a Memória Coletiva do Geralista, categoria identitária nativa dos Núcleos Comunitários Veredeiros (NCV) do Parque Nacional Grande Sertão Veredas – PARNA-GSV, em sua Área de Ampliação criada em 2004, que denominamos PARNA GSV.2. A Região da Trijunção é um espaço de fronteiras (Agrícola, Ambiental e Cultural) não oficializado; se situa na intersecção dos estados da Bahia, Goiás e Minas Gerais. Ela sofreu transformações lentas desde o século XVIII. Os impactos mais significativos sobre a Cultura Tradicional de grupos como o Geralista ocorreram com a chegada da Modernização Conservadora do Bioma Cerrado dentro do contexto influenciado pelo início de Brasília (1960/1980). Tais impactos provocaram des/re/territorializações precárias culminando com a criação dessa unidade de conservação (PARNA-GSV.1), em 1989. A Trijunção é zona de transição Cerrado-Caatinga: fica a 350 Km de Brasília. História Oral e História Cultural foram utilizadas como procedimentos teórico-metodológicos complementares nas abordagens sobre dezoito narrativas resultantes de entrevistas semiestruturadas feitas com dois subgrupos de Interlocutores: doze moradores rurais e seis urbanos; a maioria reside na própria Trijunção e parte na RIDE-DF. Todos são parentes consanguíneos ou por afinidade das quatro famílias desbravadoras (Mendes, Brito/“Bito”, Barbosa e Rodrigues), corresponsáveis pela territorialização veredeira da área convertida em PARNA-GSV.2. Esses interlocutores foram selecionados a partir do grau de ligação interparental com descendentes da Família-Tronco do Fazendeiro-Patriarca Rafael Mendes de Queiróz e Dona Rita Rodrigues de Almeida, antigos donos da maior parte do PARNA-GSV.2 conforme documento de 1907, que atesta terem sido eles proprietários da Fazenda Rodeio-Canabrava. A pesquisa identificou quatro categorias de marcação identitária presentes na Memória Coletiva entre essas Comunidades Tradicionais: Carinhanha-Gerais, Goiás-Januária, Sujeito Geralista e Povo/Pessoal do Parque. Por meio das memórias e de suas representações, constatou-se que ainda há fortes vínculos socioculturais dessas comunidades com o Sertão-Gerais; que seus membros problematizam, conscientemente, os impactos decorrentes tanto da Modernização Conservadora quanto por causa do PARNA-GSV; e ainda há entre eles uma intensa resistência cultural associada à Mímesis, que é a força revigorante de sustentação que mantém viva sua identidade filiada à Matriz Identitária Geraizeira. A análise do conjunto dessas narrativas (Geolexicopédia) apontou, entre outras alternativas, a de se fazer, imediatamente, a reformulação crítica do Programa de Gestão Ambiental e com ele redigir um segundo plano de manejo que inclua a criação de Zonas Histórico-culturais nos lugares rememorados pelos Geralistas.

Referência:

SOUZA, Francisco da Paz Mendes de. Fronteiras da trijunção: representações e memórias do sertão-gerais no Parque Nacional Grande Sertão Veredas. 2018. 400 f., il. Dissertação (Mestrado em Meio Ambiente e Desenvolvimento Rural)—Universidade de Brasília, Brasília, 2018.

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Parque Nacional das Sempre-Vivas (PNSV) no Alto Jequitinhonha: limites e potencialidades na implementação de políticas públicas de conservação da biodiversidade e de desenvolvimento rural.

Parque Nacional das Sempre-Vivas (PNSV) no Alto Jequitinhonha: limites e potencialidades na implementação de políticas públicas de conservação da biodiversidade e de desenvolvimento rural.

Autor(a):

Dayse de Souza Leite Leite

Resumo:

Esse trabalho analisa o processo de implementação de dois instrumentos de políticas públicas brasileiras: o Parque Nacional das Sempre-Vivas (PNSV) e o Território Rural/Território da Cidadania Alto Jequitinhonha. Ambos se localizam no estado de Minas Gerais e foram criados, respectivamente, nos anos de 2002 e de 2003. No que se refere ao recorte temporal, o foco da análise perpassa os anos que vão de 2000 a 2017, o que compreende a instituição do Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC) em 2000 e a sua regulamentação em 2002, a instituição da política de desenvolvimento territorial rural em 2003 e os processos de implementação dos dois instrumentos no território. Contudo, esse recorte não afastou a necessidade de se considerar na análise a trajetória histórica de longa duração que contribuiu para a implementação dessas políticas. Assim, interessa-nos discutir como se deram as apropriações e adaptações no processo de implementação do PNSV e do Território, considerando as especificidades históricas, socioculturais e econômicas existentes. Interessa-nos também compreender as interações existentes entre eles e como ocorrem, bem como os limites e potencialidades que elas oferecem para uma integração efetiva das políticas de conservação da biodiversidade e de desenvolvimento rural no território. Trata-se de um estudo com abordagem interdisciplinar, sendo que o quadro teórico-metodológico mobiliza conceitos provenientes dos campos da Análise de Políticas Públicas, especificamente a partir dos modelos top-down e bottom-up de análise da implementação, da conservação da biodiversidade amparada nas concepções da Biologia da Conservação e do socioambientalismo e do desenvolvimento rural de enfoque territorial. Analisou-se a trajetória de implementação dos instrumentos considerando o histórico de ocupação e uso dos territórios localizados no bioma Cerrado, particularmente o uso agroextrativista, a influência das normas e dos planos (fatores institucionais) e a interação entre a burocracia do nível de rua e os atores locais (fatores relacionais). Quanto aos procedimentos para coleta de dados, realizou-se a revisão de literatura relacionada aos territórios estudados, o levantamento e análise de documentos e a pesquisa de campo por meio da realização de entrevistas em profundidade, da observação sistemática de reuniões e da participação em visita técnica. A análise apontou para a existência de poucas interações entre as duas políticas, o que se deve ao processo de formulação de forma setorizada e aos referenciais e paradigmas distintos que conformam cada uma delas. Apesar da política de desenvolvimento territorial propor a integração com outras políticas, na prática isso não ocorreu, considerando como referência a política de conservação da biodiversidade que incide no território. Devido ao fato de o PNSV se enquadrar como Unidade de Conservação (UC) de Proteção Integral, tradicionalmente as possibilidades de interação com políticas de desenvolvimento rural ficaram limitadas. Por outro lado, isso tendeu a se alterar por meio das adaptações ocorridas no processo de implementação dessa UC, decorrentes mais da dinâmica do jogo dos atores locais do que das normas regulamentadoras. Esse jogo dos atores é permeado pelo conflito socioambiental, por divergências, por negociações, etc., sendo que as adaptações decorrentes dele, além de contribuírem para a efetividade da implementação, ao considerar aspectos concernentes ao desenvolvimento rural, podem influenciar processos de re (formulação) das políticas no “nível de cima”, contrapondo os pressupostos da abordagem sequencial ao sinalizar que a implementação pode alterar a formulação.

Referência:

LEITE, Dayse de Souza Leite. Parque Nacional das Sempre-Vivas (PNSV) no Alto Jequitinhonha: limites e potencialidades na implementação de políticas públicas de conservação da biodiversidade e de desenvolvimento rural. 2018. 289 f., il. Dissertação (Mestrado em Meio Ambiente e Desenvolvimento Rural)—Universidade de Brasília, Brasília, 2018.

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Avaliação e reestruturação do programa reflorestar a partir da educação ambiental crítica

Avaliação e reestruturação do programa reflorestar a partir da educação ambiental crítica

Autor(a):

Juliana Lopes Rodrigues de Sousa Viana

Resumo:

Este estudo pretende contribuir para a promoção do desenvolvimento rural sustentável no DF, a partir da proposição do aperfeiçoamento do Programa Reflorestar, com ênfase no fortalecimento da sua dimensão educacional. A pesquisa analisa o contexto de criação do referido Programa, seus objetivos e resultados, e propõe a sua revisão a partir da perspectiva da educação ambiental crítica como uma política pública socioambiental para o Distrito Federal. Para a análise do Programa quanto aos aspectos de sua criação, implementação, resultados e institucionalização foi realizada ampla pesquisa documental nos arquivos da Secretaria de Agricultura e conferidos os resultados alcançados no período de 2008 a 2015. Por meio de entrevista realizada com a principal idealizadora do programa foi possível reviver o período de desafios que a equipe à época enfrentou para recriar o setor ambiental do órgão, após a extinção da Fundação Zoobotânica, no ano 2000. Por fim, em entrevistas realizadas com 28 produtores assistidos em Brazlândia, durante visitas às suas propriedades, foram registradas as percepções do produtor beneficiado, suas críticas e sugestões com vistas ao aperfeiçoamento do Programa. As principais mudanças sugeridas são: (1) desconcentrar os processos decisórios por meio da participação social na gestão ambiental pública para ampliar a conscientização e o empoderamento dos diversos atores sociais; e (2) a ampliação dos critérios de enquadramento e priorização com proposições de alteração de ordem político-institucional e técnico-operacionais. Por fim, a sistematização desta experiência é tanto uma estratégia de resgate da história, de socialização das informações e de subsídio para futuras avaliações e aperfeiçoamentos dos gestores, quanto um esforço para que a memória do que já foi realizado inspire outros colegas servidores a trabalhar na promoção do desenvolvimento rural sustentável.

Referência:

VIANA, Juliana Lopes Rodrigues de Sousa. Avaliação e reestruturação do programa reflorestar a partir da educação ambiental crítica. 2016. 133 f., il. Dissertação (Mestrado em Meio Ambiente e Desenvolvimento Rural)—Universidade de Brasília, Brasília, 2016.

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A cobertura da terra dentro do contexto das unidades de relevo em três bacias da ecorregião do planalto central

A cobertura da terra dentro do contexto das unidades de relevo em três bacias da ecorregião do planalto central

Autor(a):

Ana Clara Alves de Melo

Resumo:

relevo plano e contínuo do Cerrado foi fundamental para políticas de ocupação que concorrem
com a vegetação natural, tornando necessário desenvolver abordagens que conciliam os interesses
humanos com os processos naturais. Assim, é necessário a caracterização do relevo e suas
influências na ocupação humana. Nesse contexto, o objetivo deste trabalho foi avaliar as relações
entre o relevo e a ocupação humana. Foram comparados parâmetros geomorfométricos dos
relevos de três sub-bacias, pertencentes a uma região hidrográfica do Planalto Central
(Tocantins/Araguaia, São Francisco e Paraná), através de imagens digitais da Shuttle Radar
Topography Mission (SRTM). Para a delimitação das unidades de relevo, foi gerada a composição
colorida nos canais RGB (altitude, declividade e curvatura mínima) e realizou-se avaliações entre as
unidades de relevo equivalentes nas diferentes sub-bacias através do teste de Kruskal-Wallis. As
unidades de relevo foram utilizadas como limite natural para a descrição do uso e cobertura da terra
através da base digital do Projeto TerraClass Cerrado. Evidenciou-se que a altitude, declividade e
curvatura minima apresentaram diferenças significativas entre as bacias. Nos relevos planos, tais
como as Chapadas, Rampas de Colúvio e as Mesas predominaram a agricultura e pastagem. Nos
relevos dissecados, como as Frente de Recuo Erosivo, Colinas e Vales predominaram as
coberturas naturais e pastagens. Os estudos integrados são importantes para definir estratégias de
proteção e manutenção dos ecossistemas naturais e dos recursos hídricos. Esses resultados
evidenciam que a ocupação humana é organizada pelas formas do relevo.

Referência:

MELO, Ana Clara Alves de. A cobertura da terra dentro do contexto das unidades de relevo em três bacias da ecorregião do planalto central. 2018. 38 f., il. Dissertação (Mestrado em Ciências Ambientais)—Universidade de Brasília, Brasília, 2018.

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Regime de umidade em um substrato revegetado com lodo de esgoto no Distrito Federal

Regime de umidade em um substrato revegetado com lodo de esgoto no Distrito Federal

Autor(a):

Thyego Pery Monteiro de Lima

Resumo:

O levantamento de áreas mineradas no Distrito Federal (DF) revelou a existência de 2.630 hectares explorados pela mineração e desprovidos de cobertura vegetal em 2015. A recuperação dessas áreas geralmente envolve a incorporação de uma fonte de matéria orgânica e nutrientes aos substratos minerados para reconstrução de um ambiente edáfico capaz de proporcionar o crescimento de plantas. No DF, o lodo de esgoto é utilizado nesse processo. Porém, as consequências dessa prática não estão totalmente compreendidas. Estudos constataram que substratos revegetados com lodo de esgoto no DF acumulam carbono orgânico ao longo do tempo, resultando em teores duas vezes mais altos em relação aos medidos em solos sob florestas na mesma região. Menos de 35% desse carbono orgânico nos substratos revegetados eram originários do lodo de esgoto inicialmente incorporado. A saturação por água por longos períodos é um dos fatores que pode explicar esse fenômeno. Nesse sentido, é necessário compreender o regime de umidade em substratos revegetados no Cerrado e, principalmente, entender se o comportamento da umidade favorece o acúmulo de carbono orgânico nesses materiais. Diante disso, o presente trabalho teve como objetivo verificar se o regime de umidade de um substrato de mineração revegetado com lodo de esgoto no Distrito Federal apresenta requisitos para proporcionar o acúmulo de carbono orgânico. Para isso, realizou-se a caracterização de um substrato minerado exposto, um substrato revegetado com lodo de esgoto e um solo sob Cerrado strictu sensu. Foram mensuradas as seguintes variáveis: densidade aparente, granulometria, condutividade hidráulica na saturação, teor de água à capacidade de campo e ponto de murcha permanente, porosidade total, microporosidade, macroporosidade e resistência mecânica à penetração. Posteriormente, determinou-se o teor de água desses materiais ao longo da estação chuvosa de 2017/2018 e a tensão com que a água estava retida. Foi constatado que o substrato subsuperficial, o substrato revegetado e o solo sob Cerrado apresentam comportamentos distintos quanto à umidade. Ficou evidenciado que o substrato subsuperficial, localizado abaixo do substrato revegetado está submetido a um regime prolongado de alta umidade e apresenta condições que favorecem o acúmulo de carbono.

Referência:

LIMA, Thyego Pery Monteiro de. Regime de umidade em um substrato revegetado com lodo de esgoto no Distrito Federal. 2019. 97 f., il. Dissertação (Mestrado em Ciências Ambientais)—Universidade de Brasília, Planaltina, 2019.

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Mulheres e agroflorestas no Cerrado

Mulheres e agroflorestas no Cerrado

Autor(a):

Luiz Cláudio Moura Santos

Resumo:

O modelo de desenvolvimento rural adotado no Brasil nos anos de 1960 e 1970 baseou-se nos princípios da modernização conservadora que consistiu na transferência de tecnologia de ponta para o campo e no fomento aos monocultivos de larga escala, os quais são dirigidos ao mercado externo. O enfoque totalmente produtivo dessa abordagem, impactou negativamente na preservação e conservação da sociobiodiversidade do Bioma Cerrado. A Agricultura Familiar, que é responsável pela produção de grande parte dos alimentos consumidos pelo brasileiro, foi encurralada pelo avanço da fronteira agrícola ameaçando a segurança e a soberania alimentar da população, principalmente da parcela mais vulnerável. As mulheres rurais ocupam um papel fundamental na produção de alimentos na Agricultura Familiar e, normalmente, utilizam práticas agroecológicas nesse processo. No entanto, o processo de desenvolvimento modernizador no campo contribuiu para agravar às desigualdades de gênero por não reconhecer e valorizar o papel da mulher na dinâmica rural. Isso tem se tornado um entrave à representação das mulheres como precursoras e disseminadoras de ações de base agroecológica, principalmente em assentamentos de reforma agrária. A Agrofloresta é uma prática agroecológica que busca conciliar conservação e produtividade no estabelecimento de cultivos que estejam em consonância com os agroecossistemas locais. Dessa forma, este trabalho de pesquisa, realizado em dois assentamento de reforma agrária no entorno do Distrito Federal, busca identificar quais fatores podem influenciar nas práticas agroflorestais de assentadas. Foram realizadas entrevistas semi-estruturadas com três mulheres representativas em cada território no que se refere à pratica agroecológica bem como conversas informais com representantes locais e observações da dinâmica comunitária com o objetivo de buscar o entendimento de como a Agrofloresta pode contribuir no surgimento de estratégias de protagonismo e visibilidade dessas mulheres. O estudo mostrou que fatores relacionados a organização comunitária e aparatos institucionais quando bem estruturados são elementos fundamentais para a promoção do protagonismo e visibilidade das mulheres e a Agrofloresta, por representar um conjunto de saberes e práticas já naturalmente apropriadas por elas, pode colaborar para a criação de um ambiente propício à ações voltadas ao desenvolvimento rural sustentável por meio do protagonismo das mulheres e da Agroecologia.

Referência:

SANTOS, Luiz Cláudio Moura. Mulheres e agroflorestas no Cerrado. 2017. 87 f., il. Dissertação (Mestrado em Meio Ambiente e Desenvolvimento Rural)—Universidade de Brasília, Brasília, 2017.

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Fronteira agrícola e natureza: visões e conflitos no Parque Nacional das Nascentes do Rio Parnaíba

Fronteira agrícola e natureza: visões e conflitos no Parque Nacional das Nascentes do Rio Parnaíba

Autor(a):

Karla Rosane Aguiar Oliveira

Resumo:

A presente dissertação tem como objetivo compreender por que as visões sobre conservação da natureza e as estratégias para apropriação dos bens naturais, tanto para comunidades tradicionais como para agentes da fronteira agrícola (sojeiros), influenciam de forma desigual a tomada de decisão do Estado a respeito de desafetação de áreas protegidas e reconhecimento de territórios tradicionais. No bioma Cerrado, a expansão da fronteira agrícola é estimulada pelo Estado desde as décadas de 1960/1970. Alguns programas governamentais (como o Programa de Cooperação Nipo-Brasileira para Desenvolvimento dos Cerrados – PRODECER) incentivaram a apropriação dos recursos naturais da região para a produção de commodities. O mais recente programa governamental, o Plano de Desenvolvimento Agrícola do Matopiba, do mesmo modo, busca impulsionar a economia do agronegócio e a expansão da fronteira agrícola em áreas de comunidades tradicionais. Por outro lado, as Unidades de Conservação vêm contribuindo para a conservação do Cerrado. Contudo, em alguns casos, a presença de populações tradicionais não é aceita, provocando conflitos socioambientais e invisibilizando seus territórios. O caso da desafetação de parte do Parque Nacional das Nascentes do Rio Parnaíba permitiu analisar a injustiça ambiental contra as comunidades quilombolas. Foram entrevistados diversos atores na região do Parque durante a pesquisa de campo. Esta indica que a visão das comunidades quilombolas sobre conservação da natureza está bastante próxima à ideia de conservação da legislação ambiental, se comparada com a visão dos sojeiros. Mas, as comunidades ainda vivem conflitos com o órgão gestor do Parque (ICMBio), que tem dificuldades de reconhecer os territórios quilombolas e seus modos de vida tradicionais. Por sua vez, sojeiros pressionaram pela desafetação de parte do Parque, expandindo suas áreas de agricultura por meio das agroestratégias. A pesquisa conclui que apesar do conflito envolvendo áreas protegidas e quilombolas, ambos enfrentam um desafio ainda maior em virtude da expansão das áreas de fronteira agrícola do Cerrado.

Referência:

OLIVEIRA, Karla Rosane Aguiar. Fronteira agrícola e natureza: visões e conflitos no Parque Nacional das Nascentes do Rio Parnaíba. 2018. xv, 141 f., il. Dissertação (Mestrado em Meio Ambiente e Desenvolvimento Rural)—Universidade de Brasília, Brasília, 2019.

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Importância de filtros ecológicos no recrutamento de plantas em jazidas tratadas com lodo de esgoto

Importância de filtros ecológicos no recrutamento de plantas em jazidas tratadas com lodo de esgoto

Autor(a):

Alexander Paulo do Carmo Balduíno

Resumo:

A destruição de ecossistemas pelo homem tem colocado diversas espécies sob o risco de extinção. Planos conservacionistas recomendam a restauração de comunidades vegetais como forma de aumentar a capacidade de suporte do ambiente e de recuperar parte da biodiversidade perdida. O processo de restauração de savanas, a exemplo do Cerrado, é complexo e moldado por filtros ecológicos que direcionam o processo sucessional. O Cerrado brasileiro é o segundo maior bioma do Brasil em extensão e o Distrito Federal (DF) localiza-se na parte central desse bioma. Uma das maiores fontes de degradação no DF é a mineração de bens da construção civil, que expõe à superfície material inapropriado ao processo de recolonização vegetal e sucessão ecológica. A aplicação de elevadas doses de matéria orgânica a substratos minerados tem sido o meio de se conseguir estabelecer comunidades vegetais nesses ambientes degradados. Nesse sentido, o lodo de esgoto produzido em estações de tratamento de esgotos domésticos é uma das fontes mais disponíveis de matéria orgânica no DF. Aproximadamente 460 ha de áreas mineradas no DF já foram revegetadas mediante a incorporação de elevadas doses (> 100t ha-1 base seca) de lodo de esgoto. Esse modelo busca unir dois problemas (resíduo e mineração) em uma única solução e é eficiente para estabelecer a cobertura vegetal sobre os substratos minerados. Nesse sentido, a identificação dos filtros ecológicos que direcionam a colonização de jazidas tratadas com lodo de esgoto é fundamental para que os ecossistemas nativos removidos pela atividade de mineração sejam efetivamente restaurados. Em face do exposto, esta pesquisa objetivou caracterizar a flora recrutada em jazidas tratadas com lodo de esgoto e identificar os fatores que estão determinando e influenciando este recrutamento. Para tanto, a pesquisa foi dividida em cinco etapas, sendo que, na primeira etapa, foram feitos o mapeamento e a estimativa de áreas degradadas pela mineração no Distrito Federal que ainda permanecem sem revegetação. Na segunda etapa, foi realizada a avaliação florística das comunidades de plantas recrutadas em jazidas tratadas com lodo de esgoto no Distrito Federal, além da investigação das relações da fertilidade química com a invasão de plantas nas comunidades regeneradas. Nas fases seguintes da pesquisa, a pesquisa concentrou-se numa das jazidas avaliadas na fase anterior (jazida J294), onde avaliou-se a composição da chuva de diásporos, as relações de filtros edáficos e colonização vegetal e os efeitos do controle químico de Urochloa brizantha (Braquiarão), da escarificação do substrato tratado com lodo de esgoto e da semeadura direta no recrutamento de plantas nessa jazida. Os principais resultados encontrados mostraram que o uso do lodo de esgoto no tratamento das jazidas mineradas resultou na colonização espontânea de diversas espécies de plantas com traços funcionais que variaram em relação ao hábito de crescimento, forma de vida de Raunkier, síndromes de polinização e de dispersão e grupo ecológico. Doses mais elevadas de lodo de esgoto (> 100 t ha-1 base seca) aumentaram o percentual de espécies invasoras ao Cerrado nas comunidades regeneradas nas jazidas estudadas. Filtros ecológicos (chuva de sementes inapropriada, fertilidade química e parâmetros físicos dos substratos tratados com lodo de esgoto e competição com espécies exóticas invasoras) direcionaram a colonização vegetal nas jazidas tratadas com lodo de esgoto para a montagem de comunidades distintas daquelas existentes nos fragmentos de Cerrado sentido restrito usados como ecossistemas de referência. Finalmente, o manejo dos filtros dispersão de diásporos, competição com gramíneas invasoras e compactação do substrato mediante implantação da semeadura direta com espécies nativas, o controle químico de Urochloa brizantha (Braquiarão) e o gradeamento da camada superficial (0 – 15cm) do substrato tratado com lodo de esgoto promoveu ganhos gerais de riqueza e de diversidade nas comunidades vegetais que recolonizaram a jazida J294.

Referência:

BALDUÍNO, Alexander Paulo do Carmo. Importância de filtros ecológicos no recrutamento de plantas em jazidas tratadas com lodo de esgoto. 2019. vii, 226 f., il. Tese (Doutorado em Ciências Ambientais)—Universidade de Brasília, Brasília, 2019.

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Diversidade funcional e riqueza de espécies lenhosas de Cerrado utilizadas na restauração ecológica no Distrito Federal

Diversidade funcional e riqueza de espécies lenhosas de Cerrado utilizadas na restauração ecológica no Distrito Federal.

Autor(a):

Willian Barros Gomes

Resumo:

A restauração ecológica é a atividade que promove a restituição da estrutura e funcionamento em ambientes degradados, com baixa capacidade de resiliência. Na maioria das vezes a restauração ecológica utiliza poucas espécies, o que resulta em baixa diversidade e insucesso. Nesse contexto o objetivo deste trabalho foi avaliar a diversidade funcional e a riqueza de espécies lenhosas nativas do Cerrado utilizadas na restauração ecológica no Distrito Federal. Foram levantadas espécies lenhosas comercializadas nos viveiros locais, indicadas nos Planos de Recuperação de Áreas Degradadas (PRAD’s) aprovados pelo órgão ambiental, espécies efetivamente presentes nos projetos de restauração ecológica executados e as espécies presente em fragmentos de Cerrado preservado no Distrito Federal (referência). A suficiência amostral das fontes de dados (viveiros, PRAD’s, projetos e referência) foi testada por meio de curvas de rarefação. Foram selecionados sete traços funcionais para avaliar as espécies encontradas: grupo ecológico (Mata ripária), síndromes de dispersão e polinização, deciduidade, exigência nutricional, associação com micorrízas e assimilação de nitrogênio. A diversidade funcional foi calculada através do índice Functional diversity (FD) e riqueza funcional (FRic). Foram listadas 604 espécies pertencentes à 82 famílias botânicas. Nos viveiros visitados foram encontradas 184 espécies, nos PRAD’s analisados foram recomendadas 285 espécies, nos 21 projetos de restauração avaliados encontraram-se 206 espécies e na referência foram observadas 442 espécies. Em média nos viveiros são encontradas 26 espécies, os PRAD’s recomendam 20 e os projetos utilizam 24 espécies. Os resultados indicaram que a riqueza funcional presente nos projetos executados é superior a encontrada nos viveiros e PRAD’s. Foram encontrados 10 grupos funcionais nas áreas de referência e 2 grupos funcionais nos viveiros, PRAD’s e projetos de restauração executados. A partir dos resultados encontrados foram propostas listas de espécies lenhosas nativas de Cerrado indicadas para restauração ecológica no DF. Com 34 espécies é possível ter a diversidade funcional presente em formação florestal. Com 14 espécies na formação savânica.

Referência:

GOMES, Willian Barros. Diversidade funcional e riqueza de espécies lenhosas de Cerrado utilizadas na restauração ecológica no Distrito Federal. 2018. vi, 108 f., il. Dissertação (Mestrado em Ciências Ambientais)—Universidade de Brasília, Brasília, 2018.

Disponível em:

Rede de Sementes do Cerrado

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Referências

Rede de Sementes do Cerrado. Rede de Sementes do Cerrado, 2020. Disponível em:  http://www.rsc.org.br/. Acesso em: 02 de maio de 2020.