Hamadryas velutina browni D.W. Jenkins, 1983

Hamadryas velutina browni, D.W. Jenkins, 1983

Nome(s) popular(es):

Borboleta.

História natural:

No Brasil, os registros dessa espécie foram feitos em 1960 e 1970. A espécie ocorre em três locais próximos, restrita ao norte do ecótono (área de transição) entre o Cerrado e o Pantanal, áreas de mata de galeria fechada. Informações sobre a biologia estão indisponíveis e há poucos exemplares conhecidos do táxon. Adultos foram observados entre os meses de março e julho, e é provável que H. velutina browni utilize plantas hospedeiras da família Euphorbiaceae, já que lagartas de outras espécies do gênero Hamadryas alimentam-se de Dalechampia (Euphorbiaceae).

Descrição:

Apresenta padrão de coloração similar ao de outras espécies do gênero Hamadryas Hübner, [1806].

Distribuição:

“É registrada nos municípios de Diamantino, Barra do Bugres (Estrada Barra do Bugres a Tangará, km 30-35) e Tapirapuã (MT) (Florida Museum of Natural History). Há registro desta subespécie também na Colômbia, porém, como há registros apenas de outras subespécies na região entre estas duas ocorrências, considera-se que seja uma população isolada ou que a população da Colômbia seja outra subespécie ainda não descrita” (ICMBIO, 2018, p. 126). Não existem informações populacionais.

Conservação:

Espécie categorizada como Em Perigo- EN (IUCN).

As principais ameaças são:

  • desmatamento;

  • alta conversão de habitat para áreas agrícolas e pecuárias;

  • fragmentação e substituição do ambiente natural, ocasionando isolamento das populações;

  • extração de madeira ( como as espécies são frequentes em matas fechadas, a extração limita áreas de ocorrência).

É necessário que mais estudos sejam feitos para localização de mais subespécies e conservação do habitat correspondente.

Referências

BECCALCONI,, G.W.; VILORIA, A.L.; HALL,, S.K.;  ROBINSON, G.S. Catalogue of the hostplants of the Neotropical butterflies/Catálogo de las plantas huésped de las mariposas neotropicales. Volume 8 ed. Monografías 3ercer Milenio: 2008, 536p.

 

Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade. 2018. Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção: Volume VII – Invertebrados. In: Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade. (Org.). Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção. Brasília: ICMBio. 727p.

Joiceya praeclarus Talbot, 1928

Joiceya praeclarus, Talbot, 1928

Nome(s) popular(es):

Fadinha. 

História natural:

Dois machos da espécie coletados no Mato Grosso em 1927 haviam sido descritos, e por mais de 80 anos era o que se conhecia, até que em 2011 um macho foi observado e coletado em uma área de floresta ripária secundária em Foz do Iguaçu-PR, a 1200 km de distância do local coletado no Mato Grosso, sinalizando a possibilidade de uma maior distribuição geográfica e de algum comportamento que explique a raridade da espécie.

Descrição:

O padrão de coloração da espécie se assemelha ao de espécies do gênero Theope Doubleday, 1847 (Riodinidae: Nymphidiini) como T. eurygonina Bates, 1868, T. euselasina Hall, 2008 e T. cmielkei P. Jauffret & J. Jauffret, 2009” (ICMBIO, 2018, p. 173).

Distribuição:

Endêmica do Brasil, existem dois registros para o estado do Mato Grosso, em Tombador e Cuiabá, região de Cerrado, e um no Paraná, em uma mata ripária secundária, região de Mata Atlântica, em área rural de Foz do Iguaçu. Não há informações sobre população. A baixa densidade populacional pode estar relacionada a algum comportamento ainda não esclarecido, como o hábito de voar no dossel da floresta, que pode dificultar a observação e coleta desta espécie.

Conservação:

Espécie categorizada como Criticamente em Perigo- CR (IUCN).

A principal ameaça é a pressão antrópica, principalmente relacionada a agropecuária (uso intensivo de agrotóxicos e taxa alta de conversão dos ambientes) que gera fragmentação de habitat e isolamento das populações que possivelmente ocorram em outros locais.

É necessário o desenvolvimento de ações para conservação dos habitats onde espécies já foram encontradas, de pesquisas e criação de inventários para localizar novas populações e então fazer estudos de taxonomia, ecologia e biologia da espécie.

Referências

GREVE, Roberto R. et al. The Rediscovery Of Joiceya Praeclarus Talbot 1928 (Lepidoptera: riodinidae), more than 80 years after its description. Journal Of The Lepidopterists’ Society, [S.L.], v. 67, n. 1, p. 56-57, mar. 2013. Lepidopterists’ Society. http://dx.doi.org/10.18473/lepi.v67i1.a7.

 

Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade. 2018. Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção: Volume VII – Invertebrados. In: Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade. (Org.). Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção. Brasília: ICMBio. 727p.

Strymon ohausi (Spitz, 1933)

Strymon ohausi, (Spitz, 1933)

Nome(s) popular(es):

Fadinha.

História natural:

Espécie de biologia e história natural ainda pouco conhecida, mas se sabe que S. ohausi ocorre em regiões de campo limpo no Cerrado e campos naturais no estado do Paraná. Outras espécies do gênero Strymon apresentam mirmecofilia (associação com formigas) facultativa no estágio larval.

Descrição:

Robbins e Nicolay (2001) descreveram a morfologia da espécie. “O padrão alar da espécie pode ser confundido com o de outras espécies de Lycaenidae de ambientes naturais abertos como Nicolaea cauter (Druce, 1907) e Arawacus tarania (Hewitson, 1868)” (ICMBIO, 2018, p. 170).

Distribuição:

Há registros da espécie nos municípios de Alto Paraíso e Pirenópolis (GO), São Caetano do Sul (SP), Diamantina (MG), Palmeira (PR) e Brasília (DF). A espécie endêmica do Brasil é restrita a ambientes de campos naturais e de Cerrado em áreas acima de 1.100 m de altitude, apesar de existir indícios de que seja localmente abundante (ex. PARNA da Serra do Cipó e PARNA das Sempre-Vivas, MG), não há informações populacionais disponíveis. “Desde sua descrição em 1933, não tem sido registrada em sua localidade-tipo, no município de São Caetano do Sul (SP). Apresenta redução de habitat ao longo de sua área de distribuição geográfica.” (ICMBIO, 2018, p. 170). 

Conservação:

Espécie categorizada como Em Perigo- EN (IUCN).

As principais ameaças são:

  • alteração no habitat em decorrência de ocupação urbana e queimadas;

  • destruição, perda, degradação e poluição de habitat por atividades agropecuárias conjuntamente aos efeitos do uso intensivo de agrotóxicos;

  • isolamento das populações ocasionado pelas ameaças anteriormente citadas.

São necessárias ações para conservação, como:

  • proteção das áreas de ocorrência da espécie;

  • manutenção das populações na UC e PARNA’s;

  • pesquisas voltadas para monitoramento das populações conhecida e descoberta de novas através de inventários específicos;

  • estudos sobre ecologia e biologia da espécie.

Referências

Brown Jr., K.S. 1993. Selected Neotropical species, p.146–149. In: New, T.R. (ed.). Conservation biology of Lycaenidae. Occasional Paper of the IUCN Species Survival Commission No 8. Gland: International Union for Conservation of Nature and Natural Resources. 173p.

 

Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade. 2018. Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção: Volume VII – Invertebrados. In: Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade. (Org.). Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção. Brasília: ICMBio. 727p.

 

LANGNER, Simone et al. Association of three species of Strymon Hübner (Lycaenidae: Theclinae: Eumaeini) with bromeliads in southern Brazil. Journal Of Research On The Lepidoptera, [S.L.], v. 42, p. 50-55, jan. 2010.

 

ROBBINS, Robert K.; NICOLAY, Stanley S.. An overview of Strymon Hübner (Lycaenidae: Theclinae: Eumaeini). Journal Of The Lepidopterists’ Society, [S.L.], v. 55, n. 3, p. 85-100, jan. 2001.

Parides burchellanus (Westwood, 1872)

Parides burchellanus, (Westwood, 1872)

Outros nomes aplicados ao táxon:

Papilio numa Boisduval, 1836; Papilio jaguarae Foetterle, 1902; Papilio socama Schaus, 1902. Parides panthonus jaguarae (Foetterle, 1902) também foi sinonimizada com esta espécie.

Nome(s) popular(es):

Rabo-de-andorinha.

História natural:

Frequente em matas de galeria, voa sobre e ao longo dos cursos d’água, mesmo habitat de distribuição da planta hospedeira Aristolochia chamissonis Duchartre (Aristolochiaceae). A espécie é multivoltina (se reproduz várias vezes ao ano), e em Brumadinho, os adultos podem ser observados durante o ano todo com picos em alguns meses.

Descrição:

“Sexos praticamente semelhantes, sendo o macho diferenciado da fêmea pela presença de escamas odoríferas esbranquiçadas ao longo da margem anal da face dorsal da asa posterior” (FREITAS; MARINI-FILHO, 2011, p. 65). Descrição morfológica detalhada feita por Racheli (2006). 

Distribuição:

Parides burchellanus foi registrada em matas de galeria, em altitudes entre 800 m e 1.100 m, voando nas margens de riachos. Existem registros históricos em áreas que hoje estão muito alteradas, como os municípios de Sobradinho (DF), Anápolis (GO), Carmo do Rio Claro, Matosinhos (Rio das Velhas) e Uberaba (Farinha Podre) (MG), Batatais e Bauru (SP). A despeito de várias tentativas de localização, não há nenhum registro recente em nenhuma destas localidades. A distribuição atual da espécie inclui apenas Planaltina (DF), Planaltina de Goiás (alto rio Maranhão) (GO) e a região no entorno de Brumadinho, nas proximidades de Belo Horizonte”(ICMBIO, 2018, p. 98-99).

Endêmico do Brasil e também do Cerrado, as populações de P. burchellanus são pequenas, ocorrem em poucos lugares no bioma, em áreas isoladas distantes entre si e há pouca possibilidade de dispersão entre elas. As menores com 10 a 50 indivíduos, e a maior, com mais de 100 indivíduos localizada em Brumadinho (MG), estão em declínio por consequência das alterações antrópicas e degradação dos habitats.

Conservação:

Espécie categorizada como Criticamente em Perigo- CR(IUCN) e Vulnerável (ICMBio).

As principais ameaças são:

  • o desmatamento;

  • isolamento das populações conhecidas;

  • poluição dos córregos (já que estão associadas a cursos d’água);

  • a degradação, destruição e fragmentação do habitat, principalmente associada a uso do fogo, ocupação urbana, atividade rural e agropecuária.

Combater tudo isso envolve estratégias de conservação como:

  • manutenção da planta hospedeira, recuperação/conservação do habitat natural de ocorrência da espécie e também do curso d’água associado;

  • pesquisas e trabalhos relacionados à distribuição geográfica, localização de novas populações e monitoramento das conhecidas, taxonomia, ecologia, biologia, reintrodução das plantas hospedeiras e das espécies, e educação ambiental;

  • aumento do habitat e da conectividade da paisagem, através de restauração de matas e criação de UC’s de proteção integral e uso sustentável nas áreas de ocorrência.

Referências

BEDÊ, Lúcio Cadaval et al. Parides burchellanus (Westwood, 1872) (Lepidoptera, Papilionidae): new distribution records from southwestern Minas Gerais state, Brazil. Check List, [S.l.], v. 11, n. 3, p. 1663, may 2015. ISSN 1809-127X. doi:http://dx.doi.org/10.15560/11.3.1663.

 

FREITAS, A. V. L.; MARINI-FILHO, O. J. Plano de Ação Nacional para Conservação dos Lepidópteros Ameaçados de Extinção. Brasília: Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, ICMBio, 2011. 124 p. (Série Espécies Ameaçadas ; 13).

 

Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade. 2018. Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção: Volume VII – Invertebrados. In: Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade. (Org.). Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção. Brasília: ICMBio. 727p.

 

MIELKE, Olaf H. H.; MIELKE, Carlos Guilherme C.; CASAGRANDE, Mirna M.. Parides panthonus jaguarae (Foetterle) (Lepidoptera, Papilionidae) redescoberto em Minas Gerais, Brasil: sua identidade. Revista Brasileira de Zoologia, Curitiba, v. 21, n. 1, p. 9-12, Mar. 2004. https://doi.org/10.1590/S0101-81752004000100002.

 

RACHELI, T. The genus Parides: an unended quest, p.70. In: Bauer, F. & Frankenbach, T. (eds.). Butterflies of the World. Keltern, Deutschland: Goecke and Evers, 2006. 116p.

 

SILVA-BRANDÃO, K. L.; AZEREDO-ESPIN, A. M. L.; FREITAS, A. V. L.. New evidence on the systematic and phylogenetic position of Parides burchellanus (Lepidoptera: Papilionidae). Molecular Ecology Resources, [S.L.], v. 8, n. 3, p. 502-511, maio 2008. Wiley. http://dx.doi.org/10.1111/j.1471-8286.2007.02022.x.

Cunizza hirlanda planasia Fruhstorfer, 1910

Cunizza hirlanda planasia, Fruhstorfer, 1910

Nome(s) popular(es):

Borboleta. 

História natural:

É uma subespécie avistada em baixas densidades, de ocorrência restrita a poucos locais na região do Cerrado. Táxon de identificação fácil, foi registrado em locais com altitudes de 600 a 1.350 m. Kaminski et al. (2012), que descreve sobre os estágios imaturos e a planta hospedeira da subespécie, observou comportamento de “hilltopping” (comportamento de localização de parceiro) nos machos no município de Paracatu- MG e sugere que a C. hirlanda planasia seja multivoltina e altamente associada com a vegetação do Cerrado, como cerrado sensu stricto, especialmente as áreas abertas apesar de ter sido observada em matas de galeria. 

Descrição:

Não encontrada.

Distribuição:

Subespécie rara, endêmica do Brasil e possível endêmica do Cerrado, foi registrada em alguns locais no Planalto Central, Goiás (presente também no PE dos Pireneus), no Distrito Federal (presente também na APA Gama e Cabeça de Veado), e em Minas Gerais (município de Paracatu). Informações populacionais indisponíveis.

Conservação:

Espécie categorizada como Vulnerável- VU (IUCN).

A principal ameaça é o desmatamento, a degradação e perda de habitat. São necessárias pesquisas para melhor conhecimento das populações (localização e determinação de sua extensão de ocorrência) e também proteção das populações futuramente encontradas em UC’s de proteção integral.

Referências

Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade. 2018. Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção: Volume VII – Invertebrados. In: Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade. (Org.). Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção. Brasília: ICMBio. 727p.

 

KAMINSKI, Lucas A.; BARBOSA, Eduardo P.; FREITAS, André V. L.. Immature Stages of the Neotropical Mistletoe Butterfly Cunizza hirlanda planasia Fruhstorfer (Pieridae: Anthocharidini). Journal Of The Lepidopterists’ Society, [S.L.], v. 66, n. 3, p. 143-146, set. 2012. Lepidopterists’ Society. http://dx.doi.org/10.18473/lepi.v66i3.a4. Disponível em: http://repositorio.unicamp.br/jspui/handle/REPOSIP/69899. Acesso em: 26 jul. 2020.

Nyceryx mielkei Haxaire, 2009

Nyceryx mielkei, Haxaire, 2009

Nome(s) popular(es):

Mariposa.

História natural:

Mielke & Haxaire (2013) relatam que a espécie considerada rara, coletada apenas no início do período chuvoso, parece ser endêmica do Cerrado.

Descrição:

“Espécie próxima a Nyceryx brevis Becker, 2001. O macho difere pela coloração marrom avermelhada, em contraste com N. brevis que apresenta uma coloração geral acinzentada; pela maior envergadura; e principalmente pela macula escura mais discreta nas asas anteriores, que começa na margem interna e se alonga até a metade da asa; ausência de mancha escura na margem externa das asas posteriores. Fêmea similar ao macho de N. brevis, exceto a macula nas asas anteriores; asa dianteira com cerca de 20 mm, envergadura 46 mm; asa dianteira com ápice mais arredondado do que no macho; projeção central distal do abdômen ausente, como nas fêmeas das outras espécies do grupo. Espécie tipo do Brasil, Maranhão” (ICMBIO, 2018, p. 57). Descrições feitas também por Mielke & Haxaire (2013, p. 110) e Haxaire (2009).

Distribuição:

Endêmica do Brasil, pode ser encontrada em duas regiões no estado do Maranhão: na Serra do Penitente, fazenda Nova Holanda; em Balsas e em Retiro no município de Feira Nova do Maranhão. Informações populacionais indisponíveis.

Conservação:

Espécie categorizada como Criticamente em Perigo-CR (IUCN).

A principal ameaça é a expansão agrícola, que, somado ao uso intensivo de agrotóxicos, converte áreas nativas, principalmente para plantação de soja, ocasionando perda de qualidade, fragmentação e degradação do habitat. A raridade da espécie agrava ainda mais a situação. Pesquisas sobre distribuição geográfica, ecologia de populações e biologia da espécie são necessários não só para conhecimento sobre a mariposa, mas também para melhor manutenção e conservação das populações. 

Referências

HAXAIRE, Jean. Deux nouvelles espèces de Sphinx brésiliens (Lepidoptera, Sphingidae). The European Entomologist, [S.L.], v. 2, n. 1-2, p. 7-17, out. 2009.

 

Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade. 2018. Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção: Volume VII – Invertebrados. In: Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade. (Org.). Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção. Brasília: ICMBio. 727p.

 

MIELKE, C. G. C.; HAXAIRE, J. A. Hawkmoths fauna of southern Maranhão state, Brazil, with description of a new species of Orecta Rothschild & Jordan, 1903 and the female of Nyceryx mielkei Haxaire, 2009 (Lepidoptera: Sphingidae). Nachrichten des Entomologischen Vereins Apollo, v. 34, n. 3, p. 109-116, nov. 2013.

 

Zonia zonia diabo Mielke & Casagrande, 1998

Zonia zonia diabo, Mielke & Casagrande, 1998

Nome(s) popular(es):

Diabinha.

História natural:

Morfologia descrita por Mielke & Casagrande (1997, p.986-987). Táxon se assemelha ao padrão encontrado nas outras subespécies de Zonia zonia, porém ainda pouco conhecido. Os machos voam a altura próxima de 15 m a procura de fêmeas para acasalar e para defender seus territórios, comportamento de “hilltopping’’, pousando em cima das folhas de árvores com 3 m de altura. Não há informações sobre a fêmea e a planta hospedeira.

Descrição:

Macho possui comprimento da asa anterior: 26-28 mm. Padrão dos desenhos como nas demais subespécies, diferindo no padrão de manchas apicais e medianas das asas. Informações sobre a fêmea e a planta hospedeira ainda indisponível.

Distribuição:

Endêmica do Brasil, ocorre em matas de galeria no Cerrado e florestas úmidas de Mata Atlântica. Registrada em topos de morro com altitude de até 800- 1.100 m nos municípios de Teodoro Sampaio- SP (PE do Morro do Diabo), Pirenópolis-GO (PE dos Pireneus) e Terra Rica- PR (Parque Municipal Três Morrinhos). Informações populacionais indisponíveis.

Conservação:

Espécie categorizada como Em Perigo- EN (IUCN) e Vulnerável (ICMBio).

A principal ameaça é o desmatamento e destruição do habitat natural, sendo assim, a conservação e manejo adequado do ambiente de ocorrência da subespécie é o mais importante. Além disso, é necessário e essencial o desenvolvimento de trabalhos em busca de fêmeas e populações, e também pesquisas voltadas para à ecologia, taxonomia, biologia e distribuição geográfica da subespécie acompanhado de investimento em educação ambiental.

Referências

Dolibaina, D.R.; Carneiro, E.; Dias, F.M.S.; Mielke, O.H.H.; Casagrande, M.M. Registros inéditos de borboletas (Papilionoidea e Hesperioidea) ameaçadas de extinção para o Estado do Paraná, Brasil: novos subsídios para reavaliação dos critérios de ameaça. Biota Neotropica, v. 10, n. 3, p. 75–81, Jul. 2010.

 

FREITAS, A. V. L.; MARINI-FILHO, O. J. Plano de Ação Nacional para Conservação dos Lepidópteros Ameaçados de Extinção. Brasília: Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, ICMBio, 2011. 124 p. (Série Espécies Ameaçadas ; 13).

 

Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade. 2018. Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção: Volume VII – Invertebrados. In: Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade. (Org.). Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção. Brasília: ICMBio. 727p.

 

MIELKE, Olaf H. H; CASAGRANDE, Mirna M. Papilionoidea e Hesperioidea (Lepidoptera) do Parque Estadual do Morro do Diabo, Teodoro Sampaio, São Paulo, Brasil. Rev. Bras. Zool.,  Curitiba ,  v. 14, n. 4, p. 967-1001,  Dec.  1997 .   Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-81751997000400013&lng=en&nrm=iso>. access on  26  July  2020.  https://doi.org/10.1590/S0101-81751997000400013.

 

 

Guarani

Guarani

Origem do nome

Os Guarani são conhecidos por distintos nomes: Chiripá, Kainguá, Monteses, Baticola, Apyteré, Tembekuá, entre outros. No  entanto, sua autodenominação é Avá, que significa, em Guarani, “pessoa”. 

 

Os grupos guarani que hoje vivem no Brasil são:

  • Mbya

  • Pãi-Tavyterã, conhecidos no Brasil como Kaiowá

  • Avá Guarani, denominados no Brasil Ñandeva

A nomenclatura referente aos Guarani, a exemplo de outros aspectos de sua tradição de conhecimento, é tema de difícil abordagem dada a variedade de nomes que podem assumir. Viajantes dos séculos XVI e XVII os classificaram de modo genérico como “índios de la generación de los guarani” (Cabeza de Vaca 1971; Azara 1969; MCA, 1952) e apresentaram uma enorme lista de nomes utilizados para designar os povos dessa “nação”, que se agrupavam, segundo descrição desses primeiros colonizadores, em pequenos grupos ou divisões que tomavam o nome do líder político-religioso local ou, ainda, o nome do lugar por ele ocupado. Sob uma mesma denominação podiam ser identificadas diferentes “comunidades” que viviam ao longo de um rio ou próximo de fontes de água e mato, assumindo, cada uma delas, denominação particular, razão pela qual há uma diversidade muito grande de nomes dados aos Guarani pelos conquistadores, tais como mbiguas, caracara, timbus, tucagues, calchaguis, quiloazaz, carios, itatines, tarcis, bombois, curupaitis, curumais, caaiguas, guaranies, tapes, ciriguanas (cf. Azara, 1969:203).

Localização do povo

Argentina, Bolívia, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Mato Grosso do Sul, Pará e Paraguai

Referência

Rubem Ferreira Thomaz de Almeida; Fabio Mura. Povos Indígenas no Brasil. Disponível em: <https://pib.socioambiental.org/pt/Povo:Guarani_Kaiow%C3%A1>. Acesso em: 26 de ago. de 2020.

 

Equipe de edição da Enciclopédia Povos Indígenas no Brasil. Povos Indígenas no Brasil. Disponível em: <https://pib.socioambiental.org/pt/Povo:Guarani>. Acesso em: 26 de ago. de 2020.

 

RODRIGUES, Aryon Dall’Igna. Línguas indígenas brasileiras. Brasília, DF: Laboratório de Línguas Indígenas da UnB, 2013. 29p. Disponível em: <http://www.letras.ufmg.br/lali/PDF/L%C3%ADnguas_indigenas_brasiliras_RODRIGUES,Aryon_Dall%C2%B4Igna.pdf>. Acesso em: 26 de ago. de 2020. 

Ka’apor

Ka'apor

Foto: Vladimir Kozak, Museu Paranaense.

Origem do nome

Sua auto-denominação é Ka’apor ou Ka’apór (o apóstrofo representa uma parada da glote; o acento tônico na língua Ka’apor em geral cai na última sílaba). Outros nomes pelos quais são conhecidos são Urubu, Kambõ, Urubu-Caápor, Urubu-Kaápor, Kaapor.

Ka’apor parece derivar de Ka’a-pypor, “pegadas na mata” ou “pegadas da mata”. Outro significado aventado para Ka’apor é o de “moradores da mata”. Contudo, a expressão “moradores da mata” na verdade exprime-se melhor pelo nome que os Ka’apor atribuem aos índios caçadores-coletores Guajá, seus vizinhos, Ka’apehar.

A pessoa também pode ser identificada na língua Ka’apor como awá, que se refere à forma reflexiva (“alguém”) e ao sujeito, enquanto pessoa, nas sentenças interrogativas (“quem?”); awá está relacionado com os termos inflexivos referentes a “pessoa” e “povo” em várias outras línguas Tupi-Guarani. Kambõ parece ter sido assimilado do português “caboclo”, um termo aplicado aos Ka’apor pela maioria dos brasileiros da região nos dias de hoje, provavelmente de origem amazônica e freqüentemente usado pelos que falam a língua Ka’apor numa auto-referência quando em conversa com terceiros.

O termo Urubu foi evidentemente atribuído ao povo Ka’apor durante o século XIX pelos inimigos luso-brasileiros, sendo esta etmologia dada pelos próprios informantes Ka’apor, embora estes não se refiram a si mesmos pelo termo quando falando com terceiros. Os termos hifenizados Urubu-Caápor e Urubu-Kaápor foram introduzidos pelos indigenistas brasileiros nos anos 50, numa tentativa de padronizar, na etnologia, a grafia dos nomes de grupos nativos.

Localização do povo

Maranhão

Referência

William Balée. Povos Indígenas no Brasil. Disponível em: <https://pib.socioambiental.org/pt/Povo:Ka’apor>. Acesso em: 26 de ago. de 2020.

 

RODRIGUES, Aryon Dall’Igna. Línguas indígenas brasileiras. Brasília, DF: Laboratório de Línguas Indígenas da UnB, 2013. 29p. Disponível em: <http://www.letras.ufmg.br/lali/PDF/L%C3%ADnguas_indigenas_brasiliras_RODRIGUES,Aryon_Dall%C2%B4Igna.pdf>. Acesso em: 26 de ago. de 2020.