Importância do Cerrado para o equilíbrio do clima do planeta é destaque no 26º FICA

Importância do Cerrado para o equilíbrio do clima do planeta é destaque no 26º FICA

FICA 2025 destaca o Cerrado como pilar para o equilíbrio climático do planeta

A riqueza ecológica e a importância estratégica do Cerrado para o equilíbrio ambiental são reconhecidas tanto pela ciência quanto pelas expressões artísticas. Em consonância com essa compreensão, o Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental (FICA) reafirma seu compromisso com a valorização e defesa desse bioma, trazendo à tona reflexões urgentes sobre sua preservação e os caminhos possíveis para sua proteção.

Em sua 26ª edição, o FICA será realizado entre os dias 10 e 15 de junho de 2025, na histórica Cidade de Goiás, e terá como tema central:
“Cerrado: a savana brasileira e o equilíbrio do clima”.

Considerado a savana mais biodiversa do mundo, o Cerrado abriga uma vasta gama de espécies únicas da fauna e flora, além de desempenhar um papel fundamental na regulação do clima, na manutenção dos recursos hídricos e na sustentabilidade da vida. Sua conservação é vital não apenas para o Brasil, mas para o planeta como um todo.

“O FICA 2025 convida o público a refletir sobre a importância da preservação do Cerrado, destacando a necessidade de ações coletivas para garantir um futuro mais justo e sustentável”, afirma Yara Nunes, secretária de Estado da Cultura de Goiás. “Juntos, podemos construir um amanhã em que o Cerrado continue contribuindo para a saúde do planeta e o bem-estar das futuras gerações.”

Com uma programação totalmente gratuita, o festival oferece:

  • Mostras competitivas e paralelas de cinema ambiental

  • Oficinas, fóruns e debates com cineastas, ambientalistas e pesquisadores

  • Atividades culturais e ambientais voltadas ao público infantil e juvenil

  • Shows musicais e apresentações artísticas

A agenda inclui também intervenções culturais diversas como poesia, teatro de rua, circo, capoeira e festejos tradicionais, que serão distribuídas entre o Palco Coreto, o Mercado Municipal e a Praça do Chafariz, consolidando a Cidade de Goiás como um centro vibrante de cultura, arte e consciência ambiental.

O evento é uma realização do Governo de Goiás, por meio da Secretaria de Estado da Cultura (Secult), em correalização com a Universidade Federal de Goiás (UFG), por meio da Fundação RTVE.

Mais informações e a programação completa estão disponíveis no site oficial:
🔗 https://fica.go.gov.br/

Nosso ambiente é o Cerrado! A savana mais biodiversa do planeta Terra

Nosso ambiente é o Cerrado! A savana mais biodiversa do planeta Terra

Vamos “Cerradiar” que é o ato de se envolver e participar ativamente na promoção e proteção das culturas dos povos indígenas, das comunidades tradicionais e todos e todas que nele vivem, assim como, na preservação, conservação e restauração da biodiversidade do Cerrado. Queremos fazer um convite para todas as crianças, os jovens, os adultos e os idosos(as) a se juntar a nós nesta jornada de conhecimento, diálogo e AÇÃO em prol deste importante sistema biogeográfico: https://museucerrado.com.br/cerradiar/ Juntos, podemos salvar o CERRADO!

Dia Mundial do Meio Ambiente e a crise do plástico

Dia Mundial do Meio Ambiente e a crise do plástico

 

Dia Mundial do Meio Ambiente e a crise do plástico: é hora de responsabilizar as grandes corporações e repensar o modelo de desenvolvimento

A crise ambiental contemporânea, evidenciada pelo acúmulo desenfreado de resíduos plásticos no planeta, não pode mais ser tratada como uma questão meramente individual. Reduzir o problema à responsabilidade dos cidadãos — incentivando apenas a coleta seletiva e a reciclagem — é uma abordagem limitada e ineficaz frente à complexidade da cadeia produtiva do plástico. A problemática já transcendeu a esfera pessoal e exige mudanças estruturais profundas.

Segundo Rosângela Azevedo Corrêa, professora da Faculdade de Educação da Universidade de Brasília (UnB) e diretora geral do Museu do Cerrado, é preciso desnaturalizar a lógica predatória que rege o atual modelo de desenvolvimento, sustentado por uma combinação perversa de produção ilimitada, descarte irresponsável e busca incessante pelo lucro por parte de grandes corporações petroquímicas. Esses conglomerados exercem forte influência sobre decisões políticas por meio de lobbies e resistem a qualquer tentativa de regulação efetiva.

Os plásticos são parte de uma cadeia transnacional que vai da extração de matérias-primas fósseis à distribuição global de produtos, culminando em um descarte que afeta não só os ecossistemas locais, mas todo o planeta. Sem responsabilizar a indústria petroquímica pelo design de produtos descartáveis e por seu destino final, qualquer tentativa de conter os impactos será paliativa. É essencial atuar sobre toda a cadeia do plástico, desde a produção até a remediação ambiental.

Corrêa defende que mais do que comemorar o Dia Mundial do Meio Ambiente, é necessário adotar um novo paradigma baseado nos princípios dos “9Rs”: reduzir, repensar, recusar, reutilizar, reparar, reciclar, reaproveitar, reaplicar e repassar. Isso exige uma mudança radical nos padrões de produção e consumo, nos estilos de vida e nos valores que moldam a sociedade.

Trata-se de um chamado à ação política e à mobilização social diante da crise climática. Para isso, é indispensável promover uma educação ambiental crítica e transformadora, capaz de formar cidadãos conscientes, atuantes e comprometidos com uma transição ecológica justa. Só assim será possível romper com o modelo hegemônico de exploração ilimitada dos recursos naturais, que perpetua a desigualdade social e compromete o futuro do planeta.

Fonte:
UnB Notícias – Dia Mundial do Meio Ambiente e a crise do plástico

Cerrado se destaca com 46% das cavernas identificadas

Cerrado se destaca com 46% das cavernas identificadas até agora

Brasil ultrapassa 26 mil cavernas registradas; Cerrado concentra quase metade das cavidades conhecidas

O Brasil atingiu um marco importante na conservação e no conhecimento de seu patrimônio subterrâneo: já são 26.046 cavernas registradas oficialmente no país. Os dados fazem parte da nova edição do Anuário Estatístico do Patrimônio Espeleológico Brasileiro, publicada pelo Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Cavernas (Cecav), do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).

Entre 2023 e 2024, foram cadastradas 2.668 novas cavidades naturais subterrâneas, representando um crescimento de 11,41% em relação ao ano anterior. A maior parte dessas descobertas ocorreu em regiões já conhecidas por sua riqueza espeleológica, com destaque para o estado de Minas Gerais, que lidera o ranking nacional com quase metade das cavernas conhecidas.

Do ponto de vista dos biomas, o Cerrado se sobressai: 46% de todas as cavernas registradas no país estão localizadas nesse bioma, que é também um dos mais ameaçados pelo avanço do desmatamento e das atividades humanas. Esse dado reforça a importância estratégica do Cerrado para a conservação da biodiversidade subterrânea e para a proteção de ecossistemas frágeis e únicos.

Mais do que impressionantes formações geológicas, as cavernas são habitats fundamentais para espécies endêmicas, muitas delas adaptadas

exclusivamente à vida subterrânea, além de serem reservatórios naturais de água, ambientes de conservação de minerais raros e fontes valiosas para pesquisas científicas sobre mudanças climáticas.

Outro dado revelador do anuário é o aumento de 280% nas pesquisas científicas envolvendo cavernas nos últimos 16 anos, o que demonstra o crescente interesse da comunidade científica por esses ecossistemas e a ampliação dos esforços para compreendê-los e protegê-los.

O Anuário Estatístico do Patrimônio Espeleológico Brasileiro é uma das principais ferramentas de acompanhamento do estado atual das cavernas no Brasil e está disponível gratuitamente no site do ICMBio:
Acesse o anuário aqui

Fruto favorito do lobo-guará mostra potencial contra câncer de bexiga

Fruto favorito do lobo-guará mostra potencial contra câncer de bexiga

A fruta-do-lobo, também conhecida como lobeira (Solanum lycocarpum), é uma planta nativa do Cerrado brasileiro e tem papel essencial na alimentação do lobo-guará, representando cerca de 50% da sua dieta. Agora, essa fruta típica da savana brasileira também se destaca na ciência: pesquisadores da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto (FCFRP) da USP desenvolveram, a partir de seus compostos, nanopartículas com potencial terapêutico para o tratamento do câncer de bexiga.

O estudo, publicado na revista científica International Journal of Pharmaceutics, integra a tese de doutorado de Ivana Pereira Santos Carvalho, defendida em 2022, e apresenta resultados promissores no uso de glicoalcaloides — solasonina e solamargina — substâncias naturais com propriedades anticancerígenas. Esses compostos foram incorporados em transportadores lipídicos nanoestruturados (NLCs), uma plataforma baseada em nanotecnologia para administração de fármacos.

A principal inovação está na forma de aplicação: as nanopartículas foram administradas diretamente na bexiga de animais de laboratório por meio da via intravesical, permitindo uma ação localizada e potencialmente mais eficaz, com menor impacto sistêmico. Entre as vantagens do sistema estão a alta estabilidade da formulação, a eficiência de encapsulamento dos princípios ativos e o baixo custo de produção.

Foto: Rubens Matsushita

A técnica utilizada para desenvolver as nanopartículas foi a emulsão seguida de sonicação, realizada em uma única etapa. A formulação combina uma fase aquosa (água destilada) com uma fase oleosa (manteiga de illipê contendo os glicoalcaloides), formando uma nanoemulsão que, ao ser resfriada, dá origem aos NLCs.

Segundo a professora Priscyla Daniely Marcato Gaspari, orientadora da pesquisa, “essa abordagem representa uma alternativa promissora para o tratamento do câncer de bexiga, ao unir compostos naturais e nanotecnologia para tornar as terapias mais eficazes e acessíveis”.

A urgência por novas abordagens terapêuticas é reforçada pelos dados mais recentes: em 2020, foram estimados cerca de 580 mil novos casos de câncer de bexiga no mundo, representando 3% de todos os diagnósticos de câncer. No Brasil, apenas naquele ano, aproximadamente 5 mil pessoas perderam a vida em decorrência da doença. Por isso, o desenvolvimento de terapias complementares ou alternativas aos tratamentos convencionais é cada vez mais necessário.

Fonte: Jornal da USP – Fruto favorito do lobo-guará mostra potencial contra câncer de bexiga

Uma expedição científica para estudar o já ameaçado boto-do-araguaia

Uma expedição científica para estudar o já ameaçado boto-do-araguaia

Foto: Rio Cicia/Wikimedia

Informações físicas, fisiológicas e hormonais coletadas contribuem para a conservação do boto-do-araguaia, espécie recém-descoberta e já ameaçada de extinção

Pesquisadores do Instituto de Biociências (IB) da USP, em parceria com a Universidade Federal do Amazonas (Ufam) e o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), realizaram uma expedição científica pela bacia hidrográfica Tocantins-Araguaia com o objetivo de estudar o boto-do-araguaia (Inia araguaiaensis), espécie de golfinho de água doce endêmica da região e considerada sob risco de extinção.

O estudo, publicado recentemente, descreve as condições físicas, fisiológicas e hormonais de indivíduos da espécie, comparando parâmetros entre animais de áreas com diferentes níveis de impacto humano. Essa abordagem permitiu avaliar a influência de fatores ambientais e antropogênicos sobre a saúde dos botos, contribuindo para a formulação de estratégias de conservação mais eficazes.

Diferentemente do boto-vermelho (Inia geoffrensis), o boto-do-araguaia foi descrito apenas em 2014, e ainda há escassez de informações científicas sobre sua biologia e ecologia. A pesquisadora Daniela M. D. de Mello, pós-doutoranda em Fisiologia no IB/USP, destaca que essa lacuna de conhecimento motivou o estudo: entender melhor as populações e as ameaças enfrentadas por essa espécie rara é essencial para sua preservação.

Habitando trechos entre os biomas do Cerrado e da Amazônia, o boto-do-araguaia está exposto a múltiplas pressões, como o avanço da agricultura intensiva e os efeitos da sazonalidade hídrica da região, marcada por enchentes e secas cada vez mais extremas. Essas dinâmicas afetam diretamente o nível dos rios, reduzindo o habitat disponível e comprometendo a sobrevivência da espécie.

A pesquisa reforça a urgência de ações integradas de monitoramento e conservação na bacia Tocantins-Araguaia, destacando o papel da ciência na preservação de espécies ameaçadas e na manutenção da biodiversidade brasileira.

Para saber mais:
Jornal da USP – Uma expedição científica para estudar o já ameaçado boto-do-araguaia

Seminário Diálogos Ambientais: Compartilhando e Conectando Saberes para a Restauração Ambiental

Seminário Diálogos Ambientais: Compartilhando e Conectando Saberes para a Restauração Ambiental

 

O Seminário Diálogos Ambientais será realizado entre os dias 12 e 14 de junho, no Auditório Maria Geralda de Almeida, no IESA/UFG. Com o tema “Conectando Saberes para a Restauração Ambiental”, o evento tem como propósito fomentar o intercâmbio de experiências, pesquisas e práticas voltadas à proteção e recuperação ambiental.

Intitulado “Diálogos Ambientais: Compartilhando e Conectando Saberes para a Restauração Ambiental”, o seminário surge da necessidade urgente de criar um espaço de diálogo e troca de conhecimentos sobre restauração ambiental — tema de relevância global e central para o cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030 da ONU.

O objetivo principal é promover o compartilhamento e a conexão de saberes entre diferentes atores envolvidos com a temática, fortalecendo redes de colaboração e estratégias integradas de ação.

A programação contará com conferências, mesas-redondas, palestras e minicursos, conduzidos por pesquisadores, técnicos e representantes de comunidades com atuação direta em restauração ambiental.

O público-alvo inclui especialistas, pesquisadores, estudantes, representantes do governo, do setor privado e da sociedade civil.

A participação é gratuita e haverá emissão de certificados.

O evento é organizado por diversos programas e laboratórios da UFG, com o apoio de instituições parceiras.

Inscreva-se agora:
https://www.even3.com.br/seminario-dialogos-ambientais/

Participe, compartilhe saberes e fortaleça as ações em prol da restauração ambiental.

Programação

Cerrado: O Elo Sagrado das Águas do Brasil, o mais novo projeto da Ambiental

Cerrado O Elo Sagrado das Águas do Brasil, o mais novo projeto da Ambiental

 

Dados apontam que seis grandes bacias do bioma já tiveram uma redução de 27% na vazão desde a década de 1970. É como se a savana mais biodiversa do planeta, que abastece grande parte do país, perdesse 30 piscinas olímpicas de água por minuto.

Este é apenas um dos resultados de uma extensa análise. Em uma cooperação técnica focada no processamento de dados, nossa equipe teve acesso a mais de 50 anos de dados da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA), além de explorar 35 anos de dados geoespaciais do Mapbiomas.

As principais descobertas, representadas em mapas 3D e em um dashboard com gráficos inéditos e impactantes, serão apresentadas em um webinário gratuito no dia 23 de junho, às 11h.

O evento, mediado por Thiago Medaglia, diretor-executivo da Ambiental, também vai debater as principais ameaças ao bioma e os caminhos possíveis. Participarão do debate Ane Alencar, diretora de ciência do IPAM Amazônia; Elizete Carvalho, integrante da Comunidade Tradicional de Fecho de Pasto de Clemente (BA); e Yuri Salmona, coordenador científico do projeto, fundador e diretor-executivo do Instituto Cerrados.

Participar é simples e gratuito. Inscreva-se pelo link:
https://zoom.us/webinar/register/WN_Hdnfd27gQ8iqzG5-nUmB4A

Insetos a prova de fogo: estudo sobre os besouros do Cerrado

Insetos a prova de fogo estudo sobre os besouros do Cerrado

Uma pesquisa sobre a surpreendente resistência de larvas de besouros a incêndios florestais no Cerrado brasileiro ganhou repercussão internacional após ser publicada na revista Ecology, da Ecological Society of America. O estudo revelou que as galhas vegetais, estruturas formadas em plantas como a lobeira (Solanum lycocarpum), funcionam como verdadeiros abrigos térmicos naturais, protegendo as larvas do besouro Collabismus clitellae mesmo após incêndios de alta intensidade — com uma taxa de sobrevivência de aproximadamente 66%.

Com a participação do professor Walter Santos de Araújo, da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes), e liderado pelo professor Jean Carlos Santos, da Universidade Federal de Sergipe (UFS), o trabalho também foi destaque no jornal The New York Times em 25 de maio.

As galhas, além de serem fascinantes interações ecológicas, demonstram a capacidade adaptativa de insetos a distúrbios comuns nas savanas tropicais. A descoberta amplia o conhecimento sobre a resiliência da fauna do Cerrado e reforça a importância da pesquisa ecológica diante do avanço das mudanças climáticas.

Fonte: Jornal da Cidade GV – 2024.

Organizações denunciam criminalização de comunidades tradicionais e militantes no oeste da Bahia

Organizações denunciam criminalização de comunidades tradicionais e militantes no oeste da Bahia

O Coletivo dos Fundos e Fechos de Pasto da Bacia do Rio Corrente, o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), a Comissão Pastoral da Terra – CPT/BA, a Associação de Advogados de Trabalhadores Rurais da Bahia (AATR/BA), a Campanha Nacional contra a Violência no Campo, a Rede Nacional de Advogadas e Advogados Populares (RENAP) e a Escola de Ativismo vêm a público denunciar a escalada de criminalização contra militantes do MAB e comunidades tradicionais de Fundo e Fecho de Pasto no oeste do estado da Bahia.

Na última sexta-feira, 16 de maio de 2025, dois trabalhadores da comunidade tradicional de Brejo Verde, localizada no município de Correntina (BA), foram presos de forma arbitrária no aeroporto do Rio de Janeiro (RJ). Os detidos são Solange Moreira Barreto e Silva, camponesa, fecheira, agente comunitária de saúde e militante do MAB, e seu companheiro, Vanderlei Moreira e Silva, também camponês e fecheiro. O casal encontrava-se em viagem particular, planejada há anos, e foi surpreendido pela prisão sem qualquer esclarecimento prévio sobre as acusações que motivaram a medida.

Além deles, outros quatro integrantes da comunidade enfrentam mandados de prisão em aberto, sem que tenham sido formalmente informados das acusações. Desde a data das prisões, advogadas das organizações envolvidas tentam obter habilitação no processo criminal junto à Comarca de Coribe (BA), tendo seus pedidos reiteradamente negados. A realização de audiência de custódia sem o devido acesso da defesa aos autos configura violação grave aos direitos constitucionais ao contraditório, à ampla defesa e ao devido processo legal.

Os ataques jurídicos e policiais não se restringem às prisões. Na madrugada do dia 17 de maio, o rancho coletivo da comunidade de Brejo Verde foi destruído e incendiado. Relatos apontam também para a presença de seguranças privados armados no Fecho de Entre Morros, intimidando trabalhadores e impedindo o manejo tradicional do gado nas áreas de uso comum. No dia 19 de maio, viaturas das polícias Militar e Civil invadiram os territórios das comunidades de Brejo Verde e Aparecida do Oeste, arrombaram residências sem mandado judicial e ameaçaram familiares dos trabalhadores criminalizados, gerando um clima de medo, repressão e violência psicológica entre os moradores.

Desde a década de 1970, as comunidades tradicionais de Fundo e Fecho de Pasto denunciam sucessivas ações de grilagem, violência armada, destruição de bens comuns e omissão do poder público. A região do oeste da Bahia, especialmente o município de Correntina, figura entre os mais conflituosos do estado, conforme os dados da Comissão Pastoral da Terra, que apontam 132 ocorrências de conflitos agrários entre 1985 e 2023. Esse número tem crescido de forma alarmante nos últimos anos, refletindo o avanço do agronegócio sobre territórios coletivos e tradicionais.

O uso do aparato policial e judicial para intimidar, criminalizar e desmobilizar lideranças camponesas e tradicionais representa uma clara violação aos direitos humanos e territoriais dessas populações. Diante da gravidade dos fatos, as organizações signatárias desta nota reiteram suas exigências:

  • A libertação imediata dos trabalhadores detidos injustamente;

  • A habilitação das advogadas da defesa no processo criminal, garantindo pleno acesso aos autos;

  • A suspensão imediata das ações policiais em territórios tradicionais, especialmente as realizadas sem respaldo legal.

Leia a Nota de Denúncia e Repúdio na íntegra:
https://cptba.org.br/nota-de-denuncia-e-repudio

A Campanha Nacional em Defesa do Cerrado, em parceria com a Via Campesina Brasil, lançou a Nota Técnica intitulada:
“Política Territorial, Fundiária e Ambiental no Brasil – Balanço do Governo Lula 3”.

O documento foi entregue ao governo federal durante um seminário nacional sobre políticas fundiárias, reunindo movimentos sociais, organizações da sociedade civil e pesquisadores. A publicação apresenta uma análise crítica e fundamentada das ações e omissões do atual governo em relação à estrutura fundiária brasileira, à regularização de territórios tradicionais e à gestão ambiental.

Entre os principais pontos abordados estão:

  • a concentração fundiária histórica, agravada pela ausência de uma política efetiva de democratização do acesso à terra;

  • a paralisia ou lentidão nos processos de regularização de territórios indígenas, quilombolas e de comunidades tradicionais;

  • a fragilidade institucional na proteção de bens comuns e de áreas ambientalmente sensíveis;

  • e a relação direta entre a falta de políticas públicas estruturantes e o avanço das mudanças climáticas, sobretudo nos biomas Cerrado e Amazônia.