Integridade ecológica em córregos de floresta de galeria do bioma Cerrado

Autor(a):

Tiago Borges Kisaka

Resumo:

A vegetação ripária predominante em regiões de cabeceira denominada como Florestas de Galeria são formações que propiciam a ocorrência de galerias propriamente ditas sob o corpo hídrico devido à largura reduzida do mesmo. Apesar do papel desempenhado na manutenção da qualidade da água e para o fluxo gênico, há uma contínua ameaça aos ambientes de Floresta de Galeria, tornando-se cada vez mais urgente a implementação de medidas mitigadoras que objetivem preservar sua diversidade, auxiliando na conservação e recuperação desses ambientes. Entender o funcionamento e a estrutura desses ecossistemas de maneira integrada é essencial para o desenvolvimento de estratégias voltadas à manutenção da integridade ecológica dos mesmos. Considerando-se a importância da abordagem ecossistêmica sob o ponto de vista da integridade ecológica e com base nos conceitos de “fatores de estado” e “controles interativos”, o presente estudo teve como objetivo avaliar a integridade ecológica de córregos com Florestas de Galeria sob diferentes usos da terra na região de Cerrado do Brasil Central. Desse modo, foram selecionadas três áreas similares quanto aos fatores de estado, sendo uma localizada em ambiente preservado e considerado o ambiente de referência (córrego Cabeça-de-Veado) e duas submetidas à influência antrópica (córregos Jardim e Capão Comprido), todas localizadas no Distrito Federal, Brasil. As coletas foram realizadas no período de estiagem, em maio de 2014, para restringir a variabilidade que a condicionante precipitação pode acarretar no aumento da velocidade de fluxo da água nos córregos. Após a elaboração dos mapas de uso e cobertura do solo por meio da classificação supervisionada de imagens de satélite, as áreas em estudo foram diferenciadas quanto aos tipos de usos e cobertura do solo, sendo o córrego Jardim classificado como “impactado”, o córrego Capão Comprido como “alterado” e o córrego Cabeça-de Veado como “preservado”. A integridade ecológica no córrego Cabeça-de-Veado foi observada em função das maiores granulometrias do sedimento, da maior concentração de matéria orgânica no sedimento e no seston, além da maior diversidade de invertebrados bentônicos, em comparação com as sub-bacias sob influência antrópica. No que diz respeito aos invertebrados bentônicos, a baixa diversidade de espécies, especialmente do grupo funcional de predadores, nos córregos Jardim e Capão Comprido pode ser explicada pela diminuição da heterogeneidade de habitats nestes corpos hídricos. Além disso, os padrões de ocorrência de indivíduos das famílias Hydropsychidae e Dryoptidae nos ambientes sob influência antrópica ressaltaram alterações na integridade ecológica dos mesmos. As condições prístinas do Córrego Cabeça-de-Veado conferiram ao ambiente aquático menores valores de clorofila-a no seston e no perifiton, além do acúmulo de matéria orgânica de origem alóctone no sedimento e no seston. Infere-se, deste modo, que o ambiente preservado apresentou metabolismo conforme modelos descritos para córregos sombreados, com processo ecossistêmico de respiração predominando ao de produção primária, destoando daqueles sob influência do fator antrópico. Deste modo, os ambientes sob influência da agricultura familiar e convencional apresentaram-se menos íntegros em comparação ao ambiente preservado, levando em consideração os atributos de regime de fluxo e qualidade da água, fonte de energia e estrutura de habitats, essenciais para análise da integridade ecológica.

Referência:

KISAKA, Tiago Borges. Integridade ecológica em córregos de floresta de galeria do bioma Cerrado. 2015. vii, 85 f., il. Dissertação (Mestrado em Meio Ambiente e Desenvolvimento Rural)—Universidade de Brasília, Brasília, 2015.

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