Causo do Porquinho, 2003

Um dia de tardizinha, o sol já lá ia amoitano por trais da cacunda da serra, eu saí na porta, oiêi… rapáiz!, um porquim deu de vazá na vara do chiquêro e desceu pru lado duma horta. E aí eu pensei: “tem que pegá, si não ele vai dá prejuízo”. Eu sipiei em cima desse caboquim. I é aqui, i é aculá, eu fui coieno ele, fui cheganu pra perto. E ele era um animarzim bem arisco [risada], quando ele viu que eu tava pra chegá, ele tampô a bufá e a pulá. E quando eu já tava pra tarracá nas cadêrinha dele, ele tafuiô dibaxo duma cerca de arame, rapáiz! E naquele imbalo qui eu invinha, eu morguei pra passá no vão do arame, eu gachei dimais, uma ferpa veio e pregô, rapáiz! Aí eu fiquei marrado ali, quereno puxá, mas tava pregado. Eu levava a mão lá pra tirá, estrepava o dedo. E eu fiquei ali naquele trem, e lá ia cheganu um caboquim assim perto, quando viu eu naquela maçaroca ali, ele resorveu me dá uma mão, mais eu já tava infezado demais. Quando ele falô: “Para aí, sô!”. Eu falei: “Não!”. I foi BUM!