Alouatta caraya , (Humboldt, 1812)

Nome(s) popular(es):

Bugio-preto, guariba, bugio-do-pantanal.

Características físicas:

Os bugios-preto apresentam dicromatismo sexual, ou seja, machos e fêmeas possuem pelos de cor distinta. O macho de bugio-preto apresenta uma coloração negra, e a fêmea possui uma coloração castanho-amarelada com uma faixa dorsal larga nas costas de cor castanho escuro. Todos os indivíduos, quando juvenis, possuem pelagem castanho-amarelado, e, durante seu desenvolvimento, apenas as fêmeas mantêm essa característica.


Em geral, essa espécie apresenta porte médio, sendo que o tamanho corporal do macho é cerca de 57,0 cm, e peso médio de 5 kg. Já as fêmeas possuem cerca de 50,5 cm e pesam em média 4,5 kg.

Ecologia:

O A. caraya possui hábito diurno, e é arborícola. Isso significa que passam sua vida em árvores, e, no caso deles, são capazes de ocupar quase todo estrato arbóreo, tendo uma preferência pela copa das árvores. Vivem em grupos familiares que possuem uma média de 8 indivíduos, mas já foram registrados grupos com mais de 18 componentes.


Os grupos têm uma proporção sexual aproximadamente igual, mas o número de fêmeas pode ser maior. Isso ocorre, pois alguns jovens machos podem deixar o seu grupo de origem com o amadurecimento sexual, visando integrar outros grupos. O sistema de acasalamento dessa espécie é poligínico, ou seja, um macho pode acasalar com mais de uma fêmea. O período de gestação dura cerca de 186 dias, e acontece, geralmente, uma gestação por ano. Ainda, fêmeas já foram observadas praticando cuidados aloparentais, isto é, cuidando de filhotes que não são seus. Observações de grupos já demonstraram que seus componentes gastam aproximadamente 61,6% do seu dia descansando, 17,6% andando, e 15,6% comendo, 4,9% interações sociais e 0,3% bebendo. Sua dieta é herbívora com preferência por folhas, e, portanto, é pouco calórica.

Distribuição geográfica:

O bugio-preto habita regiões savânicas e florestais, sendo típico dos biomas Cerrado e Pantanal. Dessa forma, apresenta uma ampla distribuição geográfica que abrange diversos estados brasileiros, indo do Tocantins ao Rio Grande do Sul. Também pode ser encontrado em outros países, como Argentina, Bolívia e Paraguai. A sua área de ocorrência é de aproximadamente de 3.460.631 km², e estima-se que sua área de ocupação seja bem maior que 2.000 km².

Status de conservação e Ameaças:

Quase ameaçada (NT): segundo a IUCN (União Internacional para a Conservação da Natureza), a espécie A. caraya não se encontra inserida na categoria de “vulnerável”, mas está perto de se enquadrar. Apesar dos indivíduos apresentarem uma ampla distribuição, é notável a diminuição de populações dessas espécies em alguns estados brasileiros, como Rio Grande do Sul e São Paulo. Isso é motivado, principalmente, pela expansão da mancha urbana, e seu decorrente desmatamento.

Referências:

Bicca-Marques, J., Calegaro-Marquez, C. (1998). Behavioral Thermoregulation in a Sexually and Developmentally Dichromatic Neotropical Primate, The Black-and-Gold Howling Monkey (Alouatta caraya). American Journal of Physical Anthropology, 106(4), 533-546. DOI: 10.1002/(SICI)1096-8644(199808)106:4<533::AID-AJPA8>3.0.CO;2-J

 

Bicca-Marques, J. (1993). PADRÃO DAS ATIVIDADES DIÁRIAS DO BUGIO-PRETO Alouatta caraya (PRIMATES, CEBIDAE): UMA ANÁLISE TEMPORAL E BIOENERGÉTICA. In: A Primatologia no Brasil: volume 10. Porto Alegre: Sociedade Brasileira de Primatologia.

 

Bicca-Marques, J., Alves, S. L., Boubli, J., Cornejo, F. M., Cortes-Ortíz, L., Jerusalinsky, L., Ludwig, G., Martins, V., de Melo, F. R., Messias, M., Miranda, J., Rumiz, D. I., Rímoli, J., Talebi, M., Wallace, R., da Cunha, R. & do Valle, R. R. (2020). Alouatta caraya. The IUCN Red List of Threatened Species 2020: e.T41545A17924308. https://dx.doi.org/10.2305/IUCN.UK.2020-2.RLTS.T41545A17924308.en. Acesso em: 28 janeiro de 2021.

 

Gregorin, R. (2006). Taxonomia e variação geográfica das espécies do gênero Alouatta Lacépède (Primates, Atelidae) no Brasil. Revista Brasileira de Zoologia, 23(1), 64-144. https://doi.org/10.1590/S0101-81752006000100005.

 

Groves, C. P. (2005). Order Primates. In D. E. Wilson & D. M. Reeder (Eds.), Mammal species of the world (3 ed., Vol. 1, pp. 110-184). Baltimore: Johns Hopkins University Press.

 

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