Proposição de nova abordagem metodológica para o zoneamento agrícola de risco climático da cultura da soja no bioma cerrado

Autor(a):

Ana Clara Alves de Melo

Resumo:

O objetivo desse trabalho foi comparar duas abordagens metodológicas para o zoneamento de risco climático visando orientar a semeadura da cultura da soja (Glycine Max (L) Merrill), no Cerrado brasileiro. Para isso, utilizou-se um Índice de Satisfação da Necessidade de Água (ISNA), definido como sendo a relação entre a evapotranspiração real (ETr) e evapotranspiração máxima da cultura (ETm) para a frequência de ocorrência de 80%, calculado, a partir do balanço hídrico da cultura, para as fases fenológicas consideradas mais sensíveis ao déficit hídrico: desenvolvimento inicial e floração e enchimento de grãos. Foram usadas as seguintes informações: precipitação pluviométrica; evapotranspiração potencial; duração do ciclo; coeficientes culturais e reserva útil de água do solo. Considerou-se o município, como de baixo risco climático para a semeadura, quando pelo menos 20% de sua área apresentaram valores de ISNA’s superiores a 0,40 na fase de desenvolvimento inicial e maior ou igual a 0,65 na fase de floração e enchimento de grãos. Fez-se o uso do modelo de Sistema de Análises Regional do Risco Agroclimático, em seguida, os dados foram georreferenciados e espacializados em um sistema de informações geográficas (SPRING) onde foram confeccionados 72 mapas para cada abordagem. Para a confecção dos mapas temáticos, utilizou-se o programa computacional ArcGis. É importante pontuar, que o presente trabalho teve como base os dados simulados no Laboratório de Biofísica Ambiental, no período de 2014 a 2015 e que não há relação com outros trabalhos de zoneamentos já realizados em outras épocas ou com outros autores. A comparação se deu em três âmbitos: (i) porcentagem de classe de área risco; (ii) quantidade de municípios recomendados para o cultivo da soja e (iii) Época de semeadura da cultura da soja. Foram analisados esses três fatores para a abordagem tradicional, que considera como fase crítica apenas a fase III, de floração-enchimento de grãos. Em seguida, averiguou-se a nova abordagem, que estima a fase I + III, ou seja, as fases de germinação-emergência (FI) e floração-enchimento (FIII), como críticas ao desenvolvimento da planta. A comparação entre as duas abordagens levou em conta a abordagem que possuiu maior (ou menor) percentual de área de baixo risco, qual recomendou maior (ou menor) número de municípios, e qual ganhou (ou perdeu) épocas de semeaduras. Assim, observou-se que a nova abordagem apresenta maior percentual de zonas de alto risco em comparação com a abordagem tradicional; portanto, mais rigorosa e restritiva. A diferença maior entre as zonas de alto risco de ambas as abordagens ocorre principalmente no início do período chuvoso, mês de outubro. A nova abordagem apresenta maior número de municípios não recomendados para a semeadura da soja e menor número de datas de semeaduras favoráveis à cultura da soja. Em geral, solos com menor capacidade de água disponível são mais restritivos à semeadura da soja. A nova abordagem apresenta seu potencial ao oferece menor risco aos investimentos neste cenário atual de mudança climática, através de recomendações que minimizam eventuais prejuízos por estresse hídrico recorrentes em duas fases críticas da cultura da soja. Por fim, as informações geradas em estudo de zoneamento de risco agroclimático orientam os órgãos planejadores, financiadores e produtores na tomada de decisões e na formatação de políticas públicas que visam o aumento da sustentabilidade da semeadura da soja no Cerrado.

Referência:

MELO, Ana Clara Alves de. Proposição de nova abordagem metodológica para o zoneamento agrícola de risco climático da cultura da soja no bioma cerrado. 2015. 187 f., il. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Gestão Ambiental)—Universidade de Brasília, Planaltina-DF, 2015

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