Gênero e formação docente: análise da formação das mulheres do campo do curso de Licenciatura em Educação do Campo da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará
Autor(a):
Micheli Suellen Neves Gonçalves
Resumo:
Esta tese aborda como temática a formação das mulheres do campo e adota como lócus de pesquisa o Curso de Licenciatura em Educação do Campo na Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará. Como objetivo geral busca-se: analisar a experiência formativa ofertada pelo Curso de LPEC/UNIFESSPA, com vistas a identificar os riscos e potencialidades para a consolidação de um projeto de formação emancipadora para as mulheres do campo. Como objetivos específicos: a) Identificar as relações de assimetria e desigualdade de gênero que atingem as mulheres do campo envolvidas na experiência formativa ofertada pela LPEC/UNIFESSPA, com ênfase em suas tensões e contradições; b) Identificar as estratégias curriculares construídas pelo curso da LPEC/UNIFESSPA, enquanto espaço formativo, que auxiliam no processo de consciência/emancipação das mulheres do campo com relação aos processos de assimetria, combate à violência e opressão das mulheres; c) Analisar os riscos e potencialidades da proposta formativa do curso de Licenciatura em Educação do Campo da UNIFESSPA, para a consolidação de uma formação emancipadora para os estudantes do curso, em específico, para as mulheres do campo, tendo como foco as categorias: ingresso, permanência e formação curricular. No plano teórico-metodológico, a pesquisa fundamenta-se na articulação de dois métodos: o Materialismo-Histórico-Dialético e a História Oral de Vida, cujos autores base são, respectivamente: Marx e Engels (2009), Netto (2011), Lessa e Tonet (2011), Gisele Masson (2007), Mauro Iasi (1999); Michael Pollak (1992), José Carlos Meihy (2005), Lucília Delgado (2003) e Gaston Pineu (2006). Como resultados, concluiu-se que as mulheres pertencentes a territorialidade do campo, mesmo inseridas em um contexto de gênero em que o patriarcalismo, o racismo e o capitalismo constituíram circuitos interligados de dominação e influenciam diretamente as relações sociais, construíram movimentos de transgressões e (re)existências durante sua formação na LPEC/UNIFESSPA, driblaram a ausência de políticas públicas e jornadas extenuantes de trabalho e consolidaram um processo de conscientização de classe e lutas feministas que produziram reflexos nos diversos níveis da vida social. Por fim, constatou-se que as estratégias de permanência, que atualmente atendem as mulheres do campo em formação na LPEC/UNIFESSPA, são extremamente inferiores às demandas reais deste público. Entende-se que para a transformação deste cenário, é necessário que as políticas de assistência estudantil, bem como a organização político-pedagógica dos cursos superiores, construam a compreensão de que as relações de assimetria de gênero presentes na trajetória dessas mulheres não são problemas individuais, devem ser tratados como um assunto coletivo, institucional, um dever humanitário diante de uma sociedade patriarcal, desigual e opressora da condição feminina.
Referência:
GONÇALVES, Micheli Suellen Neves. Gênero e formação docente: análise da formação das mulheres do campo do curso de Licenciatura em Educação do Campo da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará. 2019. 383 f., il. Tese (Doutorado em Educação)—Universidade de Brasília,
Brasília, 2019.