Docência, escola do campo e formação: qual o lugar do trabalho coletivo?

Autor(a):

Maria Jucilene Lima Ferreira

Resumo:

Nesta pesquisa, busca-se investigar as relações existentes entre o trabalho docente na Escola de Campo e os pressupostos teórico metodológicos da formação no curso de Licenciatura em Educação do Campo (LEdoC), da UnB. Partimos das seguintes indagações: (i) como o trabalho docente, na escola, articula o conhecimento com a realidade social dos sujeitos do campo? (ii) em que medida o trabalho docente e conhecimento dialogam no processo de formação e profissionalidade do Educador do Campo? Nesse sentido, pretende-se caracterizar aspectos da realidade social e do trabalho docente, focalizando as dimensões coletivas desse trabalho na relação díade entre a gestão da escola e a comunidade, com base nos pressupostos teórico-metodológicos dos processos formativos da Licenciatura em Educação do Campo. Nosso objeto de pesquisa compreende o trabalho docente de Educadores do Campo que cursaram e que cursam a LEdoC (turmas II, III e V) e atuam na Comunidade Engenho II, Município de Cavalcante-GO. O referencial teórico de maior relevância para a pesquisa é composto por: Antunes (2009), Mészáros (2005), Marx & Engels (2009), Vázquez (2011), Luiz Freitas (2008, 2010, 2011), Helena Freitas (2002, 2003), Silva (2008, 2011), Pistrak (2000, 2009), Molina (2010, 2011, 2012), Molina & Sá (2012), Caldart (2010, 2012) e Frigotto (2009). A pesquisa se apoia no Materialismo Histórico Dialético para uma interpretação crítica acerca das relações sociais que se estabelecem entre trabalho docente, escola e processos formativos na LEdoC. A metodologia do trabalho de campo se desenvolveu a partir da observação direta das atividades escolares e da vida camponesa na Comunidade Engenho II, durante o período de agosto a outubro de 2013 e em setembro de 2014, por meio de entrevistas semiestruturadas e do preenchimento de uma ficha para obter informações como identificação pessoal, formação e aspectos da profissão docente. Também foram analisados 11 artigos científicos que tratam dos procedimentos formativos na LEdoC. Os resultados apontam aspectos de aproximação e distanciamento do trabalho pedagógico, do trabalho docente e dos processos formativos na construção da Escola do Campo, protagonizada pelos trabalhadores camponeses organizados. A conclusão do estudo defende o trabalho coletivo como força motriz para a qualificação das relações estabelecidas entre a docência, Escola do Campo e formação de educadores em favor da construção da Escola do Campo, a partir de duas teses, a saber: (I) os pressupostos teórico-metodológicos na formação de Educadores do Campo serão apreendidos, mais efetivamente, se desenvolvidos a partir de um trabalho coletivo, de perspectiva interdisciplinar, durante todo o curso de Licenciatura, tanto no Tempo Escola como no Tempo Comunidade, entre educadores em formação e professores-formadores; e (II) o trabalho coletivo entre escola (gestão), docentes, discentes e universidade (professores formadores), ancorado ao movimento da práxis criadora, favorece a qualidade dos processos formativos da escola e da universidade, bem como a formação emancipatória dos sujeitos.

Referência:

FERREIRA, Maria Jucilene Lima. Docência, escola do campo e formação: qual o lugar do trabalho coletivo?. 2015. 235 f., il. Tese (Doutorado em Educação)—Universidade de Brasília, Brasília, 2015.

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