Parteiras do Cerrado

As parteiras populares são detentoras de um saber sobre o corpo, a saúde da mulher e o parto que não foi adquirido em livros. Algumas não aprenderam a ler e nem a escrever, transmitem seu conhecimento oralmente de uma mulher para outra, sejam elas parentes ou conhecidas da comunidade. Não frequentaram escolas especializadas para a aquisição destes conhecimentos, aprenderam por meio da observação despretensiosa, tendo como inspiradoras outras parteiras populares “assistindo” as parturientes. Dominam o conhecimento das plantas nativas do cerrado ou cultivadas em seus quintais e saberes sobre o corpo e seu desenvolvimento.


Em 1990 foi criado o Programa Nacional de Parteiras pelo Ministério da Saúde, almejando o cadastramento, a capacitação e o pagamento das parteiras através do Sistema Único de Saúde (SUS), para isto foi criada também uma tabela de preços constando a remuneração pelos partos domiciliares … no entanto, essa política não se efetiva no sentido de reconhecer esse saber/fazer e

desnivelar as parteiras tradicionais com relação aos médicos.

 

Apesar da desvalorização do ofício das parteiras populares pelo sistema formal de saúde, as parteiras ainda estão atuantes. Nas comunidades que residem em locais de difícil acesso aos serviços de saúde, nas comunidades ribeirinhas, quilombolas e de povos indígenas, elas são elementos fundamentais para a assistência à saúde da mulher e da criança.

 

Fonte: CARDOSO, Ítala Lopes. O saber/ fazer das parteiras populares do entorno do Distrito Federal. 56 f. Monografia (Bacharelado em Saúde Coletiva)—Universidade de Brasília, Brasília, 2012.

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