Dona Cinésia dos Santos Rosa, comunidade Ribeirão dos Bois, Teresina de Goiás
Dona Cinésia dos Santos Rosa, 92 anos é outra parteira que com orgulho descreve sua missão ou bela profissão de salvar vidas, como nos revela:
“Nasci no Vão de Alma na era de 23 de julho 1.922, fui casada no padre mas agora sou separada. Sou mãe de oito fios (filhos), cinco morreu e ficou três homens o mais véio nasceu no Vão de Alma e os outros nasceu aqui no Ribeirão. Não tive a oportunidade de estuda, tinha vontade de ir a escola, mais era muito difícil, então a escola era a roça. A profissão era parteira, o trabáio (trabalho) era na roça e ou fiava, tecia, cuidava de meninos meus e de outras pessoas. Foi através da minha avó que resolvi a ser parteira, pois toda a vez que ia fazer um parto eu ia junto para ela mi ensinar ai eu sabia que ia ter uma sabedoria”. DONA CINÉSIA
É importante ressaltar que as parteiras, aprenderam ofício (profissão) de parteira na maioria das vezes por falta de opções de estudos e outras profissões, ou por convivência com os mais velhos, as avós, que realizavam os partos e eram assistidas pelas netas ou filhas. A profissão de parteira para muitas começam cedo, muitas vezes por necessidade, situações que não há como fugir ou fingir que não esta acontecendo nada. De tudo que se observa nos relatos, há algo preocupante, que a continuidade desta linda profissão voluntária e de extrema necessidade em uma comunidade de difícil acesso, onde não há médicos, nem postos de saúde equipados para partos de caráter médico. É o que revela Dona Cinésia:
“Foi cum 20 anos que fiz o primeiro parto. Num ensinei ninguém porque a pessoa que eu queria ensinar não quis, porque ficou com medo. Nunca neguei de atender fora de hora nenhum chamado, pode cai chuva nas costas. Sinto orgulhosa quando faço um parto com sucesso e depois rezo pra Nossa Senhora do parto. Já fiz 114 partos, antes faço chá de cebola com pimenta do Reino com Noz – moscada pra induzir e aumentar a dor, depois do parto, folha de algodão com lagramina e nove dentes de alhos, soca junto, coloca um pingo de alcanfor e toma pra aliviar a cólica. Nunca perdi nenhuma criança no parto, toda a criança que peguei nasceu sadia. As vezes faço simpatia, tenho ela escrita, é só colocar ela encima da barriga pra dar força a mulher e desvirar o menino. Faço também o benzimento no momento que precisa, porque não pode fazer se não precisar” DONA CINÉSIA
Dona Cinésia deseja uma formação dentro das comunidades tradicionais para repassar esses saberes e para que essas práticas de sabedorias não se percam.
“Depois do parto, folha de algodão com lagramina e nove dentes de alhos, soca junto, coloca um pingo de alcanfor, entre outros e toma pra aliviar a cólica”.
“As vezes faço simpatia, tenho ela escrita, é só colocar ela encima da barriga pra dar força a mulher, e desvirar o menino. Faço também o benzimento no momento que precisa, porque não pode fazer se não precisar”.
Fonte: SANTOS, Suziana De Aquino. Os saberes e fazeres das parteiras na comunidade Kalunga, Ribeirão dos Bois, Teresina –GO. 2015. 43 f., il. Monografia (Licenciatura em Educação do Campo)—Universidade de Brasília, Planaltina-DF, 2015.