Buriti

Nome científico: Mauritia flexuosa

 

Nome popular: Buriti

 

Família: Arecaceae (Palmae)

 

Forma de vida: Palmeira arbórea

 

Frutificação: ao longo do ano

 

Dispersão: mamíferos (mastocoria)

 

Habitat e distribuição: Savânico e florestal, em Mata de Galeria e Veredas, próximo a nascentes. 

 

Domínios: Cerrado, Amazônia e Caatinga.

 

Características da espécie: Palmeira de até 30 metros de altura, com estipe lisa. Quando adulta, possui 20 a 30 folhas palmadas, dispostas quase sempre em leque. Suas flores amarelo-alaranjadas são polinizadas pelo vento e apresentam-se em longas inflorescências ou cachos de até 3m de comprimento. Esta espécie destaca-se por ser uma ótima indicadora de água no solo, pois estão associadas com a existência de nascentes e poços de água.

 

Características dos frutos: Os frutos são ovoides, cobertos por escamas com coloração castanho-avermelhado, carnosos e com polpa marcadamente amarela e rica em cálcio. A maturação dos frutos tem pico entre julho e fevereiro.

Aproveitamente: O Buriti possui um grande potencial socioeconômico em decorrência de sua utilização comercial na produção de óleo, o qual contém quantidades expressivas de carotenoides (até o momento é fruta campeã mundial no teor de carotenoides) e vitamina E, apresentando atividade cicatrizante e antibacteriana. Os frutos, ricos em vitamina A e C, e possuindo ferro, cálcio e fibras podem ser consumidos ao natural ou em receitas, como doces, sucos ou outros produtos regionais. O fruto também possui ácidos graxos monoinsaturados, que auxiliam na absorção de vitamina A, e possui também alto teor de ácido oleico. Além disso, suas folhas e pecíolos são utilizados como matéria prima em construções e artesanatos.

 

Extração e Comercialização: Seguindo um padrão de outros frutos, o buriti também é colhido preferencialmente do chão depois de caírem naturalmente da árvore. Entretanto, os extrativistas que fazem a colheita também retiram cachos inteiros quando percebem que os frutos dali estão prestes a cair, a retirada desses cachos é por meio de escalada amarrando cordas nos pés quando este cacho está mais alto, e usa-se também varas de bambu para alcançar cachos mais baixos. 

 

Os catadores têm o cuidado de levar somente os frutos que eles conseguirão processar em um dia de trabalho, pois o fruto apodrece muito rápido depois de maduro, e o que não conseguirá ser processado deve ficar nos campos para que animais possam comer e fazer a dispersão, dando continuidade a espécie.

 

No processo para comercialização, a massa do buriti é conservada na geladeira para ser consumida in natura, ou poderá também ser desidratada para aumentar seu tempo de consumo em até um ano.

 

O óleo de buriti também é bastante vendido por estes produtores, algumas pequenas e grandes empresas compram esse óleo para cosméticos, e também para o uso como óleo essencial para aroma-terapia.

 

Aplicações: Tudo do buriti pode ser aproveitado, desde as folhas da árvore até a casca do fruto. 

 

É muito comum nas regiões centro-oeste encontrar artesanatos feitos com as folhas da árvore do buriti, uma vez trançadas, as folhas podem virar bolsas, cestos, vassouras, entre outros itens. A madeira do buriti só é usada por estes artesãos quando a árvore cai sozinha, a partir da queda então, os artesãos conseguem fazer bancos e mesas que são muito apreciados para a montagem de jardins ornamentais, que muitas vezes, também tem a própria árvore como ornamento, uma vez que ficam muito bonitas quando agrupadas.

 

O óleo de buriti também vem sendo explorado pela indústria de cosméticos, já que ele possui muitas vitaminas. Tem sido aplicado em loções pós sol pois ajuda a proteger a pele contra a descamação, aliviando a vermelhidão por conta de efeito que relaxa a área. No rosto, o óleo garante o brilho e maciez, podendo ser usado até para peles acneicas pois ajuda na cicatrização. Nos cabelos, ele garante hidratação profunda, podendo ser utilizado em xampus e condicionares.

 

Na gastronomia o buriti também é aproveitado para receitas, principalmente, doces, como bolos, sucos, mousse e geleias. 

 

Importância social e econômica: O buriti tem um impacto gigante no agroextrativismo, uma vez que pode ser usado de diversas maneiras. Por isso, o uso sustentável do buriti tem grande prestígio para as comunidades que dele dependem, desde os extrativistas que colhem o fruto, até artesãos que usam as folhas das árvores em seus trabalhos. O buriti ajuda a manter a qualidade da água nas veredas, o que beneficia toda a população próxima.

Estima-se que 2.000 kg de massa de buriti gere R$ 10.000 (dez mil) durante o período de uma safra (ISPN, 2011).

 

Ameaças: Não é novidade que o fogo vem destruindo o cerrado e suas plantações únicas, isso vem ocorrendo com uma frequência devastadora. Com o buriti também não é diferente, o fogo destrói as plantações, o que acarreta em toda uma cadeia de produtividade e sustentabilidade afetada. O desmatamento também vem sendo constante, devido a boa qualidade da madeira do buriti, as árvores têm sido cortadas para fabricação de móveis rústicos por grandes empresas que além de destruírem o cerrado, ainda tiram o sustento de famílias que dependem dessas árvores para sobreviver.

 

Referências

AVIDOS, Maria Fernanda Diniz; FERREIRA, Lucas Tadeu. Frutos do Cerrado: preservação gera muitos frutos. Biotecnologia Ciência & Desenvolvimento. 

 

BATISTA, Jael Soares et al. Atividade antibacteriana e cicatrizante do óleo de buriti Mauritia flexuosa L. Ciência Rural, Santa Maria, v. 42, n. 1, p. 136-141, jan. 2012. 

 

KUHLMANN, Marcelo. Frutos e sementes do Cerrado: espécies atrativas para a fauna. 2ª ed., Brasília, 2018.

 

ROSSI, Ana Aparecida Bandini; GOMES, André Delgado; SILVEIRA, Greiciele Farias da; RAMALHO, Aline Bueno; BARBOSA, Rosieli.  Caracterização morfológica de frutos e sementes de Mauritia flexuosa (Arecaceae) com ocorrência natural na Amazônia Matogrossense. Enciclopédia Biosfera, Goiânia, v. 10, n. 18, p. 852-862, 01 jul. 2014. 

 

KINUPP, Valdely; LORENZI, Harri. Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANC) no Brasil, 2019. São Paulo.

 

LULKIN, Claudia Isabel. Do cerrado para a mesa: articulando agricultura familiar com alimentação escolar pelas frutas nativas. 2018. Trabalho de Conclusão de Curso (Especialização em Sociobiodiversidade e Sustentabilidade no Cerrado) —Universidade de Brasília, Alto Paraíso de Goiás – GO, 2018. Disponível em: https://bdm.unb.br/bitstream/10483/22281/1/2018_ClaudiaIsabelLulkin_tcc.pdf

 

SAMPAIO, Maurício. Boas Práticas de Manejo e Extrativismo Sustentável do Buriti. Brasília. 2011. Disponível em <https://ispn.org.br/site/wp-content/uploads/2018/10/BoasPraticasBuriti.pdf> Acesso em: 20 out. 2020

 

ALMEIDA, Semiramis; SILVA, José. Piqui e Buriti – Importância alimentar para a população dos cerrados. EMBRAPA. Brasília, 1996. Disponível em <https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/bitstream/doc/548665/1/doc54.pdf> Acesso em: 21 out. 2020.