Alfabeto das Plantas do Cerrado

Mangaba

Nome científico: Hancornia speciosa

 

Nome popular: Mangaba

 

Família: Apocynaceae

 

Forma de vida: Árvore

 

Frutificação: estação chuvosa.

 

Dispersão: mamíferos (mastocoria)

 

Habitat e distribuição: Típico do Cerrado, Cerradão e áreas de Caatinga.

 

Características da espécie: A mangabeira apresenta porte médio, 4 a 6 metros de altura, copa irregular, tronco tortuoso, bastante ramificado e áspero, ramos lisos e avermelhados, folhas opostas e simples, inflorescências de 1 a 7 flores perfumadas e de coloração branca. Na região do Cerrado, a mangabeira floresce de julho a setembro (Gonçalves, 2013).

 

Características dos frutos: Os frutos são do tipo baga, carnosos, de tamanho, formato e cores variados, normalmente, elipsoidais ou arredondados. A cor da casca do fruto maduro é verde-amarelada ou verde-rosada e a polpa viscosa é amarela adocicada, rica em vitaminas, ferro e fósforo, cálcio e proteínas (Ganga et al., 2009). Suas sementes são achatadas e discóides, com coloração castanho-clara. A frutificação ocorre entre os meses de outubro e dezembro.

Aproveitamento: A polpa e a casca fina são consumidas in natura e o fruto pode ser utilizado no preparo de vinho e vinagre, sorvetes, compotas, doces secos e na fabricação de refrescos (Gonçalves, 2013). A mangaba possui vitamina A, B2, B1 e C, assim como ferro, fósforo e cálcio. Possui alto teor de ácido ascórbico (mais do que cítricos). O seu leite é usado também como medicamento contra a tuberculose e no tratamento de úlceras. Do tronco e das folhas retira-se látex, muito explorado durante a segunda Guerra Mundial como substituto da borracha (Ferreira; Marinho, 2007).

 

Extração e Comercialização: O estado de Sergipe é o estado brasileiro que mais planta mangaba no Brasil, seguido dos estados de Minas Gerais e Bahia. A extração da mangaba é feita por agroextrativistas das comunidades locais. Para a colheita da mangaba, existe uma preparação antes, que consiste na retirada dos galhos secos e das ervas-de-passarinho, porque isso melhora muito a visualização para alcançar o fruto. Por vezes também é feita uma limpeza em círculo ao redor da árvore, chamada de coroamento. 

 

A extração em si é feita de maneira bem tradicional, geralmente envolvendo pessoas da mesma família. Os frutos são retirados da árvore por pessoas mais jovens que jogam a mangaba para aqueles que estão embaixo, ou usando uma vara longa com um gancho na ponta para cortar os galhos.

Após a coleta, os frutos são colocados em sacos de linhagem para irem em direção ao armazenamento onde serão lavados e colocados para secar sem estarem amontoados. Depois disso, o fruto já está pronto para ser comercializado. 

A mangaba pode ser consumida natural, ou para o processamento da fruta que resulta em vários outros produtos.

 

Aplicações: A mangaba pode ser consumida natural, ou pode servir de base para várias receitas como geleias, sorvetes, bolos… por ser muito saborosa e rica em vitamina C, além de ser muito rica em ferros e proteínas. O fruto também tem propriedade laxante.

Outras partes da mangabeira podem ser utilizadas das mais diversas formas, principalmente como uma farmácia natural. A casca é usada contra doenças de pele. 

Das folhas, pode-se fazer chá para diminuir, por exemplo, cólicas menstruais e no tratamento de hipertensos. 

O leite contido na fruta é usado para o tratamento de úlceras. 

 

Importância Social e econômica: Segundo Isabela Lima, estima-se que a coleta da mangaba corresponde a 60% da renda familiar anual. Esse número abrange 2.500 famílias, cerca de 7.500 pessoas. 

A colheita da mangaba confere independência financeira a muitas mulheres, que se destacam nesse trabalho.  Quando casadas, as mulheres ficam responsáveis pela colheita enquanto o marido fica responsável por serviços que demandem mais tempo, como a pesca. 

 

Ameaças: Na comercialização da mangaba, ocorrem problemas no meio do processo, como o baixo preço do fruto. A fragilidade da mangaba é testada durante o transporte, pois para ser feita a comercialização é necessário que se leve o fruto para os grandes centros, as estradas com péssimas condições diminuem bastante a quantidade de frutos aptos para venda.

Como a maioria das árvores típicas do cerrado, o desmatamento tem atingido também a mangabeira. As plantações dessa árvore estão cada vez mais escassas, dificultando o acesso para colheita, além de que essas plantações estão dando lugar ao plantio de cana- de-açúcar.

Referências

AVIDOS, Maria Fernanda Diniz; FERREIRA, Lucas Tadeu. Frutos do Cerrado: preservação gera muitos frutos. Biotecnologia Ciência & Desenvolvimento. 

 

FERREIRA, Edivaldo Galdino; MARINHO, Saulo José Onofre. Produção de frutos da Mangabeira para consumo in natura e industrialização. Tecnol. & Ciên. Agropec., João Pessoa, v. 1, n. 1, p. 9-14, set. 2007. 

 

Ganga, R.M.D.; Ferreira, G.A.; Chaves, L.J.; Naves, R.V. e Nascimento, J.L. (2010) – Caracterização de frutos e árvores de populações naturais de Hancornia speciosa Gomes do cerrado. Revista Brasileira de Fruticultura, 32, 1: 101-113.

 

GONÇALVES, Laissa Gabrielle Vieira et al. Biometria de frutos e sementes de mangaba (Hancornia speciosa Gomes) em vegetação natural na região leste de Mato Grosso, Brasil. Revista de Ciências Agrárias, Nova Xavantina, v. 36, n. 1, p. 31-40, 2013. 

 

LULKIN, Claudia Isabel. Do cerrado para a mesa: articulando agricultura familiar com alimentação escolar pelas frutas nativas. 2018. Trabalho de Conclusão de Curso (Especialização em Sociobiodiversidade e Sustentabilidade no Cerrado) —Universidade de Brasília, Alto Paraíso de Goiás – GO, 2018. Disponível em: https://bdm.unb.br/bitstream/10483/22281/1/2018_ClaudiaIsabelLulkin_tcc.pdf

 

AUR, Deise. Mangaba: propriedades, benefícios e como consumir. Green Me. 7, mar 2018. Disponível em <https://www.greenmebrasil.com/usos-beneficios/6428-mangaba-propriedades-beneficios-como-consumir/#Beneficios_da_mangaba> Acesso em: 10 nov. 2020.

 

LIMA, Isabela. Boas Práticas de manejo para extrativismo de mangaba. Brasília, 2010. 68 p. Disponível em <https://ispn.org.br/site/wp-content/uploads/2018/10/BoasPraticasMangaba.pdf> Acesso em: 10 nov. 2020.