Análise de cenário de desmatamento para o estado de Goiás
Autor(a):
Maria Luíza Corrêa Brochado
Resumo:
O Cerrado é o segundo maior bioma do País. Ocupa principalmente a região mais central do Brasil e possui aproximadamente 203 milhões de hectares (25% do território) (IBGE). Conta com grande diversidade biológica e presta serviços ambientais essenciais na regulação do ciclo hidrológico. Além dos aspectos ambientais, o Cerrado tem grande importância social. Muitas populações sobrevivem de seus recursos naturais, incluindo etnias indígenas, quilombolas, geraizeiros, ribeirinhos, babaçueiras, vazanteiros que, juntas, fazem parte do patrimônio histórico e cultural brasileiro, e detêm um conhecimento tradicional de sua biodiversidade. Se, por um lado, com a antropização desse bioma, o país alcançou um respeitável patamar econômico, sobretudo pela elevada produção de grãos, carnes e derivados (commodities no mercado externo), por outro, hoje já se reconhece que uma significativa parcela de sua biodiversidade foi perdida (ou simplesmente não foi identificada a tempo), com o risco de extinção ainda presente. Muitos são os fatores que contribuem para a devastação do Cerrado. Entre eles pode-se citar: o processo de carvoarias, a preferencia pela agropecuária extensiva, a transformação local em pastagens, o inchaço das áreas urbanas, plantações de soja direcionadas ao mercado externo, bem como o cultivo da cana-de–açúcar (bioenergia), algodão, eucalipto (celulose) e queimadas. A região delimitada para o presente estudo é o estado de Goiás (estando inserido o Distrito Federal), por estar quase inteiramente inserido no cerrado, possuir a terceira maior área de vegetação entre os estados abrangidos pelo bioma, ocupar a nona posição entre as maiores economia do país e possuir perfil produtivo predominante na atividade agropecuária. Frente ao acelerado desmatamento no bioma, o presente estudo tem como objetivo modelar esse fenômeno no período de 2013 a 2040 para o estado de Goiás. Para construção do modelo, foram utilizadas informações de solos, centros urbanos, declividade, altitude, rodovias, desmatamento no período de 2008 a 2010 e unidades de conservação, bem como, Terras Indígenas. Os dados foram preparados em ambiente ArcGis 10.2 e depois as projeções de desmatamento foram geradas no software DINAMICA EGO.A resolução espacial utilizada foi de 120 metros. O modelo foi regionalizado por municípios. Optou-se por esse tipo de regionalização, pois o estado de Goiás vivencia uma grande explosão demográfica e um maior peso foi dado ao componente socioeconômico. A matriz de transição gerada para o modelo sem regionalização indicou que foram desmatados no estado de Goiás 10,4% de vegetação nativa no período de dois anos (2008 a 2010). A matriz de transição anual indica que foram desmatados 5,3% de vegetação nativa ao ano. Na geração de pesos observou-se que as variáveis mais determinantes para o fenômeno foram a distancia de centros urbanos, distancia de Rodovias e distancia do desmatamento. Os mapas de simulação e probabilidade gerados na simulação do modelo retrataram bem o desmatamento em 2010 em relação ao mapa referencia e indicaram as regiões de áreas de proteção integral e terras indígenas como baixas probabilidades de desmatamento e regiões de uso sustentável, em especial APA, com maiores probabilidades de ocorrência de desmatamento. Na validação do modelo as maiores similaridades foram encontradas para as janelas com tamanho de 13 x 13 pixels. Na simulação para o ano de 2040 verificou-se uma área desmatada de 275.064,7 Km². Apesar de as taxas de desmatamento calculadas nas matrizes de transição serem relativamente altas, o resultado final corrobora os estudos de diversas entidades acerca do desaparecimento do bioma até o ano de 2030.
Referência:
BROCHADO, Maria Luíza Corrêa. Análise de cenário de desmatamento para o estado de Goiás. 2014. 58 f., il. Monografia (Bacharelado em Engenharia Florestal)—Universidade de Brasília, Brasília, 2014.