Projeto do Jardim Botânico
transforma visitantes em cientistas
Publicado em 16/10/2020
O Jardim Botânico de Brasília lança neste mês um projeto para transformar os visitantes em cientistas: o Observatório JBB. A ideia é levantar dados sobre a biodiversidade do Cerrado dentro da área de visitação, engajando o público em uma atividade científica e visando uma maior conscientização sobre a importância da preservação da natureza.
A iniciativa é uma das ações previstas pelo JBB para a Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, organizada pelo Ministério de Ciência e Tecnologia. Neste ano o evento será em ambiente virtual com o tema “Inteligência Artificial: a nova fronteira da Ciência Brasileira”.
A diretora-executiva do JBB, Aline De Pieri, ressalta que a ideia é envolver os frequentadores da unidade em um projeto de ciência cidadã. “Recebemos em média 200 mil pessoas por ano, contabilizando visitação espontânea, projetos sociais e estudantes da rede pública e privada do DF e Entorno. Acreditamos que o JBB é um importante instrumento cultural, capaz de aproximar a sociedade da natureza e proporcionar momentos de integração com a rica fauna e flora. Por isso é um local apropriado para o desenvolvimento de um projeto como esse”, complementou.
Segundo o diretor de Biodiversidade e Gestão Pública do JBB, Estevão N. F. Souza, por meio da iniciativa será possível obter dados de monitoramento que serão utilizados em atividades de pesquisa dentro do Jardim e adicionados à Biblioteca Digital do Cerrado.
“O projeto vai nos mostrar como a biodiversidade local é percebida pelo público visitante e quais são as características dos organismos que geralmente chamam mais a atenção. Será uma maneira de investigarmos também como é o aproveitamento da área de visitação do JBB e como as trilhas e demais espaços contribuem para a percepção da importância de mantermos o Cerrado preservado”, reforçou.
Estevão argumenta ainda que projetos de ciência cidadã têm sido utilizados em todo o mundo como base para o voluntariado e envolvimento da comunidade em iniciativas que têm o objetivo claro de conservar o meio ambiente “O envolvimento das pessoas, principalmente daquelas que moram em áreas do entorno de Unidades de Preservação, é capaz de causar mudanças de comportamento em relação à importância dos cuidados com a natureza”.
Rede social
Para participar, o cidadão terá que fazer um cadastro simples e rápido na plataforma iNaturalist que funciona como uma rede social , e acessar projeto Observatório JBB: https://www.inaturalist.org/projects/observatorio-jbb
Depois, é só ir registrando e enviando as fotos de plantas e animais observados nas trilhas e jardins temáticos.
“Se o visitante conhece a espécie fotografada, pode colocar o nome dela. Se não conhecer, mas quiser saber mais, uma rede de cientistas e observadores vai ajudar na identificação e é justamente esse movimento que contribui para o avanço da ciência”, complementou Estevão.
A plataforma pode ser acessada pelo computador ou aplicativo, disponível para IOS e Android, e conta com ferramentas de inteligência artificial que auxiliam na identificação de diversas espécies.
Cerrado preservado
O JBB e a Estação Ecológica Jardim Botânico de Brasília preservam quase 5 mil hectares de Cerrado e estão localizados em uma área de alta densidade demográfica.
Apesar da pressão antrópica, dados de monitoramento reforçam que o ambiente está conservado. Já foram registrados dentro da unidade cerca de 1.300 espécies de plantas, 87 espécies de mamíferos, incluindo animais topo de cadeia, como lobo-guará (Chrysocyon brachyurus), 93 répteis e anfíbios e 277 aves.
A Estação Ecológica é uma Unidade de Conservação de Proteção Integral e fechada para visitação ao público, mas na área aberta á visitação o JBB abriga uma boa representação do bioma, com diferentes fitofisionomias, e compartilha muitas de suas espécies vegetais e da fauna com a área protegida.
Participação ativa
Ciência cidadã é um processo científico colaborativo, no qual uma parcela não cientista da população, chamada de cidadãos cientistas, auxiliam os estudiosos, principalmente na coleta de dados. Esses voluntários têm uma participação ativa, informada e consciente e a contribuição gera experiências e novas compreensões para a ciência.
Esses cidadãos se tornam fundamentais na formulação de políticas públicas de conservação, pois os dados coletados ajudam a entender a distribuição da biodiversidade e outras questões importantes como os padrões fenológicos, comportamentais e de migração de diversas espécies, ajudam a estimar o tamanho de populações e até mesmo registrar espécies novas.
Estevão explica que apesar de alguns dados não modificarem o status de conservação de nenhuma espécie, complementam muitas das observações feitas por cientistas.
Fonte: http://www.jardimbotanico.df.gov.br/projeto-do-jardim-botanico-transforma-visitantes-em-cientistas/