Mulheres e agroflorestas no Cerrado

Autor(a):

Luiz Cláudio Moura Santos

Resumo:

O modelo de desenvolvimento rural adotado no Brasil nos anos de 1960 e 1970 baseou-se nos princípios da modernização conservadora que consistiu na transferência de tecnologia de ponta para o campo e no fomento aos monocultivos de larga escala, os quais são dirigidos ao mercado externo. O enfoque totalmente produtivo dessa abordagem, impactou negativamente na preservação e conservação da sociobiodiversidade do Bioma Cerrado. A Agricultura Familiar, que é responsável pela produção de grande parte dos alimentos consumidos pelo brasileiro, foi encurralada pelo avanço da fronteira agrícola ameaçando a segurança e a soberania alimentar da população, principalmente da parcela mais vulnerável. As mulheres rurais ocupam um papel fundamental na produção de alimentos na Agricultura Familiar e, normalmente, utilizam práticas agroecológicas nesse processo. No entanto, o processo de desenvolvimento modernizador no campo contribuiu para agravar às desigualdades de gênero por não reconhecer e valorizar o papel da mulher na dinâmica rural. Isso tem se tornado um entrave à representação das mulheres como precursoras e disseminadoras de ações de base agroecológica, principalmente em assentamentos de reforma agrária. A Agrofloresta é uma prática agroecológica que busca conciliar conservação e produtividade no estabelecimento de cultivos que estejam em consonância com os agroecossistemas locais. Dessa forma, este trabalho de pesquisa, realizado em dois assentamento de reforma agrária no entorno do Distrito Federal, busca identificar quais fatores podem influenciar nas práticas agroflorestais de assentadas. Foram realizadas entrevistas semi-estruturadas com três mulheres representativas em cada território no que se refere à pratica agroecológica bem como conversas informais com representantes locais e observações da dinâmica comunitária com o objetivo de buscar o entendimento de como a Agrofloresta pode contribuir no surgimento de estratégias de protagonismo e visibilidade dessas mulheres. O estudo mostrou que fatores relacionados a organização comunitária e aparatos institucionais quando bem estruturados são elementos fundamentais para a promoção do protagonismo e visibilidade das mulheres e a Agrofloresta, por representar um conjunto de saberes e práticas já naturalmente apropriadas por elas, pode colaborar para a criação de um ambiente propício à ações voltadas ao desenvolvimento rural sustentável por meio do protagonismo das mulheres e da Agroecologia.

Referência:

SANTOS, Luiz Cláudio Moura. Mulheres e agroflorestas no Cerrado. 2017. 87 f., il. Dissertação (Mestrado em Meio Ambiente e Desenvolvimento Rural)—Universidade de Brasília, Brasília, 2017.

Disponível em: