Modelagem da dinâmica do desmatamento na região do MATOPIBA até 2050
Autor(a):
Adriano Saraiva Aguiar
Resumo:
Os processos de conversão nos tipos de uso da terra no bioma Cerrado contribuíram para reduzir mais da metade de sua vegetação natural até o presente. Na região do MATOPIBA (MAranhão, TOcantins, PIauí e BAhia) a maior parte do desmatamento está relacionada às atividades de expansão da produção de commodities agrícola. O monitoramento do desmatamento no Cerrado é possível com o uso de dados de sensoriamento e ferramentas de geoprocessamento, que associados ao desenvolvimento de modelos espacialmente explícitos podem contribuir para melhor compreensão do processo de desmatamento, permitindo simular as prováveis trajetórias futuras deste fenômeno. No presente estudo, foram estimadas as acurácias das bases de dados do desmatamento disponibilizadas pelo PMDBBS-IBAMA/CSR (Projeto de Monitoramento do Desmatamento dos Biomas Brasileiros por Satélites), que foram utilizadas como dados de entrada no programa DINÂMICA EGO para a modelagem futura do desmatamento na região do MATOPIBA. Para a modelagem do desmatamento foram construídos e assumidos três cenários (tendencial, otimista e pessimista) de desmatamento para a região de estudo até 2050. No cenário otimista, foram assumidas baixas taxas de desmatamento (0,90% a.a.), observadas entre 2008 a 2010, e a efetiva implementação da Lei Federal Nº 9.985/2000, que estabelece o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza-SNUC, e da Lei Federal Nº 12.651/2012, que alterou o Código Florestal. No cenário tendencial, também denominado “o mesmo de sempre”, foi assumida a perspectiva atual de taxa de desmatamento (1,20% a.a.). No cenário pessimista assumiu-se a maior taxa de desmatamento (1,30% a.a.), observada entre 2002 a 2008 na região de estudo, além da ausência da efetiva fiscalização e monitoramento ambiental. Os resultados dos cenários simulados indicam um aumento de 14,1%, 21% e 21,7% do total desmatado na região do MATOPIBA até 2050 assumindo-se os cenários otimista, tendencial e pessimista, respectivamente. Tais resultados implicariam na perda de 29,1 milhões, 34,1 milhões, e 34,6 milhões de hectares de vegetação nativa nos cenários otimista, tendencial e pessimista, respectivamente, até 2050 na área de estudo. Como consequência do desmatamento simulado, o número total de fragmentos da vegetação natural deverá aumentar drasticamente na região em todos os cenários estudados, passando de aproximadamente 21 mil fragmentos observados em 2010 para mais de 122 mil fragmentos simulados no cenário (otimista) em 2050. Nos piores cenários (tendencial e pessimista) a fragmentação poderia ser superior a 181 mil fragmentos até 2050, com severas implicações negativas aos recursos naturais e comprometimento dos serviços ecossistêmicos da região (por exemplo, os corredores ecológicos, a biodiversidade e os recursos hídricos). Por fim, entende-se que os resultados deste estudo podem contribuir para o poder público, sociedade civil organizada e iniciativa privada para a reflexão e tomada de medidas mais efetivas para evitar sérios problemas socioambientais num futuro breve na região de estudo.
Referência:
AGUIAR, Adriano Saraiva. Modelagem da dinâmica do desmatamento na região do MATOPIBA até 2050. 2016. xi, 95 f., il. Dissertação (Mestrado em Ciências Florestais)—Universidade de Brasília, Brasília, 2016.