Callicebus nigrifons, (Spix, 1823)

Nome(s) popular(es):

Guigó-de-frente-negra; guigó; sauá; zogue-zogue.

Características físicas:

A fêmea, em geral, é maior em tamanho em relação ao macho. O tamanho corporal da fêmea mede cerca de 35 cm de comprimento, e 49,5 cm de cauda, já o macho apresenta um comprimento corporal de 34,5 cm e caudal de 46,5 cm. Pesam, em média, 1,3 kg.

Possuem uma máscara negra que se destaca do restante do corpo. Testa, orelhas, queixo e face são de coloração negra. Peito, garganta e laterais do corpo são castanho-claros acinzentados, enquanto os pés e as mãos são negros. Sua cauda é de cor alaranjada ou castanho-alaranjada.

Ecologia:

O guigó-de-frente-negra é uma espécie arborícola, com preferência para as áreas de sub-bosque e possui hábitos diurnos. Uma das mais ativas espécies do grupo personatus, sua área de vida varia de 21 a 49 hectares. Quase a metade do tempo de atividade é gasto em forrageio e alimentação (47%), enquanto 21% do tempo é dedicado ao descanso. Sua dieta é composta por frutos na maior parte das vezes (46-64%), seguida de folhas (5-33%), flores (11-24%), invertebrados e vertebrados (3-10%).

 

O macho provê dos cuidados parentais do filhote até o desmame. Os Callicebus nigrifons são animais monogâmicos e vivem com o mesmo par a vida inteira. A gestação tem uma duração de cinco a seis meses e o filhote nasce entre os meses de outubro a janeiro.

Distribuição geográfica:

O guigó-de-frente-negra (Callicebus nigrifons) ocorre nos estados de Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro, o que significa que é endêmico ao Brasil. Dentre as espécies do grupo personatus, é o que possui maior distribuição geográfica. A sua área de ocorrência é de aproximadamente 442.679,4 km² e infere-se que sua área de ocupação seja maior que 2.000 km². A espécie habita florestas atlânticas primárias e secundárias a cerca de 1000 m de altitude, próximo ao nível do mar, além de áreas de Cerrado.

Status de conservação e Ameaças:

“Quase ameaçada” (NT): segundo a IUCN (União Internacional para Conservação da Natureza). Apesar da ampla distribuição, esta espécie ocorre na região mais populosa do Brasil, o que resulta em uma grande ameaça devido a perda de habitat, desmatamentos e fragmentação, dificultando a conservação da espécie. Um declínio populacional da espécie vem ocorrendo resultante da monocultura de eucalipto, desmatamento, pecuária, agricultura, queimadas e incêndios florestais.

Referências:

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Franco, E.S. 2006. Caracterização da dieta e competição alimentar de Callicebus nigrifrons Spix, 1823 (Primates: Pitheciidae). Monografia (Graduação em Ciências Biológicas). Centro Universitário Metodista Izabela Hendrix – Minas Gerais.

 

IUCN/SSC Neotropical Primates Species Assessment Workshop (Red List). 2007. Oficina realizada em novembro de 2007 em Orlando, Florida, Estados Unidos.

 

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Rylands, A.B. 2012. Taxonomy of the Neotropical Primates – database. International Union for Conservation of Nature (IUCN), Species Survival Commission (SSC), Primate Specialist Group, IUCN, Gland.

 

Souza, S.B.; Martins, M.M. & Setz, E.Z.F. 1996. Activity pattern and feeding ecology of sympatric masked titi monkeys and buffy tufted-ear marmosets. Resumo 155. In: XVIth Congress of the International Primatological Society/ XIXth Conference of the American Society of Primatologists. Anais do… IPS e ASP, Estados Unidos.

 

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Veiga, L.M.; Kierulff, C.M.; Oliveira, M.M. & Mendes, S.L. 2008. Callicebus nigrifrons. In: IUCN Red List of Threatened Species, Version 2011.2. www.iucnredlist.org. (Acesso em 18/12/2020).

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