Estudos sobre os potenciais alelopáticos de exsudatos radiculares de leguminosas (Fabaceae)

Autor(a):

Luciana Cesário Braga

Resumo:

A destruição do Cerrado brasileiro com o passar dos anos tem se mostrado cada vez maior e com inúmeros efeitos que apenas podem ser observados a longo prazo. O bioma que ocupa boa parte do território nacional, hoje possui pequenas porções sob proteção legal. Várias medidas de proteção a biodiversidade do Cerrado já foram incentivadas, no entanto pouquíssimas mostraram algum sucesso significativo nessa missão. Apesar de apresentar um solo altamente ácido e empobrecido de nutrientes essenciais, um regime de chuvas estacional (seca intensa em um longo período do ano), o bioma virou cenário importante do agronegócio brasileiro, abrigando grandes fazendas de agricultura e a pecuária de extensão. Essas atividades ganharam mais espaço em meados dos anos de 1970 e continuam até os dias de hoje, o que fez com que apesar 20% de matas remanescentes de Cerrado. Com esse cenário em mente, diversas alternativas para recuperação do bioma começaram a ganhar mais relevância. Uma delas são os estudos alelopáticos para recuperação de áreas degradadas. A alelopatia estuda interação das plantas com o solo e com as outras plantas ao seu redor, tanto de maneira a ajudar a outra planta quanto deletéria. O presente trabalho propõe avaliar o potencial alopático de algumas leguminosas nativas do Cerrado. A verificação e comprovação dessa característica alopática pode avançar com as técnicas de restauração ecológica com o mecanismo de cobertura vegetal. As plantas utilizadas no presente trabalho são da família das Fabaceae, conhecidas como leguminosas. A escolha dessa família se deu pelo conhecimento prévio que essas plantas possuem em devolver os solos alguns nutrientes essenciais, elas são capazes de fixar no solo o nitrogênio atmosférico, fornecer matéria orgânica, cobertura vegetal que protege o solo dos processos erosivos e ainda autonomia do solo em relação ao uso de aditivos. Neste contexto, foi realizada a avaliação do potencial alelopático dos exsudatos radiculares de cinco espécies de leguminosas, são elas: Hymenaea stilbocarpa Mart. ex Hayne, nome popular Jatobá do Cerrado; Dipteryx alata,Vogel, nome popular Baru; Plathymenia reticulata Benth, nome popular Vinhático; Enterolobium contortisiliquum (Vell) Morong, nome popular Tamboril; Copaifera L, nome popular Copaíba. Foi analisado o efeito dos exsudatos no crescimento inicial de três espécies-modelo: Lactuca sativa (alface), Raphanus sativa (rabanete) e Sesamum indicum (gergelim). Bioensaios foram montados com 10 sementes de cada espécie-modelo em placas de petri e com 3 concentrações diferentes dos exsudatos (100%, 50% e 25%) e o tratamento controle. O crescimento inicial das plântulas foi fotografado e medido atráves do software ImageJ®. As diferenças no crescimento inicial foram analisadas de acordo com uma fórmula de variação de porcentagem, usando as medidas obtidas no software. As respostas no crescimento de cada planta modelo variou em relação ao exsudado utilizado. As espécies como o Jatobá e o Baru apresentaram maior efeito no crescimentos da parte radicular das espécies-modelo. Em geral, todas apresentaram inibição de crescimento da parte radicular de acordo com a concentração de exsudado ao qual as sementes foram expostas, ou seja, quanto maior a concentração do exsudado, maior a porcentagem de inibição observada. Os resultados obtidos mostram um potencial alelopático significativo nas cinco espécies estudadas, o que justifica a realização de mais estudos para analisar quais são os compostos presentes nos exsudatos e como eles podem vir a ser ferramentas muito úteis na recuperação de áreas degradadas do Cerrado. Além disso, abre portas para uma discussão da alelopatia como recurso viável e eficaz na restauração ecológica e no auxílio ao controle de espécies invasoras.

Referência:

BRAGA, Luciana Cesário. Estudos sobre os potenciais alelopáticos de exsudatos radiculares de leguminosas (Fabaceae). 2016. 48 f., il. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Ciências Ambientais)—Universidade de Brasília, Brasília, 2016.

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