Dia Mundial do Meio Ambiente e a crise do plástico
Dia Mundial do Meio Ambiente e a crise do plástico: é hora de responsabilizar as grandes corporações e repensar o modelo de desenvolvimento
A crise ambiental contemporânea, evidenciada pelo acúmulo desenfreado de resíduos plásticos no planeta, não pode mais ser tratada como uma questão meramente individual. Reduzir o problema à responsabilidade dos cidadãos — incentivando apenas a coleta seletiva e a reciclagem — é uma abordagem limitada e ineficaz frente à complexidade da cadeia produtiva do plástico. A problemática já transcendeu a esfera pessoal e exige mudanças estruturais profundas.
Segundo Rosângela Azevedo Corrêa, professora da Faculdade de Educação da Universidade de Brasília (UnB) e diretora geral do Museu do Cerrado, é preciso desnaturalizar a lógica predatória que rege o atual modelo de desenvolvimento, sustentado por uma combinação perversa de produção ilimitada, descarte irresponsável e busca incessante pelo lucro por parte de grandes corporações petroquímicas. Esses conglomerados exercem forte influência sobre decisões políticas por meio de lobbies e resistem a qualquer tentativa de regulação efetiva.
Os plásticos são parte de uma cadeia transnacional que vai da extração de matérias-primas fósseis à distribuição global de produtos, culminando em um descarte que afeta não só os ecossistemas locais, mas todo o planeta. Sem responsabilizar a indústria petroquímica pelo design de produtos descartáveis e por seu destino final, qualquer tentativa de conter os impactos será paliativa. É essencial atuar sobre toda a cadeia do plástico, desde a produção até a remediação ambiental.
Corrêa defende que mais do que comemorar o Dia Mundial do Meio Ambiente, é necessário adotar um novo paradigma baseado nos princípios dos “9Rs”: reduzir, repensar, recusar, reutilizar, reparar, reciclar, reaproveitar, reaplicar e repassar. Isso exige uma mudança radical nos padrões de produção e consumo, nos estilos de vida e nos valores que moldam a sociedade.
Trata-se de um chamado à ação política e à mobilização social diante da crise climática. Para isso, é indispensável promover uma educação ambiental crítica e transformadora, capaz de formar cidadãos conscientes, atuantes e comprometidos com uma transição ecológica justa. Só assim será possível romper com o modelo hegemônico de exploração ilimitada dos recursos naturais, que perpetua a desigualdade social e compromete o futuro do planeta.
Fonte:
UnB Notícias – Dia Mundial do Meio Ambiente e a crise do plástico