Tapiraté

Mito de origem do fogo: 

 

Entre os heróis míticos, foi dos mais importantes. Trouxe muitos bens para humanidade e transformou o mundo com suas artimanhas. Por exemplo, roubou o fogo do urubu-rei e o doou-o à humanidade. Antes disso, os homens sofriam com o frio e não podiam cozinhar. Para obter o fogo, Petura deitou-se, agindo como se estivesse morto. Os vermes cobriam seu corpo e o urubu-rei apareceu para se banquetear com os vermes. Primeiro ele trouxe o fogo-vermelho, depois o fogo amarelo e em seguida o fogo-preto; quando o urubu-rei estava inchado de comer vermes, Petura pegou o fogo-vermelho e correu. O urubu-rei gritou: “Traga o de volta e poderemos comer milho”. Mas Petura replicou: “Não. A partir de agora você comerá apenas carne putrefata”. Em consequência, hoje os urubus não comem milho. 


Fonte:

GRAZIELLE, P. NO HORIZONTE HÁ UMA COSMOPOLÍTICA INDÍGENA DIANTE DO ANTROPOCENO OU DO CAPITALOCENO? Iluminuras, Porto Alegre, v. 21, n. 53, agosto, 2020. p. 446. 


Parageta: 


O povo Tapirapé veio de outro continente. Eles atravessaram o oceano no braço do Camarão. Durante a travessia tinha uma regra que dizia: ninguém pode olhar para trás. Os namorados não podiam olhar para os lados nem para trás. Não podia olhar para ver se outro estava vindo. Foi seguindo essa regra que o povo Tapirapé sobreviveu e conseguiu atravessar o oceano com o braço do Camarão. Mas muitos desobedeceram essa regra e olharam para ver se a namorada ou o namorado estava vindo. E então o braço do Camarão se rompeu, muitos ficaram para trás e não conseguiram atravessar o oceano. Os que caíram dentro do mar não conseguiram escapar, pois os jacarés e outros bichos comeram eles. A maioria do povo conseguiu sobreviver e atravessou o mar. Por isso que o povo Tapirapé viveu por muito tempo à beira do mar. Depois de muitos anos morando à beira do mar, o povo Tapirapé resolveu mudar de lá e andaram, andaram até chegarem junto ao povo Javaé. Nessa época nós tivemos muitas guerras. De tanto guerrear o povo Tapirapé foi extinto. Mas ressurgiu através do periquito e do mutum. Graças a eles é que nós crescemos novamente e conseguimos construir uma nova aldeia. De lá para cá o povo Tapirapé passou por muitos lugares e só depois chegou aqui nessa aldeia. E para chegar aqui, eles vieram de canoa até um lugar chamado de Tyha.  


De lá o nosso povo veio acompanhando o curso do rio. Quando o povo Tapirapé chegou no varjão, eles se deparam com uma serra. Era a Serra do Urubu Branco. Outros grupos Tapirapé vieram por outros caminhos. Alguns vieram pela divisa do Pará, pelo município de Santana.  


Esse povo criou uma aldeia xexetawa. Outro povo criou a aldeia Makotawa, e outro grupo a aldeia Mo’ytawa. Aqueles que vieram pelo rio criaram essa aldeia, Tapi’itãwa. E assim foi criada nossa aldeia Tapi’itãwa.


Fonte:

GRAZIELLE, P. NO HORIZONTE HÁ UMA COSMOPOLÍTICA INDÍGENA DIANTE DO ANTROPOCENO OU DO CAPITALOCENO? Iluminuras, Porto Alegre, v. 21, n. 53, agosto, 2020. p. 449-450. 

 

Tapirapé

Meninos Tapirapé. Foto: Antônio Carlos Moura, s/d.

Origem do nome

Este povo que se autodenomina Apyãwa, segundo Baldus (1970) tem sua origem atribuída na região do baixo Tocantins, passando na segunda metade 15 do século VIII a viver às margens do rio Tapirapé. De acordo com Paula (2012), atualmente vivem em duas áreas indígenas situadas no nordeste do Estado: Terra Indígena Urubu Branco, onde estão localizadas seis aldeias e Área Indígena Tapirapé-Karajá, onde há uma aldeia, na qual a maior parte da população se identifica como Apyãwa (Tapirapé) e algumas famílias pertencentes ao povo Iny (Karajá), havendo também outras aldeias onde moram homens Apyãwa casados com mulheres Iny.

Localização do povo

Mato Grosso e Tocantins

Referência

André Toral. Povos Indígenas no Brasil. Disponível em: <https://pib.socioambiental.org/pt/Povo:Tapirap%C3%A9>. Acesso em: 26 de ago. de 2020.

 

Ramos, Polyana Rafaela. Povo Tapirapé: práticas agrícolas e meio ambiente no cotidiano da aldeia Tapi’itãwa. Cáceres/MT: UNEMAT, 2014. p. 14-15. Disponível em: <http://portal.unemat.br/media/oldfiles/ppgca/docs/Polyana_Rafaela_Ramos.pdf>. Acessado em: 26 de ago. de 2020.