Como Unidade de Conservação pertencente ao grupo de proteção integral, as Estações Ecológicas têm como objetivo a preservação da natureza e a realização de pesquisas científicas. Neste sentido, a Estação Ecológica de Águas Emendadas (ESECAE) tem contribuído muito para a geração de conhecimentos que auxiliarão ações de conservação, manejo e perpetuação das espécies nativas não só no Distrito Federal, mas também no Bioma Cerrado.
A típica paisagem vegetacional do bioma Cerrado e presente na ESECAE consiste de uma savana denominada cerrado que vão desde campos abertos a densas florestas. Na Estação predomina a vegetação típica, denominada Cerrado sensu stricto (75,2%). Os campos sujos representam 5% da área da Estação, os campos limpos com 3,5%, as matas ripárias alagáveis e as bem drenadas cerca de 2,5% e as veredas representam 2,5%.
Neste complexo de paisagens de vegetação do Cerrado há veredas formadas ao longo de cursos d’água, ou em áreas de nascentes e podem ser caracterizadas por uma camada dominante de plantas menores com a presença de gramíneas e ciperáceas mas há também presença de uma camada lenhosa caracterizada pelo buriti (Mauritia flexuosa) e árvores que podem chegar a 12 m de altura.
Sua área de Cerrado, praticamente intacta, abriga fauna ameaçada de extinção, como a anta, a suçuarana, o tamanduá, o lobo-guará, entre outros, sendo de grande importância para a realização de pesquisas científicas. Por se tratar de uma Unidade de Conservação de Proteção Integral, as visitas são restritas e apenas ocorrem de forma guiada.
Atualmente com 10,5 mil hectares, a unidade foi uma das primeiras reservas biológicas do País, criada em agosto de 1968. Em 1992, a Estação Ecológica passou a integrar a área-núcleo da Reserva da Biosfera do Cerrado, criada pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO). A Reserva da Biosfera do Cerrado abrange os estados de Goiás, Tocantins, Maranhão e Piauí, além do Distrito Federal. A zona núcleo tem como objetivo precípuo, a proteção de biodiversidade, funcionando na reposição de indivíduos e populações para as áreas silvestres presentes no entorno, notadamente para a zona de transição da Reserva da Biosfera.
Em 2018 Águas Emendadas é reconhecida internacionalmente por fazer conexão entre água, cultura e patrimônio, por este motivo recebeu o Escudo Água e Patrimônio do Conselho Internacional de Monumentos e Sítios (ICOMOS-Holanda). Até o momento, apenas cinco locais em todo o mundo receberam o reconhecimento. São eles Magere Brug (Amsterdam, Holanda – 2016), Stille Sluis (Gouda, Holanda – 2016), BPTH (Holanda – 2016), Porto de Antuérpia (Bélgica – 2017), Barragem de Shimen (Taiwan – 2017).
Sob o aspecto biogeográfico, a UC reúne um mosaico de diferentes tipologias vegetacionais representativas do Bioma Cerrado. A existência de distintos ambientes terrestres e aquáticos confere alta diversidade de feições e organismos, possuindo elementos biogeográficos com distribuição restrita no Brasil, como espécies endêmicas da herpetofauna, da avifauna e de mamíferos.
ESECAE possui na sua lista de fauna 328 espécies de aves, entre as quais a rara águia-pescadora (Urubitinga coronata), codorna-mineira (Nothura minor), rapazinho-dos-velhos (Nystalus maculatus), o pula-pula–de-sombrancelha (Basileuterus leucophrys), beija-flor-cinza (Aphantochroa cirrochloris), o cardeal-de-goiás (Paroarai baeri) e a maria-preta (Knipolegus nigerrimus).
Sua área de Cerrado, praticamente intacta, abriga fauna ameaçada de extinção como o lobo-guará (Chrysocyon brachyurus), sussuarana (Puma concolor), jaguatirica (Leopardus pardalis), tatu-canastra (Priodontes maximus), tamanduá bandeira (Mymercophaga tridactyla), o morceguinho-do-cerrado (Lonchophylla dekeseri); destaca-se a presença do rato-do-mato (Kunsia fronto).
Para os anfíbios e répteis ressalta-se a significância da presença de duas espécies de anfíbios endêmicas do Cerrado: Boana lundii e Odontophrynus salvatori.
A estação ecológica sofre grande pressão antrópica, cercada por fazendas, chácaras, assentamentos e espaços urbanos, seja pela expansão de Planaltina ou pelos constantes focos de parcelamento para criação de condomínios irregulares. No caso das grandes propriedades, o uso de herbicidas e outros insumos químicos acabam por contaminar a área protegida. Uma evidência é o desaparecimento de bromélias, apesar de se tratar de uma região bastante úmida. A proximidade com a BR-020, uma das vias mais movimentadas que cortam o Distrito Federal, completa o rol de ameaças impostas à unidade de conservação.
Por ser uma área de equilíbrio delicado e por se tratar de uma Unidade de Conservação de Proteção Integral, a Estação Ecológica de Águas Emendadas não está aberta à visitação pública; exceto para pesquisadores ou de forma guiada. Por isso, não são todos que podem usufruir desta paisagem, daí a importância desta exposição que o Museu do Cerrado fez questão de organizar para que o Brasil possa conhecer esse lugar tão especial bem no coração do país.
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