Paresi

Mito Paresi: 

Há duas versões do mesmo mito: 

 

Texto 1  

Deus vivia no mundo, apenas com dois filhos: Zokozokero e Emazahare. Deus mandou seus  filhos para buscarem água no rio. Quando os filhos de Deus chegaram no rio, ouviram um barulho  tremendo e ficaram com medo. E foram embora correndo. Não conseguiram pegar água. Quando  chegaram na casa, o pai deles Deus lhe perguntou:  

 

– Por que não trouxeram água? 

 

Aí responderam dizendo: – Ouvimos um barulho tremendo ficamos assustados de medo, por  isso! Não existem outras gentes que vivem no mundo! Apenas somos nós que estamos vivendo no  mundo.  

 

Deus foi ouvir o barulho, aí acreditou que era verdade mesmo. Então, bateu na rocha e rachou.  Daí as pessoas que estavam morando embaixo ele deixou desmaiadas. Aí sentiu que era uma  multidão de inocentes. Deus as deixou e foi embora para casa.  

 

Após isso, um passarinho saiu do buraquinho para fora. E viu um mundo muito lindo! Cheio de  flores mais cheirosas e levou as flores para mostrar para as pessoas.  

 

O passarinho voltou para embaixo da rocha e ficou muito triste. Então, perguntaram-lhe por que  estava tão triste.  

– Conheci o mundo lindo, cheio de flores perfumadas. Portanto, gostaria que nós saíssemos  daqui do fundo. 

 

O grande líder, o homem da sabedoria, não acreditou e disse: – Eu tenho a sabedoria, imagino  todas as coisas e nunca vi esse mundo que você conheceu. O passarinho insistiu dizendo: – É  verdade! Aqui estão as flores que tenho trazido de lá! O Grande Líder mandou o pica-pau abrir mais o buraco para que pudessem sair. E assim começaram a caminhar por toda a região que os Paresi  ocupam, colocando os nomes de rios, lagos, cabeceiras, localidades e nomes de animais. Fizeram os limites de cada espaço. Cada grupo Paresi: Waimare, Kaxiniti, Kozarini e Enomaniyere, sabe e  conhece cada limite de seu território.  

 

O nome do grande líder é Kamayhiye e Wamahaliti. O local de onde os grupos de Paresi saíram é Ponte de Pedra, região do Município de Campo Novo do Parecis. Até hoje existe o sinal.  

Lá é a história do Povo Paresi. 

 

Texto 2: 

Não havia território demarcado, não havia país, o Brasil ainda não tinha sido “inventado”, muito menos havia o “homem branco”. Era só o Paraíso. Era uma grande Pedra. Dentro dela somente pessoas, uma grande família: Os HALITI.  

 

Um dia Wazare, o irmão mais velho, com a ajuda de “urubuzinho”, foi batendo com o bico contra a rocha até fazer um pequeno furo pelo qual entrou um facho de luz para dentro da pedra. Wazare ficou muito curioso e continuou a bater contra a rocha até a fenda permitir a passagem de seu corpo. Quando conseguiu colocar a cabeça para fora da pedra, viu tudo muito bonito: rios, pássaros cantando, as árvores e as flores. Wazare saiu da Pedra e o seguiram seus irmãos: Zaolore, Kóno, Tahóe e Kamaihye.  

 

Todos caminharam pelo novo mundo, instalando-se cada um em seu território, distribuídos todos pelo irmão mais velho, pois assim não entrariam em conflito por causa de território. Quando saíram, os irmãos eram “quase humanos”. Tinham longos pelos negros no corpo e uma membrana entre os braços e as pernas. Ao atingirem forma de gente, de HALITI, tornaram-se também aptos para procriarem e acabaram se casando com um grupo de irmãs de Atyahiso, o rei das árvores.  

 

Dessa união é que nasceram os Kozarini, filhos de Kamazo, os Kaxiniti, filhos de Zaolere, os Warére, filhos de Kóno, os Káwali, filhos de Tahóe, os Wáimare, filhos de dois irmãos, Zakálo e Zalóia, casados ambos com uma mesma mulher. Wazare e Kamihye não deixaram filhos. 

 

Fonte:

MUNIZ, G. ANALISANDO MITOS INDÍGENAS: UMA ABORDAGEM SEMIÓTICA. Revista Linguasagem, São Carlos, v.1, n.1, mai. 2009. p. 8-11

Paresi

Índios Pareci, Terra Indígena Utiariti, Mato Grosso. Foto: Museu do Índio, 1922.

Origem do nome

O termo de autodenominação dos Paresí é Halíti, que pode tanto ser traduzido como “gente” numa referência explícita ao gênero humano em oposição aos animais, quanto como “povo” para indicar uma identidade mais inclusiva do grupo.

A palavra “Paresí” não consta no léxico da língua, mas é o nome que, a partir do século XIX, passou a ser aplicado indiscriminadamente a grupos distintos de fala Aruak identificados por cronistas e estudiosos ao longo de cerca de dois séculos e meio de história do contato. Entre esses grupos destacam-se os Kazíniti, Wáimare, Kazárini (este último conhecido também como Kabizi), além dos Warére e Káwali.

O termo foi registrado pela primeira vez na segunda década do século XVIII por Antonio Pires de Campos. Subindo o rio Sepotuba (localizado no atual município de Tangará da Serra, MT), este bandeirante atingiu uma ampla chapada habitada por índios que denominou ‘Parecis’. Mais ao norte encontrou outra “nação” que denominou ‘Mahibarez’; esses índios teriam usos e costumes idênticos aos “Parecis”, diferenciando-se apenas em alguns termos da língua.

Localização do povo

Mato Grosso

Referências bibliográficas

Equipe de edição da Enciclopédia Povos Indígenas no Brasil. Povos Indígenas no Brasil. Disponível em: <https://pib.socioambiental.org/pt/Povo:Pares%c3%ad>. Acesso em: 08 de ago. de 2020.

 

RODRIGUES, Aryon Dall’Igna. Línguas indígenas brasileiras. Brasília, DF: Laboratório de Línguas Indígenas da UnB, 2013. 29p. Disponível em: <http://www.letras.ufmg.br/lali/PDF/L%C3%ADnguas_indigenas_brasiliras_RODRIGUES,Aryon_Dall%C2%B4Igna.pdf>. Acesso em: 16 de ago. de 2020.