Zoopaleontologia do Cerrado
A zoopaleontologia é o ramo da paleontologia que se refere aos fósseis animais. E dentro deste imenso ramo temos a paleontologia de vertebrados e também a icnologia, que são os registros fósseis deixados por estes animais. Ou seja, pegadas, mordidas, ninhos e etc. Todos esses temas serão abordados aqui no Museu do Cerrado!
Paleontologia de vertebrados
A paleontologia de vertebrados é um ramo da paleontologia que foca nos animais vertebrados, incluindo o homem fóssil (paleoantropologia).
“Quando se fala de Paleontologia, muitos associam na sua imaginação automaticamente os dinossauros. Acontece que há uma história cheia de animais incríveis que existiram, que vai muito além dos reis do mesozoico. Com alguns animais tão grandes e impressionantes quanto os dinossauros e, o mais fascinante, tão recentes, que alguns co-existiram com as primeiras populações humanas.”
Megafauna
“Na Era Cenozoica (era atual em que vivemos), a linhagem dos mamíferos se diversificou. Muito do seu sucesso evolutivo se deu devido à extinção dos dinossauros, no final do período Cretáceo, há cerca de 66 milhões de anos (período que encerra a era anterior, a Mesozoica).”
“Considera-se megafauna todo conjunto de grandes animais. E quando digo grande, são grandes mesmo! Animais com mais de 50 kg, 100 kg, alguns com mais de 1000 kg. Ao longo da Era Cenozóica, uma distinta megafauna de mamíferos evoluiu independentemente em vários cantos do planeta, ocupando os espaços ecológicos deixados vagos pelos dinossauros.”
Referência:
Colecionadores de ossos. Uma fauna muito, muito grande, que chamamos de mega. Disponível em: blogs.unicamp.br/colecionadores/tag/paleontologia-de-vertebrados/.
Acesso em 16 de jul. de 2020.
Se pudéssemos voltar no tempo, há menos de 10 mil anos atrás, no final do Pleistoceno, as savanas da América do Sul (como cerrado e pantanal) eram mais espetaculares que as savanas da África. Enquanto na África existem apenas cinco mamíferos mais pesados que uma tonelada (elefante, duas espécies de rinocerontes, hipopótamo e o macho da girafa), na América do Sul durante o Pleistoceno havia mais de 38 gêneros acima de 100 kg e entre dez a doze espécies acima de uma tonelada numa única localidade (Fariña et al. 1998). Manadas de cavalos (Equus e Hippidion), preguiças gigantes chegando até a 5 toneladas (Megatherium), mastodontes que assemelhavam-se a elefantes de 4 toneladas (Stegomastodon e Haplomastodon), Macrauchenias que pareciam com camelos de 1 tonelada, o Toxodon também do tamanho e adaptações dos hipopótamos, tatus-gigantes de até 2 toneladas (Glyptodon), capivaras de 150 quilos (Neochoerus) perambulavam pelos nossos cerrados e pelo pantanal (além da caatinga e os campos sulinos) (Fariña et al. 1998, Cartelle, 1999) e Tigres-dentes-de-sabre (Smilodon) também habitavam as regiões do Cerrado (MOREIRA & MELO 1969).
Referências:
PAULO, Pedro Oliveira; BERTINI, Reinaldo José. MAMÍFEROS FÓSSEIS DO LIMITE PLEISTOCENO/HOLOCENO DO ESTADO DE GOIÁS. Revista do Instituto Geológico, São Paulo, v. 36, n. 2, p. 61-75, jan. 2015. Instituto Geológico. http://dx.doi.org/10.5935/0100-929x.20150008. Disponível em: http://www.ppegeo.igc.usp.br/index.php/rig/article/view/10022.
GALLETI, Mauro. PARQUES DO PLEISTOCENO: RECRIANDO O CERRADO E O PANTANAL COM A MEGAFAUNA. Revista Natureza & Conservação, São Paulo, vol 2 . nº1, p. 19-25, abr. 2004. Disponível em: http://www.santuariodeelefantes.org.br/docs/Galetti_ParquesPleistoceno.pdf.
Mas o que pode ter ocasionado e extinção desses animais? É mais provável que tanto a caça como as mudanças climáticas tenham tido importância na extinção da megafauna sul americana. A extinção da megafauna pleistocênica envolveu tanto fatores climáticos como antrópicos. A alta pressão de caça ocasionada pelos antigos indígenas teria causado um declínio acentuado nas populações de megaherbívoros (Owen-Smith, 1992). As mudanças no clima, por sua vez, teriam fragmentado e reduzido a distribuição desses megaherbívoros a locais com baixa qualidade nutricional, deixando-os mais vulneráveis a extinção local, tanto por humanos como por fatores estocásticos. Soma-se a isso o fato dos mamíferos extintos possuírem baixas taxas reprodutivas, exceto as espécies noturnas ou arbóreas (Johnson, 2002). Os mamíferos e aves dependentes da megafauna (como tigres-dente-de-sabre e condores) se extinguiriam em consequência da extinção de suas presas.
Referâncias:
PAULO, Pedro Oliveira; BERTINI, Reinaldo José. MAMÍFEROS FÓSSEIS DO LIMITE PLEISTOCENO/HOLOCENO DO ESTADO DE GOIÁS. Revista do Instituto Geológico, São Paulo, v. 36, n. 2, p. 61-75, jan. 2015. Instituto Geológico. http://dx.doi.org/10.5935/0100-929x.20150008. Disponível em: ppegeo.igc.usp.br/index.php/rig/article/view/10022.
GALLETI, Mauro. PARQUES DO PLEISTOCENO: RECRIANDO O CERRADO E O PANTANAL COM A MEGAFAUNA. Revista Natureza & Conservação, São Paulo, vol 2 . nº1, p. 19-25, abr. 2004. Disponível em: http://www.santuariodeelefantes.org.br/docs/Galetti_ParquesPleistoceno.pdf.
Primos distantes dos protagonistas de A era do gelo, 2002, habitaram o Brasil há alguns milhares de anos. Sim, preguiças gigantes, tigres-dentes-de-sabre e mastodontes caminharam sobre o nosso Cerrado!
As espécies que compõem a megafauna foram se extinguindo gradualmente a partir da última grande glaciação, no final do período chamado Pleistoceno – há aproximadamente 12 mil anos. Os maiores não teriam vivido além de 10 mil anos atrás e os menores teriam avançado um pouco além da “nova era”, chegando a 4 mil anos atrás.