Museu de geociências - UnB

A história do Museu de Geociências está intimamente ligada à história do Instituto de Geociências, a cuja direção está subordinado. Remonta a 1965, quando começou o ensino das ciências geológicas na Universidade de Brasília.

O Museu ocupa atualmente uma área de 190 m² no térreo e centro (Sala AT-379) do prédio do Instituto Central de Ciências (ICC). Seu acervo, que conta com cerca de 1000 amostras procedentes de diversos pontos do Brasil e do exterior, foi adquirido ao longo da existência do Curso de Geologia. A maioria corresponde a amostras colhidas durante trabalhos de campo, realizados por professores e estudantes do curso de Geologia. Doações de empresas de mineração, garimpeiros, colecionadores e ex-alunos também contribuíram e contribuem para a ampliação das coleções. 

Minerais, rochas, fósseis, gemas e meteoritos são expostos à visitação pública e estudo dos interessados. Pelo valor econômico e utilidade que muitas espécies possuem, ou pelo significado na interpretação de fenômenos geológicos que ocorreram em nosso planeta, as amostras representam um atrativo para estudantes, pesquisadores e para comunidade em geral. 

Para atender a seus objetivos, a exposição obedece a aspectos didáticos, científicos e de aproveitamento econômico. Com estas finalidades e para divulgar o Museu esta página inclui algumas informações e dados sobre a natureza do material exposto, com destaque para algumas peças.

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Particularmente importantes e atraentes, seja pela significação econômica, seja pela beleza de suas cores, brilho e formas, os minerais têm destaque especial no Museu, ocupando a maioria das vitrines e mesas expositoras. Eles são os constituintes sólidos das rochas e das jazidas. Formam-se por processos naturais inorgânicos e crescem, através do tempo geológico, com estrutura interna característica. A composição química, definida ou variável dentro dos limites, é um aspecto fundamental no estudo dos minerais, servindo de base para a classificação. 

A apresentação e a maneira como os minerais estão distribuídos na exposição obedece às grandes classes “químico-estruturais” da Sistemática Mineralógica. As classes e/ou subclasses, quase todas elas representadas por um ou mais exemplares, são as seguintes:

ELEMENTOS NATIVOS

Espécies constituídas pelos próprios elementos químicos em seu estado nativo, como o ouro (Au), prata (Ag), cobre (Cu), enxofre (S), bismuto (Bi), diamante e grafita (polimorfos de carbono – C) entre outros.

SULFETOS (incluindo Teluretos, Arsenietos e Sulfoarsenietos)

Compostos em que o componente essencial é o S (Te ou As). Constituem a maioria dos minérios (minerais fonte de metais). Como exemplos, tem-se pirita (FeS2), marcassita (FeS2), calcopirita (CuFeS2), Galena (PbS), cinábrio (HgS), covelita (CuS), realgar (AsS) e tantos outros que enriquecem a exposição.

ÓXIDOS E HIDRÓXIDOS

O oxigênio (O) ou a hidroxila (OH) combina-se com um ou mais elementos metálicos para formar esses minerais. Entre eles, ocorrem espécies de grande significação econômica: hematita (Fe2O3), minério de ferro em que o Brasil é um dos grandes produtores mundiais, pirolusita (MnO2), cassiterita (SnO2), rutilo (TiO2), uraninita (UO2), córindon (Al2O3), espinélio (MgAl2O4), cromita (FeCr2O4), etc. Além de constituírem minérios, certas gemas de valor, como o rubi e a safira (variedades de córindon), espinélio, crisoberilo (BeAl2O4), incluem-se nesta classe.

HALOGENETOS

Sais com F, Cl, Br, e I como ânions característicos. Alguns exemplos são halita (NaCl), conhecido como sal de cozinha, fluorita (CaF2), sylvita (KCl) e carnalita (KMgCl3.6H2O).

CARBONATOS (incluindo Nitratos e Boratos)

Minerais de vasta ocorrência, tendo como unidade química o radical CO3 (NO3 ou BO3). Calcita (CaCo3) é a matéria-prima para a indústria de cimento e a indústria ótica; magnesita (MgCO3) é a fonte de magnésio. Os mármores, rochas são tão comuns empregadas como material de construção, são constituídos principalmente de calcita ou dolomita, MgCa(CO3)2.

SULFATOS – (incluindo Cromatos, Molibdatos e Tungstatos)

São caracterizados pelo complexo químico SO4 (CrO4, MoO4 ou WO4). Barita (BaSO4), fonte de Ba, gipsita (CaSO4), essencial nas indústrias de giz e gesso, scheelita (CaWO4), fonte de W, são minerais importantes desta classe.

FOSFATOS – (incluindo Arseniatos e Vanadatos)

Têm quimicamente a presença do complexo PO4 (AsO4 ou VO4). Entre as numerosas espécies, destaca-se a apatita, Ca5(PO43(OH,F,Cl), matéria-prima de fertilizantes, e a monazita (Ce, La, Y, Th)PO4, fonte de Th.

SILICATOS

São os minerais mais numerosos e amplamente distribuídos na crosta terrestre. Têm como unidade química o composto sílica SiO4, organizado estruturalmente de diversas maneiras, formando os minerais de quartzo e calcedônia, dentre outros. Quando combinada com outros elementos (Al, Fe, Mg, K, Na) a sílica constitui numerosos minerais, com vários exemplares em exposição. Quartzo, feldspatos, caolinita, micas, anfibólios, talco, granada, zircão, turmalina, têm grande interesse como componentes de rochas, minerais industrias ou gemológicos. 

GEMAS

Em sua maioria, são substâncias minerais que possuem um conjunto de propriedades específicas (transparência, cor, brilho, durabilidade, raridade), que contribuem para sua aparência estética e valor econômico. Quando lapidadas e polidas são apreciadas como adorno pessoal e ornamento. Entre os Silicatos encontram-se o maior número de gemas como a esmeralda, água-marinha, turmalina, topázio, ametista, opala, etc. Entretanto, outras classes também apresentam valiosos exemplos: diamante (elemento nativo), rubi, safira, crisoberilo, alexandrita, espinélio (óxidos), turquesa (fosfato). O Brasil é um dos maiores produtores de gemas coradas do mundo.

São agregados de um ou mais minerais que formam a crosta terrestre. Classificam-se, quanto à origem, em três grandes grupos a seguir caracterizados e exemplificados:

 

ROCHAS ÍGNEAS (ou magmáticas)

Rochas ígneas formam-se pela cristalização do magma, gerado pela fusão de rochas no interior da Terra. Este material fundido pode resfriar-se lentamente, cristalizando em profundidade sob a forma de rochas com grãos minerais relativamente grandes. O exemplo clássico desse tipo é o granito, composto principalmente de quartzo, feldspato e mica. Quando o magma sobe à superfície através de vulcões ele derrama-se (lavas), e resfria-se, rapidamente, formando rochas de grãos minerais muitos pequenos, visíveis por meio do microscópio. É o caso do basalto, constituído de piroxênios e feldspatos, ou do riolito que tem a mesma composição do granito.

 

ROCHAS SEDIMENTARES

Rochas sedimentares são formadas na superfície da Terra, pela deposição de material desagregado de rochas pré-existentes, transportado pelas águas, ventos e geleiras, ou pelo acúmulo de restos materiais e vegetais ou, ainda, pela precipitação química de sais e elementos dissolvidos nas águas. Exemplos comuns são o arenito, resultado da compactação de areias de praias, rios e dunas; o calcário, composto essencialmente de carbonatos oriundos da precipitação química ou atividades de organismos, carvão e petróleo, importantes fontes de energia, formados pelo acúmulo de restos de organismos.  

 

ROCHAS METAMÓRFICAS

Rochas metamórficas são produzidas pela transformação de rochas pré-existentes quando algum processo geológico provoca aumento de temperatura e/ou pressão. Entre as rochas metamórficas mais comuns tem-se: xistos, rochas em que os minerais (predominantemente micas ou anfibólios, com pouco quartzo e/ou feldspato) dispõem-se de maneira orientada, todos em uma mesma direção; gnaisses, constituídos de quartzo, feldspato e micas dispostos com certa orientação, porém menos acentuada que nos xistos, ou com alternância de faixas claras e escuras; mármores, originados de cálcarios pelo aumento de pressão e temperatura.

São corpos oriundos do sistema solar, fora do nosso planeta, cujas dimensões variam de micra, como poeira, até quilômetros; podem atingir a Terra atraídos pelo seu campo gravitacional e serem vistos ao penetrarem a atmosfera em altíssima velocidade (“estrelas cadentes”). São compostos predominantemente de ferro, níquel e/ou silicatos; em geral, possuem idade superior a 5 bilhões de anos. O Museu tem um valioso exemplar de um meteorito constituído essencialmente de Fe e Ni, pesando 279 Kg. Foi encontrado em 1971, durante a excursão curricular do Curso de Geologia, pelo professor Marcelo José Ribeiro no Município de Sanclerlândia, Estado de Goiás.

 

São restos de vestígios de animais ou plantas eventualmente preservados em rochas sedimentares. Os fósseis permitem reconstruir formas de vida antiga, sua evolução, os ambientes em que viveram e inclusive possibilitam a datação das rochas em que ocorrem. Como exemplos podem ser citadas conchas de moluscos, carapaças de ouriços, peixes, troncos de árvores, estromatólitos, e vários outros.

Estromatólitos são estruturas construídas por organismos, sendo os vestígios de vida mais antigos na Terra. São encontrados em rochas carbonáticas e correspondem a estruturas formadas por bactérias há bilhões de anos. Os exemplares de Conophyton, existentes no Museu são estromatólitos de composição dolomítica silicificados, construídos por cianobactérias em mares rasos. Tem idade de 1,2 a 0,9 bilhões de anos e foram encontrados por pesquisadores do Instituto de Geociências no Morro do Cabeludo, entre Vazante e Paracatu, Estado de Minas Gerais. Estruturas semelhantes encontram-se no Distrito Federal, Unaí (MG) e Cabeceiras (GO).

 

 

Estromatolito com idade de 1,2 a 0,9 bilhões de anos (Foto 1: corte longitudinal; foto 2: vista frontal superior).

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