Dinossauros no Brasil

Antes de tudo, o que são dinossauros? O termo “dinosauria” foi proposto pelo paleontólogo inglês Sir Richard Owen em 1841 durante uma conferência organizada pela Associação Britânica para o Avanço da Ciência, em Londres, e publicado formalmente em 1842 nos Proceedings da mencionada instituição. Este nome (do grego deinos: terrível e sauros: répteis) propunha agrupar os “Terríveis répteis”, fósseis que começaram a surgir nas rochas de idade Mesozoica em várias regiões da Europa e Estados Unidos. Depois de 164 anos da primeira vez em que se utilizou o termo Dinosauria e mais de 200 anos depois da primeira descrição científica de um animal pertencente a este grupo, os dinossauros se converteram não só em uma grande atração, mas também em um grupo importante de vertebrados para interpretar e conhecer os ecossistemas terrestres da Era Mesozóica.

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Tabela com tempos geológicos

As primeiras evidências fósseis de dinossauros datam do Triássico Médio, há cerca de 225 milhões de anos. Mas engana-se quem pensa que os dinossauros surgiram imponentes e gigantes. Tudo na Terra necessita de uma evolução, e com os dinossauros não foi diferente. O antepassado dos dinossauros era um dinossauromorfo chamado prorotodactylus. Ele caminhava sobre duas patas, mas eventualmente caminhava sobre quatro. Seus icnofósseis foram encontrados na Polônia e na França. Ele era pequeno, do tamanho de um gato doméstico, e se alimentava de pequenas presas. Nessa época ele não passava nem perto de ser um dos maiores predadores. O Triássico era dominado por Pseudosuchias (do grupo dos arcossauros) e salamandras gigantes. Mas dinossauros existiam no Triássico? Sim, inclusive na América do Sul (na época era tudo Pangeia). Os mais conhecidos são o Herrerasaurus, Eoraptor e Pisanosaurus. Todos da Argentina. No Brasil tínhamos o Staurikosauros, Guaibasauros e Saturnalia por exemplo.

 

Referências bibliográficas

  • CANDEIRO, R. A; MARTINELLI, A. G; VERA, E. I. Os dinossauros do Brasil. 1ª ed. Buenos Aires: el autor, 2009.

  • BRUSATTE, Steve. Ascensão e queda dos dinossauros: uma nova história de um novo mundo perdido.  1ª ed. Rio de Janeiro: Record, 2019.

As formas primitivas do Triássico foram substituídas por outras muito mais especializadas. Durante este Período se registraram os restos fósseis da ave mais antiga que se conhece, Archaeopterix lithographica, achada na Alemanha. Na América do Sul, os restos procedentes da Argentina são os mais bem conhecidos para este Período. Dentro dos grupos registrados encontram-se diversos gêneros de saurópodes basais e vários terópodes tetanuros, além de anuros, tartarugas, pterossauros e mamíferos primitivos. 

Os afloramentos jurássicos de ambientes continentais com restos ósseos no Brasil são muito escassos, e não há nada além de algumas pegadas.

No Brasil se conhece um abundante registro de pegadas e traços fósseis de tetrápodes de idade jurássica. Estes registros têm sido encontrados na Formação Botucatu, que possui uma grande extensão de área.

Referências bibliográficas

  • CANDEIRO, R. A; MARTINELLI, A. G; VERA, E. I. Os dinossauros do Brasil. 1ª ed. Buenos Aires: el autor, 2009.

Diferentemente do Jurássico, os registros fósseis correspondentes a este período são muito abundantes na América do Sul, e particularmente o Brasil conta com uma riqueza fossilífera muito importante. Numerosos restos de anuros, tartarugas, pterossauros, crocodilomorfos e dinossauros têm sido encontrados no Brasil. Embora a maioria dos grupos de dinossauros do Jurássico seja conhecida, existem várias modificações na composição faunística durante este período. No Gondwana os dinossauros saurópodes (principalmente os titanossaurios) se tornaram mais abundantes e diversos, enquanto no Hemisfério Norte os herbívoros dominantes foram os ornitísquios (ex. ceratópsios e hadrosaurios). Os Titanosauria alcançaram uma grande diversificação, e neste grupo estão alguns dos animais terrestres que possuíam os maiores tamanhos jamais conhecidos (ex. Argentinosaurus, Puertasaurus ) . Os terópodes são muito abuandantes no Gondwana os Abelisauroidea (ex. Pycnonemosaurus, Carnotaurus, Rajasaurus) e os gigantescos Carcharodontosauridae (ex. Giganotosaurus, Carcharodontosaurus, Tyrannotitan). Com respeito à vegetação, durante este período se produziu uma das mais importantes “revoluções biológicas” referentes às plantas: a aparição das plantas com flores (Angiospermas). O surgimento das angiospermas coincide com a radiação dos dinossauros herbívoros no Cretáceo. 

Em julho de 2020, um fóssil de dinossauro batizado de Aratasaurus Museunacionali foi encontrado  na bacia do Araripe no Ceará (a bacia faz parte dos estados de Ceará, Pernambuco e Piauí). A estimativa é de que ele tenha vivido entre 115 milhões e 110 milhões de anos atrás. Foram encontrados fragmentos de ossos e garras do membro inferior esquerdo. Seu nome éuma combinação de “ara” e “ata”, que na língua tupi significam “nascido” e “fogo”; com “sauros”, o sufixo grego para designar os lagartos. Assim, o “dinossauro que nasceu do fogo” do Museu Nacional foi batizado, em uma referência ao incêndio que destruiu a instituição em 2018. O fóssil do animal, que não estava no palácio, mas em um prédio anexo, acabou escapando ileso das chamas que consumiram grande parte do acervo. 

 

Referência bibliográfica

Alguns termos que possam ser um pouco difíceis de entender:

  • Dinossauromorfo: não chega a ser um dinossauro, ele é um antepassado dos dinossauros. 

  • Icnofóssil:  são registros geológicos de atividade biológica. São impressões feitas na Terra por um organismo, como por exemplo tocas, pegadas, coprólitos (fezes fossilizadas), e marcas de alimentação.

  • Arcossauros: este grupo era dividido em Pseudosuchias (crocodilos, jacarés e gaviais) e Avemetatarsalia (dinossauros e aves modernas).

  • Pangeia: um super continente. Uma grande porção de terra que englobava todos os continentes que conhecemos hoje.

  • Saurópodes basais: saurópodes são aqueles dinossauros do pescoço enorme (igual ao que está na imagem principal). Então os saurópodes basais seriam os primeiros saurópodes. Ainda não eram tão grandes.

  • Terópodes tetanuros: Theropoda é uma subordem de dinossauros bípedes, geralmente  carnívoros ou onívoros. As aves fazem parte deste grupo. Tetanurae é um clado de dinossauros terópodes bípedes. O grupo inclui alguns dos carnívoros bípedes mais conhecidos, como o tiranossauro ou o velociraptor, e as aves. Os tetanúreos caracterizam-se por ter três ou menos dedos nas patas, uma abertura no crânio situada atrás das narinas e cauda semi-rígida. 

  • Anuros: Anfíbios sem cauda. Sapo, perereca e rã.

  • Pterossauros: Os pterossauros constituem uma ordem extinta da classe Reptilia, que corresponde aos répteis voadores do período Mesozóico. Mas ATENÇÃO. Ao contrário do que muitos pensam, eles NÃO ERAM DINOSSAUROS. Eram primos.

  • Gondwana: A Pangeia se separou em dois grandes continentes: Gondwana e Laurásia. A Gondwana compreendia o que hoje conhecemos como Antártida, América do Sul, África, Madagáscar, Seicheles, Índia, Oceania, Nova Guiné, Nova Zelândia e Nova Caledônia

  • Ornitísquios: Os ornitísquios ou ornitisquianos constituem uma ordem de dinossauros herbívoros, caracterizados pelo focinho em forma de bico e pela estrutura da pélvis que se assemelha à das aves. Um dos maiores exemplos de ornitísquios era o famoso dinossauro de três chifres, o Triceratops.

  • Formação Botucatu: A Formação Botucatu é uma formação geológica da Bacia do Paraná, resultado da grande desertificação do ainda continente Gondwana, o “deserto Botucatu”, semelhante ao deserto do Saara e com área superior a um milhão de km². Os extensos campos de dunas, depositados por ação eólica, formaram os espessos pacotes de arenitos que hoje constituem o importante Aquífero Guarani.

  • Formação geológica: é um conjunto de rochas ou minerais que tem características próprias em relação à sua composição, idade, origem ou outras propriedades similares.

Regiões do Brasil que os dinossauros habitavam

Uma nova espécie de dinossauro foi encontrada recentemente no Brasil

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