Mineração

A expansão do garimpo coincide com o avanço sobre territórios indígenas e unidades de conservação. De 2010 a 2020, a área ocupada pelo garimpo dentro de terras indígenas cresceu 495%; no caso das unidades de conservação, o crescimento foi de 301%. No ano passado, metade da área nacional do garimpo estava em unidades de conservação (40,7%) ou terras indígenas (9,3%).

As maiores áreas de garimpo em terras indígenas estão em território Kayapó (7602 ha) e Munduruku (1592 ha), no Pará, e Yanomami (414 ha), no Amazonas e Roraima.

“O ouro, os diamantes e as pedras preciosas que motivaram o assentamento original de não indígenas em partes do sul do Cerrado no século XVIII (Sawyer, 2002) não são mais importantes, exceto a mina da Yamana Gold em Pilar de Goiás, de propriedade de uma empresa canadense.

Desde os anos 1940, no entanto, jazidas significativas de minério de ferro foram encontradas e exploradas por empresas brasileiras dentro e em torno do Cerrado, principalmente em Minas Gerais e Pará. Os impactos locais da mineração são intensos, mas cobrem menos de 1% dos 2 milhões de km2 de Cerrado ou os 8,5 milhões de km2 do Brasil. Por outro lado, as estradas, ferrovias e dutos necessários para transportar o minério de ferro e produtos intermediários expandiram a área afetada pela mineração, por exemplo, a Estrada de Ferro Carajás, que vai do sul do Pará ao porto de Itaqui, no Maranhão. Em escala menor, os garimpeiros também poluem córregos e rios com sedimentos e mercúrio, principalmente na Amazônia.

A indústria siderúrgica de Minas Gerais, que tem vastos depósitos de minério de ferro, tem tradicionalmente queimado carvão vegetal de espécies arbóreas nativas extraídas do Cerrado, muitas vezes de forma ilegal e com impactos ambientais graves. Este é o principal impacto indireto da mineração, embora o carvão vegetal seja teoricamente energia renovável, em comparação com o carvão mineral, a fonte tradicional de energia para a fundição. As empresas menores convertem minério de ferro em ferro-gusa, que depois é transformado em aço em instalações de grande porte. Uma das principais empresas produtoras de aço é a Usiminas. Uma indústria similar está crescendo no Maranhão, perto da fonte de minério de Carajás. No passado, a fonte de energia naquela região era de resíduos de madeira de serrarias (Esmap, 1993), mas a fonte nova provém das plantações de eucalipto, que vêm se expandindo rapidamente.

Há também minas de amianto no norte de Goiás. As críticas (negadas pelos produtores, que argumentam que o seu amianto crisótilo é inofensivo) referem-se principalmente aos impactos sobre a saúde humana. A principal empresa é Sama, parte do grupo Eternit. A Anglo-American também opera minas de níquel na mesma região.

O Banco Mundial tem apoiado as plantações de eucalipto para produzir carvão vegetal para a siderurgia como um meio para reduzir as emissões de gases de efeito estufa, o que seria muito maior se o Brasil importasse coque mineral. Os beneficiários afirmam que só plantam em terra que já foi desmatada. Há também novos investimentos por meio de um projeto do Fundo para o Meio Ambiente Mundial (GEF) para aumentar a eficiência térmica do uso de carvão vegetal.

O garimpo de ouro e de diamante foi importante no passado, mas a pequena mineração hoje difundida é limitada principalmente à extração de grandes volumes de argila para tijolos e telhas e areia para a construção. Este tipo de mineração ocorre em toda a região, afetando rios e córregos, bem como a terra adjacente. O uso de lenha em fornos pode causar emissões líquidas, se houver coleta insustentável, sem regeneração suficiente. Muitas espécies de árvores nativas do Cerrado que são usadas como lenha são de crescimento lento, mas outras, como acácia, não levam tanto tempo”.

 

Fonte: SAWYER, D. et al. Perfil Do Ecossistema: Hotspot De Biodiversidade Do Cerrado. Brasília: Supernova Design, 2018, p. 142-143.

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