É uma destas pessoas peculiares das quais lembramos mesmo quando não estão presentes. A presença é forte, de mente inquieta, ágil e curiosa. Parece carregar a segurança própria daqueles que sabem muito, mas segundo ele mesmo, é alguém que não sabe quase nada. Por ser muito atrevido tem na ponta da língua resposta para tudo, e aqui e ali transmite a certeza de um velho sábio. É um questionador e um perguntador sem eira nem beira, daí ser tido como um perturbador da ordem em quantos bancos de escola frequentou… e foram muitos!
Cedo adentrou os campus universitários pois já aos dezesseis anos concluiu o segundo grau e foi para a Universidade de Brasília (1978) frequentar o curso de Nutrição. Digo que foi “frequentar” pois deste curso não aproveitou quase nada já que naquela época queria mesmo é estudar medicina. Movido por esse desejo viajou o país inteiro e fez dezesseis vestibulares em dezesseis universidades diferentes. Com isso já inventou o turismos vestibular, mas mesmo tendo passado em alguns desses concursos essa foi uma das formações que nunca fez. Não era pra ele, mas naquela época ele não sabia disso.
Porém sua personalidade incomum nunca lhe deu sossego. Desde cedo se percebeu autodidata e avesso aos aprendizados confinados entre quatro paredes. Mesmo tendo concluído quatro formações de nível superior (Nutrição, Química, Fisioterapia e Educação Física) e se pós-graduado em Tradicional Medicina Chinesa (1996/1998) na própria China, e neste meio tempo ter girado o mundo finalizando uma quantidade de cursos técnicos e de especialização, nunca foi de espaços acadêmicos muito convencionais e comenta sempre que aprende mesmo é com quem não sabe nem assinar o nome, tem a fala arrevesada dos matutos e ensina sua ciência a beira de fogueiras, tachos e riachos.
Depois do curso de Nutrição foi estudar Química (1982) … também sem ter a mínima ideia do por que. Mas trinta anos depois descobriu que graças a esse curso sabia como elaborar medicamentos a partir de quase nada, o que faz até hoje. Na época só frequentava as aulas, ouvia tudo mas não anotava nada. E fazia as provas todas horais pra ganhar tempo pois tinha que trabalhar e viajar pra fazer mais um vestibular em algum canto do Brasil. Os professores davam graças a deus por se livrar daquele cretino perguntador, e só por isso concordavam com essa quebra de protocolos.
Nessa época conheceu um outro perguntador inquieto, um nordestino chamado Juraci Cansado, que tinha andado pelo oriente e trouxe de lá uma técnica de massagem chamada Chia´tsu. No brasil ninguém sabia bem o que era aquilo, mas como era gostoso de fazer e realmente acalmava espíritos confusos e resolvia muitas dores o tal sujeito fazia sucesso. Foi ele que apontou o caminho.
Essa foi a época da primeira viagem internacional. Durou uns noventa dias e só acabou por que o dinheiro ficou curto cedo demais. Mas rendeu uma formação em Iridologia que já tinha sido iniciada no Brasil e foi “terminar” em Los Angeles (1988), na terra do Tio Sam. Esse “terminar” está entre aspas pois o diagnóstico feito pela íris nunca termina de se aperfeiçoar, e é matéria de estudo ainda hoje. Essa viagem também rendeu um curso de Quiropraxia feito na Espanha, na Faculdade de Medicina de Barcelona, que ele foi visitar adivinhem pra que… mais um vestibular para medicina, é claro! Dessa vez ele não fez a prova pois descobriu que não poderia fazer o curso se não cumprisse determinados rituais de imigração, que por sinal tinham que começar no Brasil.
Voltando ao Brasil voltou pra casa e pra UnB, através de um outro vestibular pra medicina, que era sempre a primeira opção… ficou com a de segunda opção, Educação Física. Não aprendeu muita coisa útil, mas gostou muito de frequentar o Centro Olímpico e meio que morar na Casa do Estudante. Digo “meio que morar” pois de fato não morou. Era filho de médico e teoricamente a Casa do Estudante era pra estudante carente. Filho de médico não entra, mesmo que deste médico não viesse nada de grana.
Mas foi fazendo o curso. Trabalhava dando aulas de natação e curando gente com dor de coluna. Já por esta época era um terapeuta corporal bem competente pois no Brasil estudou Rolfing( uma técnica de massagem danada de doída mas muito eficiente para desatar nós musculares), completou um curso de Fisioterapia que tinha iniciado lá atrás, quando ainda adolescente a Mãe cansou de suas vadiagens e o mandou estudar alguma coisa mais complicada que os assuntos do colégio, que ele tirava de letra. Naquela época a Fisioterapia era apenas um curso técnico de quatro semestres, e manteve a mente inquieta ocupada por um tempo. Fazia Fisioterapia de dia e o segundo grau a noite… entre um ronco e outro.
Foi jubilado da UnB umas três vezes pois não completava nunca o número mínimo de créditos do semestre. Essa coisa de trabalhar ao mesmo tempo que frequenta uma faculdade que só tem aulas de dia dá nisso, não deu pra estar em dois lugares ao mesmo tempo. Pra completar às vezes perdia aula pra viajar adivinhem pra que! Pra estudar outras coisas… peguei vocês, né! Onde houvesse um curso de Fitoterapia, lá estava ele com suas perguntas infinitas e atitude de gente que não quer nada com ninguém. Na verdade tinha medo de gente pois desde sempre preferira os bichos e os matos, que eram menos complicados. No mato as coisas se resumem assim: o que você não comer vai querer te comer, e ponto,
No quarto semestre cansou das greves estudantis e de ser jubilado. Foi completar o curso de Educação Física no Rio de Janeiro, na Faculdade de Educação Física da Universidade Estadual, que ficava em Niterói (1994). Nesta época retomou os estudos de Tradicional Medicina Chinesa, iniciados lá atrás, quando ainda não tinha brigado com o Pai, um baita médico clinico geral que também estudou MTC e Homeopatia. A MTC foi demais para o Dr. Tupany Brasil, como era conhecido, que um dia se cansou daquilo e presenteou o filho com alguns livros e um jogo de agulhas tradicional, daqueles antigos que se esteriliza para usar muitas vezes.
Completada a formação em Educação Física, que não servia para nada a não ser para acessar as garotas mais saradas do mundo, o cara desmontou o consultório, botou a mochila nas costas e se mandou pro oriente. Já sabia que queria ser um médico tradicional, já que um convencional não deu mesmo. Mas antes passou de novo pela Europa pois descobrira que na Inglaterra era possível estudar Homeopatia, mesmo sem ser médico. Fez o curso no Imperial College of London (1996), mas achou aquilo tudo uma grande merda. O país era uma merda pois de Dover até Londres não se via uma árvore em pé. O povo era uma merda pois para eles quem não fosse Inglês estava pedindo pra ser colonizado e explorado. A língua era uma merda pois o Inglês tem a mania de engolir as letras do meio das palavras… um mistério. Além disso tudo era muito, mas muito caro mesmo! E para um colonizado que faturava em cruzeiros num fim de mundo chamado Brasil, foi um grande alívio sair daquele lugar. Curiosamente ainda não tomou o rumo do oriente pois ouvira falar de um certo Dr. Eduard Bach que tinha inventado os Florais de Bach uns cem anos antes. Esse desvio rendeu uma formação em Florais feita no País de Gales e um curso de Naturopatia um pouco mais ao norte, na Escócia, em um canto frio do mundo chamado Find Horn. Na verdade se andasse mais ao norte você cairia no mar gelado do ártico. Então este era o limite.
Finalmente rumo ao oriente. Desembarcou do avião em Seul, na Coréia do Sul, onde um velho professor, Dr. Eu Won Lee, com quem estudara no Brasil, o introduziu junto a uma renomada acupunturista que praticava Quiroacupuntura, uma certa Dra. Lee( na Coréia do Sul todo mundo chama Lee de algum jeito…). Aprendeu com ela em um mês toda uma medicina que se praticava através da inserção de agulhas na palma da mão e na sola dos pés. Foi muito instrutivo ainda que até hoje, quarenta anos depois, ele não tenha encontrado quem topasse tomar agulhadas nestes lugares do corpo. Mas ficaram os conceitos, verdades simplesmente universais.
Na China, desembarcou em Bei Jing, Pequim para os ocidentais, e imediatamente mergulhou nos estudos em MTC. Frequentou todos os dias de um frio semestre de especialização em Tradicional Medicina Chinesa na Faculdade de Medicina do Imperial College de Bei Jing(1996)… outro College e outro país de merda. Sobre este não falarei pois atualmente eles são donos de tudo, são comunistas e não tem nenhum pudor em foder a economia do mundo fazendo guerra biológica com um vírus de merda. Vou dizer apenas que esta viagem também rendeu uma formação em Chi Kun feita em Fu tsô, uma cidadezinha a cerca de 150 Km de Pequim que gira toda sua economia em torno de um mosteiro Budista e uma faculdade de medicina. O único lugar decente que eu vi naquele país.
Foi dureza este semestre, mas a formação foi feita e de novo o destino era o Brasil.
Dois anos mais tarde e de novo a rotina de desmontar a vida pra ir estudar (1998). Dessa vez se inverteram os desvios. O destino era a tal faculdade de medicina em Barcelona pra fazer mais uma especialização em Iridologia com um espanhol renomado chamado Dr. Horácio Barrios mas antes foi parar de novo em Pequim junto com um grupo de médicos que diziam que queriam estudar MTC. “Diziam”, mas não saíram dos mercados de pérolas e de quinquilharias enquanto o “raizeiro leigo” ralava no Quarto Hospital do Povo aprendendo a fazer analgesia cirúrgica por acupuntura. A técnica é linda, e inútil pois não há no mundo moderno alguém tão doido que queira fazer uma cirurgia de abdome aberto analgesiado apenas com acupuntura. A prova final desta especialização foi analgesiar um parto, e foi tudo que ele fez até hoje em termos de analgesia cirúrgica. Mas ainda não perdeu as esperanças…
O desembarque na Europa foi tranquilo, exceto pelo fato de que ficou preso na Espanha por não ter visto pra entrar na França, onde outro velho professor, Dr. Bernard Auteroche, o esperava pra ensinar como a MTC francesa acontecia de verdade. Este foi um atraso providenciado por instâncias superiores pois rapidamente ele descobriu com suas andanças por Madri uma peregrinação, o Caminho de Santiago. Isto era uma jornada a pé de 800 Km que todos os malucos geniais da humanidade um dia fizeram e que foi cumprida nos mais instrutivos 27 dias da vida dele. Na verdade àquela altura ele não tinha a mínima ideia de que precisava tanto daquilo. Mas o fato é que precisava, e tudo que fez depois naquela mesma viagem ficou trivial perante a enormidade do que aprendeu naquela peregrinação. Pra resumir, só depois daquela caminhada é que virou gente de verdade. O curso de MTC francesa que fez com o Auteroche e com o Dr. Timovsky foram preciosos, mas ele mesmo confessa que foram só mais do mesmo.
E continua aqui, quarenta anos depois dividido entre a casa e o consultório. Dá uns cursos aqui e acolá, mas como tem que ser o mundo vai evoluindo e vai ficando a sensação de que gente deste tipo está ficando para trás. As pessoas que o conhecem ainda se lembram dele, mas este pessoal está diminuindo em número n´uma rapidez assustadora. Mais rapidamente ainda gente como ele está ficando fora de moda. Uns bichos que só viram gente muito tempo depois que vieram ao mundo… e que só sabem viver em um lugar onde as coisas são de verdade.
Capixaba, nascido n´uma família de educadores e médicos em uma época em que a televisão ainda era novidade. Por isso leu tantos livros quantos lhe foi possível… e um dia acalentou o sonho de ser um grande escritor. Entre as aventuras dos livros e as da vida real, foi introduzido no caminho da cura pelo pai, grande médico formado na primeira turma do curso de medicina da Universidade de Brasília. Este pai era um desbravador de caminhos e foi completar sua formação médica no interior do Mato Grosso. Este lugar tinha três ruas e um hospital, e luz somente das 18:00 às 22:00 hs. Mas havia uma biblioteca gigante em casa, mérito da mãe, Dra. Vilma Americano do Brasil, uma educadora de mão cheia que um dia virou psicóloga. Um paraíso para um menino de mente inquieta que nunca dormiu mais que quatro horas por noite em sua vida. Inserido no sistema público e já diretor do hospital da pequena Aragarças, o Dr. Tupany não media esforços e nem quilômetros de estrada de chão pela Amazônia afora a levar atendimento às comunidades indígenas. Nestas expedições estava sempre o único filho que aguentava estas jornadas e se interessava pelas coisas da medicina tanto quanto o pai. Mesmo muito criança (com oito a nove anos) o menino auxiliava nos procedimentos e participava de todas as rodas de conversa com os chamâs de todas as tribos contactadas do centro oeste e oeste amazônico. Atrapalhando ou ajudando não se sabe ao certo pois o pai nunca comentou nada, mas o certo é que enfrentaram juntos a morte das pessoas acometidas de quase tudo, e muitas vezes ganharam dela. Outras vezes não, o que despertou os dois para os poderes curativos das coisas da natureza. Este foi o universo onde Túlio cresceu e começou a se introduzir nas coisas da fitoterapia e da naturopatia. Desta época também vem a semente que foi plantada por ocasião das primeiras sete vezes em que teve malária, uma doença típica de quem se mete a andar pela Amazônia peruana e brasileira ainda ignorante de como evitar o mosquito Aedes. É claro que malária se trata com Quinino, mas no mato a única fonte eram os pés de Quina, uma árvore milagrosa típica do cerrado. Por outro lado malária é uma doença infecciosa que deixa sequelas hepáticas, cardíacas e as vezes neuronais, e para prevenir isso entram no tratamento muitas outras plantas. Então ter malária de fato equivale a fazer um curso de fitoterapia, e ter malária oito vezes equivale à graduação, pós graduação, doutorado e mais o que seja em termos de formação em fitoterapia. De fato esse cara só sobreviveu por que o pai aprendeu a medicina das plantas e com o tempo foi passando os seus segredos de pesquisador ao filho insaciável. Não havia mesmo de ser diferente, o tempo e os estudos enviesados fizeram deste moço um Médico Naturopata multidimensional que se transformou em um “pau pra toda obra” a partir da sua intensa relação com os poderes fundamentais da natureza.
Posteriormente, ainda em parceria com o pai aprendeu um tanto mais sobre plantas medicinais com o Prof. Reinaldo Lordelo, esse sim um raizeiro bem raiz, técnico agrônomo de memória assombrosa, botânico auto didata e possuidor de um conhecimento que só tem quem aprende sobre a vida em infinitas andanças pelos campos … Na sequência vieram o Prof. Meirelles de Belo Horizonte, o Kleber Damasceno de Goiás, o Dr. Danilo Maciel de Goiânia, o Fabian Laslo de Belo Horizonte, o Gilson Holanda do Maranhão, o Dr. Alexandre Botsaris do Rio de Janeiro, o Dr. Renato Braga do Ceará, o Dr. Francisco Mattos também do Ceará, o Dedé de São Jorge (GO) e sua esposa Dona Maria e mais o seu João, sogro dele, o Negão de Cavalcante (GO), o seu João de Sanclerlândia (GO), a Dona Flor de Alto Paraíso (GO), o seu João do Vale da Ema (GO) e uma infinidade de outros mestres que foram cruzando seu caminho ao longo de mais de quarenta anos. Fitoterapia, como tudo na medicina não acaba nunca de aprender, então esse processo continua.
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