Boi de Seu Teodoro
O Distrito Federal é considerado um verdadeiro caldeirão cultural, reconhecido pela diversidade trazida pelas tradições regionais dos povos que vieram na época da construção e inauguração. Ao longo dos 60 anos de vida da capital, várias histórias e costumes de outros estados se enraizaram, tornando-se característica marcante da cultura local. Um dos fenômenos radicados na cidade é “Boi de Seu Teodoro”, idealizado pelo maranhense Teodoro Freire.
Natural do município de São Vicente de Férrer, Teodoro se dizia um apaixonado pelo Bumba-Meu-Boi desde criança, quando aos oito anos teve seu primeiro contato com a manifestação folclórica nordestina. Conta-se que, ainda menino, Seu Teodoro pulava a janela de casa para assistir a apresentações de bois no Maranhão, apaixonando-se a ponto de sonhar com o próprio grupo. Este encanto pelo “Boi” cresceu junto com o menino e desembarcou com o jovem recém-chegado à Brasília recém-inaugurada, em 1962, quando começou a trabalhar como contínuo na Universidade de Brasília.
No ano seguinte à sua chegada ao DF, em 1963, Teodoro criou, em Sobradinho, a Fundação da Sociedade Brasiliense de Folclore, que mais tarde passou a se chamar “Centro de Tradições Populares”. O sonho do jovem apaixonado pelo folclore brasileiro começou a crescer em um local dedicado à difusão das danças e festas regionais, em especial o “Auto do Boi”, que se passa desde o desaparecimento até a morte e ressurreição do animal descrito no conto.
Há 57 anos contando e festejando a lenda do bicho ressuscitado, seu Teodoro construiu um legado artístico, tecendo uma fervorosa rede ancestral. Dançando em louvor, também por meio do Tambor de Crioula, o mestre contou a história do escravo Francisco, que matou o boi de estimação do seu senhor para suprir o desejo da esposa grávida de comer a língua do mamífero. Furioso com o desaparecimento do bicho, o senhor obriga Francisco a ressuscitar o boi. O milagre descrito no mito ocorreu com a ajuda de pajés e curandeiros, salvando o escravo e saudando a volta do animal à vida.
A lenda brasileira contada de modo alegre e irreverente por seu Teodoro ganhou o devido reconhecimento. O boi cultuado no DF foi declarado Patrimônio Cultural de natureza imaterial, mediante registro no Livro de Celebrações do Distrito Federal em 2004. Posteriormente, em 2006, Teodoro Freire foi premiado com a Ordem do Mérito Cultural pelos festejos e a tradição do Bumba Meu Boi pelo governo federal. Falecido em janeiro de 2012, aos 91 anos, seu legado permanece vivo e latente no Bumba Meu Boi, organizado pelo filho caçula, Guarapiranga Freire.
O Boi de Seu Teodoro tem sede no Centro de Tradições Populares de Sobradinho. O terreno foi doado a Seu Teodoro pelo GDF, para que fizesse a gestão de um núcleo de folclore, onde se pudesse brincar o Boi, o Tambor, a Quadrilha e se promovesse a difusão das tradições populares maranhenses.
Seu Teodoro morreu aos 91 anos, em 2012. Ao longo da vida, encarregou-se de passar para os 10 filhos o amor que tinha pela cultura que trouxe do berço, da baixada maranhense. Um deles é a historiadora cultural Tamá Freire que vem desempenhando o papel de preservação da memória do Centro de Tradições Populares de Sobradinho há décadas.
Museu do Boi de Seu Teodoro
No dia 20 de janeiro de 2023, a família de Seu Teodoro inaugurou o Museu do Boi do Seu Teodoro em parceria com o Instituto Rosa dos Ventos para resgatar a memória do trabalho do Mestre durante os 60 anos de atuação. É um espaço de visitação para recepcionar as escolas públicas, como também os visitantes de modo geral. Está composto de fotografias e figurinos que contam a história do ano de 1963, quando foi o início do Boi em Sobradinho, DF. Fala do sotaque, dos instrumentos, da criação dos figurinos, de tudo que permeou a criação do Seu Teodoro na cidade. O Museu fica próximo ao Centro de Tradições Populares de Sobradinho.
Acompanhe as redes sociais:
Instituto Rosa dos Ventos – @rosadosventosinstituto
Bumba Maria Meu Boi @bumbamariameuboi
@centrodetradicoespopulares