Pankararu do Tocantins
Origem do nome
É numa situação que revela a passagem as estratégias de conversão e de mistura, que os primeiros registros do etnônimo Pankararu foram localizados, num levantamento realizado por Hohental (1960). Num relatório do ano de 1702, referente à aldeia de N. S. do Ó, organizada por missionários jesuítas na Ilha de Sorobabé, rio São Francisco, este pesquisador encontra a primeira referência ao etnônimo: os “Pancararus” são citados junto a outros três grupos, os Kararúzes (ou Cararús), os Tacaruba e os Porús. O aldeamento é bem anterior a esta data e Hohental permite sugerir que os Pancararú e os Porú teriam se agregado a ele entre 1696 (ano de um outro relatório em que não são citados) e 1702. Mais tarde, os Pancararú e os Porú, que aparecem novamente associados, são localizados em outros dois aldeamentos: no do Beato Serafim, em 1846, e no de N. S. de Belém, em 1845, organizados por capuchinhos italianos nas ilhas da Vargem e do Acará, também no São Francisco.
Já a localização dos atuais Pankararu, num dos contrafortes da Serra Grande ou Serra da Borborema, próxima às margens do São Francisco, entre os municípios de Tacaratu e Petrolândia, está associada ao registro de um quarto aldeamento, designado por “Brejo dos Padres”, cuja origem e administração não é plenamente esclarecida pela documentação e do qual sabe-se apenas que deve ter sido criado no início do século XIX por oratorianos ou capuchinhos, possivelmente em 1802 (HOHENTAL,1960), a partir do ajuntamento dos Pancararú e Porú com outros grupos identificados como Uman, Vouve e Jeritacó (BARBALHO,1988:vol.8).
Localização do povo
Originários do sertão pernambucano onde vivem em duas áreas indígenas contíguas: a Terra Indígena Pankararu e a Terra Indígena entre Serras, da aldeia Brejo dos Padres, em Petrolândia (PE), os Pankararu do Tocantins residem nas terras tocantinenses desde a década de 60, fugidos de posseiros, fazendeiros e da seca do nordeste. Vivem atualmente nos centros urbanos de Gurupi, Figueirópolis e Palmas. Entre os rituais tradicionais dessa comunidade estão o Menino do Rancho, Toré e Corrida do Umbu.
Referências bibliográficas
ARRUTI, J. M. P. A. O reencantamento do mundo: trama historica e Arranjos territoriais Pankaruru. 1996. 247 f. Dissertação (mestrado) – Universidade Federal do Rio de Janeiro, Museu Nacional, Programa de Pos-Graduação em Antropologia Social, Rio de Janeiro, RJ.
RODRIGUES, Aryon Dall’Igna. Línguas indígenas brasileiras. Brasília, DF: Laboratório de Línguas Indígenas da UnB, 2013. 29p. Disponível em: <http://www.letras.ufmg.br/lali/PDF/L%C3%ADnguas_indigenas_brasiliras_RODRIGUES,Aryon_Dall%C2%B4Igna.pdf>. Acesso em: 26 de ago. de 2020.