COP-27: o Cerrado tem papel central na manutenção do equilíbrio climático global
A Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas 2022 acontecerá de 6 a 18 de novembro em Sharm El-Sheikh, Egito.
Na data de abertura da COP27, o Panda Hub realizará o evento O papel da população local para proteger um dos maiores estoques de carbono e biodiversidade: o Cerrado, com a participação de Ane Alencar, Diretora de Ciência do IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia); Sandra Braga, representante da Coordenação Nacional de Articulação de Quilombos (Conaq); Jean Timmers, Gerente de Políticas e Advocacia para Cadeias de Suprimentos Livres de Desmatamento e Conversão do WWF; e Tiago Reis, representando a Trase. O debate está marcado para às 15h, hora local de Sharm-el-Sheik.
Na quinta-feira, dia 10, às 17h15, será realizado um segundo evento paralelo no Brasil Hub, organizado pelo Instituto Sociedade, População e Natureza (ISPN) em parceria com Fase, WWF-Brasil, IPAM, Instituto Cerrados e Rede Cerrado . Desta vez, o foco será no Acordo de Associação UE-Mercosul, na due diligence de produtos livres de desmatamento e nos desafios para o Cerrado. Com a implementação do acordo, os riscos de abordagens focadas apenas na floresta podem criar uma pressão de recuperação ainda mais considerável de destruição em ecossistemas não florestais, suas comunidades locais e povos indígenas. Os eventos destacarão uma carta enviada às instituições políticas da União Europeia por comunidades locais organizadas por meio de uma rede nacional chamada Rede Cerrado, reconhecendo seus esforços na construção de legislação para conter o desmatamento no Sul Global e exigindo três ações ainda não contempladas no documento aprovado pelo Parlamento Europeu em setembro. Para as comunidades locais do cerrado, a legislação deve incluir ecossistemas naturais (adicionando ecossistemas não florestais), garantir transparência na origem dos produtos e exigir respeito aos direitos humanos.
A área cultivada no Brasil triplicou entre 1985 e 2020, passando de 19 milhões de hectares para 55 milhões, segundo dados do Mapbiomas. Destes, 36 milhões de hectares são dedicados exclusivamente à soja, em uma área maior que a Itália. Mais da metade dessa área está localizada na savana brasileira, o Cerrado, que concentra 65% da soja associada ao desmatamento no país. Foram 17 milhões de hectares desmatados para soja nos últimos 36 anos. Da produção total, quase 15% da soja importada pela União Europeia é produzida no bioma central do Brasil. Nesse sentido, o que acontece em territórios tradicionais brasileiros é impactado diretamente pelas decisões tomadas em Bruxelas.
Rica em recursos naturais e repleta de comunidades locais, a savana mais importante do mundo desempenha um papel fundamental no desenvolvimento alternativo. No entanto, enfrenta ameaças que estão resultando em mortes de rios e altos índices de conflitos rurais.
Com esses eventos paralelos, as organizações querem contribuir para o debate sobre direitos humanos, direitos territoriais e cumprimento da Declaração de Glasgow sobre Florestas e Uso da Terra em relação aos desafios climáticos. Também tem o objetivo de dialogar com representantes do setor privado e governos (sub)nacionais.