Contaminação das águas

“A disponibilidade de recursos hídricos também está intrinsecamente ligada à qualidade da água, já que a poluição das fontes de água pode coibir diferentes tipos de usos. O aumento do despejo de esgoto não tratado, combinado ao escoamento agrícola e as águas residuais inadequadamente tratadas da indústria, resultaram na degradação da qualidade da água em todo o mundo.

Se as tendências atuais persistirem, a qualidade da água continuará a se degradar nas próximas décadas, em particular, nos países pobres em recursos em áreas secas, ameaçando ainda mais a saúde humana e os ecossistemas, contribuindo para a escassez de água e restringindo o desenvolvimento econômico sustentável. (…)

Em um mundo onde as demandas de água doce estão crescendo continuamente e onde os recursos hídricos limitados são cada vez mais desgastados por excesso de captação, poluição e mudanças climáticas, negligenciar as oportunidades decorrentes da gestão melhorada de águas residuais é nada menos que impensável.

Uma grande proporção de água residual ainda é liberada no meio ambiente sem ser coletada ou tratada. Isso é ainda mais presente em países de baixa renda, que, em média, tratam apenas 8% das águas residuais domésticas e industriais, em comparação com a taxa de 70% observada nos países de renda alta. Como resultado, em muitas regiões do mundo, águas contaminadas por bactérias, nitratos, fosfatos e solventes são despejadas em rios e lagos que deságuam nos oceanos, trazendo consequências negativas para o meio ambiente e para a saúde pública.

A crescente consciência sobre a presença de poluentes como hormônios, antibióticos, esteróides e suspensivos endócrinos em águas residuais apresenta um novo conjunto de desafios, uma vez que seus impactos no meio ambiente e na saúde ainda precisam ser totalmente compreendidos.

A poluição reduz ainda mais a disponibilidade de abastecimento de água potável, que já está sob estresse, principalmente por causa das mudanças climáticas. No entanto, a maioria dos governos e dos tomadores de decisão têm se preocupado mais com os desafios da oferta de água, especialmente quando ela se torna escassa, enquanto ignoram a necessidade de tratar a água após ter sido utilizada. Coleta, tratamento e uso seguro das águas residuais constituem o alicerce de uma economia circular, equilibrando o desenvolvimento econômico com o uso sustentável dos recursos. A água reciclada é um recurso amplamente sub explorado, que pode ser reutilizado diversas vezes”.

Fonte: Relatório das Nações Unidas sobre Desenvolvimento dos Recursos Hídricos 2017)

“Muitos rios se tornaram canais de “esgotos a céu aberto”. Como se vê, por um lado, a relação das cidades com os rios mudou abruptamente em consequência dos sistemas hidráulicos de abastecimento e sanitário. Por outro, também mudou em consequência da precariedade do saneamento básico, pois tiveram suas condições agravadas pela poluição ambiental e pela ocupação irregular das suas margens. Isso reflete dada a carência de esgotos e a imprevidência de muitas famílias, empresas e gestores municipais que lançam nos rios toda sorte de poluentes químicos e lixos domésticos e urbanos. A poluição sistemática dos rios e mananciais pela ação social compromete a vida citadina, e traz malefícios à sociedade, uma vez que perpassam de águas claras, límpidas e/ou barrentas para escuras e fétidas. Em verdade, tudo isso resulta num grave conflito que se aponta como causa da degradação, a desordenada presença humana. Com a crescente demografia e a poluição consequentemente gerada os rios citadinos se tornam a tal ponto degradados que as suas imagens/paisagens refletem a devastação em contraposição ao florescimento da vida. Destarte, os rios que se constituíam no ingrediente básico para a vida citadina acontecer dão margem a um riquíssimo elenco de problemas que nos desafiam centrar ações pautadas na adoção dos princípios de sustentabilidade ambiental”.

Fonte: Gercinair Silvério Gandara, « Rios: território das águas às margens das cidades: o caso dos rios de Uruaçu-GO », Confins [Online], 31 | 2017, posto online no dia 18 junho 2017, consultado o 06 julho 2020. URL : http://journals.openedition.org/confins/12066

Nas cidades, a falta de tratamento de esgoto, a ocupação irregular, a impermeabilização do solo — que não permite a recomposição dos lençóis freáticos — e o depósito de sujeira direto nas cabeceiras são os principais fatores para o agravamento da crise hídrica. O pouco investimento e a dificuldade das empresas de saneamento em acompanhar a velocidade de aumento da população para ofertar o serviço também contribui.

O tratamento de água no Centro-Oeste têm índices superiores a 85%, segundo dados do Ministério das Cidades, e segue rumo à universalização. Entretanto, quando se fala em esgoto, apenas o DF alcança a marca de 84,5% de atendimento. As demais unidades da Federação, Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, não conseguem oferecer o serviço de coleta e tratamento a nem metade dos seus municípios.

 

Fonte: http://especiais.correiobraziliense.com.br/a-pressao-sobre-as-bacias-do-cerrado

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