“As orquídeas representam o segundo maior grupo de plantas entre as Angiospermas, com cerca de 850 gêneros e mais de 26 mil espécies, excluindo-se o número de híbridos artificiais conforme registrado no World Orchid Checklist (Govaerts et al., 2011). No Brasil, ocorrem 2447 espécies devidamente aceitas para a família Orchidaceae (Barros et al., 2014). São utilizadas principalmente para ornamentação, mas existem exceções utilizadas na medicina popular, especialmente na China e Índia (Chugh et al., 2009) e na indústria alimentícia com a produção de baunilha pelo fruto das espécies do gênero Vanilla (Tan et al., 2010). As orquídeas em seu ambiente natural são alvos de coleta predatória e sofrem com a degradação e perda de habitats, resultando na extinção de populações nativas no âmbito local e regional (Swarts & Dixon, 2009; Hosomi et al., 2012; Vij & Pathak, 2012).


Como a exigência de mudas para suprir o mercado de plantas ornamentais é elevada, a utilização de técnicas de cultivo in vitro é necessária pois, além de evitar a retirada das plantas de seu hábitat natural, permite a produção de grande quantidade de mudas com elevada qualidade fitossanitária. Diversas espécies de orquídeas pertencentes aos gêneros Cattleya Lindl. (Yam & Arditti, 2009; Schneiders et al., 2012), Dendrobium Sw. (Faria et al., 2004a), Cymbidium Sw. (Hossain et al., 2009), Vanda (Johnson & Kane, 2007), dentre outras, já possuem protocolos de propagação estabelecidos. Entretanto, informações sobre métodos de cultivo e protocolos de multiplicação para espécies de orquídeas do Cerrado são pouco desenvolvidos, evidenciando a necessidade de trabalhos na área de germinação, multiplicação, conservação e melhoramento genético para tais
espécies”.

 

Fonte: https://repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/5758/5/Tese%20-%20Luciano%20Lajovic%20Carneiro%20-%202014.pdf

 

“Inúmeras orquídeas encontram-se em sério risco de extinção, devido às ações antrópicas que têm sofrido e também ao seu lento e complicado processo de reprodução (da germinação até sua primeira floração, uma orquídea pode levar até sete anos). As queimadas e as inundações destroem maciçamente os ambientes onde as orquídeas vegetam. São muitas as espécies que não foram catalogadas ainda, e que são perdidas para sempre, com a destruição de seus habitats. Muitas espécies de bromélias nativas do Cerrado possuem forte apelo estético. Tais características as tornam de grande interesse para paisagistas, decoradores e colecionadores. Entretanto, estas espécies estão em risco de extinção pela contínua alteração e destruição de seu habitat por ações humanas. Entre as espécies de bromélias com potencial ornamental, destaca-se a Bromelia reversacantha Mez, espécie terrícola, de solos arenosos e ambientes secos e à meia-sombra e Aechmea tocantina Baker, epífita, encontrada nas áreas de Cerradão. Uma das formas de garantir a conservação do germoplasma destas espécies é a conservação in vitro“.

 

Fonte: FERNANDES, F. P. R. Conservação in vitro de Bromelia reversacantha Mez e Aechmea tocantina Baker (Bromeliaceae) sob regime de crescimento mínimo. 2014. 59f. Dissertação (Mestrado em Genética e Melhoramento de Plantas) -Escola de Agronomia, Universidade Federal de Goiás, Goiânia, 2014.

O Brasil abriga 35 espécies de orquídeas do gênero Vanilla, das quais 20 endêmicas e cerca de 10 capazes de produzir frutos aromáticos. Entre elas se destaca V. pompona, trepadeira também conhecida como baunilha banana, comum nas matas e nos quintais das casas de Goiás e de outros municípios da região central do estado. 

Projeto  Baunilhas Nativas

O projeto Baunilhas Nativas vai atuar na região nordeste de Goiás, nos municípios de Goiás e Alto Paraíso de Goiás, áreas de ocorrência natural e de extrativismo de espécies de Vanilla, e na região sul da Bahia, onde existem cultivos de baunilha. Serão realizadas oficinas de capacitação técnica sobre manejo, cultivo, uso e conservação de baunilhas nativas, além de evento gastronômico, seminário virtual sobre o potencial das baunilhas brasileiras e oficina sobre beneficiamento, elaboração e uso de produtos à base de baunilhas brasileiras na gastronomia.

Também está previsto no Projeto Baunilhas Nativas a elaboração de relatórios técnicos sobre mapeamento das áreas de ocorrência natural de baunilhas nativas, dos atores sociais envolvidos e das instituições e organizações que atuam nessa cadeia produtiva, como também a publicação de cartilha e um manual técnico sobre boas práticas junto ao Sebrae, a organização, catalogação e disponibilização de uma banco de germoplasma de baunilhas nativas e outras atividades. O projeto será executado pela Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, com colaboração da Embrapa Agroindústria de Alimentos.

Fonte: BRUMANO, Cláudia Nasser. A trajetória social da baunilha do Cerrado na cidade de Goiás/GO. 2019. 186 f., il. Dissertação (Mestrado Profissional em Turismo)—Universidade de Brasília, Brasília, 2019.

Baunilhas no Brasil: Desafios e perspectivas

Sabe-se que a Baunilha é uma das especiarias mais utilizadas no mundo devido ao seu inconfundível sabor e aroma. Figura como o segundo ingrediente mais caro do mundo e diferentemente do que se conhece da sua origem como francesa, ela é encontrada também no Brasil. Conhecida no cenário gastronômico brasileiro como Baunilha do Cerrado, nessa pesquisa será analisada no recorte espacial da cidade de Goiás/GO, onde se encontrou uma distinta relação da comunidade que a tem em diferentes usos. Dentro deste contexto vem sendo usada também por chefs na alta gastronomia em preparações inusitadas. Dessa forma pretende-se através da análise da Trajetória Social desse ingrediente em Goiás, avaliar se houve ressignificação de seu uso a partir de sua participação no cenário gastronômico. Para tanto, seguiu-se a Trajetória do Ingrediente que durante a sua vida social foi sofrendo modificações na forma de uso que provocaram mudanças em sua rota. A pesquisa de abordagem qualitativa, de cunho exploratório, foi feita através de um estudo de caso na cidade de Goiás, onde se entrevistou em profundidade atores sociais das classes: catadores, guardiões de memória, intermediários, chefs, cozinheiros locais e empresários. Realizou-se pesquisa documental em livros e cadernos de receitas, observação participante no Mercado Municipal, Feiras Livres e Restaurantes com registros em diário de campo. Os dados coletados foram analisados pelo método qualitativo de análise de conteúdo e os principais pontos analisados revelaram o seu uso: como medicamento, em doces tradicionais da cultura alimentar local – diferente do uso habitual da confeitaria – e na atualidade sendo utilizada em preparos e finalizações de pratos à base de carnes e outros. Considera-se por fim que diferentemente do que tinha-se imaginado, para os locais, ela tem um significado que vai além do uso culinário quando é generosamente usada como remédio, porém na Gastronomia de vanguarda ela está com um potencial de visibilidade maior, apesar de não ser utilizada nos Restaurantes locais.