O compositor violeiro Francisco Sérgio Nogueira Filho, nasceu em Taubaté/SP, e atualmente mora na cidade satélite Guará, próxima à Brasília/DF. Chico Nogueira conheceu a viola em sua região, Vale do Paraíba, Taubaté, onde este instrumento era tradicional, mas segundo ele, estava esquecido.
Atualmente Chico toca músicas autorais e vem trabalhando composições de músicos como a Chilena Violeta Parra, Victor Jara, Atahualpa Yupanqui, Silvio Rodrigues, Chico Buarque, Brahms, entre outros, instrumentais e canções tradicionais, além de alguns clássicos da Viola Caipira. A maior parte de seu repertório é autoral, recebendo diversas influências, como por exemplo, as escalas árabes que vem atualmente aplicando na viola (Nogueira 2017).
Chico Nogueira é integrante do Grupo “Mambembrincantes,” que mescla vários ritmos brasileiros incorporando personagens de festas tradicionais brasileiras como: Bumbameu-boi, Jaraguá, Burrinha e bonecos gigantes, em um repertório que combina: ciranda com viola caipira; afoxé com rabeca; percussão com modas de viola; entre outras.
CORRÊA, Jussânia Borges. Ecomusicologia no Cerrado: violeiras e violeiros convivendo com a natureza. 2017. 268 f., il. Dissertação (Mestrado em Música)—Universidade de Brasília, Brasília, 2017. Disponível em: <https://repositorio.unb.br/handle/10482/31444>
Morando no Cerrado, esse tema permeia seu trabalho autoral, mas não é o seu foco, afirma Chico Nogueira (2017). Cantar sempre foi, para este violeiro, tão natural quanto fazer comida, varrer a casa, pegar uma criança no colo, e tendo morado muito tempo em uma chácara rica de Cerrado no Distrito Federal, algumas composições foram inspiradas no contato direto com esse bioma:
[…] observar alguns animais do Cerrado que a gente teve a felicidade de ver lá, além daquilo que o pessoal chama de gambá que é o saruê, muitos saruê, agente via muito coelho selvagem, a gente via eventualmente até lobo guará. Chegamos a ver veadinhos, muitos pássaros, carcarás, aquela corujinha pequena assim, ocelote, coruja grande, o próprio curiango, a gente tinha alguns curiangos que moravam ali, e outro bichinhos do Cerrado, algumas cobras, cobra coral, a sucuri menor, a jiboia, tudo isso a gente viu lá algumas vezes (Nogueira 2017).
A experiência com esse meio ambiente do Cerrado o influenciou em suas composições, afirma Chico, que também conta sobre a fartura de frutas nativas existentes no local:
“a gente comia muito pequi, muito jatobá, muita gabiroba, muito araçá, muitas frutas de lá, a gente comia de montão” (Nogueira 2017).
A Viola Caipira traduz a beleza profunda e transcendente do Cerrado, comenta Chico. “Isso se manifesta em beleza, cor, harmonias e sabores. O Cerrado é nossa casa, farta e múltipla, com todo alimento, e todo remédio que precisamos pra viver bem, por aqui” (Nogueira 2017).
CORRÊA, Jussânia Borges. Ecomusicologia no Cerrado: violeiras e violeiros convivendo com a natureza. 2017. 268 f., il. Dissertação (Mestrado em Música)—Universidade de Brasília, Brasília, 2017. Disponível em: <https://repositorio.unb.br/handle/10482/31444>
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